Posts from — março 2018
Festivais: 11 line-ups confirmados
Festival Abril Pro Rock 2018, em Recife
Dias 27 e 28 de abril de 2018
Infos: https://www.facebook.com/festivalabrilprorock
Experiência Scream & Yell: Maratona sonora para fortes e corajosos
Primavera Fauna Outino, Santiago, Chile
12 de maio de 2018
Infos: https://www.facebook.com/faunaprimaverafestival/
Experiência Scream & Yell: Vale o passeio
Noches del Botânico, Madrid, Espanha
De 21 de junho a 29 de julho de 2018
Infos: https://www.facebook.com/nochesbotanico/
Festival Vida, na Província de Barcelona, Espanha
Dias 28 de junho a 01 de julho de 2018
Infos: http://www.es.vidafestival.com/
Roskilde Festival, Dinamarca
De 30 junho a 07 de julho de 2018
Infos: https://www.facebook.com/orangefeeling/
Rock Werchter, Bélgica
De 05 a 08 de julho de 2018
Infos: http://www.rockwerchter.be/en/
Experiência Scream & Yell: Rock, lama e por-do-sol às 22h
Quebec City Summer Festival, Canadá
De 05 a 15 de julho de 2018
Infos: https://www.infofestival.com/
Sloss Fest, Birmingham, Alabama, EUA
Dias 14 e 15 de julho de 2018
Infos: http://slossfest.com/lineup/
Stockholm Music & Arts, Estocolmo, Suécia
De 29 a 31 de julho de 2018
Infos: http://stockholmmusicandarts.com/
Experiência Scream & Yell: Som impecável, serviços perfeitos
La Route du Rock, Saint Malo, França
De 16 a 19 de agosto de 2018
Infos: http://www.laroutedurock.com/
Experiência Scream & Yell: Lama, lama. lama e Saint Malo <3
Latitude Festival, Reino Unido
Dias 13 e 15 de julho de 2018
Infos: http://www.latitudefestival.com/
Confira o line-up de outros grandes festivais de música
março 12, 2018 No Comments
Dylan com Café, dia 20: Street Legal
Bob Dylan com chá (acordei gripadíssimo hoje), dia 20 – dois fatos marcam a vida de Dylan em 1977: o primeiro é o triste fim de seu casamento; o segundo foi a compra de um local de ensaios em Santa Monica, na Califórnia, que ele transformou em estúdio. Devastado e perdido com o fracasso matrimonial, Dylan juntou um grupo de músicos e, após tentar vários estúdios profissionais, decidiu gravar seu novo disco em sua própria sala de ensaios com um estúdio móvel na porta. É possível analisar o resultado – “Street Legal”, o disco que saiu em junho de 1978 – de duas maneiras: a primeira é com o olhar da crítica da época. Dylan vinha de três baita discos de estúdio e de uma turnê sensacional com Joan Baez, Mick Ronson, T-Bone Burnett e Roger McGuinn, e a tentativa de dar coesão a uma banda novata em meio ao caos sentimental que vivia contaminou e atropelou o processo acelerado (“Gravamos numa semana, mixamos na semana seguinte e lançamos na outra – em meio a uma pausa da nova turnê”, relembra Bob) resultou num disco menor, embolado e acusado de rimas pobres. “É um pântano de 16 canais”, cutucou o biógrafo Clinton Heylin.
O fato de ter contratado um saxofonista suscitou comparações (acusações de plágio?) com Bruce Springsteen. Bob rebateu: “Não copio sujeitos com menos de 50 anos de idade”. Ele não estava brincando, afinal, a espinha dorsal de “Street Legal” é Robert Johnson, Son House e a Bíblia. Bem, a segunda maneira é observar o que virá pela frente nos anos 80 e, principalmente, se atentar à remasterização do álbum (a primeira foi feita nos anos 90, e deu um jeito de colocar a voz de Dylan na altura dos instrumentos; a mais recente, do box lançado em 2013, manteve o padrão), e chegar a conclusão de que se “Street Legal” está distante de seus predecessores, ao menos enfrenta de igual para igual os posteriores da década seguinte. É pouco? Sim, mas quem estabeleceu o limite do topo foi o próprio Bob Dylan com “Planet Waves”, “Blood on The Tracks” e “Desire”. Uma grande música em meio a recriações (dá-lhe Robert Johnson: “Baby Stop Crying” é “Stop Breaking Down” reescrita; “Is Your Love in Vain” é “Love in Vain”; “Travelling Riverside Blues” é citada em “Where Are You Tonight”, e por ai vai) de material antigo é a ótima “Señor (Tales Of Yankee Power)”, mas o riff denso de “New Pony” é tão Jack White que não surpreende ele tê-la regravado com o Dead Weather. Um disco para ouvir sem pre-conceitos.
