Cobertura completa em texto por Renan Guerra
fotos Equipe MRossi / Divulgação T4F
Foto de Kendrick Lamar, cortesia Fabricio Vianna / Popload
DIA 1 – SEXTA-FEIRA – 05/04/2019
Sexta-feira, solzão a pino em São Paulo e a maratona da 8ª edição do Lollapalooza Brasil já começa na ida: chegar ao Autódromo de Interlagos, local que o festival tem acontecido desde 2014, é sempre uma jornada que inclui ônibus, trem e muita caminhada. Apesar disso, descendo na estação Autódromo da CPTM, já é tudo muito organizado, com muitas indicações e equipes acompanhando toda a caminhada até a entrada.
Esse trajeto a pé entre a CPTM e o autódromo é uma experiência que diz muito do Brasil e seu atual momento. Muitos vendedores ambulantes de todo tipo habitam esse espaço, de jovens a idosos, adultos e crianças, senhorinhas ou mulheres grávidas. Garagens viram ponto de venda e até um pet shop foi transformado para vender cervejas – é uma energia meio “O Banheiro do Papa” (filme de César Charlone e Enrique Fernández de 2007), numa sanha de ganhar uma grana extra nesses dias, algo para salvar o orçamento sempre e cada vez mais apertado.
Chegando ao Autódromo, o saldo do primeiro dia de Lollapalooza foi bastante positivo, com estrutura eficaz, bom atendimento, muitos banheiros e um bom funcionamento das pulseiras de pagamento para um público oficial de 78 mil pessoas. Os pontos negativos ficam para os preços: a cerveja a R$ 13 é sempre um sofrimento, pois não deixa de ser um tanto absurdo, mesmo que esse seja um preço infelizmente cada vez mais usual em São Paulo. O preço de alguns alimentos também assustava, com porções mínimas de batata frita a R$ 18 e um surreal espetinho de carne por R$ 17!
Mas falemos de música: o primeiro dia tinha de Tribalistas a Arctic Monkeys, passando por coisas tão distintas como Tiësto e The 1975. Tivemos Portugal The Man tocando Pink Floyd e abrindo espaço para um protesto indígena no palco, Troye Sivan emocionado com o público brasileiro e Sam Smith levando um público gigantesco para um palco teoricamente menor. E no meio da tarde, inclusive, um show alucinado dos norte-americanos do Fever 333: o vocalista bagunçou o palco, pulou na plateia, fez discursos inflamados e apoiou a plateia quando esta começou a entoar “ei, Bolsonaro, vai tomar no cu!”.
Porém, os cinco destaques que fizeram valer o dia foram os seguintes:
05- Brvnks
A banda goiana que havia aberto o show de Courtney Barnett em São Paulo algum tempo atrás foi a responsável por abrir o palco principal do Lollapalooza Brasil 2019, uma tarefa dura, sob um sol escaldante às 12h30. A cantora irá lançar seu primeiro álbum só agora em maio, então esse foi um grande passo para uma artista bem jovem, que mostrou personalidade. No palco ela cantou faixas como “Yes, Queen” e “Tristinha”, acompanhada pelo público que chegou cedinho para vê-la. Brvnks ainda se emocionou ao cantar “Fred”, canção dedicada a um amigo já falecido; além disso, parecia extremamente emocionada e feliz de estar no palco do Lollapalooza. Eis uma artista para se ficar atento!
04- Autoramas
De uma banda novata para uma veterana, os Autoramas honraram a piadela de enfim fazerem um show no autódromo e quebraram tudo no palco. Em um show veloz, a banda passou por diferentes momentos de sua carreira e até fez o clássico “1,2,3,4”, do Little Quail and The Mad Birds. Gabriel Thomaz e Érika Martins, aliás, exalavam energia no palco e pareciam estar se divertindo muito. Gabriel fez piadas e até chamou Érika de “conge” – em referência ao erro tão triste quanto grotesco do Ministro Sérgio Moro. Já Érika dançava e tocava seus múltiplos instrumentos de forma encantadora num show divertidíssimo.
