Texto por Bruno Lisboa
Fotos por Pablo Bernardo
Aproveitando o gancho do recém-lançado terceiro disco, “De Lá Não Ando Só”, disponibilizado gratuitamente para download gratuito no Scream & Yell, os mineiros da Transmissor realizaram um bela apresentação dando início a sua nova turnê no Teatro Bradesco, em Belo Horizonte, numa sexta (09/05). Em formato sexteto, com Daniel Debarry (ex-Udora) efetivado no baixo e, nesta noite, sem Thiago Corrêa (que se divide entre a Transmissor, a banda dos sertanejos Victor e Léo e uma série de outros projetos), mas com Victor Magalhães, do Iconilli, apoiando nos teclados, o grupo optou acertadamente pelo caminho da reformulação sonora.
Contando com uma pequena e estranhamente inexpressiva plateia, a apresentação se seguiria em um formato atípico, alternando momentos de tímida lucidez e reação por parte do público presente seguido de um silêncio sepulcral. Uma pena dada a tamanha dedicação do grupo que seguiria por toda a noite. Alheios à imparcialidade dos presentes, o sexteto iniciou pontualmente a apresentação com “Queima o Sol”, cartão de visita do novo trabalho, e na sequência “Bonina”, singelo hit do álbum “Nacional” (2011).
Privilegiando o repertório recente, que ao vivo ganha luz e visceralidade, a banda executou quase que na íntegra o seu mais recente rebento, e o grupo estreante de canções passou no teste e funcionou muito bem no palco. De “De Lá Não Ando Só” saíram “Mais Quente”, a acelerada “Só Um”, a enigmática “Casa Branca”, a radioheadiana “Retiro”, a belíssima “25 Horas Por Dia” (que já havia sido apresentada ao vivo em São Paulo, em dezembro passado), “Nossas Horas” e a faixa título.
Optando por intercalar sucessos e pérolas dos discos anteriores com as faixas novas, foi necessária certa reinvenção de arranjos para que tudo funcionasse bem. Se nos dois álbuns anteriores, a linguagem pop dialogava com a delicadeza dos arranjos, aqui a rispidez se faz presente, pois “De Lá Não Ando Só” é um disco que aposta numa atmosfera rock (escolha valorizada pela produção de Carlos Eduardo Miranda), e acertadamente o grupo adequou diversas faixas antigas à nova sonoridade.
“1º de agosto”, com Jennifer Souza nos vocais substituindo Thiago, “Eu e Você”, “Colorida” e “Janela” (todas do disco de estreia, “Sociedade do Crivo Mútuo”, de 2009) ganharam mais camadas e peso. Do “Nacional”, “Só se for Domingo” também ganhou um novo andamento, que dialoga diretamente com a novata “Nossas Horas”. Do aclamado segundo disco ainda vieram a versão de “Nada Será Como Antes”, do Clube da Esquina, e “Dessa Vez” que encerrou a noite após cerca de uma hora e vinte minutos de apresentação.
Somado a musicalidade impressa, a apresentação primou por um largo apelo visual, com projeções artísticas criadas especialmente para a nova turnê, e dialogando esteticamente com a nova proposta sonora. Renovado e com lenha para queimar, a Transmissor tem tudo para manter o alto padrão já presente nestes oito anos de bons serviços à música. A turnê que seguirá Brasil a fora tem tudo para dar certo, e vale ficar de olhos (e ouvidos) abertos, porque eles merecem companhia nessa caminhada.
– Bruno Lisboa é redator e colunista do site pignes.com e colaborador do site Festivaisbr.com.
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Uma pena que não houve publico,pois perderam um dos grandes shows no Brasil ultimamente.Show de riqueza de detalhes,arranjos e tudo mais.Isso é foda.