Resumão do carnaval por Nelson Oliveira
Quem frequenta o carnaval de Salvador já percebeu que, há alguns anos, a festa tem voltado a rememorar seus primórdios. Isso acontece ou pela difusão pelos bairros, pelo maior número de pessoas fantasiadas nas ruas (em detrimento aos famigerados abadás) ou por, principalmente, conseguirmos observar uma diversificação cada vez maior de ritmos e manifestações culturais que acontecem na folia, sempre na pipoca – e, numa crescente, em horários e espaços considerados nobres.
A indústria da axé music continua viva, mas tem precisado se espremer para dar passagem tanto ao pagodão quanto a atrações de fora do mainstream local. Os blocos com cordas são minoria absoluta e aqueles que querem festas pagas e cheias de “VIPs” têm subido a camarotes. Que, por sua vez, também estão se reduzindo.
Em 2020, vimos a consolidação desses movimentos, uma vez que o folião pode optar entre mais de 200 atrações musicais gratuitas e consideradas interessantes pelo Scream & Yell. Estas se distribuíram entre cinco circuitos oficiais, nove carnavais de bairros e mais três palcos com programação independente. Para você que não esteve em Salvador no último feriadão ou que quer relembrar a farra da semana passada, publicamos, então, um resumão do que de melhor aconteceu na capital baiana. Ah, um adendo: uma boa programação filtrada do carnaval, que coincide com parte de nossas escolhas no resumo, foi feita pelo amigo Luciano Matos, do El Cabong.
A logística
Os cinco circuitos oficiais do carnaval soteropolitano são Dodô (Barra-Ondina), Osmar (Campo Grande), Batatinha (Pelourinho), Mestre Bimba (Nordeste de Amaralina) e Riachão (Garcia, com desfiles apenas na segunda-feira). Destes, apenas o Mestre Bimba é mais afastado: os outros se comunicam entre si e é possível circular entre eles sem se afastar da folia. No caso dos bairros, apenas os eventos que ocorrem no Centro Histórico, na Liberdade e no Rio Vermelho são próximos aos circuitos oficais. Dessa forma, nossa cobertura se restringiu a este pedaço de Salvador.
Evidentemente, ainda que esses bairros sejam próximos, nem sempre é possível circular entre eles no mesmo dia – mesmo que quase todos estes tenham oferecido atrações interessantes diariamente. Afinal, algumas ocorriam de forma simultânea e dificuldades logísticas (engarrafamentos, bloqueio de vias e blocos muito cheios, por exemplo) impediram esse trânsito. Segundo dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, quase 11 milhões de pessoas frequentaram esses circuitos – quase sete milhões delas foram ao Barra-Ondina.
Inclusive, deixamos uma dica: se não tiver experiência no carnaval de Salvador ou estiver vestindo fantasias com muitos adereços, não recomendamos que passe por pipocas muito cheias, a exemplo de Igor Kannário, Psirico ou Bell Marques, ou que transite tanto pelos circuitos. Estabelecer um ponto fixo para permanecer por algumas horas é importante para aproveitar a folia.
Além disso, salientamos que demos preferência aos trios elétricos na nossa cobertura – afinal, não é todo dia que eles circulam por Salvador. Shows em trios, especialmente em circuitos longos, como o Dodô (4,5 km) e o Osmar (pouco mais de 4 km), têm uma dinâmica própria. É comum que o artista ou a banda repita algumas canções, já que poucos foliões de fato acompanham todo o trajeto, e que o repertório leve em conta o percurso: canções mais lentas em subidas ou em espaços mais apertados se alternam a rodinhas em avenidas mais arejadas ou homenagens em frente a camarotes de artistas, como Gilberto Gil ou Daniela Mercury.
Os tiros certeiros
Para curtir o carnaval de Salvador sem ter de correr atrás dos trios (a não ser para brincar na folia, é lógico), é importante se organizar e escolher um desfile de repertório certeiro, tiro e queda. Nesse sentido, os veteranos Luiz Caldas e Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar são, sem dúvida, as melhores escolhas. Isso ficou ainda mais claro em 2020, em ocasião dos 50 anos da carreira de Caldas, dos 35 anos da axé music (que ele criou) e da sétima década de existência do trio elétrico, idealizado por Dodô e Osmar – os mesmos que dão nome aos mais famosos circuitos da festa.
