Pablo Honey, obra-prima do Radiohead


por Eduardo Palandi

Antes de começar a falar sobre “Pablo Honey”, primeiro disco do Radiohead lançado em 22 de fevereiro de 1993 (e lá vão 25 anos), deixe-me fazer uma pergunta: ao entrar nesse texto, você soltou alguma coisa do tipo “lá vem a ovelha negra”? Bom, se não falou ou pensou isso, alguém aí deve ter falado. Radiohead, em qualquer conversa, é quase sinônimo da trinca “The Bends” / “OK Computer” / “Kid A”; um ou outro vai falar do “Hail to the thief”, alguém vai achar o “In Rainbows” genial. Mas da estréia do quinteto, ninguém fala.

Vacilo. Tenho todos os álbuns do Radiohead e descobri há dois anos que o meu preferido é o “Pablo Honey”. Heresia? Depende. A coisa que mais me prende em um disco geralmente é a sinceridade do artista nele. Como nas estréias de Ramones e Sex Pistols, como em “Scott 4”, do Scott Walker, em “Summerteeth”, do Wilco, no “A New Morning”, do Suede… e a lista segue. E, por mais que o Radiohead tenha se tornado genial na dupla “OK Computer” / “Kid A”, ele nunca foi tão sincero quanto na estréia.

A banda assinou com a Parlophone em meados de 1992 e lançou alguns singles que não geraram grande comoção no Reino Unido. Entraram para gravar o primeiro disco sob o descrédito do próprio selo, sem qualquer crítica apaixonada nem legiões de fãs. Esse “desprezo” por parte do mundo fez com que o grupo, aliado a uma produção competentíssima e pouco comentada, desse tudo de si nas sessões de “Pablo Honey” e saísse de lá com um disco que reflete todas as angústias dos cinco jovens integrantes e, ao mesmo tempo, o desprezo coletivo que parecia se abater sobre eles.

“Pablo Honey” abre com “You”, uma balada de amor obsessivo coberta por guitarras apocalípticas. Thom Yorke diz que ela é o sol e a lua e as estrelas, e que ele nunca poderia fugir dela, que faz tudo funcionar em meio ao caos, enquanto ele não acredita em si mesmo. Palhetadas. Berros. “É como se o mundo fosse acabar em breve”, enquanto Jonny e Colin Greenwood mantém uma tensão permanente. Segue-se “Creep”, outro hino da baixa auto-estima e a única música do disco que ainda é tocada ao vivo, ao ritmo de uma vez a cada vinte apresentações. Se tocarem no Brasil, será bonito: dezenas de trintões cantando “mas eu sou um feio, sou um esquisito / que diabos eu tô fazendo aqui? / eu não sou daqui”. Se não tocarem, a versão do disco, que os produtores Paul Q. Kolderie e Sean Slade acharam que era cover do grande Scott Walker, dá conta do recado.

“How Do You” conta, em terceira pessoa e em dois minutos, a vida de um mala metido a gostosão, que vive com a mãe, sacaneia os amigos. Provavelmente, foi escrita para algum desafeto. A cada refrão, Thom repete “e você?”, como se quisesse saber qual é a do ouvinte. Logo depois, “Stop Whispering”, a única faixa ruim do disco, cuja letra é mais uma prova do momento loser pelo qual Thom Yorke passava: “e minha mãe diz ‘nós cuspimos no seu filho mais um pouco’ / e os prédios dizem ‘nós cuspimos na sua cara mais um pouco’”. Deprimente. Um dos fansites do Radiohead diz que esta canção é uma homenagem aos Pixies, tentando soar como eles. A sensação de inadequação segue com “Thinking About You” e sua bela levada de violão: fala sobre ser deixado por alguém que virou famoso. Pouco se sabe sobre a vida amorosa dos cabeças de rádio, ainda mais numa fase tão derrotista – não deve, portanto, ser baseada em experiências próprias de ninguém da banda.

A primeira metade do disco é encerrada com o humor de “Anyone Can Play Guitar”, sacaneando os rock stars e repetindo “I wanna be, I wanna be, I wanna be Jim Morrison”, em pleno deboche. A essa altura, percebe-se que a estrutura musical das canções do início da carreira do Radiohead, sempre com duas ou três guitarras, baixo e bateria e no formato versos – refrão – versos, fazem pensar que a banda que gravou o “Kid A” não é nem do mesmo planeta que a do “Pablo Honey”. Mas o valor de Thom Yorke cantando “cá estamos, com nossa correria e confusão / e eu não consigo mais deixar de ver a confusão” vale por toda a carreira do grupo no século XXI.