03- Foals
Os ingleses do Foals têm lançado discos mornos nos últimos anos, porém fez um show enérgico no festival, que soa mais agressivo e pesado que suas canções de estúdio. O vocalista Yannis Philippakis desceu para o chão, suou pencas e parecia estar encantado com o público brasileiro – uma espécie de clichê entre artistas gringos no país. O setlist da banda passou por canções mais antigas e também faixas do recém-lançado “Everything Not Saved Will Be Lost: Part 1”. Um show direto, sem firulas, que mostrou ao que veio.
02 – St. Vincent
St. Vincent, a.k.a. Annie Clark, veio para o palco do Lollapalooza em versão solitária, isto é, sem banda, só ela e suas muitas guitarras no palco, diferente do show do Boston Calling 2018 celebrado aqui no site – e, para alguns, isso foi uma desvantagem. De todo modo, considerando que a turnê do “Masseduction” é mais voltada para música eletrônica, isso não foi um problema. Indo de preciosidades como “Cheerleader” e “Birth in Reverse” até as recentes “Masseduction” e “Los Ageless”, a cantora encantou com sua performance teatralizada e cheia de peculiaridades, incluindo botas over-the-knee de vinil e guitarras de múltiplas cores. Ela até arriscou e fez uma intro a capella de “New York” em que trocava o nome da cidade por São Paulo e citava a rua Augusta, incluindo também um “filha da mãe” no lugar de “motherfucker”. Sem dúvidas, St. Vincent fez um dos melhores shows do primeiro dia. Ah, que mulher!
01 – Arctic Monkeys
Os ingleses do Arctic Monkeys emplacaram seu último disco “Tranquility Base Hotel & Casino” no topo da nossa lista de Melhores do Ano de 2018 no Scream & Yell, porém eles não são unanimidade e esse show mais uma vez dividiu opiniões. As acusações são de que é um show morno, mediano, até chato. Com um público gigantesco, é de se notar que uma grande parcela das pessoas estava mais interessada nas canções antigas da banda e parecia não ligar muito para as coisas mais recentes, isso explica os ânimos exacerbados em canções como “Brianstorm”, “505” e “Teddy Picker” – as faixas do “AM” também eram recebidas de forma calorosa. Apesar do ar blasé de uma parte do público perante as canções mais recentes, esse é um bom show sim, pois tem uma força e uma energia cativante e que valeu a muvuca da multidão.
DIA 2 – SÁBADO – 06/04/2019
O line-up do segundo dia de Lollapalooza Brasil 2019 não parecia a coisa mais atrativa e nem digna de surpresas, por isso mesmo foram os fatores externos que surpreenderam e quase transformaram o dia em um caos. Apesar da chuva, do vento e da lama, mais de 92 mil pessoas passaram pelo autódromo de Interlagos nesse sábado, um número superior aos 78 mil de sexta-feira – até por que nem todo mundo consegue folga num dia útil.
O sábado iniciou com problemas e lentidão na linha Esmeralda, da CPTM, a linha mais próxima do autódromo – isso depois de relatos de problemas enfrentados por parte do público no retorno na noite de sexta. O trajeto a pé entre a CPTM e o autódromo segue sendo um microcosmo que diz muito do Brasil atual: os vendedores se multiplicam e seguem a oferecer os mais variados itens, incluindo-se aí um curioso grupo de crianças a vender o mapa do evento, mesmo item que é retirado gratuitamente dentro do festival. O diferencial desse sábado foram os grupos religiosos, que iam desde evangélicos com cartazes de “Jesus está abençoando esse evento” até um possível pastor que pregava de forma veemente que “Jesus é a única salvação”.