A trupe dos Irmãos Macêdo – filhos de Osmar – é liderada pelo guitarrista Armandinho (ex-A Cor do Som), conhecido por ser um dos ícones do instrumento no Brasil e por aperfeiçoar a guitarra baiana. O grupo tem um público cativo durante o carnaval e costuma lotar suas apresentações, de modo a conseguir prestígio suficiente para desfilar em horários nobres em sua carreta estilizada como fobica. Neste ano, Armandinho, Dodô e Osmar se apresentaram seis vezes (folgaram no sábado e fizeram dois shows na terça) e este escriba acompanhou trechos de quatro delas.
As mais importantes ocorreram nos dois últimos dias do carnaval. Na segunda, tivemos um belíssimo encontro entre Bahia e Pernambuco, algo que é a essência da história do trio elétrico. Afinal, a guitarra baiana – ou pau elétrico – surgiu para que o frevo e as marchinhas dos antigos carnavais tivessem o seu alcance amplificado. Neste dia, o grupo baiano recebeu o calunga do bloco O Homem da Meia-Noite, que há quase 90 anos sai em Olinda, e apresentou frevos e galopes trieletrizados clássicos, como “Frevo Mulher”, “Zanzibar”, “Cometa Mambembe”, “Vida Boa”, “Chão da Praça”, “Viva Dodô e Osmar”, “Vassourinha”, “Pombo Correio” e “Eu Sou o Carnaval”.
No dia seguinte, o repertório não se alterou, mas houve grandes momentos, como o dueto com Ivete Sangalo em “Chame Gente”, o samba reggae de “Lua dos Amantes”, versões trieletrizadas de “Love Of My Life”, do Queen, e do Bolero de Ravel, além de um ritual tradicional: Armandinho, Dodô e Osmar sempre encerram seu desfile de terça com o “Hino Ao Senhor do Bonfim”, que Armando gravou pela primeira vez ao bandolim, quando tinha 16 anos, em 1969, em seu primeiro compacto duplo. O momento é um dos mais emocionantes do carnaval e, por isso, o trio costuma ser seguido pela massa que arrasta até o fim do circuito. Como sempre, do alto de sua técnica apuradíssima, os Irmãos Macêdo não decepcionaram os foliões de todas as idades.
No sábado, quando Armandinho, Dodô e Osmar não saíram, o nosso “porto seguro” foi Luiz Caldas. O pai da axé music desfilou no Barra-Ondina, pouco depois do trio que levava Àttooxxá, Major Lazer e Tropkillaz (falaremos mais adiante sobre eles), e, como sempre, desfilou hits de sua autoria ou que ficaram famosos em sua voz, como “Haja Amor”, “Tieta”, “O Que É Que Essa Nega Quer?”, “Odé e Adão” e “Magia”, ou canções de carnavais dos anos 1990, como “Bota Pra Ferver” e “Porto Seguro”, do Asa de Águia, e “Baianidade Nagô”, de Alexandre Peixe. Mas Caldas brilha mesmo quando mostra toda sua virtude na guitarra, com frevos e valsas transformadas em axé ou quando quebra tudo com “Time”, do Pink Floyd.
Por fim, outro tiro certeiro do carnaval de Salvador é uma atração desconhecida fora da capital, mas das mais charmosas de toda a folia: é o Microtrio de Ivan Huol. Experiente baterista e arranjador do álbum “Feijão com Arroz”, de Daniela Mercury, Huol é um dos mais importantes agitadores culturais da cidade. Primeiro, criou a Jam no MAM, que há quase 30 anos leva jam sessions de jazz para o Museu de Arte Moderna, e em 1996, fundou o Microtrio, que é um trio elétrico adaptado numa picape de pequeno porte.
