Resenhas por Paulo Pontes
“The New Normal”, Kane Roberts (Frontiers Music Srl)
Conhecido por seu trabalho ao lado de Alice Cooper nos álbuns “Constrictor” (1986) e “Raise Your Fist and Yell” (1987) — e por ter sido considerado o “Rambo do Rock”, devido a sua forma física —, o guitarrista Kane Roberts lança seu mais novo disco de estúdio: “The New Normal”. Após um início simplório com “King of the World”, que conta com a participação da guitarrista Nita Strauss (atual Alice Cooper), a pesada e ao mesmo tempo melódica “Wonderfull” já eleva um pouco o nível do trabalho, reforçando o quão bom guitarrista e vocalista Kane é. Mas é na terceira — e melhor — faixa do disco que as coisas realmente ficam boas. “Beginning of the End” já surpreende pelos convidados: Alissa White-Gluz (Arch Enemy), Aoyama Hideki (Kami-Band, banda de apoio da Babymetal), Kip Winger (Winger) e o ex-chefe de Kane, Alice Cooper. A música possui um refrão forte, grudento e moderno. Ainda vale destacar a balada “Who We Are”, que conta com a belíssima voz da cantora Katt Franich, e “The Lion’s Share”, além da moderna “Above & Beyond”. O restante do disco não decepciona, mas não é marcante.
Nota: 7
“Ride To Nowhere”, Inglorious (Frontiers Records)
“Ride To Nowhere” é o terceiro trabalho da banda britânica Inglorious, capitaneada pelo vocalista Nathan James, conhecido por suas participações nos programas televisivos “The Voice” e “Superstar”, mas que também passou por Trans-Siberian Orchestra e pelo grupo solo de Uli Jon Roth, o ex-guitarrista do Scorpions. O som aqui é um hard rock visceral com pitadas de modernismo, peso e algumas baladas. Os destaques do álbum vão para o vocalista Nathan James, que mesmo com alguns exageros, principalmente nos agudos, pode ser considerado um dos melhores cantores de Hard Rock da atualidade – o cara é nitidamente influenciado por David Coverdale, vocalista do Whitesnake –, e para as linhas marcantes criadas pelo baixista Colin Parkinson. Vale a pena dar uma conferida em músicas como “Where Are You Now?”, “Tomorrow”, “Time To Go”, “I Don’t Know You” e na belíssima e acústica “Glory Days”, que encerra “Ride To Nowhere” em grande estilo e com uma interpretação irretocável de Nathan. Após a gravação do disco, antes mesmo do seu lançamento, ocorreu uma debandada geral no Inglorious: os guitarristas Andreas Eriksson e Drew Lowe e o baixista Colin Parkinson decidiram sair da banda, aparentemente por uma incompatibilidade com Nathan James, que já resolveu a situação substituindo os três pelos guitarristas Danny Dela Cruz e Dan Stevens e pelo baixista brasileiro Vinnie Colla. O baterista Phil Beaver completa o quinteto.
Nota: 8,5
“Feral Roots”, Rival Sons (Atlantic Records)
Evolução, competência, qualidade e intensidade. Difícil definir “Feral Roots”, novo disco da banda norte-americana Rival Sons, em apenas uma palavra. Ele é tudo isso e mais um pouco. A sonoridade puxada para o Hard Rock setentista permanece, a influência do Blues Rock também, mas com muito mais texturas e timbres. O maior uso de violões, bem como o de corais espetaculares (é praticamente impossível não se arrepiar com a quase gospel “Shooting Stars”, faixa que encerra o trabalho), expandem a música do Rival Sons e a elevam a um novo patamar. A abertura do disco já se dá com um rockão de primeira, “Do Your Worst”, dono de um refrão cadenciado, daqueles pra se cantar junto nos shows. Outra faixa que merece destaque é “Back in the Woods”, que começa com um solo de bateria realizado por Mike Miley no melhor estilo John Bonham. “Look Away” é outra que deve ser evidenciada. “Stood By Me” traz influências de funk e soul music, quase que um encontro da banda com a sonoridade da Motown. As linhas vocais de Jay Buchanan, em todo o álbum — repletas de dinâmicas diferenciadas —, demonstram maturidade, fluem, surpreendem. Os timbres utilizados pelo guitarrista Scott Holiday também estão mais consistentes. O Rival Sons lança um trabalho de gente grande, um disco que coloca a banda um degrau acima. Não se assuste se, ao final do ano, vir “Feral Roots” nas mais variadas listas de Melhores do Ano, pelo menos do gênero em que está inserido, pois isso vai acontecer, merecidamente.
Nota: 9.5
– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash, assina a Kontratak Kultural e escreve de rock, hard rock e metal no Scream & Yell
Nada contra a ” salvação ” do rock chamado Greta Van Fleet, mas ignorar uma banda poderosa como o Rival Sons e uma incógnita!!!!
Até entendo a admiração que causa aos mais imberbes (e não só…), mas o GVF é uma banda muito pau mole…
Acabei de ouvir o novo do Rival Sons e fazia tempo que não ficava impactado com um disco de rock como esse!! É sensacional, na segunda e terceira audição apenas melhorou!