É fato que vivemos um momento muito criativo na nova música brasileira, mas ao mesmo tempo é um período em que a criação artística muitas vezes é atropelada pela correria do dia-a-dia e pelo modo que consumimos. Mas por quê então, muitos artistas ainda trabalham com o formato disco? O que é essa força que motiva a criar? Entre depoimentos reais e momentos de delírio, Marcelo Perdido e Bruno Graziano buscam essas respostas em uma estética atemporal com destaque para a voz, falada e cantada. “Brasa” (2020) analisa a criação musical artística com participações de Luiza Lian, Anelis Assumpção, Marcelo Jeneci, Tatá Aeroplano, Rafael Castro, Negro Léo, Bárbara Eugênia, Nana e João Erbetta. Você pode assistir ao filme na integra mais abaixo!
Os entrevistados estavam todos em momentos diferentes da carreira. Marcelo Jeneci estava indo para o seu terceiro disco, após fazer uma transição para o mainstream. Nana é uma artista baiana que vive em Berlim e sempre criou no seu homestudio. Anelis Assumpção tinha sido contemplada por um edital e pela primeira vez pode pagar o valor justo aos que trabalharam no disco “Taurina”. Luiza Lian se despedia de seu segundo álbum para começar a trabalhar no premiado “Azul Moderno”. Tatá Aeroplano e Negro Léo eram os mais experientes em suas discografias – os dois somados ultrapassavam 20 lançamentos. Bárbara Eugênia ia começar a gravar seu quarto álbum e João Erbetta tem inúmeros discos solo além de alguns à frente da banda Los Pirata. Mas o comum entre eles e os diretores é a visão de criar como um ofício.
“Na última década, Marcelo fez os discos dele e eu fiz os meus filmes. Produzimos e lançamos obras regularmente independente das condições que tínhamos. Eu estava na Bahia rodando um filme e ele morando em Lisboa gravando um disco, e combinamos que na volta a São Paulo faríamos um filme juntos sobre o processo criativo. Os discos poderiam ser livros, filmes, quadros ou esculturas, uma obra imersa num conceito do início ao fim. O que fica pra mim é a certeza de que o que importa é não deixar de produzir”, conta Bruno Graziano, que dirigiu filmes como “A Primeira Vez no Cinema Brasileiro” (2013) e “Baderna” (2018).
“Quando a musica para o que ouvimos é o choro do mundo. Um choro questionador, quase infantil, como um coro de crianças a dizer: por que parou? Parou por que? BRASA investiga artistas que escutam esse coro silencioso em suas cabeças, é que reagem a ele da forma mais corajosa possível: fazendo um disco, inteiro completo, contando uma história de ninar… para que o silêncio não volte tão cedo, para que a pergunta não volte tão cedo. Um Filme que mostra que você que tem um propósito desafiador na vida não está sozinho, seja cantando ou ouvindo”, explica Marcelo Perdido, que lançou os discos “Lenhador” (2014), “Inverno” (2015), “Bicho” (2016), “Brasa” (2018) e “Não Tô Aqui Para Te Influenciar” (2020). Assista ao filme!