março 12, 2018 No Comments
Dylan com Café, dia 19: Hard Rain
Bob Dylan com café, dia 19 – recapitulando o café de ontem: em julho de 1975, Dylan entrou em estúdio e gravou o álbum “Desire”. Em outubro saiu em turnê (a Rolling Thunder Revue) com sua trupe cigana rock n’ roll para divulgar o álbum, que só seria lançado em janeiro de 1976 (isso mesmo, ele saiu em turnê sem um disco para divulgar). Os shows duravam de 3 a 4 horas por noite seguindo a rotina: Bob Neuwirth fazia seu set, T-Bone Burnett dava um pitaco, Dennis Hopper declamava um poema, Mick Ronson (que havia deixado a banda de David Bowie para acompanhar Dylan) tocava “Life On Mars” e Bob Dylan então surgia para um set acústico. Meia hora depois, Roger McGuinn assumia o lugar de Dylan, tocava algumas coisas do Byrds e passava a função para Joan Baez, que tocava durante cerca de 40 minutos. Dylan então voltava para encerrar a noite em formato banda com mais uma hora de show! Deu tudo certo na primeira perna da turnê (de outubro a dezembro), e o registro animado pode ser conferido no volume 5 das Bootlegs Series. Porém, “Desire” saiu em janeiro e em abril começou a segunda perna da The Rolling Thunder Revue com um Bob Dylan endiabrado e de péssimo humor em shows mais tensos. O registro dessa segunda parte da turnê é este “Hard Rain”, CD lançado em setembro de 76 (e que também é um especial para TV que você assiste abaixo).
Tudo que era delicadeza cigana em 1975 virou punk em 1976. Mick Ronson foi colocado para escanteio, e só aparecia para solar loucamente em “Maggie’s Farm”. Já “Memphis Blues Again” ganhou a seguinte descrição no livro da foto: “A banda arrebenta a versão de ‘Blonde on Blonde’ como punks no museu. Assistir bandas no CBGB naquele ano seguramente energizou Dylan”. Já sobre a versão de “Shelter From The Storm” se destaca uma “releitura à The Clash”! E o álbum se fecha com três facadas no coração: “You’re a Big Girl Now”, “I Threw It All Away” e uma versão violenta de “Idiot Wind”. A versão em CD limou os duetos com Joan Baez que estão no vídeo (e que poderiam amaciar o resultado final). A sensação é de que em “Before The Flood”, o ao vivo de 1974, Bob Dylan tinha mostrado apenas a ponta do iceberg de sua raiva, que surge amplificada aqui, num dos seus melhores discos ao vivo oficiais (que, pecado, só traz 9 faixas quando deveria ser duplo). O biógrafo Michael Gray vê esse show “tudo ou nada” como a coroação do “Bob Dylan pós moderno, a começar pelo instrumental grunge que abre caminho a patadas desde a primeira música”. No Youtube há vários shows na integra – quatro horas! – deste período (busque “Bob Dylan 1976”). Para download, esse é espetacular. Vale a pena escava-los.
março 11, 2018 No Comments
News: Matt and Kim, The Kills, Mynth
O sexto álbum de estúdio da dupla barulhenta Matt and Kim (lembra de uma bela Popload Gig na década passada?) será lançado em maio próximo. O nome do disco é “Almost Everyday”, a capa é essa acima, e abaixo você confere o lyric vídeo do single “Like I Used To Be”.