O lado 2 abre com “Ripcord” e sua explosão grunge: a letra é sobre o contrato conseguido com a gravadora e a falta de perspectivas para a vida; há uma beleza indescritível nas guitarras dessa música, e nos sonhos que a letra traz ao ouvinte; o contrato ressurge na faixa seguinte, “Vegetable”, que fala das brigas com quem não acreditava no potencial do Radiohead. Antes de detalhar a canção, a sentença: “Vegetable” é linda. Tem a melhor performance vocal de Thom Yorke, um dos riffs de guitarra mais legais que alguém já colocou na abertura de uma música e uma letra simples e direta. Até cheguei a fazer uma versão, em português de Portugal, mas não mostro nem sob tortura. O texto original é agressivo como todo o disco:

Eu nunca quis nada além disso
Eu trabalhei duro, tentei duro
Eu contornei disputas domésticas
Eu lutei duro, morri duro

(…)

Toda vez que foges pra longe de mim
Toda vez que corres, eu posso ver

Que não sou um vegetal
Eu não vou me controlar
Eu cuspo na mão que me alimenta
Eu não vou me controlar.

(…)

Depois de tanto insistirem, eles estavam contratados e agora (com razão) jogavam isso na cara de quem não acreditou, para voltarem em “Prove Yourself” dizendo que não agüentavam mais respirar nessa cidade e que trabalham, sangram, ajoelham e rezam, mas preferiam estar mortos. Ah, a inadequação juvenil… o fato é que a banda logo parou de tocar “Prove Yourself” ao vivo, por se espantarem com a molecada repetindo “I’m better off dead” (risos).

Só uma banda tão loser poderia batizar uma canção de “I Can’t” (“eu não posso”), e ainda começar pedindo: “por favor, esqueça as palavras que vomitei / não era eu, era minha dúvida, feia e estranha”. E que, logo depois, cometeria outra obra-prima da auto-estima zero, de nome “Lurgee”:

Eu me sinto melhor
Eu me sinto melhor agora que você se foi

Eu estou melhor,
Eu estou melhor, eu estou mais forte

Eu me sinto melhor
Eu me sinto melhor agora que não há nada de errado

Eu estou melhor
Eu estou melhor, eu estou mais forte

Conte-me algo
Conte-me algo que eu não sei

Conte-me uma coisa
Conte-me uma coisa, deixe ir

Você já esteve numa situação dessas, de estar com alguém, não saber como agir e querer ir embora? Ou então de saber o que fazer mas simplesmente desejar que essa pessoa estivesse bem longe? Não responda em voz alta, por favor. É triste, mas é comum. Como já disse um amigo, “no amor não existem saídas, ninguém está certo ou errado, não existem regras. Existe você e existe quem você ama”. Feche os olhos, ouça a guitarra de “Lurgee” (gíria para doenças infecto-contagiosas) e boa sorte com o seu amor. E o disco fecha com “Blow Out”, uma fria canção de ninar que diz, entre outras coisas, “o tempo todo matando o que sinto” e “tudo que eu toco vira pedra”. Menos o coração de quem ouve o encerramento do disco.

Gastei todas essas linhas apenas para dizer que o que o Radiohead fez em “Pablo Honey” é se mostrar, sem vergonha nenhuma, sem se importar com o que os outros diriam, sem enfeitar seu som. Uma crueza difícil de se encontrar, um momento que a banda igualaria em qualidade em “OK computer” e “Kid A”, mas jamais em sinceridade.

