por Marcelo Costa
Em 1994, Ian McCulloch, líder de uma das maiores bandas do rock inglês na década de 80, estava sem rumo no rock and roll. Ian havia deixado o Echo & The Bunnymen em 1988 para seguir carreira solo. Em 1994, no entanto, o vocalista já havia lançado dois álbuns solo (“Candleland” e “Mysterio”) que não repercutiram, e assim como Will Sargeant, guitarrista do Echo, estava boquiaberto com um fenômeno chamado Nirvana. O reencontro destes dois heróis da pós-punk resultou no projeto Electrafixion e em um dos grandes álbuns do rock nos anos 90, “Burned”, que está sendo relançado no mercado europeu em versão dupla estendida, com vinte músicas a mais do que o lançamento original, de 1995.
Se o Echo & The Bunnymen sempre soou como uma mistura bem azeitada de Beatles, Doors, Velvet e Stones, passados pelo furacão punk, o Electrafixion nada mais é do que o próprio Echo & The Bunnymen (e todas as influências supracitadas) passado pela tempestade grunge. Teclados, climatizações e orquestração saem de cena. A sujeira das guitarras impera. Will se coloca quilômetros à frente de outros guitarristas, tamanho a gama de efeitos, improvisos e riffs impossíveis que inventa.
Entre as 11 poderosas faixas do lançamento original há espaço para a demência em forma de barulho (“Fell My Pulse”), show particulares de Will (“Sister Pain”, “Lowdown”, “Never”), rocks dançantes (“Zephyr”), baladas psicodélicas (“Whose Been Sleeping In My Head?”) e a poesia amargurada de Ian, em um estado de perda de fé e direção. “Pensei que tivesse as respostas, agora não sei”, canta ele em “Never”. “Preciso de uma surpresa nova, preciso de redenção”, diz a letra de “Mirrorball”.
Neste relançamento estão inclusos todas as faixas inéditas relegadas a b-sides (algumas, sensacionais, como a faixa título, ou apenas excelentes, como as longas “Holy Grail” e “Land Of The Dying Sun”; as dançantes “Subway Train” e “Razor’s Edge”; ou as psicodélicas e barulhentas “Not Of This World” e “Work It On Out”) além de nove faixas registradas ao vivo no Shepherds Bush Empire, em outubro de 1995, que foram lançadas à época no single triplo “Live Album Box”, da qual se destaca uma poderosa versão de “Loose”, dos Stooges, que o Echo pós-Electrafixion tocou no Brasil, em 1999.
Em 1995, um crítico escreveu que esse era o disco que Blur e Oasis se matariam para fazer. Vou além: esse é o disco que toda galera grunge ficou devendo após o estouro da cena. Porém, o projeto acabou exatamente neste álbum. Quando se preparavam para o segundo disco, o baixista Les Pattinson topou a volta e Ian e Will retomaram o Echo & The Bunnymen, melodioso e apaixonado, e colocou na praça o excelente “Evergreen”. Mas o estrago já estava feito.
Texto atualizado para o relançamento; original escrito em 2000
Zephyr é demais, já ouvi essa faixa.
besos.
Parabéns por seus excelentes textos
Caro, hein!
Caramba,55 reais???!!!!!
Já havia escutado falar desse disco,mas nunca ouvi,com certeza vou atrás nem que seja baixndo pela internet.Sou muito fã do Echo.
Essa mensagem é só pra agradecer as suas indicações de banda.Davastations é ótimo,baixei na internet(Nunca vi o cd em lojas por aqui),e já é um dos que mais ouço.Vou baixar o outro disco deles.Valeu muito a indicação…Abraço
Na epoca escutei esse disco….
:))
Eu nem sei exatamente quando me apaixonei por Echo, mas sei que é uma paixão “para sempre”, e isso eleva o sentimento à “amor”. Rs. O único problema é a dificuldade imensa de encontrar os cds mais antigos por aqui. E quando acha, é imensamente caro… mas vale, cada faixa, cada acorde!
Adorei a dica!
Sou grande fã das bandas de Manchester em especial o Echo & The Bunnymen, valeu pelo toque vou correr atrás desse disco.
Alguém sabe onde encontrar pra baixar essa versão dupla do album,pois não encontrei nem no soulseek.Baixei a versão normal do album e achei muito bom realmente,mas tô muito na pilha pra encontrar a versão dupla e ouvir as musicas que ficaram de fora.
Tenho esse disco desde o lançamento original e o single “Lowdown”, alias essa musica e do Mac/Wiil e J. Marr dos Smiths. A parceria dos “coelhomens” com J. Marr rendeu uma lenda de que eles haviam gravado um album completo e que os tapes haviam desaparecido, ate hoje isso nao foi confirmado.
Ah e um recadinho para os fãs dos Bunnymen, no orkut tem a comunidade da banda (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=45119), no topico multimidia tem muita coisa interessante pra baixar, desde bsides,bootlegs e e claro ainda essa semana pinta o BURNED duplo.
E voltando ao Electrafixion. Em entrevista o Ian afirmou com todas as letras que foi muito influenciado pelo NEVERMIND na feitura do Burned. O resultado e simplesmente maravilhoso. Concordo com o Marcelo : E o disco da decada de 90 , pena que poucos o descobriram.
Sugar Kisses for All !!!!
Quem diria que os homens-Coelhos, famosos por canções- pop perfeitas dos anos 80 iriam fazer uma “sujeira” dessas no rock! Sem dúvida Burned foi um soco no estômago de muita gente e uma prova do que muitos ja sabiam: Ian e Will têm a competência de transitar no melhor do rock, sejam em uma “Killing Moon” ou em uma “Feel My Pulse” Tive a alegria de ouvir “Loose” no show de 99 aqui em Curitiba – maior surpresa!
Havia acabado de perder meu emprego … Peguei a grana do acerto e fui na Galeria do Rock.
Comprei “Grand Prix” do Teenage Fanclub e esse maravilhoso album do Electrafixion.
Guitarras poderosas, distorção e a voz de Deus de Ian McCulloch.
Juro, a tristeza da perda do emprego passou por um bom bocado de dias…