por Bruno Capelas
“Anitta”, Anitta (Warner)
Você já ouviu essa antes: com cara de menina brincalhona, corpo malhado e atitude entre o sacana e o girl power, uma garota sai do subúrbio do Rio direto para as paradas de sucesso, apoiada em letras provocativas e funks suavizados. Em 2002, a descrição explicaria como o Brasil inteiro ficou ba-ban-do com a loira (falsa) Kelly Key. Onze anos depois, a história se repete com Larissa Machado, que, após cirurgias plásticas, shows com o Furacão 2000 e a adoção de um pseudônimo virou Anitta, “a nova sensação do pop nacional”. Duvida? Então discuta com as 50 milhões de visualizações da canção “Show das Poderosas” no YouTube. Misto de palavra de ordem e futrica feminina de salão de beleza embalada em um arranjo potente, a faixa foi alavancada por um clipe em p&b a la Beyoncè, uma coreografia que valoriza o corpo da cantora e é o carro-chefe de sua estreia em álbum. Lançado em julho, “Anitta”, porém, passa longe de ter um exército pesado de hits, sofrendo com uma produção pouco inspirada – preste atenção na programação percussiva, repetida em todas as canções – e em instrumentações nada originais (nas fracas baladas “Zen” e “Som do Coração”). Liricamente, o disco repete Kelly Key (“Cachorro Eu Tenho em Casa”, “Fica Só Olhando”) e higieniza o discurso de Valeska e Tati Quebra Barraco, repelindo as invejosas (“Achei”) e brincando de femme fatale beirando o sexismo (“Menina Má”, “Meiga e Abusada”). Na verdade, Anitta é que nem o seu “Príncipe de Vento”: agrada aos olhos e faz sonhar, mas é só abrir a boca pra fazer cair da cama.
Preço em média: R$ 19
Nota: 4
“Muito Mais Que o Amor”, Vanguart (Deck)
Reconciliações não são fáceis. Muitas vezes, acontecem por linhas tortas, e não parecem fazer sentido, mas trazem compensações quando funcionam. Essa talvez seja a principal lição que se possa extrair de “Muito Mais Que o Amor”, novo álbum do Vanguart. Depois de uma estreia acachapante e uma desilusão com o mainstream que rendeu um segundo disco turbulento, que lidava com frustrações e o lado mais tempestuoso do amor, chegou a hora de passar as coisas a limpo. É o que fica claro em “Estive”, uma road song na qual Hélio Flanders conta por onde passou, e, no final, convida o ouvinte a seguir em frente: “Vamos? Vamos!”. O que se vê nas dez faixas restantes são idas e vindas de um eu-lírico que quer acreditar no amor, com declarações simples, mas certeiras (“Meu Sol”, “Sempre Que Eu Estou Lá”), embaladas por arranjos folk-rock, “pra cima”. Até mesmo quando as circunstâncias forçam a se ir à direção oposta, o resultado é muito mais colorido e ensolarado que em “Boa Parte de Mim Vai Embora”, como em “Olha Pra Mim” ou na boa balada mccartneyana “Pra Onde Eu Devo Ir”. O problema é que, depois de dois trabalhos fortes e realistas, “Muito Mais Que O Amor”, por sua veia romântica, não resiste a muitas audições seguidas, como se sua vontade de acreditar no mundo soasse ingênua perto do que a banda já mostrou antes – um paralelo musical do final de “Antes da Meia Noite”, de Richard Linklater. Assim como o romance de Jesse e Celine, esta é uma banda que já nos deu boas emoções. E ainda tem muita lenha pra queimar. É preciso mais que o amor, mas vale a pena acreditar.