Em termos de repertório – sempre de versões, embora Huol também seja compositor –, ninguém bate a consistência do Microtrio na folia baiana. No Pelourinho, acompanhamos um dos três desfiles do grupo, e os vimos emendar hit atrás de hit nas voltas que davam pela Praça do Terreiro de Jesus: “Selva Branca”, “Malandrinha”, “Perdido de Amor”, “Me Abraça e Me Beija”, “Zanzibar”, Lua dos Amantes”… e isso porque só ficamos uma hora e meia no desfile do grupo, que já inovou anteriormente com versões surpreendentes de “Lilás”, de Djavan, e de “Sementes”, do Chiclete com Banana, com direito a participação de Chico César nos vocais. Mas tudo bem, ano que vem tem mais.
BaianaSystem, um capítulo à parte
A maior pipoca do carnaval de Salvador é a do BaianaSystem – atualmente, só o pagodeiro e deputado federal Igor Kannário consegue rivalizar com o grupo que conseguiu criar uma nova perspectiva de curtir a folia baiana. Quando, em 2009, Robertinho Barreto convidou Lucas Santtana para gravar “Frevofoguete”, canção cujo eu-lírico questiona o que será da guitarra baiana e como serão os futuros carnavais, se prenunciava essa mudança. E o BaianaSystem, desde então, vem subindo que nem a porra e comandando esta nova fase da festa soteropolitana.
O Baiana foi a principal atração do Furdunço, pré-carnaval oficial que ocorre no Circuito Orlando Tapajós (uma versão reduzida do Dodô, e em fluxo invertido, da Ondina à Barra). No domingo que antecede a folia de Momo, a banda encerrou a festa com uma pipoca que começou a se concentrar em volta do trio Navio Pirata três horas antes de os trabalhos serem iniciados. O resultado dessa expectativa foi um público que chegou a se aglomerar por sete quarteirões, conforme mostraram imagens aéreas.
Houve muito empurra-empurra, causado principalmente por homens que desejavam mostrar a quantidade de testosterona em seus corpos e por um público que ainda não entendeu o que a banda deseja passar com suas músicas. Russo Passapusso teve de interromper a apresentação diversas vezes, pois hits como “Lucro”, “Sulamericano” ou “Forasteiro” não conseguiam evoluir: ou alguém se desentendia ou passava mal com o aperto.
Se faltou espaço e sobrou descontentamento no Furdunço, o desfile do BaianaSystem no domingo foi como a banda gosta de enunciar: só amor. Por conta dos incidentes, o Baiana decidiu rever todo o seu repertório e comandou o Navio Pirata – que teve o apoio do Festival Afropunk e as participações de BNegão, Vandal e Iracema Killiane (Ilê Aiyê) – com o cuidado de um timoneiro que navega em mares perigosos.
A banda apostou num repertório mais calmo, com “Miçanga”, “Água”, “Invisível”, “Navio” e “Duas Cidades”, e deixou pedradas como “Capim Guiné”, “Saci”, “Arapuca”, “Forasteiro”, “CertoPeloCertoh”, “Cabeça de Papel”, “Bola de Cristal” e “Lucro” para trechos do trajeto em que havia mais espaço. Tudo corria muito bem até que, faltando cerca de 500m para o final do circuito, o Navio Pirata ancorou na Avenida Oceânica. O trio quebrou e teve de interromper sua apresentação no trecho mais largo de todo o percurso. Uma pena, pois o que já estava bom tendia a melhorar. O defeito na carreta também obrigou as atrações que vinham atrás a encerrarem seus desfiles mais cedo.
No fim das contas, o BaianaSystem conseguiu mostrar mais uma vez que é a principal força do carnaval soteropolitano. Dessa vez, não apenas pela sua potência musical, mas por sua postura como ente que rege uma fatia importante do público que frequenta os circuitos – voltamos a salientar, falamos aqui de milhões de pessoas. Além de ter conseguido controlar uma pipoca quilométrica e ter resolvido problemas que haviam afastado parte de seus mais antigos fãs do carnaval, a banda também cumpriu um papel de diálogo com a Polícia Militar da Bahia.
Segundo informações divulgadas pelo próprio comando da corporação, o BaianaSystem foi um dos grupos que solicitou uma mudança de atitude e abordagem dos policiais junto aos foliões – o que aconteceu, visto que as patrulhas deixaram de circular ou diminuíram sua atuação nas cercanias dos trios. Isso surtiu efeito, visto que tivemos diminuição dos casos de violência (inclusive policial) na festa de 2020. Polícia educada faz parte do povo e guarda a arma no cinto. Que assim seja.