Esse percurso até Interlagos é um fator que pesa contra as bandas que tocam cedinho: Carne Doce, por exemplo, tocou para um público diminuto na abertura do palco principal, sendo que teria porte para um público bem maior. Os artistas nacionais mereciam horários melhores no line-up e isso é comprovado quando Duda Beat e Liniker e os Caramelows fazem um grande público se deslocar super cedo para vê-los, um público que seria ainda maior se ambos tocassem no meio da tarde (no mínimo). Sobre Duda falaremos abaixo, já o caso de Liniker e os Caramelows é sempre algo curioso, pois o show da banda é soporífero, recheado de excessos e firulas, porém cativa um grande público. A banda lançou recente seu segundo disco, o ruim “Goela Abaixo” (2019), que já está na boca do público da banda, apesar de seus versos bregas e de gosto duvidoso (que já povoavam o disco de estreia).
Enfim, foi no meio da tarde que o cenário do Lollapalooza mudou. Os shows de Rashid e da banda Lany, de Los Angeles, foram interrompidos logo no início por ventos fortes. A produção alertou para que o público não ficasse próximo das estruturas metálicas do evento. No palco principal, os seguranças inclusive afastaram os fãs da grade, para tristeza dos jovens que guardavam lugares desde a abertura dos portões. As transmissões ao vivo dos canais Multishow e Bis foram interrompidas e na internet pululavam tweets que falavam sobre caos, medo e cancelamento do Lollapalooza, porém o cenário para quem estava em Interlagos era mais de dúvida e incompreensão.
Não estava chovendo, nem ventando, nem relampejando no autódromo, porém toda a movimentação da produção foi por cuidado e segurança. Uma das providências, aliás, foi o fechamento dos portões, para evitar que mais gente entrasse e um possível tumulto se formasse. O fato é que a equipe responsável pelo gerenciamento de risco do Lollapalooza tinha a previsão de chuva com raios e ventos de até 90km/h; num local descampado, com estruturas gigantescas, a atitude da produção acabou sendo a mais correta. Em 2011, o icônico festival Pukkelpop, na Bélgica, foi alvo de uma forte tempestade, com ventos derrubando árvores e estruturas. O trágico saldo final foram três mortes e 71 pessoas feridas. Em 2017, o Lollapalooza Chicago foi evacuado devido ao risco de tempestade. Precaução nunca é demais.
Durante esse meio tempo, o público ficou distante dos palcos e quando a chuva realmente começou, muitos correram para se abrigar onde era possível. Uma chuva torrencial realmente caiu, mas felizmente nada como o previsto. A produção também liberou os portões para quem quisesse sair do autódromo, com a possibilidade de retornar se o evento fosse retomado – como foi. Depois de um tempo, as coisas se acalmaram e apenas uma chuvinha de leve passou a cair, então o festival retornou seus trabalhos. Os shows de Rashid, Lany e Silva acabaram cancelados e a programação seguiu a partir dali.
Considerando esses tumultos, separamos aqui cinco shows do dia, não necessariamente “o melhor”, mas destaques que rendem reflexões sobre o evento:
05- Duda Beat
A recifense Duda Beat lançou seu disco de estreia a menos de um ano e mesmo assim já reuniu um público grande em seu show no Lollapalooza, apesar do horário (o show começou às 12h30!). Ela cantou canções do disco “Sinto Muito”, levou Jaloo e Mateus Carrilho ao palco e ainda entoou seu hit quase ilegal “Chapadinha na Praia”, versão brega de “High by the Beach”, de Lana Del Rey. Sua banda ganhou o peso dos sopros e a artista estava acompanhada de um grupo de dançarinos bastante performáticos, tudo dando corpo ao show e provando que Duda está pronta para ser uma grande estrela pop. Se esse show acontecesse às 18h, seria um estouro, do tipo que todo mundo estaria comentando depois, uma comida de bola enorme da curadoria do evento. Para terminar o show, o telão ainda apresentou os dizeres “Fora Bolsonaro” e “Liberdade para Rennan da Penha”, DJ e produtor responsável pelo Baile da Gaiola, no Rio de Janeiro, e recentemente preso em um processo que mais pendeu para a criminalização do funk do que qualquer outra coisa. Personalidade, ativismo e grandes canções pop num show competente: Duda Beat já é uma artista pronta para o sucesso.