Preço em média: R$ 29
Nota: 6,5
“Sacode”, Nevilton (Oi Música)
Em 2011, ao lançar seu primeiro trabalho de fôlego após anos percorrendo o país na cena independente, os paranaenses da Nevilton surpreenderam com o pop-rock inteligente no disco “De Verdade”. Duas temporadas depois, Nevilton de Alencar (voz, guitarra e composições), Tiago Lobão (baixo) e Eder Chapolla (bateria) retornam ainda melhores com “Sacode”. Financiado por meio de um edital da Oi e com produção impecável de Carlos Eduardo Miranda e Tomás Magno, o álbum elimina os poucos excessos da estreia e investe em uma sonoridade roqueira, sem deixar a brasilidade e o lirismo de lado. É o caso de “Porcelana”, uma moda de viola com guitarras nervosas e refrão poderoso (“Ouça o queixar dessa insana / vida frágil, porcelana / trincando ao tocar o chão”), da balançada faixa-título, que soa como um Queens of the Stone Age de férias na praia, ou de “Noite Alta”, pop-rock cativante com vocal de inflexão caipira e um olho no despertador, outro na vida boa. Versátil, o trio tem potencial para atrair entusiastas de todas as faixas etárias. O moleque que acabou de comprar a primeira guitarra provavelmente vai se divertir com a ramonística “Bailinho Particular” e perceber que há vida além dos Black Keys com “Crônica”. Por outro lado, o tiozão barrigudo fã de Creedence se emocionará com a fofura de “Friozinho”, e ficará nostálgico com a dançante “Satisfação”, carregada pelo baixo portentoso de Lobão. Seja qual for a sua idade, fica aqui o conselho: desligue o celular, coloque “Sacode” para tocar e deixe a vida soprar no coração.
Preço em média: R$ 29
Nota: 9
Ouça aqui: http://www.nevilton.com.br/2013/03/sacode/
– Bruno Capelas (@noacapelas) é jornalista, escreve para o Scream & Yell desde 2010 e assina o blog Pergunte ao Pop.
Leia também:
– Kelly Key: A contradição e adolescência da Anti-Sandy, por Carlos Eduardo Lima (aqui)
– “Boa Parte de Mim Vai Embora”: Vanguart deixa para trás amores e traumas (aqui)
– Nevilton vence a noite fria e a saída do baterista em grande show em São Paulo (aqui)
– Nevilton: “A gente vive da música e para a música”, por Rodrigo Guidi (aqui)
– “Antes da Meia Noite”: a história de Jesse e Celine por Marcelo Costa e Leo Vinhas (aqui)
Anitta devia, inclusive, colocar Baba, Baby no repertório.
Melhor resenha que li do “Muito Mais Que o Amor”, parabéns. Quando se perde a essência, se perde tudo. Vou aguardar o quarto album do Vangs, curtindo os dois primeiros.
Pelamordedeus, né S&Y??? Resenhar álbum (?! ) de uma coisa musicalmente tão inútil como Anitta?!? Parece coisa de quem não quer perder o “bonde da oportunidade” , ou seja, de também se sentir por dentro pela simples razão de falar de alguém cuja sorte foi ser agarrada pela grande mídia pra ser sugada e depois jogada fora… assim como foi com a também citada no texto Kelly Key… e pior, com a Tiazinha que também chegou a gravar um cd popzinho com influências do funk carioca para depois pagar de “roqueirinha” em outro cd que praticamente quase ningúem ouviu… não duvido nada que mais adiante teremos resenhas de cds de Luan Santana, Naldo, Gustavo Lima, Gaby Amarantos e outras porcarias… lamentável…
Boas ideias de resenha, Marcos,
Obrigado
Gostei da ideia de resenhar a Anitta. E assino embaixo, melhor resenha que li do Vangs, mas não consigo achar esse valor todo no Nevilton ainda.
Se desse pra curtir comentários aqui o Marcos ganharia umas 1000 curtidas. Assino embaixo.
O S&Y vem perdendo a relevância, infelizmente! tempos atrás, não passava um dia sem visitar, hoje, quase nunca lembro.
A qualidade dos textos piorou bastante e a linha editorial… tá difícil!
O fundo é resenhar Anitta…
Mas, como diria o mestre Mick Jones e seu BAD: “… when you reach the bottom line, the only thing to do is climb…”
Perfeita a descrição de que ela junta futrica de salão de beleza com o pop. Pra mim Anita é o Naldo feminino. Em um ano vai estar em alguma Fazenda da vida ou pedindo para participar do Superpop.
Qual o problema de resenhar a Anitta? Veria problema em elogiar a cantora, mas o texto anda longe disso. Como tem gente chata nesse mundo.
Já eu acho o contrário do Pedro.
