por Marcelo Costa
“Duetos”, Renato Russo (EMI)
Picaretagem. “Duetos” traz quinze canções, seis delas já lançadas (sendo que quatro integram “Renato Russo Presente”, coletânea de sobras de 2003). Das outras nove, dois registros ao vivo saíram do programa Por Acaso, de José Mauricio Machline, de 1994: “Só Louco”, com Dorival Caymmi, e “Esquadros”, com Adriana Calcanhoto, são mais curiosidade do que musicalidade. O terceiro dueto real é “Celeste”, demo que Renato gravou com Marisa Monte da música que se chamaria “Soul Parsifal” em “A Tempestade”, último (e excelente e tristissimo) disco da Legião. As seis faixas restantes são encontros falsos. O produtor Clemente Magalhães sacou a voz de Renato das masters originais e inseriu as vozes de Caetano (“Change Partners”, do disco “O Último Solo”, 1997), Laura Pausini (que “divide” a sua “Strani Amori”), Fernanda Takai (em “Like a Lover”, única faixa realmente inédita do projeto) e Cássia Eller, cuja voz foi retirada de um tributo a Renato em 1999. Indicado para adeptos da necrofilia da arte.
Preço em média: R$ 30
Nota: 3
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“O Bem Amado”, Trilha Sonora (Universal)
A trilha sonora clássica da novela, de 1973, foi assinada por Toquinho e Vinicius. Para esta versão cinematográfica (que chega aos cinemas dia 23/07), a trilha assinada por Caetano Veloso, Berna Ceppas e Mauro Lima também recebeu atenção especial. São sete músicas inéditas e três releituras que merecem audição além cinema. Caetano compôs duas músicas. A primeira, a deliciosa “Esta Terra” (parceria com José Almino), mistura sertão com tropicália. A segunda, o samba canção brega “A Vida é Ruim”, ganhou uma versão instrumental e outra (cruel e hilária) cantada por Zélia Duncan. Thalma de Freitas, Nina Becker e Cecilia Spyer fazem um corinho sedutor em “Jingle de Odorico”, Jorge Mautner revisita sua “A Bandeira do Meu Partido” (que é vermelha e socialista) enquanto Leo Jaime reúne os Miquinhos em “Boogie Sem Nome”, Zé Ramalho interpreta “Carcará” e Mallu Magalhães tenta cantar (com sua falta de voz) “Nossa Canção”, de Luiz Ayrão, sucesso com o Rei Roberto, e fica bonitinho. Odorico aprovaria.
Preço em média: R$ 25
Nota: 7
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“Calango 15 Anos”, Skank (Sony Music)
O mercado encolheu. Hoje em dia, quem vende 50 mil cópias se acha rei. Esse número ainda vai cair para 10 mil, ladeira abaixo. Quinze anos atrás, porém, o Skank, que tinha cravado dois semi-hits de sua estréia (“O Homem Que Sabia Demais” e “Indignação”), vendeu 1 milhão e 220 mil cópias de seu segundo disco, “Calango” (“O Samba Poconé”, o disco seguinte, venderia 1 milhão e 810 mil cópias em 1996), que retorna às lojas em versão comemorativa encorpada e com texto do jornalista Ricardo Alexandre contando a história do álbum que colocou o quarteto mineiro no grupo de elite da música brasileira. Hits se atropelaram nas rádios (“Te Ver”, “Jackie Tequila”, “É Proibido Fumar” e “Pacato Cidadão” foram as mais tocadas, mas “Amolação”, “Esmola”, “Chega Disso!” e “O Beijo E a Reza” também freqüentaram o dial) e retornam acompanhados de quatro versões demo, dois remixes e duas versões em espanhol. Talvez não seja o melhor disco da banda (“Maquinarama”, de 2000, entra na briga), mas é o mais importante.
Preço em média: R$ 25
Nota: 9
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O Calango é muito bom, mas, na briga com o Maquinarama, fico com o segundo. E viva o Skank, uma das melhores bandas mineiras de todos os tempos! \o/
Necrofilia da arte, foi foda…
uahuahuahuahua
Calango foi um album do Skank que marcou muito a vida de quem tem hoje uns 30 e poucos anos, é mesmo um hit atrás do outro e agitava as festas do segundo grau, e os shows então… todos cantando os grandes hits. Um ótimo album que não se apoia em um um dois singles e o restante do material só pra ocupar espaço e sim um bom album de pop/rock.Ainda digo mais esse album coincidiu com o que eu julgo ser o auge da MTV como influencia de consumo de música, o disk mtv e top20 eram bem populares, o canal passava música em vez das bobagens de hoje. E o Skank aparecia bastante com seus vídeos, “te ver” entaõ nem se fala, participava dos programas, entrevistas apresentações ao vivo.
maquinarama!!!
Pow, eu gosto muito do Cosmotron, mas o Calango tocou muito e levou um Skank para um patamar maior de suceso.
é a mesma história com o nirvana. o In Utero é mais foda, mais a cara dop compositor, porém o Nevermind é o mais importante.
Necrofilia da arte, foi foda… [2]
E ainda vai vir mais….
2020 e o escandaloso caso da invasão do material de Marcelo Froes… A Necrofilia da Arte!