por Adriano Costa
Em 2009, a Marvel Comics resolveu criar uma nova linha de quadrinhos baseada em seus personagens clássicos. A ideia primordial era ambientar essas histórias nos anos 30 e, inspiradas na literatura pulp da época, caracteriza-las com um aspecto noir. O gênero noir, que assim como na literatura e, principalmente, no cinema, rendeu ótimos frutos, invadiria os quadrinhos com suas tramas policiais com detetives, assassinatos, cores negras, homens dúbios e mulheres provocantes e não confiáveis. A ideia foi dando certo e a Marvel estendeu essa linha para uma gama bem ampla do catálogo.
A Panini Comics começou a publicar esses produtos por aqui e o resultado é mais ou menos satisfatório, porque a série não convence exatamente pelo brilho do personagem principal, mas sim por algum outro atrativo, caso dos aspectos sociais e econômicos expostos em Homem-Aranha ou do ritmo de aventura visto em Homem de Ferro. Porém, era meio claro que quem teria mais condições de se adequar a esse estilo era o Demolidor. Era só não estragar tudo como fizeram no horrível filme de 2003.
A HQ “Demolidor Noir” foi publicada em terras brazucas agora em 2013 e apresenta as quatro edições lançadas lá fora entre junho e setembro de 2009 em um arco fechado. Com roteiro do escritor Alexander Irvine, arte de Tomm Coker e cores de Daniel Freedman, o homem sem medo é transportado para o período da Lei Seca, mas continua na Cozinha do Inferno. Lá, ele não é mais um advogado, mas um ajudante do amigo Foggy Nelson, travestido aqui nesta versão de investigador particular.
O Matt Murdock de “Demolidor Noir” é um homem mais atormentado que o de costume, e assim, diferente das outras publicações dessa linha editorial, assume o posto de destaque. Sem encontrar seu lugar, vive sofrendo com dúvidas, inquietações e um sentimento de raiva pela morte do pai que lhe move adiante contra o crime. Seus instintos aumentados são um benefício sem dúvida, mas também uma dor constante, que lhe tiram o sossego e aplicam no seu ego uma confortável e perigosa dose de arrogância.
É essa arrogância que o atira dentro de um caso junto com o rei do crime Wilson Fisk, um novo gângster que tenta lhe roubar o trono e, evidente, uma bela mulher, tão comum nas histórias do Demolidor e do próprio gênero noir. Quando atualmente o personagem passa por mais uma das suas inúmeras (e interessantes) reconstruções pessoais, esse olhar diferente com cores escuras e densas serve para reafirmar o potencial e carisma do Demolidor, mesmo que sempre renegado a mero coadjuvante pela Casa das Ideias. Só o uniforme que não ficou lá essas coisas. Perdoável.
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop
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Adorei essa postagem, pois sou fã do Demolidor e não conhecia essa HQ dele. Se alguém puder disponibilizar link para compra agradeço bastante. Acho que vale muito a pena comprá-la. Gênero noir é maravilhoso, amo filmes desse tipo, e usando meu herói favorito deve ter sido ótima combinação.
Ainda torcendo para um filme digno!
Shadai, na Livraria Saraiva tem: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4888020/demolidor-noir
Abraço!