Elogiar a coxuda da Anitta não seria problema algum.
Agora, falar mal dela é mais do mesmo.
Lembrei do meu pai.
Há muitos anos a Veja resenhou um disco da Angélica e, óbvio, meteu o pau.
Meu pai resmungou:
“Pra que falar mal de um disco da Angélica, meu Deus?!”
PS: Show das Poderosas, a música, é ótima! Para aquilo que se destina, claro.
Recomendo a audição de “Música Para Ouvir” do Arnaldo Antunes.
O problema de resenhar Anitta é que TODO MUNDO fala da Anitta. Foda-se essa merda. Meu refúgio ERA o S&Y, mas depois dessa…Por que dar espaço pra isso?
Porque nos interessa analisar o fenômeno, Vagner. Se não te interessa, você não precisa ler. Há resenhas de outros dois discos nessa mesma pagina e muito mais conteúdo no site.
Não vamos deixar de fazer coisas que nos interessam porque um ou outro leitor acha que sabe o que podemos ou não publicar. Abraço
analisar o fenômeno…ms que fenômeno?! todos os anos temos três ou quatro destes fenômenos, sem nenhuma novidade de conteúdo ou de forma! o que há para ser analisado?!
Muita coisa, Rodrigo. Pessoalmente, quero saber o que faz uma Anitta estourar, e uma dezena de outras bandas não. Não quero, de maneira alguma, ficar sentado em um gueto indie que esteja pouco se fodendo pro que está acontecendo no mainstream. Eu quero, e sempre quis, entender isso. E me desculpa, mas sempre falamos de coisas populares buscando entender o que está acontecendo, porque estou e estamos (incluindo colaboradores) longe de ser um bando de rancorosos que irá ficar falando apenas da bandinha que surgiu hoje de manhã em Seattle (ou em Curitiba) – embora a gente vá tentar falar deles também (risos). Há muito pra ser analisado e discutido na música pop mainstream brasileira, coisas chaves para se entender porque o cenário independente (que é quase todo mundo, afinal Pato Fu, Lobão e até Chico Buarque são artistas independentes hoje em dia) não se prolifera, não toma a massa como o Nirvana tomou em 1991 (e o rock nacional um pouco antes). Se você não quiser ler o que a gente escreve sobre isso, tem todo o direito. Se não quiser ler o site, paciência. Mas nunca vou deixar de fazer o que eu quero (e que os colaboradores querem) porque um leitor quer ler sempre sobre a mesma coisa. Ao contrário de você, acho que o Scream & Yell vive sua melhor fase, não só em audiência, mas principalmente em conteúdo. Não é a toa que estamos falando de cena portuguesa, latina e independente nacional muito mais que cena indie anglo-saxã, porque, pra essa última, tem Pitchfork e NME (e dezenas de blogs que os copiam). Prefiro focar em outras coisas. E quem quiser que nos acompanhe. Quem não quiser, o mundo e a internet está ai, afinal é impossível agradar a todo mundo. Paciência. Se eu estiver feliz, e os colaboradores também, nós continuaremos tendo um site. E segue o jogo.
Além do óbvio e ululante poder da grana, que ergue e destrói coisas belas, as Anittas estouram porque esse é o atual gosto do brasileiro médio.
Como há dezenas e dezenas de milhões de brasileiros médios…
Logo, pensa o empresário, vou investir no líquido e certo.
Afinal, é um negócio.
Rock no Brasil sempre foi gueto.
Com alguns milhões de amantes, sem dúvida, mas sempre um gueto.
Só não foi no Brock dos anos 80, quando a grana resolveu investir nele.
Além do que parece haver um cerco a qualidade musical na grande mídia.
Se vc tiver algo a dizer, característica que o rock tem ou ao menos deveria ter, vc está fora, meu chapa.
Mas, na boa, não precisa de análise nenhuma para entender isso.
Tá na cara.
Primeiro ponto: o que está na cara da gente pode não estar na cara de todos.
