por Leonardo Vinhas
Noel Gallagher solo no Brasil. Quem foi assisti-lo conseguiu exatamente o que esperava, que era exatamente aquilo que ele estava disposto a dar. Ou seja, satisfação garantida para todo mundo, e a certeza de um bom show, certo? Ahn… não exatamente. Gente satisfeita não faltou nesta noite de quarta-feira paulistana, e um show ruim não aconteceu ali no Espaço das Américas. Mas o Gallagher mais velho ficou devendo.
O débito de Noel não está em seu repertório, uma dose justa entre as composições de seu bom disco solo e um equilíbrio entre hits óbvios e outros nem tanto de sua antiga banda (você sabe qual é). Nem está em sua postura supostamente arrogante, uma mise-en-scéne que não esconde seu absoluto profissionalismo quase pragmático, que garante um show sem imprevistos.
O débito está justamente nessa assepsia, nessa zona de conforto musical que o mais velho dos Gallagher se meteu, e que fica muito evidente no show. Bumbão de bateria à frente, power chords a rodo, climas grandiloquentes mesmo quando a melancolia se avizinha… Em menos de meia hora, essa estrutura já tinha se repetido tantas vezes que era impossível não identifica-la.
Claro, tem horas em que ela funciona às mil maravilhas, como em “Dream On” (a terceira canção do show, recebida com status de semi-hit), mas em outras… não é que não funcione, mas fica aquela sensação de que sair pra buscar uma cerveja pode não resultar em muito prejuízo.
Se em sua estreia solo fonográfica ele ainda tenta disfarçar essa mesmice com uns metais aqui e ali, no palco sua banda não colabora em nada: a formação inglesa padrão, com um ogro gordinho e barbudo na bateria, um tecladista semi-nerd que tenta empregar um mínimo de personalidade, e baixista e guitarrista genéricos, novos e bonitinhos a ponto de ficarem bem ao lado do frontman, mas nem tão belos ou tão bons músicos a ponto de serem notados. Enfim, o equivalente musical à comida da rede Giraffa’s: mata a fome, mas não dá para ter certeza de que se comeu bem.
(Agora, convenhamos: essa banda é tão diferente assim do Oasis? Você sentia a colaboração do Guigsy para a banda? Notou diferença quando entrou o Andy Bell? Fora o histrionismo, o Liam tinha algo a ser notado? Se você ouviu o Oasis mais de uma vez, ou o Beady Eye apenas meia, sabe que não. Então…)
Tudo isso só não desanda porque, por trás de tudo isso, está justamente Noel Gallagher, um grande compositor, um hábil ladrão de melodias, um esteta da simplicidade. Três acordes – muitas vezes os mesmos três – e ele põe você cantando sem que você precise se esforçar para isso. E é quando ele manda “Whatever” no bis, ou “Talk Tonite” durante o show, que você se lembra porque está na platéia: porque esse cara ajudou a definir as bases não só do britpop, mas também de boa parte da música pop dos anos 1990 – ou seja, ele é responsável por muito do que você ouviu e ouve.
Não importa (e não importa mesmo) que ele explore suas fontes criativas no limite da apropriação indébita, não importa que ele se repita: um tiquinho de variação, e ele faz uma grande canção. Ou mesmo a receita de sempre, bem cozinhada, e você tem um hit – estava lá o público todo cantando “If I Had a Gun…” para não nos deixar mentir.
É esse poder de acessar o DNA power pop de suas composições básicas que encanta. E é ok admitir que o público estava lá para ser encantado. Nesse aspecto, funcionou – com direito à apoteose de “Don’t Look Back in Anger”, que pôs todas as gargantas e pulmões ali para funcionar.
Mas várias ponderações teimam em cobrar resposta depois do show. Como por exemplo: postas de lado as evidentes diferenças musicais, o que distingue esse show de um do Jorge & Mateus ou do show de qualquer outro sertanejo universitário? Por que o público roqueiro adora alardear sua suposta superioridade em relação aos fãs de outros estilos, mas se diverte a valer com quem recorre aos recursos de arena? Por que esse público prefere a mesmice à mudança?
As respostas não vêm, e tampouco Noel quer dá-las. Mas ele nos dá “AKA… What a Life”, uma prova de que ele pode ser versátil e continuar grande – é quase uma canção disco, e ainda é uma grande canção. Ele também nos entrega nosso quinhão de arena: “Little by Little” é a canção que Gene Simmons e Paul Stanley escreveriam, se fizessem britpop.
