Texto e fotos por Marcelo Costa
A Caravan Beer está de volta. Criada em setembro de 2014, a partir da empresa The Browery & Co, a Caravan Beer nasceu de sócios músicos inspirados em um dos maiores standarts do Jazz, a canção “Caravan”, de Juan Tizol e Duke Ellington, que já ganhou mais de 350 versões desde 1936, quando foi composta, e retornou à mídia recentemente através do filme “Whiplash”, de Damien Chazelle. Cervejaria cigana, a Caravan produz suas receitas no Brew Center, fábrica em Ipeuna, interior de São Paulo.
Tendo o mestre-cervejeiro Jaimes Neto à frente, um ex-chef de cozinha que descobriu cerveja artesanal numa temporada que trabalhou em Paris, a Caravan Beer remodelou seus rótulos na tentativa de trazer a Caravan da década de 20 para uma época de Jazz mais contemporâneo, segundo Jaimes, da década de 60 e 70. Junto às cervejas surgem playlists especiais escolhidas a dedo pelo pessoal da casa, que podem ser acessadas via QR Code em cada garrafa.
Neste retorno, a Caravan traz quatro receitas fixas, e promete ainda uma linha experimental e colaborativa. As fixas são: Caravan Summer Ale, de característica inglesa com lúpulos Mandarina Bavaria, Hallertau Blanc e Cascade, saindo um pouco da casinha (britânica), mas nem tanto; Caravan Ginger Pale Ale, agradabilíssima, refrescante e de alto drinkability; Caravan West Coast IPA, com 9 lúpulos, 7.1% de álcool e 70 IBUs de amargor marcante, mas delicioso, e final seco, como uma boa WC; E a versão da Caravan West Coast Citrus IPA, que mantém a receita, mas recebe adição de grapefruit num belo resultado.
Abaixo, três perguntas para Jaimes Neto:
Caravan e Jazz: como rolou essa inspiração musical para a cervejaria?
Todos os sócios da Caravan são músicos e a gente tem uma paixão muito grande por música, que até começou com músicas mais atuais que estávamos acostumados (a ouvir e a tocar), mas conforme fomos estudando começamos a querer meio que chegar à origem, vamos dizer assim, da música. E percebemos que o Jazz é uma das pedras fundamentais da música moderna. Além disso, entendemos que o Jazz é um estilo de música extremamente técnico de se executar, mas, ao mesmo tempo, super fácil de se apreciar. Então tentamos trazer para as cervejas da Caravan um pouquinho dessa técnica de produção, mas com um resultado muito fácil de se agradar, e que agrada desde um paladar um pouquinho mais leigo até um paladar um pouco mais desenvolvido no meio da cerveja artesanal.
A Caravan chegou a lançar algumas cervejas em 2016 e retorna agora com novas receitas, novos rótulos e formato. O que mudou? O que há de novidade? E essa história das playlists no Spotify?
A gente antes tinha uma linha de rótulos um pouco mais clássica, mas já fazendo referencia ao Jazz. Agora a gente decidiu trazer a linha da década de 20 para um Jazz mais contemporâneo, década de 60 e 70, onde começou essa junção da parte artística das capas dos álbuns com a música, efetivamente, esse jogo. Então decidimos trazer esse lado mais artístico, mais lúdico, mais vivo para os rótulos neste novo momento, porque entendemos que tudo é baseado na experiência. Como a gente justamente propõe essa temática do Jazz, e a bebida e a música sempre andaram lado a lado, uma coisa meio que puxa a outra, um momento de descontração e relaxamento, você vai tomar uma cervejinha e sempre coloca uma música, então a gente propõe para cada um dos rótulos uma playlist no Spotify feita por nós mesmos, cada playlist representa mais ou menos a intensidade de cada cerveja, alguma característica. Vai da Caravan Summer Ale, que inspirou uma playlist com Jazz um pouco mais calminho (algo como “Summertime”), até a Caravan West Coast Citrus, que é mais intensa, e você irá ouvir um Jazz mais “puxado” (Coltrane) e também um samba-jazz brasileiro, acelerado. As playlists tem um pouco de tudo, mas a ideia é tentar refletir um pouco da intensidade da cerveja na playlist.
Um sucesso na apresentação da nova linha para a imprensa no Empório Alto dos Pinheiros foi a Caravan Ginger Pale Ale e eu queria que você falasse um pouco sobre ela…
O processo tenho que manter esse segredo (risos), porque acho que, hoje em dia, essa cerveja é um diferencial nosso, e essa capacidade de adicionar o gengibre na cerveja não é algo fácil. Mas a Caravan Ginger Pale Ale surgiu de algumas experiências que eu fazia em casa, de produzir esse fermentado de gengibre e experimenta-lo com cerveja. (Nestes testes) encontrei uma equação que acabou se mostrando ser muito redonda, muito equilibrada, que é o que resultou nessa cerveja.