04- Jain
A cantora francesa Jain mistura uma boa quantidade de referências e culturas em suas canções, num limite bem tênue entre a referenciação e a apropriação cultural. Em entrevista ao Scream & Yell após o show, ela se defendeu da acusação dizendo que sua música é “exatamente sobre o contrário: sobre união, sobre alteridade e esperança”. Seu show no Lollapalooza foi logo após a passagem da chuva, então seu set foi curtinho e a cantora apostou em sua maioria nas canções mais enérgicas, por isso o que parecia pop em suas gravações de estúdio ganhou ares de rave no palco. Sozinha e comandando os beats através de botões na manga de seu macacão (algo quase robótico, meio futurista), Jain conseguiu levantar o público e mostrar que apesar da chuva e da lama ainda tinha muita coisa para acontecer.
03- Jorja Smith
A inglesa Jorja Smith tem apenas 21 anos e veio pela primeira vez ao Brasil apresentar seu disco de estreia, o ótimo “Lost & Found” (2018), que bateu na terceira posição na parada britânica. Jorja é dona de um vozeirão, mas evita as firulas e os exageros, fazendo um show delicado, sensual e na medida. Ela e a banda trajavam camisetas da seleção brasileira e Jorja parecia tímida, encantada com todo o amor que a plateia emanava. O público, aliás, cantou com ela canções como “Lost & Found”, “February 3rd” e “On Your Own”. Com a sensualidade de uma Sade, Jorja ainda cantou covers de “No Scrubs”, do TLC, e “Lost”, do Frank Ocean, sem esquecer “I Am”, canção sua que integra a trilha badalada do filme “Pantera Negra”, produzido por Kendrick Lamar e Sounwave. Jorja é do tipo de artista que devemos ficar atentos!
04 – Kevin O Chris no show de Post Malone
O show de Post Malone reuniu um público surreal, que lotava todos os lados e que cantava as canções a plenos pulmões. A mistura de trap, hip-hop e pop do cantor norte-americano faz muito sucesso e esse show foi a prova de que ele tem muito público no Brasil – é possível que ele se torne figurinha carimbada em futuros line-ups. De todo modo, o grande momento da noite foi quando Kevin O Chris, um dos cantores surgidos nessa onda do Baile da Gaiola, subiu ao palco e cantou dois dos seus hits: “Vamos pra Gaiola” e “Ela é do Tipo”. A presença de Kevin, atrelado a um nome internacional, corrobora a discussão sobre a presença de artistas nacionais em horários nobres do line-up e, especialmente, a presença de artistas do funk no festival – MC Kevinho, por exemplo, participou do Lollapalooza Chile e fez sucesso por lá. Não está na hora de discutirmos essa participação nacional e o quanto essa não-presença está recheada de preconceito?
05- Kings of Leon
Um público gigantesco se aglomerava para assistir o Kings of Leon, que mais uma vez apresentou um show morno, sonolento e burocrático. É tudo curioso nisso: a banda não lança um disco bom ou relevante a muitos anos, o show é completamente blasé e mesmo assim reúne um número considerável de público, que parece realmente animado com aquilo que vê. Mesmo boas canções antigas, como “Molly’s Chamber” e “The Bucket”, aparecem aqui em versões entediantes. Fica a questão: o que leva as pessoas a um show do Kings of Leon em pleno 2019? E o que leva um festival grande como o Lollapalooza ainda escalá-los como headliner? Mistério.