Na verdade, a única resposta que ameaça se consolidar é essa: Noel se tornou para o pop inglês o que Slash se tornou para o hard rock: um grande músico e excelente compositor que se contenta em dar ao público exatamente o que ele quer, mesmo que isso já tenha sido dado muitas e muitas vezes, e por ele mesmo. Funciona? Pra caralho. Mas se a vida fosse só funcionar…
– Leonardo Vinhas assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell e já escreveu sobre O Rock Argentino Depois De Cromañon (aqui) e entrevistou Pedro Luis (aqui)
Leia também:
– Oasis ao vivo em São Paulo e Curitiba, por Marcelo Costa e Murilo Basso (aqui)
– “Definitely Maybe”, do Oasis, Faixa a Faixa por Ricardo Moscarelli (aqui)
– “Dig Out Your Soul”, o 7º álbum de estúdio dos Gallagher faz bonito, por Mac (aqui)
– Oasis ao vivo no Rock In Rio III, por Marcelo Costa (aqui)
– “Don’t Believe The Truth”: Nenhuma banda envelheceu tanto quanto o Oasis (aqui)
– “Heathen Chemistry”: o bom e velho Oasis, para o bem e para o mal (aqui)
– “Familiar To Millions”: “Não tem nenhum Simple Minds aqui em cima não” (aqui)
– Livro: “Ascensão e Queda do Britpop”, de John Harris, por Mateus Ribeirete (aqui)
cara, lendo essa critica, pergunto o que vc Leonardo Vinhas, esperava de um show do Noel, uma levada mais “franz ferdinand” na bateria, um sintetizador mais “metronomy” ou solos noise. Não né. Noel é um dos melhores compositores que se tem noticia, ele desenvolveu ao máximo seu modo de produção, o show foi uma aula enorme de simplicidade e perfeição, então não adiante justificar em infindáveis parágrafos, que o show poderia ser melhor e bla, bla, bla. Noel é extremamente competente e ponto final
Maicon, a questão não é o que esperar, mas sim no que se transformou. É isso que o Leonardo analisa.
De qualquer modo, Mac, tenho de concordar com o Maicon. Não há o que ser analisado. É só ler as entrevistas do Noel. Tudo que o Leonardo Vinhas questiona o Noel fala a respeito. Sobre seu álbum solo, sobre seus shows. O texto me soou ingênuo demais. O Noel sempre foi show business, it´s only rock n roll, etc. Tentar enfiar uma roupagem indie nele em pleno 2012 soa meio forçação de barra.
Entrevista concedida para a Rolling Stone. Não estou dizendo que concordo com ele, mas este é o Noel:
RS – O ambiente já é conhecido: mesmo escritório, mesmo hotel para entrevista, mesmo empresário. Você nunca pensou em mudar tudo depois do fim do Oasis?
Noel – Não! Por quê? Eu já tenho bastante coisa para dar conta com a banda nova. Não preciso de um empresário novo nem nada do tipo. Estes são meus amigos. Aliás, estou com as mesmas pessoas há quase 20 anos. Eu detesto mudanças. Eu sou teimoso, e sou antiquado. Algumas pessoas gostam de mudanças, mas eu não sou assim. Uso a mesma calça jeans durante dez anos, até que ela se desintegre. Tenho o mesmo corte de cabelo há anos. Eu não sou uma dessas pessoas que mudam o visual ou o jeito de encarar a vida o tempo todo.
RS – Quanto mais se usa uma roupa, mais confortável ela fica.
Noel – Exatamente! Mudança é uma merda. Mudança é ótima quando se é novo, não é quando se é velho.
A propósito, aproveitando o show fica a dica dessa entrevista. Uma das minhas favoritas dele. Adoro o jeito sincero e direto do Noel. Lá pro final ele fala a respeito do início da turnê.
http://www.rollingstone.com.br/edicao/edicao-61/eu-eu-mesmo-noel
Mas isso justifica a bandinha de quinta categoria que acompanha ele? Justifica o fato dele compor variações de três ou quatro canções? A sensação que tenho (falando por mim) é que o publico se contenta facilmente com um Giraffas, sabe. E não é só questão de uma roupagem assim ou assado: mesmo dentro da zona de conforto ele oferece pouco. Its only rock ‘n’ roll? Stones entrega muito mais ao vivo.
