por Adriano Costa
Quando “O Espetacular Homem-Aranha” chegou aos cinemas em 2012, a desconfiança era elevada. Reiniciar a franquia do aracnídeo após o sucesso da trilogia comandada pelo diretor Sam Raimi depois de tão pouco tempo (o último longa saiu em 2007) era, no mínimo, uma aposta arriscada. No comando deste recomeço estava o diretor Marc Webb, de “500 Dias com Ela” (2009), e o resultado, como se viu nos cinemas, fez jus a toda a desconfiança levantada antes por não acrescentar praticamente nada na história do personagem na telona.
Apesar disso, o bonde seguiu em frente e o segundo filme dessa nova empreitada chegou recentemente aos cinemas. “O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro” surge com a missão de redimir o primeiro trabalho, recolocar a franquia nos eixos e ser uma produção relevante (além, lógico, de gerar um belo lucro aos envolvidos). Na chefia está o mesmo diretor Marc Webb, além do mesmo elenco base do filme de 2012, que conta com Andrew Garfield como o super-herói lançador de teias, Emma Stone como Gwen Stacy e Sally Field como a tia May.
A trama apresenta os motivos que fizeram o pai de Peter Parker sumir, correlacionando este sumiço com as empresas Oscorp ao mesmo tempo em que coloca em cena um novo vilão, o Electro. Se nos quadrinhos o vilão tem como maior objetivo a obtenção do lucro fácil, aqui ele ganha ares atormentados de adequação social e solidão. O ator Jamie Foxx interpreta o personagem em uma roupagem visual exagerada e burlesca, apesar da boa apresentação visual dos seus poderes quando utilizados.
Peter Parker está no cerne disso tudo: da descoberta da vida anterior do pai, das dificuldades do relacionamento com Gwen Stacy, proibido pelo falecido pai da moça, e da proteção a sua estimada cidade. A ideia do roteiro em investir num lado mais alegre do personagem, tendo como foco piadas e gracinhas que fazem sucesso nos quadrinhos, fica mais clara que nunca em “O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro”. E apesar de funcionar vez ou outra, não flui bem em grande parte do filme, como na passagem em que o herói atende a um celular enquanto cuida de um problema, tentativa frágil de adequação aos nossos tempos.
Harry Osborn, figura primordial na história do herói e da primeira trilogia, é finalmente apresentando nesta nova fase. Dane DeHann é o ator que cuida dessa roupagem recente e deixa de fora o alto astral e o estilo playboy do personagem para investir nos problemas familiares, repleto de dor e de tormento. A transferência de profundidade do protagonista para os coadjuvantes ocorre novamente e não atrai bons resultados. O Harry Osborn de Dane DeHann é mal construído, grotesco e com entradas forçadas.
Em “O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro”, Marc Webb decepciona de novo e apresenta um filme ainda mais fraco que o anterior, valendo somente pelas cenas de ação e pelas viagens do amigão da vizinhança pelos prédios. É muito pouco. Até a presença de Paul Giamatti, como um criminoso russo, passa batido. Para os fãs existem alguns agrados – como o Rino (mesmo que descaracterizado e malfeito) e vislumbres do Abutre –, mas ainda sim é pouco. Falta ritmo, falta estilo, faltam boas atuações e, principalmente, falta uma trama a altura do herói num filme longo demais.
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop
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O legal é que em meio a um tiroteio em nova iorque todos os moradores acompanham atrás de uma faixa de isolamento, ninguém parece desesperado a ponto de correr.