Artistas em ascensão
Na onda do BaianaSystem, artistas da nova geração do estado também vêm ganhando espaço em trios elétricos do carnaval, e não apenas em palcos do Pelourinho, que tem um carnaval mais sossegado. Também não estão apenas no Campo Grande, cujo circuito tem – infelizmente – se esvaziado e ficado quase inteiramente restrito ao samba, ao pagode e aos blocos afros, como Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Cortejo Afro, Malê Debalê e Muzenza. Artistas como Afrocidade, Larissa Luz, Luedji Luna, Xênia França e Majur estão tomando o Barra-Ondina, e não em trios que iniciam ou encerram a festa, saindo com o sol a pino ou tarde da noite, com público reduzido.
Majur foi uma das atrações da quinta-feira e apareceu como rainha dos Mascarados, um dos blocos (sem cordas, neste caso) mais tradicionais de Salvador. Ao lado de Margareth Menezes, que vem promovendo um belo encontro com os artistas da nova geração, a artista não-binária brilhou com “Africaniei” e ajudou Maga a vibrar em clássicos como “Faraó (Divindade do Egito)”, “Elegibô” e “Dandalunda”. Na sexta, Margareth voltou a convidar Luedji Luna e MCDO (Afrocidade), com quem havia dividido o palco no início de fevereiro, num show na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.
Curiosamente, MCDO subiu a um trio elétrico no carnaval soteropolitano antes mesmo de sua banda. Entre os seis shows que fez na folia de Momo em 2020, a Afrocidade puxou sua primeira carreta em Salvador no sábado (dia seguinte à canja de seu vocalista) e fez uma das mais memoráveis apresentações desse ano, a bordo do Navio Pirata do BaianaSystem. O trio foi o espaço encontrado pelo Festival Afropunk (que chega à capital baiana em novembro) para dar um aperitivo do que virá daqui a alguns meses. E suas escolhas foram as melhores possíveis, pela mistura e pelo impacto.
A Afrocidade comandou um trio que teve a participação dos anfitriões Russo Passapusso e Robertinho Barreto nos primeiros metros do percurso, ainda na Barra, e depois assumiu a bronca de vez. O grupo de Camaçari tocou composições próprias, como “Eu Vou no Ghetto”, colocou uma trupe de dançarinos na frente da carreta e ainda foi a base para que uma apresentação histórica ocorresse.
Mano Brown nunca havia participado do carnaval de Salvador e estreou com a companhia de MCDO, que substituiu Edy Rock nos vocais de clássicos como “Negro Drama”, “Vida Loka, Pt. 1” e “Diário De Um Detento”. Por cerca de 1 km, a lenda do rap brasileiro desfilou tracks dos Racionais MC’s e emocionou um público que o aguardava como quem esperava pela segunda vinda. Quem ficou para a participação seguinte, da rapper baiana Cronista do Morro, também viu uma apresentação pujante, com flertes com o pagodão da Afrocidade, como no medley “TDL” e “Carta Para o Presidente”. Por fim, Afro Jhow, do Muzenza, pôs fim ao desfile.
Logo atrás do Navio Pirata vinha o projeto Aya Bass, encabeçado por Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França. Como elas já haviam comandado um trio em 2019, não eram surpresas na folia. Larissa, ex-vocalista do Ara Ketu, aliás, já é uma veterana de fevereiro e ainda viria a fazer outras cinco apresentações na festa de 2020. Na terça-feira, encerrando o carnaval, Larissa Luz puxou um trio com o Ministério Público (grupo de sound system do qual saiu Russo Passapusso) e surpreendeu ao misturar repertório próprio (“Gira”, “Macumba”, “Lama” e “Hipnose”) a hits do pagode baiano, do samba reggae e até uma versão ainda mais dancehall de “Man Down”, de Rihanna – sem dúvida, um dos pontos altos do carnaval.