No entanto, um pequeno resumo dessa discussão: você acredita que o Noel saber que está na zona de conforto o exime de crítica. Eu discordo. Primeiro porque mesmo dentro da zona de conforto você pode fazer o mesmo da melhor maneira (voltando aos Stones: “Voodoo Lounge” e “A Bigger Bang” são isso) ou simplesmente… fazer. Segundo porque ele não precisa ser Thom Yorke (para isso existe o próprio). Ele tem que ser Noel Gallagher, e ele pode fazer isso de diversas maneiras. A que ele escolheu agora permite críticas como a do Leonardo.
Quem assistiu a apresentação dele no Teenager Cancer Trust em 2010 com quinteto de cordas e coral sabe que o Noel pode proporcionar um espetáculo bem maior que o que ele apresenta nesta turnê.
Mas pra mim o Noel simplesmente gosta de ser simples e direto nos seus shows.
Realmente um show sem surpresas, mas feito da melhor forma que um show sem surpresas pode ser feito. As músicas dele, embora simples, soam sempre poderosas ao vivo.
Leo Vinhas,
Você disse tudo o que eu penso de Noel. Parabéns. É exatamente isso. Nada a acrescentar.
E dito isso, vou ouvir de novo o disco dele, que é bom pra caralho.
Então, Mac, é como eu disse, não é que eu concorde com ele. Mas simplesmente não vou ficar fazendo indagações das quais eu sei a resposta. Principalmente quando a resposta é bem simples: o Noel é e sempre foi assim e ponto. Goste-se ou não. E o pior, é que ele é bem consciente disto. Eu vou chorar? Vou tirar leite de pedra? Não, né? Vou aproveitar o que ele oferece de bom. Ou não. =)
Tem que aproveitar mesmo. No entanto, como já escreveu André Forastieri um dia (e eu concordo), o que estamos discutindo aqui “é papo de jornalista, de gente que está tentando entender o que se passa no universo adjacente e não se limita a curtir as coisas (não que só curtir seja limitante, mas compreender é o nosso emprego e a nossa obsessão – ou pelo menos deveria ser)”. Ou seja, o show foi bom (está no texto), a plateia aproveitou, mas é um pouco de preguiça na zona de conforto.
Transformou? E quando é que foi diferente? O Oasis seguiu a mesma fórmula de apresentação durante toda sua existência, muito por causa de seu líder, e todos sabiam o esquema: power ballads, arrogância estudada, mudanças mínimas no set list da turnê. Pra encontrar diferencial só assistindo show da banda no Reino Unido, onde a interação era notavelmente especial. Não é uma crítica pessoal ao Vinhas, que parece um cara bem intencionado, mas também me incomoda essa certa necessidade que existe por aí de esperar que todo show lhe deite no chão e lhe faça mulher, pra ficar numa metáfora já utilizada na época que o Police veio ao Brasil em sua turnê de reunião. Com o Noel solo não vi como aguardar algo diferente do que foi citado. Por mais que alguém queira acreditar que ele tem potencial pra entregar coisas diferentes, o cara já falou que esse é o tipo de composição que ele sabe e gosta de fazer. E “postas de lado as evidentes diferenças musicais, o que difere este show do Jorge e Mateus”? Você já respondeu na própria pergunta. A impressão que fica é que se houvesse uma resenha de show do Kiss (citado no texto inclusive), lamentaria por haver pão e circo demais com música de menos.
O que eu achei engraçado foi a colocação do Vinhas: “- O que distingue esse show de um do Jorge & Mateus, ou do show de qualquer outro sertanejo universitário? Por que o público roqueiro adora alardear sua suposta superioridade em relação aos fãs de outros estilos, mas se diverte a valer com quem recorre aos recursos de arena?” Vc mesmo deu a resposta… É pq o Noel é capaz de entregar ao público “Don’t Look in Back Anger” e “AKA… What a Life”, enquanto os sertanojos te entregam o que? De resto, ele escreveu um texto igual ao da Showbizz de 1997 (se não me engano) resenhando a primeira passagem do Oasis pelo Brasil, onde lá já diziam: “O Oasis não tem presença de palco, para eles tanto faz tocar no Brasil ou nas Ilhas Seychelles, mas as canções estão acima da antipatia da banda, a força da banda está nas canções”. Resumo, tão igual quanto o que vem fazendo o Noel, são as críticas escritas sobre ele. O Mick Jagger é muito mais showman do que o Noel, agora, peça pra ele (sozinho) compor algo como “Champagne Supernova”, será que ele consegue? Abraço.