Quem também está preparando novo álbum é o A Place To Bury Strangers. O disquinho se chama “Pinned” e ganhará as ruas em abril. Para aquecer o lançamento, o trio liberou o single “There’s Only One Of Us”.
O Japanese Breakfast, projeto de Michelle Zauner, lançou um vídeo para a ótima “Boyish”, canção de seu elogiado álbum de 2017, “Soft Sounds From Another Planet”. Ela conta: “A música é sobre insegurança, particularmente o que é amar alguém que não é atraído fisicamente por você”.
Aposta mundial do selo Secretly Canadian, a galesa (que hoje vive na Austrália) Stella Donnelly libera o vídeo para “Mechanical Bull”. canção que abre o EP “Thrush Metal”, que ela lançou ano passado, e que o novo selo irá relançar com direito a faixa bônus. Confira o clipe (que é ótimo!).
“Elevator” é uma canção dos irmãos australianos Giovanna e Mario, que assinam como Mynth, lançam como single e vídeo agora. Ela integra o recém-lançado EP “Echo” (2018), via selo Seayou Records com distribuição mundial da Rough Trade.
De Nisporeni, na República da Moldávia, surge Valeria Stoica com uma série de singles (“Distante”, “Get Back” e “Remember”, todos disponíveis no Spotify) e o clipe de “Get Back”. Confira!
O Kills retorna ao mercado com um 7 polegadas do single “List of Demands (Reparations)”, canção que o poeta e músico Saul Williams lançou em seu segundo álbum, de 2004. “Eu sempre senti inveja da forma como a geração dos anos 60 compartilhou músicas e ideologias. Jimi cantando Dylan. Rotary Connection cantando Otis Redding. The Stones cantando o blues. Eu gostava do Kills antes de escolherem fazer cover de ‘List of Demands (Reparations)’. Se eles podem se sentir naquela música, é porque eles são tão parte dela quanto eu”, comentou Saul. Ouça as duas versões abaixo.
março 9, 2018 No Comments
Dylan com Café, dia 18: Desire
Bob Dylan com café, dia 18: o cara não aquieta o facho! Seis meses após lançar o grandioso “Blood On The Tracks” e no mesmo momento em que as “Basement Tapes” eram liberadas, Bob Dylan entra em estúdio (em julho de 1975) para gravar um novo álbum. Inquieto, Dylan radicaliza o modus operandi e pela primeira vez na carreira abre espaço a um parceiro fixo e Jacques Levy divide com Dylan sete das nove composições de “Desire”. As primeiras sessões com banda (incluindo Eric Clapton) não deixaram Dylan satisfeito, e ele radicaliza gravando tudo novamente com um núcleo de voz, violão, gaita, violino (de Scarlet Rivera) e backings (Emmylou Harris). Bob procurava uma sonoridade cigana para o disco e a tour que seguiria e cujo repertório será baseado neste disco, que, assim como “Planet Waves”, sairá comercialmente na metade da turnê, em janeiro de 1976 – na capa ela já posa com a roupa da “The Rolling Thunder Revue”, que o levaria para a estrada com Joan Baez, Jack Elliott, Bob Neuwirth, Roger McGuinn, T-Bone Burnett, Mick Ronson e Scarlet Rivera. Uma das melhores (senão a melhor!) de todas as turnês de Dylan, a The Rolling Thunder Revue será o tema das Bootleg Series Vol. 5, mas a gente chegará lá daqui uns 30 cafés. É de “Desire” diamantes como “Hurricane”, a mariachi “Romance In Durango” e as duas canções assinadas apenas por Bob: “Sara” e “One More Cup of Coffee”. O biógrafo Brian Hinton pede licença para incluir “Mozambique” com a seguinte justificativa: “Dylan descobre, como Gram Parsons antes dele, que Emmylou Harris é o ingrediente mágico capaz de salpicar qualquer canção com um pouco de pó de ouro”. 💖
março 9, 2018 No Comments
Um tributo a Walter Franco
O próximo lançamento do Selo Scream & Yell já está a caminho: em março para download gratuito no Scream & Yell, “Um Grito que se Espalha”, tributo ao Walter Franco com produção de Leonardo Vinhas, masterização de Otavio Bertolo e capa de Daniel P. Floriano. “Contou com a ajuda de mais pessoas que eu poderia listar”, avisa Leo. “Mas não dá para não falar do apoio do Felipe Rodarte e da Sil Ramalhete”. Confira abaixo o tracking list do álbum e ouça (e baixe gratuitamente) todos os discos lançados pelo Selo Scream & Yell aqui.