– Eduardo Palandi é colaborador do S&Y desde a Idade Média e assina o blog Life In Slow Motion

Leia também:
– “Pablo Honey”, por Eduardo Palandi (aqui)
– “The Bends”, por Renata Honorato (aqui)
– “Ok Computer”, por Tiago Agostini (aqui)
– “Kid A”, por Luís Henrique Pellanda (aqui)
– “Amnesiac”, por Marco Tomazzoni (aqui)
– “Hail To The Thief”, por Marcelo Costa (aqui)
– “In Rainbows”, por Alexandre Matias (aqui)

52 thoughts on “Pablo Honey, obra-prima do Radiohead

  1. Cara, eu sempre gostei deste album, mas obra-prima? apesar da sinceridade do album ( que normalmente se tem nos primeiros albuns de uma banda ) acho meio forçado elevar a obra prima. Mas gostei do seus argumentos apesar de exagerado ( eu acho esse album melhor que KID A )
    Mas so uma observacao : se pablo honey pode ser considerado uma obra-prima o que falar entao do vapen & Ammunition do Kent hein? hehee
    (falo isso pois eu como grande fan dessa banda sueca um dia procurando coisas dele aqui na internet brasileira se nao me engano achei um texto seu sobre vapen & Ammunition )

  2. Acho que o Pablo Honey tem suas qualidades, tem algumas perólas como Creep e Prove Yourself , mas obra prima? Todos os albums posteriores são superiores ao Pablo Honey.

  3. Obra prima?? Esse é um dos piores albums que ja escutei na minha vida, alem do mais depois que a banda lançou albums melhores esse ficou pior ainda.

    Você forçou a barra por ser fã, esse junto com Aminisiac são os piores do Radiohead.

    Acho que o proximo post vai ser vc dizendo que Leisure do Blur e A New Morning do Suede são classicos tambem.

  4. Realmente, texto forçadíssimo. Radiohead eh minha banda favorita, mas convenhamos, Pablo Honey é, no máximo, um disco regular de uma banda iniciante que, a partir de The Bends, cresceu a olhos vistos até se tornar a melhor e mais consistente banda de sua geração.

  5. é meu caro palandi, vc não ouviu parklife. e se não gosta de britpop, tente desencavar algo qualquer do Style Council, pois é isso que palbo honey parece.

  6. gosto desse disco, mas obra-prima e demais para ele.acho uma boa estreia de uma banda que evoluiu muito depois.

  7. Obra-prima? Olha essa capa… hehe. Falando sério, acho o Pablo Honey um começo perfeitamente coerente com toda a carreira da banda. E a beleza dele vem justamente disso e dessa coragem (e ingenuidade) em mostrar toda a crueza. Mas, mas… é o pior deles, vai?

  8. In my humble opinion, não é nem uma obra-prima, nem uma porcaria. Mas, bizarro, também não é
    um meio termo entre obra-prima e porcaria. Não sei o que é esse disco. Às vezes o odeio,
    às vezes o amo. Qual o problema com “Stop Whispering”? Uma das canções mais divertidas para
    cantarolar do Radiohead.

    O que não concordo nessa análise é a idéia de sinceridade. Já no Pablo
    Honey o Thom Yorke é o smart ass de quem ele fala em “Mixomatosis”. Auto-consciente até não poder
    mais – nunca cantou um verso que não estivesse corroído de ironia. Se você quer sinceridade,
    é ouvir Sigur Rós. Thom Yorke foi sempre um teórico. Por isso Radiohead é a melhor e a pior
    banda de todos os tempos.

  9. Obra-prima, é? Ha ha ha ha!!!

    O massa desse disco é a tão falada “crueza, sinceridade e urgência”, e o fato de ser um ótimo debut. E só. OK Computer rules, pronto e acabou!

    Mas também não concordo que esse seja o pior disco do Radiohead. Não, não é. Prefiro o Radiohead-três-guitas-foderosas do Pablo Honey do que esse “caldo de bila” que é o In Rainbows.

  10. In Rainbows é muito insosso mesmo, disco muito chato e lento, falta uma grande musica no album, estilo Paranoid Android do OK Computer ou The National Anthem do Kid A.

  11. Acho um grande album de estréia. Pablito tem grandes canções e grandes sacadas nas letras do Yorke. Belos melodias e músicas como Lurgee e Blow Out que podeiram estar em qualquer disco da banda. Agora. esse argumentozinho do pessoal, chamando um disco do Radiohead de chato é mais que clichê. Pessoal so olha melodia e guitarra. Adorei o texto Sr. Eduardo.

  12. Ahm… po, Pablo Honey é um álbum legal, mas nada que se compare com as estréias de outras bandas… sinceridade por sinceridade o BLUE ALBUM do Weezer é muito melhor em todos os sentidos.