Olha, Mac, eu tb acredito que bom senso e discernimento fazem parte da qualidade de um bom crítico ou amante de cultura pop. Existem bandas e bandas por aí. Saber separar o joio do trigo e entender ao menos como funciona o show business é fundamental. Não dá para aguentar mimimi indie a vida toda. Deixemos as exigências para as bandas que se propõem a isso. Mas eu não vejo problemas quando o artista entrega um trabalho honesto e correto (seja álbum ou show), e cumpre o que prometeu. Acho melhor do que ter a pretensão e não ter o talento necessário para realizar uma obra maior. Quando o discurso é maior que a obra.
Gostei tambem do texto . Descreve muito bem o que é um show do Noel, Oasis tambem seguia a mesma linha.
É Legal esta la, assisitir o show, Escutar algumas boas canções.
Mas é sim o Show que voce pode ir buscar uma cerveja tranquilo e voltar que nao vai perder nada de excepcional , nada que vc vai se arrepender de ter nao presenciado.
Rubens, tem gente que se contenta com isso, eu não. Você não vê problemas, eu vejo. Eis a diferença (e a beleza do mundo): as pessoas pensam de forma diferente. Apenas acho problemático você acusar falta de bom senso porque a pessoa discorda (ou enxerga o mundo diferente) de você. Os argumentos estão acima. Se você não concorda, tudo bem. O resto… paciência.
Eu gosto bastante do Noel, é o meu ídolo da adolescência. Passado essa fase que eu ouvi muito britpop, as bandas se definharam, fui conhecendo outras coisas e só o Noel ficou. Ouvi o disco novo, acho que esse coloca no bolso os últimos três do Oasis fácil. Eu fui ver ele e algumas músicas do Oasis. Eu estava lá, colado na grade, vendo o mito na mesma distância que eu tô acostumado ver muita banda nacional que faz show pra 100, 150 pessoas num SESC da vida. Gostei bastante do show, da resposta do público, que vibrava tanto nas canções antigas como as do disco novo. Às vezes eu não conseguia nem escutar ele cantando, tamanho coro. Cantavam até os riffs entre versos!
Um artista se reinventar é bacana, por exemplo, o Damon Albarn, que começou com o Blur e depois entrou em 357 projetos. Mas… eu não gosto dos outros projetos do Damon, só do Blur. Eu gosto das composições Noel, da construção das músicas dele. É questão de gosto pessoal. Muita gente curtiu o novo disco do Noel porque soava como os três primeiros álbuns do Oasis. Eu creio que quem é fã do Noel Gallagher, sabe que ele não vai se inventar. Conhece o jeitão dele, ele deixa transparecer isso sempre, de inúmeras formas, seja nas entrevistas ou na própria música. É fato consumado.
Quanto essa história de zona de conforto, lembro de uma frase do Angus Young: “Bandas novas? Ahn… a última que eu escutei foi Rolling Stones”.
Acho que é por aí mesmo. Bem correto, mr Vinhas. Existem vários artistas assim. Para que tentar algo diferente do que se gosta e dá certo? E qual o demérito de seguir o mesmo?
Existe mesmo essa necessidade de se reinventar quando o cara curte o que faz? Nem todo mundo é um Radiohead da vida.
quando acabei de ler, pensei comigo mesmo, lá vem uma saraivada de porrada ao vinhas. é engraçado como não se pode minimamente tentar variar o pensamento mesmo sobre coisas das quais gostamos. gostar de uma coisa não significa dizer que não se pode refletir sobre ela um tantinho a mais do que a do ame-o ou deixe-o. e aí vem um monte de gente tacando coisas em cima…é complicado. gostei do que li vinhas. tenho certeza que vc gostou, como eu gostei do show do roger waters…mas dá para pensar em algo mais além do gostar ou nao gostar
Muito bem escrito. Porr MAc, tu é foda mesmo. Aonde acha esses caras?
Como já pontuaram o Mac e o Ismael: se estamos nos arriscando a cobrir um show (sim, porque analisar uma obra com critérios além do seu gosto pessoal e publicar essa análise é um risco), é porque temos que ir além do mero “curtir” ou “não curtir”. E enquanto diversão, eu curti: estava bem acompanhado, dei risada e sim, cantei junto umas três ou quatro canções. Mas o jornalismo musical tem que buscar mais do que isso. (Assumo, inclusive, que quando a comecei a escrever sobre música há quase dezessete anos, não pensava assim, e entreguei textos bem ruins.)