DIA 4 – DOMINGO – 07/04/2019
O terceiro e último dia de Lollapalooza Brasil 2019 recebeu o menor número de público dessa edição, batendo na casa dos 76 mil espectadores, num domingo de programação mais diversa, passando por diferentes universos do rock, hip-hop, pop, MPB, eletrônica e outros gêneros possíveis. A cereja do bolo, claro, foi a apresentação do rapper Kendrick Lamar em um dia em que as temáticas políticas e sociais acabaram perpassando shows inspirados de diferentes artistas.
A banda paulistana A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, por exemplo, teve a honra de ser a primeira banda instrumental a tocar na história do festival e enfrentou uma horda de jovens fãs que guardavam lugares (às 11h55) na grade aguardando o Twenty One Pilots (que tocaria às 19h25) e, mesmo assim, fez um belo e barulhento show logo cedo. O Twenty One Pilots é um duo que faz sucesso entre os jovens, inclusive uma boa parcela de público que foi em companhia de seus pais. Os fãs da banda, aliás, deram um tom amarelo ao domingo, já que essa é a cor que permeia o conceito do último disco, “Trench” (2018); via-se desde tênis e camisetas até cabelos amarelos, incluindo-se aí muitas fitas amarelas coladas pelo corpo.
Esses fãs, aliás, seguiam na grade quando Gabriel, o Pensador subiu ao palco, no meio da tarde. O rapper carioca fez um show inicialmente bem político – é até um tanto triste ver o quanto muitas de suas canções dos anos 90 seguem atuais – e depois desandou para alguns covers, incluindo aí participações especiais de gosto duvidoso. O dia ainda contou com apresentações de gente como o rapper BK e as bandas Rüfüs do Sol, Years & Years e The Struts. Além disso, “roqueiros das antigas” se deleitaram com o inofensivo Greta Van Fleet, que parece fazer muito sucesso, mesmo com seu ar de completo pastiche.
Essa edição do Lollapalooza ainda deve render muitos debates (a denúncia de que, pelo segundo ano consecutivo, uma empresa terceirizada pela produção do Lollapalooza contratou mão de obra pagando abaixo do piso salarial foi um assunto bastante discutido em redes sociais no domingo, e precisa ser averiguado), mas, estruturalmente, manteve os acertos da edição de 2018 num ambiente sem tumultos. Para fechar isso tudo, escolhemos aqui cinco destaques dessa finaleira:
05- Luiza Lian
A cantora Luiza Lian tocou cedinho e apresentou músicas de seu recente e ótimo disco “Azul Moderno”, que entrou na lista de Melhores Discos de 2018 do Scream & Yell, bem como faixas do anterior, “Oyá Tempo”. O público era pequeno no show de Luiza, mesmo assim, os que se fizeram presentes sabiam cantar todas as canções e deram mais força a aura mística que a apresentação de Luiza possui. Um belo show que merecia mais atenção.
04- Letrux
A cantora carioca Letrux apresentou seu disco “Letrux em Noite de Climão” e mostrou mais uma vez uma performance maravilhosa, com seu show teatral, exagerado e intenso. Sua banda é sempre impecável e assistir a guitarrista Natália Carrera é um deslumbre. De todo modo, a “tarde de climão” rendeu ainda diferentes manifestações em prol da liberdade do ex-presidente Lula, menções à Marielle Franco e um discurso contra a transfobia dentro do feminismo. Letrux ainda falou sobre as artimanhas do capitalismo e o quanto era complexo tocar num palco que foi construído através de exploração de mão-de-obra barata; nesse momento, Letícia agradeceu a todos os trabalhadores que construíram e fizeram o Lollapalooza acontecer. A cantora ainda agradeceu todas as pessoas que pagaram caro e chegaram cedo para prestigiar artistas nacionais independentes.