No Aya Bass, Larissa Luz cedeu o protagonismo a suas amigas, que – radicadas em São Paulo – teriam menos dias para cantar em Salvador. Mostrando amadurecido trabalho autoral, cada uma delas levantou o público com pelo menos uma canção basilar. Se Larissa brilhou com “Hipnose”, Xênia França emocionou com “Pra Que Me Chamas?” e Luedji Luna confirmou que “Tô Te Querendo” é um hit que vai embalar verões por anos a fio.
Quem também mostrou a potência de “Tô Te Querendo” foi a Àttooxxá, coautora da canção com Luedji e OMULU. A banda de Rafa Dias, Oz, Raoni Knalha e Chibatinha fez cinco shows neste carnaval e se imaginava que o primeiro deles fosse o mais interessante. Assim como em 2019, os baianos dividiram o trio com Major Lazer e Tropkillaz (ano passado, até Anitta deu uma canja), mas a superlotação da pipoca e o comportamento de alguns brigões deixou o clima pesado no início do circuito – o que levou a reportagem para o trio de Luiz Caldas.
Porém, a energia positiva do Àttooxxá se fez sentir na segunda. A banda subiu num trio que servia de palco na Praça Castro Alves e fez um showzaço, ressignificando hits atuais do pagode baiano, como “Cerveja Me Fode”, da La Fúria, e tocando canções próprias, como “Faz a Egypsia”, “Chora Viola”, “Vai Ferver”, “Molinho”, “Bota o Capacete” e “Elas Gostam”. Ainda houve tempo para a participação da rapper paulista Drik Barbosa, que gravou “Tentação” com os baianos. Num carnaval de pouca contemplação a palcos e muita corrida atrás do trio, este foi um show que se destacou.
Menções honrosas
Finalizando o resumão do carnaval soteropolitano, temos ainda algumas menções honrosas. A primeira delas vai para o Olodum, que comemora 40 anos de existência e conseguiu driblar os horários pouco convidativos para fazer desfiles fortes tanto no Campo Grande quanto no Barra-Ondina.
Destacamos também o Palco Origens, montado no Espaço Cultural da Barroquinha, enclave entre o fim do circuito Osmar e o início do Batatinha. A iniciativa tinha como objetivo valorizar as origens da música baiana e, por isso, tocaram apenas artistas pretos, de diversos gêneros, do sambba reggae ao rap. Alguns dos citados anteriormente (Larissa Luz, Afrocidade, Cronista do Morro, Vandal) passaram pelo palco, que teve uma programação intensa e fortíssima. Também se apresentaram por lá OQuadro, Hiran, Nara Couto, Underismo, Rap Nova Era, TrapFunk & Alívio, Daganja, Opanijé, DiCerqueira e Batekoo, por exemplo. É um espaço a ser olhado com carinho, caso seja mantido nos próximos anos.
Por fim, uma das boas apresentações do carnaval foi a da Vitrola Baiana, banda que se propõe a fazer uma nova axé music através de influências do samba reggae, do pagodão baiano e do maracatu. O grupo fez três shows do carnaval e a reportagem o acompanhou em sua participação num minitrio que saiu na Mudança do Garcia, tradicional manifestação que acontece entre o circuito Riachão e o Osmar.
O som suingado da banda, que se destacou primeiro com “Megalodon”, balançou os foliões do Campo Grande com “Ouro Pouco”, “Pombo Sujo” e uma versão de verve percussiva e beats eletrônicos de “Odara”, clássico de Caetano Veloso. A Vitrola Baiana ainda não recebeu muita atenção fora de Salvador, mas é mais uma novidade que tem potencial para transcender as fronteiras da Bahia.
Agora, antes de encerrarmos, temos uma pergunta importante: partiu Salvador no carnaval de 2021?
Circuito Batatinha | Foto: Paula Fróes
– Nelson Oliveira é graduado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, atua como jornalista e fotógrafo, sobretudo nas áreas de esporte, cultura e comportamento. É diretor e editor-chefe da Calciopédia, site especializado em futebol italiano. Foi correspondente de Esportes para o Terra em Salvador e já frilou para Trivela e VICE. Todas as fotos retiradas do Facebook do Governo da Bahia. Confira galeria completa.