Lançamento: ouça “Don’t Forgive Me”, primeiro single da Smoko

texto de Leonardo Vinhas

Como muitos outros projetos artísticos mundo afora, o Smoko é fruto da pandemia, nascido da necessidade de seus participantes não enlouquecerem em meio ao isolamento social. A ideia não era realizar nenhuma catarse pela música, mas trocar composições e conversas musicais para manter o espírito tão arejado quanto possível naqueles tempos bicudos.

Na verdade, Luis Pellanda (voz), Caio Marques (baixo) e Rodrigo Stradiotto (os demais instrumentos) estão ativos no cenário curitibano há décadas, e já tocaram juntos em diversos projetos. Até pouco tempo atrás, Pellanda e Stradiotto mantinham o duo O Fio, e foram cofundadores do Woyzeck, banda que teve certa projeção no underground nacional nos anos 1990, e que seguiu na ativa até a década seguinte, ainda que de forma mais local e sazonal. Marques, mais conhecido por ser parte do Bad Folks, era um “participante-coringa” do Woyzeck, e ele e Pellanda foram integrantes da Frutos Madurinhos do Amor. Além disso, um de seus EPs solo, “Calada” (2011), foi produzido por Stradiotto, enquanto algumas de suas canções mais recentes contam com letras de Pellanda. Os três também tiveram breve convívio no combo sambista Gente Boa de Melhor Qualidade.

Capa do álbum da Smoko

Essa relação promíscua, quase incestuosa, era a cara da cena curitibana do período – uma cena que gozou de grande reconhecimento crítico e que foi intensa em agito local, mas que nunca conseguiu se comunicar com o resto do país, salvo exceções pontuais. Apesar disso, e mesmo com seus contemporâneos não carregando mais o ímpeto da juventude, é uma geração que se recusa a parar, e que a cada tanto entrega alguma nova banda que deixa um grupo de ouvintes seletos de queixo caído. É o caso da Smoko.

“Don’t Forgive Me” é a primeira faixa desse projeto, disponível por ora apenas no lyric vídeo que você assiste abaixo (e está disponível no Youtube). A faixa, porém, ganhará as plataformas, junto com suas outras seis “irmãs”, em 28 de junho, quando o álbum será lançado pelo Selo Scream & Yell. Como de praxe nos outros lançamentos do selo, estará disponível também para download gratuito.

“Nenhum de nós três é uma pessoa religiosa. Mas, claro, como seres humanos, temos toda uma carga cultural dessa natureza, e entendo que a música tem muito a ver com religiosidade. De alguma maneira, o que acontece quando a gente toca e canta é quase uma reza”, diz Luis Pellanda. Assim sendo, “Don’t Forgive Me” é a primeira oração dessa celebração. Outras virão: a anunciação já está feita.

O que virá depois disso fica por conta do imponderável.

CONHEÇA O ACERVO DO SELO SCREAM & YELL



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