Segundo: é fácil ouvir e dizer que é ruim, que é uma merda, que está em tudo quanto é lugar. O desafio é pegar o disco de Anitta e trata-lo com um disco novo qualquer de outra banda, e tirar dali algo que não saia em um canal de fofoca de grande portal. Acho bacana, nesse ponto, o Bruno traçar uma linha entre Anitta , Kelly Key, Valeska e Tati Quebra Barraco, por exemplo. É tratar um disco com um objeto da indústria cultural como qualquer outro (seja um disco do QOTSA ou da Anitta), e pensar sobre ele. Se ninguém quiser se dispor a pensar sobre Anitta, a gente pensa. E gosta da ideia.
Cara, pensar sobre Anitta?!
Sério?
Tipo para descansar os neurônios de um longo dia de trabalho?
Mas aí seria melhor ouví-la. Já disse acima que gosto de seu hit.
Putz, meu irmão, vamos falar de artistas relevantes – artisticamente falando.
Meter o pau em Anitta(de maneira figurada) não tem graça.
É bater em bêbado(a), como também já disse acima.
Criticar Marisa Monte, que só vem fazendo merda, porém, já fez e quem sabe um dia voltará a fazer um som relevante é uma coisa.
Agora, Anitta é café com leite, pô!
É para beber.
Ou melhor, no caso dela, comer!
A relevância pode ser de qualidade ou de mercado, e a Anitta se encaixa no segundo quesito. Se nos interessa, a gente vai falar. E se as pessoas não quiserem ler, que não leiam. Acho esse mimimi tão adolescente, como se o pai obrigasse a pessoa a abrir a página do Scream & Yell e ler uma resenha da Anitta. Cada um faz o que quer, e a gente quer publicar uma resenha da Anitta. Quer ler sobre artistas relevantes “artisticamente falando”? Simples: o wordpress está ai. Faz um site e escreva você mesmo. É muito mais digno do que ficar cobrando outra pessoa pra fazer o que você queria fazer. Porque a gente faz (ainda) o que a gente gosta, que é simplesmente escrever sobre cultura pop. Seja Bruce Springsteen, Truffaut, Apanhador Só ou Anitta. E vamos tentar continuar fazendo isso, algo que fazemos há 13 anos, por quanto tempo a gente tiver vontade.
é verdade que tem gente pra reclamar que o disco de anita foi resenhado? sinceramente…(…)…marcelo,tome uns argumentos como elogio ao site “eu gostava do screamyell quando resenhava só `artistas relevantes´ ” ; parece um tipo de “eu gostava daquela banda…mas agora que todo mundo conhece eu não curto mais…” é por causa desse pseudo elitismo que a “musica relevante” não achou mais o caminho pro mainstream(não só por isso,mas tb por isso).
Marcelo, não estou vendo muito sentido nessa discussão absurda. Acho que se você quiser tratar até de assuntos irrelevantes, você pode. Não tinha ouvido Anita ainda, e essa música do clipe é interessante, mas eu nunca ouviria em casa, como o disco do Nevilton, que estou ouindo desde que saiu.
A todos falando sobre a Anitta, recomendo a leitura do link a seguir, que mostra que, mesmo uma artista “fabricada” pela gravadora precisa de um mínimo de talento para dar certo. Claro, será descartada daqui a alguns (poucos) anos, mas a indústria da música pop funciona assim, e quem entra nela sabe, ou pelo menos deveria saber…:
http://oglobo.globo.com/cultura/anitta-preparada-da-vez-9110966
Amei o disco do Vanguart. Estive está tocando na 89fm. Fiquei taõ feliz de ouvir ela no rádio.
Anitta oferece um pacote a ser explorado que muito artista não tem: é bonita, gostosa, canta, dança e tem presença de palco (ainda que um pouco apelativa). Seria muita burrice da industria não explorar isso. Ela vende disco, faz show, vende até camisinha.
O Mac tá certo quando diz que é preciso avaliar esses casos pra entender melhor por que muitos independentes não conseguem quebrar a rebentação.
Lembro de ter lido entrevista do (arrghhh) NxZero onde o cara que bolou a banda (um japa que foi chutado pelo Bonadio mais tarde) afirmou ter identificado que não havia no cenário nacional uma banda nos moldes do nxzero (rock melódico com integrantes bem vestidos no palco). E o cara estava errado?
