entrevista por Gil Luiz Mendes
Conheci Marcelo Costa, dono e editor desse espaço, que gentilmente nos empresta de vez em quando, através da Madalena. Acho que foi em algum boteco da Rua Augusta. Não me lembro ao certo, acho que Marceleza também não (nota do editor: não mesmo), e por motivos óbvios e etílicos. O que lembro é que num determinado abril de um ano não muito longe mandei uma mensagem para ele dizendo que iria para Goiânia cobrir o Bananada e se ele não queria alguns textos. De lá pra cá comecei a colaborar com entrevistas e outras coisas que jornalistas fazem, sempre tendo problema com prazos, para este Scream & Yell que vocês leem.
Depois de entregar mais um texto atrasado, Marcelo disse que queria fazer algo sobre o meu novo livro, “Depois da Curva do S”, lançado via Badoque Livros (o selo que eu criei pra lançar meus próprios livros). Ache que finalmente alguém faria uma resenha decente sobre algo que escrevi. Três livros no mundo e até agora nada. Mas meu querido editor me propôs essa pegadinha. Ri alto quando recebi a proposta da auto-entrevista, mas fui convencido depois que ele me mostrou que Marcelo Rubens Paiva e Leonardo Vinhas, também escriba da casa, já fizeram o mesmo.
Pois bem, o que você lerá abaixo é o Gil repórter perguntando para o Gil escritor. Acreditem, são pessoas bem diferentes apesar de manterem o falso mau humor e a tentativa de ser irônico como objetivos de vida. Além de “Depois da Curva do S”, o escritor também escreveu “Pala – Contos e Cantadas do Centro do Recife” (Editora Autografia) e organizou a coletânea de contos “A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta” (Badoque Livros), com 11 escritores declarando seu amor à cidade de Recife. Já o jornalista, aqui no Scream & Yell, entrevistou Charles Gavin, Nação Zumbi, Pavilhão 9, The Raulis, BaianaSystem, Trattores, Combo Cordeiro e Tibério Azul. Abaixo, os dois Gil se encontram.
Em tempo, que quiser adquirir os livros, basta procurar o entrevistado pelas redes sociais. @gilluizmendes.
Qual é a primeira pergunta que fazem os jornalistas que o entrevistam?
Jornalistas não costumam me entrevistar. Inclusive esse é um dos motivos dessa auto-entrevista.
Você decidiu largar o jornalismo para se dedicar a literatura?
Decidi, mas ainda não consegui.
De onde saíram as inspirações para os personagens e as histórias de “Depois da Curva dos S”?
Meu parceiro de crime e cremes, camisas 9 dos versos e poeta, Ni Brisant, foi uma das primeiras pessoas que leu esse livro, ainda quando ele era apenas um arquivo no Word, e deu a melhor definição. É uma autobiografia ficcional. Ou como diz o título daquele disco do Nenhum de Nós, são histórias reais de seres imaginários. Algumas situações aconteceram lá no bairro onde cresci, Candeias, mas como é literatura, tem uma boa romanceada nos fatos.
Você vivenciou ou testemunhou algumas dessas histórias?
Algumas eu vivi, outras eu só ouvi falar e outras inventei mesmo.
O que você espera ganhar com o livro?
Paz comigo mesmo. Essas histórias teimam em ficar na minha cabeça. Me liberto delas com esse livro publicado
Você, como jornalista, resenha discos, shows, jogos, cenários políticos. Está pronto para ler críticas sobre o seu?
Duvido que alguém fale tão mal dele quanto eu.
Se você não tivesse nenhum pudor, modéstia ou ego, o que você diria sobre seu próprio livro?
É uma egolombra de alguém que queria compartilhar umas histórias nem tão interessantes assim, mas que deveria ser lida pelos outros.
Quem é seu público?
A princípio só os meus amigos, mas me surpreendi ao ver na campanha de financiamento coletivo pessoas que eu nunca vi na vida comprando o meu livro. Realmente fiquei assustado com isso.
– Gil Luiz Mendes (https://www.facebook.com/gil.luizmendes), jornalista, viveu boa parte da vida no Recife e hoje mistura a sua loucura com a de São Paulo. Tem passagens pelas rádios Jornal do Commercio, CBN, Central3 e tem textos publicados no IG e na Carta Capital. É skatista e músico quando dá tempo.