março 8, 2018 5 Comments
Dylan com Café, dia 17: Basement
Bob Dylan com café, dia 17: seis meses após colocar “Blood On The Tracks” nas lojas, um novo lançamento de Bob Dylan chegava ao mercado. Para combater a pirataria, que estava fazendo festa com as músicas das sessões que Dylan havia gravado com a The Band no porão da Big Pink em 1967, foi lançado o álbum duplo “The Basement Tapes” em julho de 1975. Rick Danko alugou a Big Pink para a The Band em West Saugerties, Nova York, após o cancelamento da turnê de Dylan devido ao acidente de moto de 1966. Bob vivia em Woodstock, a cerca de 15 minutos da Big Pink, e durante cinco meses (de julho a outubro de 1967) visitou os amigos da The Band para tocar no porão da casa tanto standarts (como “You Win Again”, de Hank Williams; “Tupelo”, de John Lee Hooker e “Folsom Prison Blues”, de Johnny Cash) quanto músicas inéditas de Dylan que seriam destinadas por empresários a outros artistas.
De maneira inexplicável, na hora de fechar o set do álbum em 1975 foram acrescidas 8 canções da The Band entre as 24 do disco, quatro delas nem gravadas na Big Pink (as outras quatro sairam de sessões posteriores a passagem de Dylan pelo local). Na época, quem tinha o bootleg reclamou que os overdubs de estúdio e a limpeza do som da fita original matou o clima rústico do porão, e os piratas continuaram fazendo sucesso. Em 2014, finalmente, Dylan liberou as sessões completas dentro de suas Bootleg Series (número 11) numa edição de luxo com 6 CDs e 115 músicas (das 8 da The Band “forçadas” no lançamento de 1975 apenas 2 aparecem aqui)! Detalhe: na capa (uma foto que não foi feita no porão da Big Pink, mas sim da YMCA em L.A.) ao lado de vários personagens do disco (Mrs Henry, o Esquimó, o engolidor de fogo, entre outros), estão a The Band e Neil Young (também interpretando personagens do álbum).
março 8, 2018 No Comments
Dylan com Café, dia 16: Blood
Bob Dylan com café, dia 16: os fãs de Dylan se dividem em 1) os do Trovador politizado dos primeiros discos 2) os do rock n’ roller da trilogia Bringing / Highway / Blonde 3) os de “Blood on The Tracks” – sendo que os do segundo e terceiro grupo podem ser a mesma pessoa, dependendo do dia em que ela acorda. Integro o terceiro e quando o Gabriel, ao escrever a discografia comentada do Bob para o Scream & Yell (https://goo.gl/z7ZXqR), distribuiu notas 10 para os discos dos dois primeiros grupos e deu 11 para este, senti-me representado. Bob Dylan não entende o culto: “Muitas pessoas me dizem que gostam desse álbum e é difícil para mim me relacionar com isso. Como vocês podem gostar desse tipo de dor?”. Lançado em janeiro de 1975, “Blood On The Tracks” flagra a deteriorização de um casamento. Quando acompanhou Bob em uma das sessões, o garotinho Jakob Dylan sentiu que o álbum era “meus pais conversando”.