Pra citar outro: Justin bieber. Se voce pegar os vídeos dele antes do garoto estourar voce vai ver que ele canta bem, toca guitarra e bateria, COMPÕE, é bonitinho… Não precisa ser gênio pra saber que se voce jogar o moleque num programa de auditório ou qualquer palco ele vai arrebentar!
O pacote é importante. Saber se vender é importante.
Sem isso muito gênio vai continuar trabalhando em escritório das 08:00 as 18:00 e se fudendo pra tocar em Queluz no sábado.
Abraço,
@Vinimzo
Sabe, eu fico feliz do Marcelo estar disposto a fazer isso aqui no S&Y.
É prova na verdade não de um defeito no trabalho ou um erro do processo, e sim amadurecimento gigantesco. Não é minha a opinião, mas aprendi com alguém que sabe mais música que eu, que você se torna um bom ouvinte de música quando dá a oportunidade ao sons familiares e aos atípicos, iniciando seu julgamento do mesmo nível, e não de níveis diferentes. E o que estiver fora disso é puro preconceito cultural.
Porque o Samba, o Rap, o Sertanejo e o Funk ganham espaço? Eu não sei, mas acho interessante o S&Y procurar essa resposta, é importante pra cena Indie, porque tenho certeza que o objetivo de muitos não é ser famoso em um Nicho, e sim dominar o Mainstream, tal qual Anitas, Ivete Sangalos, Naldos, e afins.
“Não vamos deixar de fazer coisas que nos interessam porque um ou outro leitor acha que sabe o que podemos ou não publicar. Abraço”
Publiquem o que quiserem…e continuem com essa arrogância!
Óbvio que eu leio os outros assuntos, aliás, existe material de extrema qualidade aqui. Mas falar de Anitta…LIXO DO LIXO
Valeu, Vagner. A ideia nossa sempre foi ser o mais diversificado possível dentro das nossas limitações / possibilidades. Acho que sempre teremos coisas que possam interessar a pessoas variadas, e espero que continue assim.
Abraço
Acho mais facil resenhar um bolo de morango do que um disco da Anita.Mas acho legal isso,ter essas coisas.Não ligo pra Anitta,mas vejo coisas interessantes quando falamos de produção do disco,por exemplo.Duro é esses babacas que se dizem indies que gastam R$ 300 no Lolla mas querem que o disco da sua banda favorita saia de graça e que o show custe R$ 5.E assim vamos levando.
hoje, 23 de setembro, matérias “de capa” do scream&yell, comentários: 9 + 6 + 0 + 1 + 2 + 2 + 0 + 27 + 0 + 0 + 0 + 4 + 1 + 0 + 1 + 108 + 1 + 0 + 1 + 3 + 1…
Na média, 7,95 comentários por matéria.
Descontando-se apenas uma delas, que tem 108 comentários e, portanto, está alguns desvios padrões acima, a média cai para 2,95 comentários por matéria.
Sério que o S&Y está na sua “melhor fase”?
Qual a real relevância ou impacto do que está sendo publicado aqui?
Claro, é mais fácil chamar quem não está gostando de “rancoroso” e, chavão dos chavões, mandar parar de ler, ou procurar algo melhor para ler…
Não tenho a menor idéia de qual banda surgiu em Seattle ou em Curitiba, hoje! Apenas gosto de boa música, bom cinema, boa literatura e pretendo me manter atualizado sobre o que de relevante acontece no mundo da cultura.
Infelizmente, acho que o S&Y já foi melhor, e tenho, sim, procurado outras fontes de informação, com sucesso relativo. Se escrevo aqui, é porque me importo! Mas, pelo jeito, não são apenas os artistas que não lidam bem com críticas…
Anyway, minha opinião não é tão relevante assim.
Desde quando comentários em texto refletem a qualidade editorial de um veículo? E partindo dessa pseudo importância de relevância, da qual discordo absolutamente, como comparar o Scream & Yell de 2000 a 2007, em que não existia caixa de comentários no site, com o dos anos seguintes?
Número de comentários significa nada tanto quanto acesso. Em 2004, o Scream & Yell tinha 800 acessos de usuários únicos por dia, hoje tem 7000. Isso quer dizer que o site melhorou? Não, apenas que ficou mais conhecido, que as pessoas passaram a lê-lo muito mais.
