por João Pedro Ramos
A banda se esforça, cria canções com refrãos ganchudos, riffs memoráveis, acordes complexos e músicas que grudam na cabeça. Porém, muitas delas acabam deixando de lado um fator importante: a capa do disco. Nisso surgem verdadeiras obras de arte bizarras, às vezes com a melhor das intenções, enquanto outras parecem feitas às pressas. Além, claro, daquelas que as bandas defendem com unhas e dentes, apesar de serem mais horripilantes que ser acordado às 6 da manhã de um domingo por ET e Rodolfo com buzinas em seu ouvido.
Nesta lista você confere 10 das capas mais feias que a música brasileira já teve coragem de colocar em discos. Prepare seus olhos e deixe o senso estético na porta!
Um adendo: este post não quer em nenhum momento desvalorizar as músicas contidas nos álbuns em questão! O foco aqui são apenas as capas, OK?
– “Pt qQ cOizAh”, Raimundos (2005)
Com a saída do vocalista Rodolfo, o Raimundos se reergueu lançando “Kavookavala” (2002), com uma divertida capa com inspiração no clássico Rat Fink e músicas que, apesar que não serem as melhores da banda, se sustentam bem. Daí veio a saída do baixista Canisso e com o ex-Rumbora Alf no baixo e backings, a banda lançou o EP “Pt qQ cOizAh“, com músicas como “Folha de Zinco”, que lembram o popular hardcore “raimundístico”, mas que veio com uma das capas mais horríveis e preguiçosas de todos os tempos. Parece que uma criança de 5 anos ficou uns 10 minutos na frente do Paint e criou essa obra.
– “As Novas Aventuras do DJ L”, Latino (2005)
Sabe aquelas caricaturas que os artistas oferecem em feirinhas hippie? No disco que sucedeu o sucesso de “Festa No Apê”, parece que Latino achou uma boa ideia colocar isso como capa. Dá até vergonha de ver. Talvez ele já tivesse se ligado na queda da cultura do álbum e o crescimento dos singles e mp3… Acho que é o único jeito de defender essa atrocidade.
– “Agora Sai”, Lagoa (1996)
O Lagoa 66 era uma banda elogiada do underground paulistano. Depois de muitas tentativas de lançar um disco, o grupo abandonou seu som característico e apostou em algo mais “Mamonas Assassinas”, que estava em alta na época. A capa segue a mesma tosquice do disco dos Mamonas: uma montagem horrenda com a cara dos integrantes em um fundo “animado”. E ainda inspiraram o patinho da FIESP.
– “Mamonas Ao Vivo”, Mamonas Assassinas (2006)
Falando neles: não que a capa do primeiro e único disco oficial dos Mamonas Assassinas seja boa (não é), mas esta aqui faz o mesmo esquema da primeira (o rosto dos integrantes com intervenções em ilustração), só que BEM pior. Um desenho infantil do quinteto no céu, representando-os após sua trágica morte. Além do desenho horrendo, é de certo mau gosto.
– “Os Invisíveis”, Ultraje a Rigor (2002)
É deste disco um dos últimos hits autorais do Ultraje, “Me Dá Um Olá”, que tocou bastante nas rádios. Como o disco tem bastante influência da surf music, a capa mais preguiçosa que você depois de uma pratada de feijoada é apenas uma onda com um efeito “swirl”. E pronto. Hoje em dia dá pra criar uma capa melhor que essa em 2 minutos em qualquer aplicativo de design dos mais básicos. Aliás, mesmo na época, dava pra criar capa melhor em uns 40 minutos.
– “Fabio Jr”, Fábio Junior (1995)
Fábio Junior é gato, Fábio Junior é ídolo, Fábio Junior é adorado pelas mulheres, Fábio Junior deixa sua mãe morrendo de amores todas as vezes que aparece na TV cantando “Alma Gêmea” ou “Pai”. Mas essa capa pelado agachadinho no canto não dá, né? Parece que ele tá soltando um suntuoso barro e alguém o pegou no flagra e em vez de ficar bravo, ele resolveu flertar com o paparazzo.
– “Música Calma Para Pessoas Nervosas”, Ira! (1993)
Em 1993, o Ira! fez uma capa com fotos desfocadas de seus integrantes (mal dá pra saber quem é quem) com pintura a dedo no fundo e um pouco de WordArt daqueles que faziam os trabalhos da escola parecerem “profissionais” lá na 3ª série. O disco tem ótimas músicas, mas a capa é bem anos 90 da pior maneira possível.
– “Com a Cabeça no Lugar”, Velhas Virgens (2003)
Vocês sabem o teor das letras das Velhas Virgens. Sim, a capa combina com o que eles cantam em praticamente todas suas músicas. Mas convenhamos que é uma capa feia pra caceta. Olha essa fonte do nome da banda. Olha a fonte ali embaixo. O negócio foi aplicado no Paint lá no Windows 95. Só pode. Sim, o vocalista Paulão deve ter adorado fazer a foto.
– “Sarniô”, Naldo Benny (2015)
Acho que não preciso nem comentar essa capa do Naldo feita pelo Romero Britto, né? Acho que não. Somente vejam a imagem e entendam.
– “With Lasers”, Bonde do Rolê (2006)
Tá, o Bonde do Rolê é uma banda “engraçadinha” e a capa não poderia ser séria, mas isso aqui é muito feio. Aquele recorte mal feito em cima da cabeça do Cristo. Essa fonte “radical”. A caveirinha feita com guache por uma criança no jardim da infância… Parte da estética, eu sei, porém feio.
Pra você, qual é a capa de disco mais feia já lançada na música brasileira? Deixe sua sugestão aqui nos comentários! Denuncie todas as ~artes~ que fizeram seu estômago revirar na loja de discos!
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– João Pedro Ramos é jornalista, redator, social media, colecionador de vinis, CDs e música em geral. E é um dos responsáveis pelo podcast Troca Fitas! Ouça aqui.
haha, so discordo da capa do Bonde do Rolê, que ja parece ter sido feita de gozação mesmo. o resto realmente deus me livre…
Pesquisem a capa do disco Pim – Coisas do Meu Pará Vol. 9 (1986)