Dividido em sessões suaves em Nova York e intensas em Minneapolis (as do segundo permeiam o álbum), “Blood On The Tracks” tem como companheiro o bootleg “Blood On The Tapes”, que traz a integra das sessões novaiorquinas num comparativo que amplifica “Tangled Up In Blue”, “Idiot Wind”, “You’re a Big Girl Now” e “If You See Her, Say Hello” (que Renato Russo regravaria tristemente em “Stonewall”). Registrada em um único take em Nova York, “Simple Twist of Fate” (que ganharia uma versão reverente de Jeff Tweedy com letra modificada retirada de uma versão ao vivo de Dylan) talvez seja a canção que mais simbolize essa nova fase de Dylan, em que ele tem o poder de construir um filme profundo com começo, meio e fim em apenas 4 minutos (Wong Kar-Wai fez “2046” e Richard Linklater fez “Before Sunrise”, obras gêmeas dessa canção). Sobre “Tangled Up In Blue”, um critico escreveu: “é como um Proust de cinco minutos e meio”. No Scream & Yell, Gabriel descreveu: “Tudo o que o ser-humano pode aprender sobre amor está em ‘Blood On The Tracks’. Não tenha pudor em se intrometer na intimidade do casal. John e Yoko queriam mudar o mundo. Bob e Sara parecem mais como eu e você: só queriam dar certo juntos. O resultado é o álbum de Bob Dylan que deve ser colocado na arca de Noé quando o dilúvio chegar novamente”.
março 7, 2018 No Comments
Dylan com Café, dia 15: Before
Bob Dylan com café, dia 15: após o fim da turnê mundial (EUA, Europa e Oceania) de 1966, em que alternava um set acústico e era xingado de Judas e vaiado todas as noites (com direito a boatos de ameaças de morte) no set elétrico (acompanhado pelos Hawks, futuros The Band), Bob Dylan se acidentou e ficou 8 anos sem fazer turnês. A discografia de Dylan nesse período é uma bagunça que traduz o caos e as dúvidas que o homem vivia. Exemplo: Dylan saiu em turnê em 1974 (a primeira em 8 anos) sem ter um disco novo para divulgar, pois a trupe colocou o pé na estrada dia 03/01 e “Planet Waves” foi lançado no dia 17/01, eles já tinham feito 12 shows e já tocavam algumas músicas do disco ao vivo, mas nenhuma delas – nem “Forever Young” – acabou em “Before The Flood”, o registro da tour que sairia em julho de 1974. Ainda assim, a turnê foi um imenso sucesso! Com ingressos vendidos por encomenda via Correios (!), o promotor Bill Graham diz que recebeu 12 milhões de pedidos de ingressos para os 500 mil que tinha disponível para as 40 datas.
“Before The Flood” foi lançado em vinil duplo: no lado A, Dylan & The Band; no lado B, The Band; no lado C, Dylan acústico; no lado D, Dylan & The Band novamente. A apresentação é vigorosa, com um Dylan raivoso mastigando as letras e as devolvendo com fúria ao público. Começa aqui o vicio de Bob em alterar drasticamente os arranjos da canções, ao ponto de algumas se transformarem em novas canções. “Lay Lady Lay” cresce um absurdo. A sutileza de estúdio de números como “Rainy Day Women”, “Knockin’ On Heavens Door” e “It Ain’t Me Babe” é trocada pela garra do palco, mas “Ballad of a Thin Man”, ao contrário, soa mais… hilária, festiva. O final rock nos faz ter vontade de sermos transportados para janeiro de 1974: “The Weight”, com a The Band, que recebe Dylan para versões intensas de “All Along The Watchtower” (“Gostei tanto da versão de Jimi Hendrix que desde a sua morte venho tocando-a assim”, explica Dylan), “Highway 61 Revisited”, “Like a Rolling Stone” e uma poderosa versão banda de “Blowin’ In The Wind”. Um show, uma turnê, um disco que traz Dylan fazendo as pazes com a estrada… com raiva, fúria e intensidade.
março 6, 2018 No Comments
Balanço: Oscar 2018
Ainda que tenha sido uma das cerimonias do Oscar mais sem surpresas dos últimos anos, a 90ª entrega de prêmios da Academia honrou um ano muito bom de obras nota 8. Não, isso não é ruim. É lógico que é muito interessante você ter um filme clássico que vá entrar para a história do cinema em meio a produção anual, e se 2018 não viu nenhum concorrente no nível de um “Manchester By The Sea“, um “O Lagosta“, um “Ida“, um “Birdman“, um “Divertida Mente’ ou um “Amour“, é bom lembrar que anos em “Sangue Negro” perde a estatueta para “Onde os Fracos Não Tem Vez” são raros – e devem ser cada vez mais raros ainda.