Quando digo que o site vive sua melhor fase é pelo conteúdo que é publicado, lembrando que tudo que foi publicado no site de 2000 até hoje passou pela minha opinião. Isso eu posso julgar. Quanto a crítica, o problema não é ela em si, mas a maneira leviana e desconexa com a realidade como é escrita. Isso me incomoda, mas faz parte. Infelizmente.
Tem que analisar mesmo. Seja Anita, Skank, Nick Cave, The XX ou uma Brooklyn East India Pale Ale…rs. Acho completamente válido e interessa sim analisar os fenomenos a que estamos inseridos cotidianamente. Ou cada indiezinho vive isolado em sua caverna? Ops, apê dos pais com internet? rs
Ah…Anita é tão descartável e irrelevante que gerou mais de 30 coments…(eu incluso) enquanto a matéria da Carol Nogueira sobre o album novo do Bowie, 1 coment. Estranho não? A se analisar, Mac…hehehe
“Maneira leviana e desconexa com a realidade”… nossa… não acredito que li isso… mas concordo com o Rodrigo em parte: pedir para o leitor ler outras matérias ou parar de ler é um tipo de atitude muito arrogante, a partir do momento que algo é publicado ele se torna de certa maneira, de domínio público, ou seja, acredito que o leitor tem todo direito de concordar ou não, gostar ou não de qualquer texto ou opinião de qualquer jornalista que a publique ou divulgue… nós, no papel de simples leitores, temos o direito de além de ler, analisar aquilo que lemos para, enfim, tomarmos uma posição em relação ao que foi lido… Da minha parte, não interessa nem um pouco o que faz Anitta e outras porcarias estourar e o fato de não gostar e nem se interessar pelo trabalho dela e afins de maneira nenhuma justifica que eu esteja enclausurado em um “gueto indie” e que eu queira sempre “ler sempre sobre a mesma coisa”. Acredito que a S&Y ainda assim, vive agora a sua melhor fase, mas não precisa dar espaço pra esses tipos de resenha… Se o editor sabe que é impossível agradar a todo mundo não precisava soltar uma frase do tipo: “Se eu estiver feliz, e os colaboradores também, nós continuaremos tendo um site”…ou essa: “E quem quiser que nos acompanhe”… O leitor que dedica parte de seu tempo a um site que acompanha já a um bom tempo merece, acima de tudo, respeito… pois as críticas aos textos se referem ao conteúdo escrito e só…
Marcos, uma coisa é criticar, outra é delimitar o que o site pode ou não publicar. Se você pegar a resenha em questão, da Anitta, e escrever que discorda por x, y ou z é uma coisa: você tem todo direito disso. O que estou defendendo aqui é o direito de eu publicar uma resenha da Anitta, e da pessoa ler se quiser, ou não. É bem simples.
Samuel, belíssimo ponto. Na grande maioria das vezes, o comentário diz mais sobre quem comenta do que necessariamente sobre o texto em si. Adorei esse texto da Carol, achei de uma delicadeza imensa. E está entre os mais lidos do mês. A filmografia comentada do Billy Wilder, que escrevi, não tem nenhum comentário, idem, e só o fato disso já me faz ter prazer em te-la publicado.
Não vi nenhuma critica ao texto, mas sim, revoltados só pela presença de Anita aqui. Ops…
Mas concordo, antigamente o S&Y era melhor: https://screamyell.com.br/outros/celquatro.html
“Não vi nenhuma critica ao texto, mas sim, revoltados só pela presença de Anita aqui”… se voce ler com atenção, Samuel, vai perceber que além de minha revolta ( sim! ) houve também uma crítica minha ao texto publicado.. e outra: “indiezinho vive isolado em sua caverna”… o fato de uma pessoa não gostar ou abominar um artista de apelo popular por aqui não significa que ela seja um adorador dos indies… isso já tentei explicar no meu comentário anterior…
“Ah…Anita é tão descartável e irrelevante que gerou mais de 30 coments…(eu incluso) enquanto a matéria da Carol Nogueira sobre o album novo do Bowie, 1 coment. Estranho não?”… é piada ou é pra levar a sério isso? Se for piada, foi muito sem graça, diga-se de passagem…
Mac, com todo o respeito, se voce acha que tem o direito de publicar uma resenha da Anitta, tenha em mente que muitos dos leitores por aqui terá, consequentemente, também terá o direito de reclamar… pedir que seus próprios leitores procurem outra coisa pra ler é tratá-los com arrogância além de ser desnecessário…
Você criticou a presença do texto aqui e não o seu conteúdo, que aliás, desceu a lenha na “obra”. Para mim nem cheira nem fede a resenha da Anitta no conceituado S&Y. Mas admito que as críticas despertaram meu interesse, toda essa mania de policiar tudo e defender o que acha que tem ser publicado ou não num canal independente como esse. É meio assustador essa CENSURA. Quanto ao indiezinho na caverna, sinto muito se lhe coube a carapuça (se bem que ela foi colocada ao dispor de quem a vestisse). E sobre a resenha do Bowie, não, não foi piada, mas não deixa de ser engraçado você citar.