Porém, quero crer que o jornalismo musical não deve ser escrito tendo em mente objetivos como buscar concordância ou despertar polêmicas, e sim trazer um relato baseado em fatos – a base, aliás, de qualquer tipo de jornalismo. Isso posto, os fatos mostraram um mais-do-mesmo que não é exatamente o mais-do-mesmo de um Stones (como citou o Mac), ou para ser menos canônico, um Black Crowes. Não é que Noel está só cometendo repetição – o AC/DC se repete pacas, e o show deles é sensacional. Mas no AC/DC não há músicos contratados desatentos e incompetentes, nem a sensação de que aquilo poderia estar acontecendo em qualquer lugar…
Vi o show do Noel, online, esses dias, transmitido pela BBC, e a impressão que tive é que os músicos são, de fato, meia boca, mas nada que comprometa as canções (que não exigem muita técnica para serem executadas). Aliás, nem o próprio é um exímio músico e performer, e sim um grande compositor.
Vocês adoram discutir por qualquer coisa, mas juro que estou tentando entender todo esse bla bla bla porque vocês praticamente concordam em tudo: o Mac, o Leonardo Vinhas, o Charles, o Rubens, todos vocês dizem que o Noel é um grande compositor. A diferença é que alguns acham que ele podia ser melhor e outros estão contentes com o que é. Não vi o show (nem no computador) então não posso opinar, mas se fosse meter o nariz ficaria com o segundo grupo: Noel faz música bonitinha e escapista. E é bom que seja assim.
O problema do Noel é que ele é um otimo compositor, apenas isso, ele não é um grande showman, um grande frontman e nem gosta de firulas no palco. Noel sempre vai colocar as canções como a coisa mais importante, ao vivo ele é aquilo ali, eles não são o U2 por exemplo que a megalomania ao vivo fica ofuscando as musicas, dificil imaginar o Noel pulando ou com um limão gigante no palco.
Eu achei um show ok. E eu tinha gostado do disco solo dele. Vi lá do fundão e duas coisas me chamaram atenção; a primeira foi a pontualidade da entrada (22 horas em ponto) e depois a indiferença de supersonic acústica. Parece-me um show que poderia ter sido melhor e que possivelmente mal me recordarei que fui daqui um ano.
É meio óbvio ficar babando ovo pra esse cara. Escuto esse disco solo dele e não vejo graça, tirando duas ou três músicas, o resto tudo parece igual. Igual e chato à beça.
Com um disco chatinho desses, com músicas que não inovam em nada no estilo de composição de várias músicas dele no Oasis, convenhamos, não tinha muito motivo pra ser um show espetacular.
A horda de paga-paus diria exatamente o contrário. Mas esses são inflexíveis por causa dessa religião. E repito, babar ovo pro Noel é senso comum. Será que esse cara é um óóótimo compositor mesmo?
Em entrevista ao G1 o próprio Noel reconheceu que a banda é capenga: “Vou chutar uns dois ou três. O baterista é muito ruim. Ele já está praticamente fora.”
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/05/noel-gallagher-da-entrevista-coletiva-em-sao-paulo.html
Olha, se o oasis já era derivativo demais e cansadão já na metade dos 90… imagina o noel sozinho… Quem não gosta (eu) não espera nada de novo mesmo desse loco… quem gosta, quer mesmo é a mesmice de sempre… Não olhem pra trás com raiva…
Ah, que legal, Jackmout… Então quem gosta do trampo do cara é “paga pau, “baba ovo” e “senso comum”?!
Você se deu o trabalho de ler 25 comentários pra postar isso?
Cada uma…
“Vou chutar uns dois ou três. O baterista é muito ruim. Ele já está praticamente fora.”
Haahahahaha – é disto que estou falando. O Leonardo Vinhas se enche de questionamentos tolos sem nem ao menos fazer o dever de casa.
Mas ele ainda não chutou, Rubens. E o baterista foi um dos motivos que estragou o show (e o fato do Noel saber valida a crítica, não o contrário). Perdi a paciência com essa puxação de saco de um cara que faz um show pra lá de mediano (apesar de ser um grande compositor). Se as pessoas aceitam isso apenas porque ele justifica, o problema não é com ele, mas com as pessoas. O dever de casa foi feito: o show tem problemas. Enxerga quem quer. Quer elogios? Vá ler texto de fã clube. Mania pequena e escrota de desmerecer o jornalista quando ele critica o seu objeto de adoração. É o tipo de coisa que me faz perder totalmente o tesão de fazer o que eu faço.