O Oscar 90’ consagrou “A Forma da Água” em meio a uma distribuição de renda: outras 15 produções levaram a estatueta dourada! A obra de Guillermo Del Toro levou quatro Oscars, incluindo a dobradinha Melhor Diretor / Melhor Filme, e tem mérito de ser um filme Oscar: uma fábula romântica que faz sonhar. Meu preferido, “Trama Fantasma”, de Paul Thomas Anderson, é quase que um filme anti-Oscar. Ao lidar com a psicose de um relacionamento, PTA fez um filme belíssimo, meticuloso e delicado, mas também difícil e que, difícil para um grande público acostumado com roteiros manjados, se resolve claramente nos três minutos finais.
Se premiação não trouxe nenhuma novidade, Frances McDormand levou por “Três Anúncios Para um Crime” e ainda saiu do evento com o mais contundente discurso da noite. Eu torcia para Margot Robbie por “I, Tonya” como Melhor Atriz e ainda tentava engolir a não indicação de Brooklynn Prince, a garotinha surpresa de “Projeto Flórida”, um dos belos filmes esquecidos do Oscar 2018, que deveria ter ocupado o lugar de Meryl Streep, no piloto automático de Spilberg, “The Post”. Mas Frances deu um show. De arrepiar e derrubar lágrimas. Aplaudido de pé, o favoritismo de Gary Oldman (por “O Destino de Uma Nação“) não dá ideia do quão equilibrada foi a categoria de Melhor Ator em 2018. Vá atrás do que você não viu! Sam Rockwell e Allison Janney também era barbada.
Em Melhor Roteiro, uma das categorias mais bacanas de toda a premiação, “Me Chame Pelo Seu Nome” levou o de adaptado (vejam “Mudbound”, vejam!) e o discutidíssimo “Corra!” saiu merecidamente com o de original. O verniz de cinema B e terror que Jordan Peele tascou em “Corra!” para falar de racismo merece aplausos de pé. Entre as surpresas, o triste “A Mulher Fantástica”, do Chile, foi uma das agradáveis derrotando tanto o meu favorito, “O Insulto”, do Líbano, quanto o favorito das bolsas de aposta, “The Square”, da Suécia. Os prêmios para “Blade Runner 2049” também entram no quesito surpresa agradável e foram merecidos.
Surpresa negativa é o fator político de “Icarus” ter possivelmente pesado em sua vitória, já que ele é um dos mais fracos documentários de uma seleção que traz poesia (“Visages, Villages”), denúncia (“Strong Island”) e guerra (“Os Últimos Homens de Aleppo”). A Pixar levou mais dois Oscars pra estante, merecidamente, com “Coco” (no Brasil, “Viva – A Vida é Uma Festa”) arrebatando duas estatuetas (Melhor Animação e Melhor Canção). Meu favorito, “Trama Fantasma”, perdeu trilha sonora (Jonny Greenwold, tem outros prêmios por ai) para “A Forma da Água” e “Dunkirk” acabou sendo a co-estrela nos quesitos técnicos arrebatando três Oscars.
Por fim, a cantora St. Vincent por muito pouco não faturou o “Oscar Björk” de vestido mais inusitado da premiação. Ela era favorita, mas foi desbancada pela atriz Haley Bennett, que surgiu num vestido com grama sintética, que combina perfeitamente com o vestido ganso da Björk. Esse Oscar é dela. A lista completa com todos os vencedores (e resenhas para todos os filmes) você vê no Scream & Yell. Abaixo segue a lista final de mais premiados e o meu Top 10 pessoal de todos os longas do Oscar 2018. Ano que vem tem mais Oscar!
TOP TEN OSCARS 2018 MARCELO COSTA
1) Trama Fantasma
2) Projeto Flórida
3) Visages, Vilages
4) O Insulto
5) Eu, Tonya
6) De Corpo e Alma
7) Roman J. Israel, Esq
8 ) Strong Island
9) Coco
10) Blade Runner 2049
março 5, 2018 No Comments