A discussão deveria ser de como a Anitta chega às massas enquanto artistas muito mais interessantes mal enchem um Sesc ou CCSP. Se a Internet vem democratizar e nos dar o poder de escolha, fora de jabás, rádios, tvs, como pode mais gente não se interessar por eles? Entende? É para se pensar… O brasileiro não está acostumado a escolher sozinho? Porque não somos curiosos de descobrir a discografia do Bowie, Ben Folds ou Dylan? Hoje em dia basta um click. E cabeça aberta, e sentir novos sabores, respirar outros ares. É tão benéfico para a cabeça, o coração…É só aqui ou no mundo inteiro? E de repente numa googlada algum (a) fã de Anitta venha parar aqui e saia curiosa com o mundo de resenhas ótimas que encontrou. Vai saber…
Esses exemplos de censura e preconceito mostram que o Brasil não vai mudar nunca
Samuel, continuo afirmando que além de ter criticado a presença do texto no site ( verdade ) eu também critiquei o seu conteúdo, voce pode perceber quando citei a Tiazinha ( que rebolava a bundinha para outra nulidade musical da época chamada Vinny )… critiquei pelo fato de insistirem em querer encaixar em algum contexto viável porcarias desse tipo cuja intenção é apenas faturar em cima de um alvo: um público adolescente que em sua parte masculina passa a maior parte de seu tempo jogando videogame, postando merda em redes sociais e acessa site pornográficos escondidos dos pais, mas parece ser incapaz de pensar e refletir… OU ALGUEM POR AQUI REALMENTE ACHA QUE A ANITTA ALÉM DE SUA BELEZA FÍSICA E SENSUALIDADE POSSUI REALMENTE UM TALENTO MUSICAL DIGNO A PONTO DE TRANSGREDIR DE UMA GERAÇÃO PARA OUTRA? Duvido que daqui a alguns anos ela seja lembrada com a mesma importância (?!) que tem tido atualmente… onde está a Kelly Key agora??? Ah… a última que a vi foi em um programa de tv de calouros infantis no papel de jurada…
Outra coisa: ter o direito de ser contra algo não significa necessariamente que voce esteja policiando e sobre o “indiezinho na caverna”, o problema é generalizar… por exemplo: se o indivíduo é negro ele teria que somente ouvir pagode e rap??? A sua opinião sobre o texto do Bowie pra mim continua soando como uma piada…
“A discussão deveria ser de como a Anitta chega às massas enquanto artistas muito mais interessantes mal enchem um Sesc ou CCSP”… Recomendo que ouça a entrevista que o Lucas Santtana deu ao podcast da Revista Trip ( Trip FM )… ele explica bem isso… mas resumindo: quantos desses artistas que mal enchem um Sesc da vida possui os atributos físicos da Anitta, por exemplo?
” O brasileiro não está acostumado a escolher sozinho?” Não… o brasileiro está acostumado a ser em grande parte, isso sim, manipulado. Essa é a realidade… não importa a liberdade de escolha imposta pela internet… o que importa é tudo aquilo que o impede de pensar e refletir… enquanto um músico de verdade batalha pra ser reconhecido o que parece ser mais importante para empresários inescrupulosos, canais de televisão com seus programas de auditório de gosto duvidoso ( uô loco! ), revistas de papparazo e fofoca e fms com programação feita especialmente para derreter o cérebro dos incauto, uma bunda rebolante parece ser mais importante, porque o que realmente importa é a audiência e o lucro…
” Porque não somos curiosos de descobrir a discografia do Bowie, Ben Folds ou Dylan? “… Porque é muito mais fácil entender as rimas fáceis do Michel Teló do que as metáforas de Dylan..