O Mac disse com tanta propriedade o que eu queria dizer que temo em cair na redundância, mas me arrisco: sei que buscar concordância é um comportamento típico do “animal humano”, como já provou o experimento de Esch, mas não é esse o pior tipo de comentário (embora seja um tipo bastante burro e enervante). O pior é aquele comentário de quem não lê: em nenhum momento do texto eu “cobro” uma “presença de palco” de Noel, até porque ele a tem. Sua aparente indiferença é estudada e autoconsciente – faz parte do show dele, digamos assim. O que mata é assistir a um show que te dá vontade de ir correndo a ouvir a obra do artista… quando ele ainda era interessante. Ouvi o “What’s the Story (Morning Glory)?” e mesmo o mediano “Don’t Believe the Truth” de novo e encontrei zilhões de evidências que esse cara pode fazer mais que a auto-repetição. Pode entregar mais que a preguiça. Mas a julgar pelos fãs que se manifestaram aqui, preguiça (cirativa, analítica, etc) parece ser algo a ser valorizado.
Leo Vinhas, acho que vc deu uma baita viajada agora, com todo respeito. Não é uma questão de valorizar a preguiça, é uma questão de gostar apenas. As pessoas podem simplesmente não enxergarem a música como vcs, que supervalorizam a coisa toda, como se o mundo dependesse de um músico para salva-lo. É normal da profissão de vcs. Que o Noel pode ir além é óbvio, mas o que quer que as pessoas façam, o agridam? Ameaçem mata-lo por não lançar nada “relevante”? Ele não pode simplesmente seguir a direção que ele quer? Respeito as opiniões expressas aqui e normalmente gosto dos textos, mas não sou obrigado a concordar. O seu texto é exatamente o mesmo que o de uma Showbizz que eu tinha, lá pros idos de 1997. Já os acusavam de serem ruins de palco, de imitarem os Beatles, de serem ogros retrógrados… e blá blá blá. Só que nada disso me impediu de gostar do Oasis, do disco solo do Noel… O Radiohead obviamente mais maduro, mais inteligente, criativo e… não consigo gostar mais deles do que do Oasis por isso. Talvez eu seja burro, fazer o que?
Eu só não entendo pq vc acha que eu deveria pensar exatamente como você…
Amaury, cito isso no comentário 10.
Discordar é preciso. Só que com razão. E a razão do fã, da pessoa que apenas gosta, é muitas vezes prejudicada, porque ela não quer elucubrações, só quer ver o show e alguém que concorde com ele. E isso é muito legal. E é compreensível, pois é uma forma de aceitação na sociedade. Só que, como digo no comentário 10, usando uma citação, a gente vai um pouco além e tenta entender o universo através de música pop, livros, filmes e tal. É por essa necessidade que criei um fanzine em 1996. É por isso que trouxe ele pra internet em 2000. Pra “pensar” isso tudo. Isso quer dizer que as pessoas tenham que pensar como nós? Não. Só precisa ter na cabeça que “gostar apenas” não basta para nós. Eu entendo que gostar baste para outras pessoas, mas para nós, não. E sempre foi assim desde o primeiro texto em papel em 1996. Por isso repito: quem quiser ler textos de pessoas que gostam de determinado artista, os fãs clubes estão ai. Os textos vão ser elogiosos, todo mundo vai ficar feliz e pronto. O nosso caminho é (e sempre foi) outro: tentar entender esse evento no espaço / tempo. Isso me interessa muito mais do que “gostei” ou “não gostei”.
eu tb gosto mais do oasis do que do radiohead. mas considero radiohead melhor sim, assim como tenho consciencia de que o oasis é muito derivativo. mas algumas canções deles me alcançam de forma mais emotiva do que a banda de thom yorke. isso é o gostar. a outra coisa é tentar entender essas coisas num contexto mais amplo. há coisas de que gosto muito, mas consigo enxergar falhas, pequenos defeitos, imprecisões. não a desmerecem, mas me me fazem até respeitá-las mais.