03 – Iza
No segundo dia, comentamos sobre a presença de artistas nacionais sempre em horários cedo demais e a questão que pairava era: temos artistas nacionais capazes de mobilizar público para um festival desse porte? A resposta está em Iza, pois a cantora levou um dos maiores públicos para o palco menor. Ela cantou seus hits do álbum “Dona de Mim”, covers de gente como Lady GaGa e Rihanna e ainda levou Marcelo Falcão para o palco na hora do megahit “Pesadão”. Extremamente carismática e com domínio total da plateia, Iza tem potencial e sobra para ser uma futura headliner de diferentes festivais.
04 – Interpol
Os fãs de Twenty One Pilots, presentes na grade desse show, provavelmente não estavam muito interessados no que Paul Banks e companhia tinham a oferecer. Apesar desse cenário, a banda apresentou um belo show, melancólico e quase soturno, que resgatou belas canções como “PDA”, “Say Hello to the Angels” e “Roland”, lá de seu álbum de estreia “Turn on the Bright Lights” (2002). A banda ainda passou por faixas de seus álbuns mais recentes e até tocou seu mais novo single, “Fine Mess”. Um belo show que merecia um público mais receptivo.
05 – Kendrick Lamar
O rapper norte-americano Kendrick Lamar fez sua estreia nos palcos brasileiros e já de cara proibiu que fotógrafos entrassem no pit (todas as fotos que circulam foram tiradas do meio do público) e que a TV exibisse seu show, o que é uma pena, já que este foi, sem dúvidas, o melhor e mais importante show dessa edição do Lollapalooza. Com uma estrutura maravilhosa e uma força punk única, Kendrick provou no palco porque é um dos maiores artistas da atualidade. Para além dos elogios, não deixa de ser simbólico pensar que ele tocou para uma plateia majoritariamente branca em um festival bastante elitizado – as imagens da plateia que eram exibidas no telão apenas reforçavam isso tudo. Seu setlist passou por faixas de seus três ótimos discos, “good kid, m.A.A.d city” (2012), “To Pimp a Butterfly” (2015) e “DAMN.” (2017), os dois últimos eleitos melhores discos do ano no Scream & Yell em seu lançamento. Quando o público quase começava a se dispersar, Kendrick ainda voltou ao palco e cantou “All The Stars”, sua faixa ao lado de SZA para a trilha do filme “Pantera Negra”. Poderoso no palco, o show de Kendrick já entra na possível lista de melhores do ano!
– Renan Guerra é jornalista e escreve para o Scream & Yell desde 2014. Também colabora com o site A Escotilha.
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Um festival com kendrick lamar que não quer a pessoa de casa o vendo;50 reais por trabalho. Não podia de ser outra coisa
Achei interessante o comentário sobre os camelos que vendem coisas no caminho, aliás, acho que é a primeira vez que vejo alguém falando disso.
Vejo poucos textos sobre o custo da oportunidade digamos, alguns artistas nacionais são muito bons e tudo mais e seria bom vê-los em um horário melhor, mas teoricamente poderei vê-los em outras oportunidades e por um preço menor, já sei lá, o Arctic Monkeys (cuja performance de palco eu acho muito ruim) esteve aqui pela última vez em 2014, ou seja.
Sobre o funk não sei o que pensar, aí de novo o custo oportunidade, vc pode ver o Mc Kevinho em várias outras ocasiões…não sei se é uma análise errada, mas tenho um certo receio do Lolla trazer funkeiros ao invés de bandas indies que dificilmente se apresentariam por aqui (Rufus du Sol, Savages, Temper Trap, entre outras) se não fosse o festival, afinal, no fim é uma questão de custos.
A numeração dos melhores shows está bem confusa (para não dizer bugada).
Dá uma conferida, por favor.
Assisti pela tv apenas os shows do Foals e Interpol, e gostei muito de ambos; teria sido sucesso total um Lolla Party com essas 2 bandas.
Não são os melhores shows, mas os destaques do dia. E destaques podem ser tanto positivos quanto negativos (caso do Kings of Leon)…