” E de repente numa googlada algum (a) fã de Anitta venha parar aqui e saia curiosa com o mundo de resenhas ótimas que encontrou. Vai saber…” Concordo… mas é preciso se dispor pra isso, antes de tudo…
Quanto ao Caca:”Esses exemplos de censura e preconceito mostram que o Brasil não vai mudar nunca”… Ok… a partir de hoje ouvirei atenciosamente o cd da Anitta, pois assim ajudarei esse nosso querido país a se tornar um lugar melhor…
ok, mac, você venceu: batata frita!
desisto de ser leitor do S&Y, realmente não estou à altura; meus comentários dizem mais sobre mim mesmo do que sobre o texto…
tô levando minha insignificância para outras praias.
keep up the good work!!
antes de sair, só confirmando minha incapacidade de dizer algo com minhas próprias palavras:
“Artists are agents of chaos. It is the artists job to encourage entropy, to promote chaos. Idols must be killed, icons crushed, beliefs shattered. It is the artists job to encourage legitimate, unadulterated, raw thought and emotion. Art that does nothing new, that simply fills an established role, is not art. It is a product. A stale, stagnant product of a disgustingly mundane process that has been done so much it is assumed mandatory. Little different than feces. The last thing the world needs is to get shittier.”
? Jonathan Culver
Tô procurando isso… o resto, não me interessa.
Valeu!!
Marcos, também com todo respeito (sincero) e correndo o risco de me repetir, mas vamos lá:
O leitor tem, sim, o direito de discordar do texto (positivamente ou negativamente, conforme cabe a cada um), agora reclamar dele ser publicado no Scream & Yell? Discordo. Há um objeto da indústria cultural em discussão, e nos interessa discuti-lo. Entendo que possa não interessar a você e a outros, e respeito, mas interessa ao JW, ao Tiago, ao Pedro, ao Túlio, pessoas que comentaram aqui (e outras que não comentaram, mas leram o texto), e principalmente a nós. A gente fala do que nos interessa falar. É isso que nos move.
Reforço: cada um lê o que quer, e se não satisfaz o que está aqui (embora o universo do site não se feche apenas em Anitta, mas tudo bem), o leitor tem toda a liberdade de procurar outro lugar. E não falo isso de modo arrogante, mas sim buscando enaltecer a liberdade que eu tenho em publicar o que eu quiser e o leitor de ler o que ele quiser. Porque é mais pura verdade: o site continuará o mesmo com 800 ou 80.000 leitores.
É só uma batalha para manter a essência independente do site, de fazer o que a gente tem vontade de fazer – e do leitor ler o que ele quiser (seja aqui, seja em outros sites). Concordar ou discordar são coisas que me interessam, mas não vou aceitar alguém dizendo o que eu devo ou não publicar porque quero ser livre (de eventuais parceiros, de publicidades, de artistas e também de leitores) para publicar o que quiser. Apenas isso.
não xinguem mas adoro a show das poderosas da Anita e gostei desse video do vangaurt
Entendo Marcos. Acho que todos concordamos sobre a apelação fácil, músicas descartáveis e que a Anitta (e outros) são só um produto feito sobre medida para o povão. E tem pouca duração. O que é realmente chocante é que o poder da internet e suas infinitas possibilidades, manifestações e discussões estão à margem. A ferramenta mais poderosamente democrática que já esteve nas mãos dos homens são usadas banalmente. É somente uma extenção da T.V, do rádio, do horário político…enfim…acho que valeu a presença da Anitta aqui sim. E cabe ressaltar a coragem do Bruno Capelas em escutar o disco inteiro. rs
Acho que cabe a máxima do Voltaire aqui:
“Não concordo com o que dizes, mas defendo até a morte o direito de o dizeres.”
Até mais!
mas que piti non-sense…