Amaury, numa boa, quem viajou foi você. Não consigo encontrar onde eu escrevi algo sobre conclamar agressões para o músico. E não é que “supervalorizamos a coisa toda”: simplesmente não concordamos que um jornalista tenha que escrever como fã, mesmo quando não seja. Mas isso o Mac já explicou em vários comentários. Eu não disse que ninguém deveria pensar como eu, ou como qualquer outra pessoa: a minha crítica nos comentários foi justamente a quem se portou como fã e vive apenas atrás de textos que elogiem a opinião que ecoa em suas cabeças.
Eu respeito a opinião e a visão de vocês, mas Mac, vc não acha, já que o que interessa é a importância do evento no espaço/tempo, que seria melhor não haver texto, sobre algo sem relevancia agora? Se o Noel é igual ao Jorge e Matheus, segundo o autor do texto, pq existe texto sobre o show? Não seria melhor despreza-lo, já que é apenas entretenimento tolo para agradar fãs que “estão ali pra isso”, e artisticamente é irrelevante? Não seria melhor apenas uma “nota de rodapé”? Pra que um crítico, em busca de respostas maiores, perde tempo com um cara que só que vender seus discos e fazer seus shows burocráticos?
Amaury, existe texto sobre o show porque é um evento no calendário ocupando um espaço / tempo e que ajuda a entender a sociedade. Assim como o show do Bob Dylan, do James, do Mark Lanegan, o festival Lollapalooza (todos na capa do site). Assim como um livro. Assim como um filme. Assim como um disco. É o que nos motiva a escrever. Neste caso, o entretenimento tolo proposto pelo artista nos interessa como objeto de estudo. Tanto que poderíamos ter escrito sobre ele como sobre Michel Teló (que, inclusive, já tivemos texto publicado). O texto é exatamente uma análise sobre isso. Do mesmo jeito que era o texto do CEL sobre o Foo Fighters. Então, respondendo a sua pergunta, acho que tem que escrever mesmo. O problema são as pessoas que vem aqui buscar validade em seu sentimento, e não querem ser contrariadas. No fim das contas, perda de tempo é ter que explicar o óbvio.
A pergunta foi pro Mac, mas tomo a liberdade de responder que Jorge e Mateus merecem análise também. Dizer que não seria um puta pedantismo da nossa parte. Nunca foi dito que eles – ou o Noel – são irrelevantes. Só se disse – e é a última vez que repito isso – que foi pouco, levando em consideração o talento do artista em questão.
Radiohead -> …. -> … -> Oasis … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> Noel … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> … -> Lixo … -> … -> … -> … -> … -> … -> Beady Eye
só agora fui ler a resenha do show do james e vejo que escolhi o show errado da semana. noel me deu sono
Pô, não sei porque toda vez que tem alguma picuinha envolvendo oasis ou seus ex-integrantes, a galera sempre tem que começar com umas comparações oasis/radiohead. Sério, já vi isso várias vezes aqui no screamyell. Deixem a turma do rádiocabeça em paz. Eles não tem (graças a Deus) nada a ver com o Oasis. Outro som, outra postura, outro mundo… independente de quem prefere quem…
Vinhas, em nenhum momento eu insinuei que vc sugeriu agressões ao artista referido, as perguntas foram feitas por mim em meu comentário.
Eu acho que o trabalho de vcs só tem credibilidade se as opiniões forem isentas, e sempre pude perceber que aqui são, por isso gosto de ler o S&Y. Vcs não escrevem pra agradar ninguém.
Minhas perguntas foram no sentido de entender o ponto de vista de vcs, e não de diminuir os textos ou idéias, ou o que seja. Sou fã de rock, de música, não de bandas ou cantores.
Ah, e eu não acho problematico de forma alguma vcs pensarem diferente, a questão pra mim nunca foi essa, e sim achar repetitivo o texto, já que em 1997 eu já havia lido as mesmas críticas a respeito do Noel/Oasis/Liam. Abraços.
Já já vão começar a comparar o cabelo do Noel com o do Thom, Paulo 🙂
Bom, esse texto prá mim não tem tanta importância, pq não curto muito Oasis mesmo. Mas eu costumo ler os textos mesmo quando são de artistas que eu não gosto muito. Acho que as pessoas hj em dia ficam se doendo demais.