    Outro CD lançado no mesmo ano, o SIAMESE DREAM do Smashing é tão sincero quanto (tanto que possui dois CLÁSSICASSOS do sentimentalismo, que seriam Mayonaise e Spaceboy, que foi feita ao irmão deficiente mental do Corgan), e musicalmente MUITO, mas muito superior ao Pablo.

  13. palandi

    albums perfeitos de estreia de bandas

    The Stones Roses de 1989
    Definitely Maybe de 1994 (insuperavel)
    The Clash de 1977
    Blue Lines de 1991

    e só

    abs

  14. Sr. Arturo, o Eduardo não disse que ela era o melhor da decada passado e sim que é uma obra prima dos Radiohead.

    agora, Pablito é sincero enquanto que discos como Amnesiac (que “incrivelmente” não foi citado) ou Kid A são discos “falsos” ?

  15. O fato é que, o autor do texto nunca cogitaria chamar esse disco de obra prima se o Radiohead não tivesse feito os discos seguintes. Parece sina de querer ser diferente, tipo “Ok, é unânime que The Bends/Ok Computer são clássicos e ninguém repara muito no patinho feio do Pablo Honey, que é deveras legal. Logo, vou levantar a moral dele”.

    É um disco ok, um bom começo, mas o Radiohead é o que é por muitas coisas, e uma delas não é exatamente o Pablo Honey.

  16. pelo visto, pablo honey será eternamente subestimado por todos, principalmente devido ao fato do radiohead ser o que é hoje… tanto vivi intensamente quanto lembro-me nitidamente da época de seu lançamento, quando fora considerado como um dos grandes álbuns do ano ao lado do debut da björk, gentleman dos afghan whigs, in utero, siamese dream, souvlaki do slowdive, o suede-suede, transmissions from the satellite heart dos flaming lips, o vs. do pearl jam, o where you been dos dino jr, e alguns outros que certamente devo estar esquecendo… 1993 é referência total para qualquer amante do rock “alternativo” (por mais desgastada que esta expressão esteja hoje)… caro palandi, enquanto a gurizada acima questiona o fato de vc ter colocado o pablo honey como “obra prima”, eu digo que ele é um clássico absoluto e intocável!!

  17. pablo honey é ótimo. a obra prima do radiohead de fato é ok computer, mas the bends e pablo honey vem logo atrás. diferente dos posteriores, que se tornaram chatos e super cheios de si, o pablo honey é aquele disco pra ouvir de boa em um dia qualquer. é música boa e ponto.

  18. Façamos igual o Regis eo Eduardo. vamos falar doq sabemos e doq nao sabemos ficamos calados. Disco chato? q pessima forma de definir um album como Kid A, no minimo uma expressão POBRE!. Para mim Radiohead tem 6 obras primas e um disco espetacular, o Pablito aí.

  19. O pablo tem sua especialidade por ser um cd muito transparênte e que demosntra da sua forma mais bruta a genialidade do radiohead (essa é a teoria do cd estréia).. Mas na minha opinião n se compara aos proximos trabalhos, quando a banda se tornou muito mais confiante, experênte e adiquirio mais personalidade. Eu amo esse cd, mais n falo dele assim n..

  20. leno querido
    vai pegar mulher cara….e pára de ser mané….
    se quiser discutir musica, stones circa 1972, the kinks, phil spector, wall of sound, pete townsend, the ronettes, brian wilson, warsaw (se vc sabe o que é..) é só marcar locar e horário….rs
    “definitely maybe” bate em qquer estreia do rock n roll……e olha que eu amo radiohead..mas eles são um bando de pega ninguem e nerd como vc….
    eu prefiro mulher. e booze.
    get a life mate, na boa
    abs

  21. Cara, tu citar definitely maybe depois de citar discos relevantes como tu citou é HILÁRIO, tipico fã de Oasis, cerveja, mulher, futebol, fama..aí meu deus, vai OUVIR RADIOHEAD mesmo, pq tu so ouve a melodia meu filho.

  22. eduardo, se a propia banda abomina o pablo honey (que toca a contra-gosto creep uma vez a cada 20 shows como voce mesmo disse) quem eh tu pra falar que isso eh uma obra prima?

