Faixa a Faixa
Oasis
"Definitely Maybe"
por
Ricardo Moscarelli
ricmoscarelli@hotmail.com
"Quando
você está feliz e se sentindo bem então
você sabe que é a hora certa"
Você
não é obrigado a gostar dos irmãos Gallagher.
Provavelmente muita gente não gosta. Eles não
são os Beatles nem os Rolling Stones e nem salvaram o
rock and roll. Talvez sua missão já tenha sido
cumprida. Tente ler isto sem preconceitos.
1994.
Três anos depois de Nevermind o mundo ainda ouvia
os últimos soluços do adeus à Cobain e
a desintegração da cena "grunge". A Ilha estava
morna. Bons rapazes, Brett Anderson e seu Suede
bricavam de Bowie e Roxy e os Stone Roses acabavam logo após
o lançamento de seu segundo disco. Estava tudo morno,
assexuado demais...
De
Manchester, dois irmãos bagaceiras e maloqueiros aparecem
com este disco do nada e iniciam uma mudança que elevava
o Reino Unido (para o bem ou para o mal) novamente a capital
cultural do mundo em um movimento ultrarevisionista apelidado
de britpop que olhava apenas e somente para o próprio
umbigo ("nós, ingleses, somos o máximo", e, ok,
dificil discordar quando eles tinham como argumento Beatles,
Stones e The Who na manga) e que duraria até 1996. Por
quê? você me diria... Bem...
Definitely
Maybe é o disco de estréia mais vendido da
história na Ilha pois não foi messiânico
nem intelectual muito menos artístico. É filho
bastardo do The Who (e não Beatles) com toda a cena "baggy"
de Madchester que acabara pouco tempo antes. Onze canções
tiradas do total livre acesso de Noel à loucura e emergência
dos Roses e suas escalas ascendentes e seu psicodelismo anti-hippie.
Tudo isso temperado com muita arrogância, ambição,
"gin and tonic", cocaína e guitarras. Muitas guitarras.
Sem
muita babação de ovo e entrando um pouco no lado
pessoal, este não é meu disco para relaxar nem
para ouvir domingo de manhã. Tente ouví-lo antes
daquela baladassa de sábado à noite, tomando uma
breja e pensando se você vai conseguir beijar aquela garota
(no meu caso...)... Se der vontade, e vai dar... pode acompanhar
Liam Gallagher e imitá-lo... cante, encha a cara e seja
feliz.
"Rock
n Roll Star"
Só
para constar, esta música ficou entre as 10 mais da revista
"Q" entre as "50 most exciting tunes ever". Para não
falar muito, abrir um disco com milhões de guitarras
e um "Live my life in the citieeeeeeeeeeeee, there’s no easy
way out" não é nada mal. Nada mesmo.
"Shakemaker"
Pessoalmente
é a música que mais me transmite sensação
do que se passava naquele momento na Inglaterra e com os caras.
"When ya happy and you feelin’ fine then you know that’s the
right time..." diz quase tudo sobre esta canção
meio psicodélica, meio Small Faces, totalmente alcoolizada.
"Live Forever"
Talvez
a maior glória de Noel Gallagher até hoje e a
melhor performance de Liam nos vocais. Um épico sobre
o poder arrogante da juventude..."Maybe I just wanna fly wanna
live dont wanna die". Um hino para se cantar em um estádio
com 50 mil pessoas ou abraçado com sua namorada num ponto
de ônibus. Dedicada sempre à John
Lennon. Clássico solo "guitar hero" de Noel.
"Up
in the Sky"
Esta
canção tem um clima que podia ter sido composta
por Lennon/Macca e entrado no Revolver. Posso estar viajando.
Talvez no lugar de And Your Bird Can Sing... É...
mas ficaria sem os vocais anasalados e elásticos do Liam.
Bem...deixa ela aqui mesmo.
"Columbia"
Brilhante
introdução, riff master e ar afetado/druggy para
descrever uma situação real e então até
há pouco tempo ocorrida. Quer saber o quê? Uma
quebradeira num quarto do Hotel Columbia no Reino Unido e a
proibição eterna deles voltarem lá.
"Supersonic"
O
single de estréia da banda. Um single quase perfeito.
Quem na história da música iniciou uma banda e
antes do primeiro álbum mandou uma música que
começa com "I need to be myself, Cant be no one else...".
Mais arrogante e delicioso impossível.
"Bring
it on Down"
A
canção mais desbocada e mais punk do álbum.
Meio Pistols, meio Jam. Não é minha preferida
mas tem seu valor. Noel escracha os idiotas de plantão
com "I’ll be scrapping their lives from the sole of my shoe
tonight"
"Cigarretes & Alcohol"
Esta
maravilha nasceu de uma conversa entre Johnny
Marr e Noel em 1993. Marr falara que o primeiro single que
tinha comprado na vida foi Get it On do T.Rex. Um ano
depois Noel esticou os 3 riffs do clássico dos anos 70
para fazer talvez a maior canção apologia da cocaína
e das "delicias de se drogar". Ah, a capa do single é
maravilhosa e Noel, depois da comemoração do sucesso
do single, deu entrada no hospital sofrendo de dores no peito.
Outro clássico instantâneo do guitarrista e vocais
insuperáveis de Liam "You might as well do the white
linnnnnnne"...
"Digsy’s
Dinner"
Uma
canção tipicamente inglesa. É Kinks, é
Small Faces, é (não riam) meio Blur. Se tivesse
sido lançada nos anos 60, esta canção poderia
ter sido lado B de Waterloo Sunset ou Lazy Sunday.
O riff de abertura é matador. Irônica, engraçada
é a mais "Swinging London" de todas.
"Slide
Way"
Fiquei
sabendo recentemente que Noel tomou como base a canção
chamada Cortez the Killer do Neil
Young para escrever esta. Nada mal para uma bela canção
dedicada e escrita para uma antiga ex-namorada do guitarrista.
A única canção mais (ou menos) romântica
do álbum.
"Married
with Children"
Então,
sabe esta ex-namorada do Noel da canção acima?
Ela aparece de novo aqui, só que retratada já
no fim do relacionamento. "Your music’s shite, it keep me up
all night" teria dito ela a Noel quando este acordara no meio
da noite para escrever uma sequência de acordes. Acústica,
calma, antítese de Rock’n’Roll Star. Uma perfeita
canção de despedida, de fim de festa. Termina
com um relaxante "Goodbye Im goin’ home" do Liam. Boa
noite.
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Links
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