Mas sempre quando vejo que são textos do Leonardo Vinhas, eu costumo dar uma atenção especial. Lembro de um texto dele sobre o Buffalo Tom, falando da sensação de nostalgia sem melancolia das músicas deles … e lembro de um outro tb, que ele fala do Girassóis Clonados do Terminal Guadalupe …
Particularmente gosto mais desses textos … de alguém que curte uma banda falando de forma especial dela … o Buffalo Tom eu já conhecia … era minha banda preferida na época que li o texto … o Terminal Guadalupe não, conheci através do texto mesmo … e acabou se tornando minha banda nacional preferida desde então …
se dependesse de uma boa parte das pessoas que comentaram aqui, as críticas de um show se limitariam em uma frase, de preferência “foi legal pra caramba”. e pra isso existe o twitter.
o show do Noel foi legal, passou de ano, mas não foi nada de sensacional. esperava bem menos de uma outra banda que assisti no começo de abril e que, ao vivo, soou sensacional. esperava um pouco mais do Noel (inocência minha? que seja). esperava, por exemplo, um baterista que não tocasse exatamente a mesma música durante todo o repertório.
Mac ,NUNCA É TARDE PRA APRECIAR DIVERSAO TOLA. Deixa de ser chato!
Eu ouvi “Whatever” ao vivo , valeu o show!
Luciano, apreciar é uma coisa, analisar é outra. E eu apreciei o show.
“Fora o histrionismo, o Liam tinha algo a ser notado?”
Eu só discordo dessa parte do texto. Enquanto teve voz( ok, foram no máximo 4 anos) o Liam era um baita vocalista.
Aí eu também posso concordar contigo, Aluisio, desde que se entenda que não passou de quatro anos mesmo.
Engraçado a coisa da idade. Meses atrás fazendo faculdade no Senac me surpreendi o status que o Oasis têm com a galera mais nova. Acompanho desde o início e nunca me pareceu uma unanimidade, sendo que a partir do Be Here Now,sempre um novo album deles foi recebido com ceticismo (algumas vezes com fundamento, outras não) . Gosto dos dois primeiros e da banda em geral, mas os 90 e no próprio hype britpop têm coisas melhores. Então a sensação de mais do mesmo é só as coisas do jeito que são aparecendo. Falando de bateristas, gosto muito da bateria do Tony MacCarroll, achei a grande perda da banda pois dava um sabor e consistência diferentes , só lembrar a introdução de Live Forever, nunca recuperada totalmente sendo direcionada a banda cada vez mais pelo Noel.
Mac, entenda de uma vez por todas. O que me incomodou nessa crítica não foram os pontos negativos abordados. Mas a forma como foi tudo colocado. Em forma de questionamentos inocentes e bobos, como se o crítico não conhecesse a persona em cima do palco. Se ele tivesse lido alguma entrevista do Noel sobre o álbum, os shows ou a coletiva de imprensa acredito que ele teria um material muito bom em mãos para ser trabalhado e escrever um texto muito melhor. Agora, aqui parece que não se pode discordar de sua patotinha ou ir contra suas opiniões, mesmo apresentando argumentos válidos. E em momento nenhum eu disse que concordava com o Noel, mas parece que sua mente ignorou esta parte.
Ah, e pare de editar suas respostas depois que escreve. Eu fico parecendo um besta depois, rs. =)
Rubens, entenda de uma vez por todas: pode discordar da patotinha ou ir contra suas opiniões, desde que tenha argumentos válidos. Ficar puxando saco de artista não é um argumento válido.
Abraço
Ps. É a ansiedade de responder, e de vez em quando sai umas coisas agressivas :D, que é melhor evitar
Cara, só em ele falar que “tampouco Noel quer dar as respostas” já fode o texto dele todo. Boba e infantil esta linha adotada por ele. O texto é ruim, independente de ser fã ou não. Abraços
“Mas várias ponderações teimam em cobrar resposta depois do show. Como por exemplo: postas de lado as evidentes diferenças musicais, o que distingue esse show de um do Jorge & Mateus ou do show de qualquer outro sertanejo universitário? Por que o público roqueiro adora alardear sua suposta superioridade em relação aos fãs de outros estilos, mas se diverte a valer com quem recorre aos recursos de arena? Por que esse público prefere a mesmice à mudança?
As respostas não vêm, e tampouco Noel quer dá-las.”
Você tem completa razão
Abraço
Voces perdem muito tempo discutindo sobre um compositor genial que é mediocre no palco
Vocês perdem muito tempo discutindo desnecessariamente enquanto a louça acumula na pia
Discordo que o Noel tenha preguiça para fazer o show!! Me parece o contrário, ao invés de rechear o show com os hits do Oasis ele toca praticamente todas de seu disco solo e abusa de lados B da sua antiga banda em versões diferentes!