  23. Ótimo texto. E, cara, ele colocou a letra de “Lurge” no meio, minha música preferida desse álbum!

  24. Fanboy, outro lado: o Led Zeppelin (Plant na verdade) abomina “Stairway To Heaven”. Quem ousaria dizer que não é uma obra-prima?

  25. parei no ‘Tenho todos os álbuns do Radiohead e descobri há dois anos que o meu preferido é o “Pablo Honey”.’

    isso é vacilo.

  26. Quem gosta de guitarras e distorções dificilmente ouvirá um disco tão bem tocado!
    Pra mim, as pérolas do álbum são Blowout, I Can´t e Anyone Can Play Guitar, mas concordo com todos esses adjetivos!
    Aliás, é dificil ouvir um trabalho ruim deles! Até o Amnesiac, tão apedrejado, traz Pyramid Song, Life in a glass house e a maravilhosa Like Spinning Plates !
    De longe, a melhor banda do mundo pós século XXI e uma das melhores de todos os tempos (com todo respeito aos Beatles)!!!

  27. O Pablo é um grande e belíssimo disco. Como alguém já mencionou, ótimas guitarras composições Ripcord, Anyone can play guitar, stop whispering e etc.
    O Radiohead não precisa gostar ou não para fazer deste disco melhor ou pior.
    E por último, leiam o texto, se não concordam que é melhor ou não não se ofendam, não ofendam quem escreveu, não fiquem citando quem pega ou não mulheres que caso entendam o bom portugues, não foi citado no texto e é irrelevante para se amar ou não um disco.
    O Amnesiac tambem tem músicas maravilhosas, qualquer disco do RAdiohead tem.

  28. “A New Morning” não é o primero do SUEDE, mas sim o homônimo de 1994. Concordo com sua cr´tica, menos que “Stp Whis…” é ruim!!!! Cara, é uma das melhores deles! E “BlowOut” é revolucionária para a época “britpop”.

  29. Gozado que recentemente peguei meu velho e empoeirado Pablo Honey pra escutar depois de…cara…uns 10 anos fácil, rá rá rá. E tirando uns “lampejos” de saudosismo, lembranças da época que eu comprei e escutei mais…cara, não rolou…produção fraca, composições idem, vocal ainda em desenvolvimento emulando outras bandas como Nirvana…
    Gostei da iniciativa do autor de indicar tintim por tintim o porquê de seu apreço pelo disco, mas sei lá…lembro que depois do sucesso do OK Computer/KidA o que mais se lia nas Showbizzes da vida era que “o primeiro disco era desprezado na época mas o sucesso atual do Radiohead nos fez olhar pra ele com outros olhos e ver o quanto ele era bom e injustiçado”. Na minha humilde opinião acho que é justamente o contrário, que agora, com o distanciamento do tempo e julgando o disco simplesmente pelo que ele é, dá pra ver que realmente não era grande coisa.

  30. Pablo Honey é excepcional, discordo sobre ser obra-prima, porém acho perfeitamente compreensível que alguém o suba a este patamar, até porque é um álbum de estreia do Radiohead perfeitamente palatável sendo tão pesado, crú e com letras punk’s e desiludidas alá Morrissey. Jonny está afiadíssimo e o vocal de Yorke tinha todos os traços dos álbuns posteriores. Pra mim foi um ótimo ponto de partida, a banda aperfeiçoou seu estilo em The Bands e catapultou no genial Ok Computer: o que veio a seguir nem serve para efeito de comparação, ficou camaleônico demais para comparar.

    Lurgee me põe pra chorar, You e Blow Out são sensacionais, jamais enjoei do tocante e fenômeno Creep, Thinking About You tem uns arranjos de cordas tão suaves que trazem uma paz melancólica surreal, Vegetable e Anyone Can Play Guitar com instrumental de saltar os olhos, Stop Whispering é bem acessível e insano, Prove Yourself apesar de soar adolescente é interessante. Talvez se tivesse duas ou três canções de peso (como No Surprises, Street Spirit, Climbing Up the Walls) no lugar de How Do You e Ripcord, ou até mesmo no lugar de Prove Yourself, seria páreo duro na escolha de álbuns prediletos.

    É realmente o mais cru, distorcido e pesado disco da banda — tenho até saudade de guitarra nos Radiohead. Disco subvalorizado.

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