Texto, vídeos e fotos por Marcelo Costa
Numa das quintas-feiras mais frias dos últimos 52 anos na cidade de São Paulo, Nevilton conseguiu reunir um bom número de corajosos na Choperia do Sesc Pompeia para celebrar o lançamento de “Sacode”, seu elogiado segundo álbum, numa noite que contava com participações especiais de Martin Mendonça (Agridoce) e Daniel Groove – e incluía a percussão de Michel Machado, que deu um colorido especial às canções.
À frente da festa, a dupla de guerreiros Nevilton de Alencar (guitarra e voz) e Tiago Lobão (baixo e vocais) enfrentava a dificuldade da perda, pela segunda vez, do baterista Éder Chapolla, que havia deixado o grupo poucos dias atrás. A dupla de Umuarama se concentrou nas novas canções e compensou a ausência do parceiro – que se não abalou nitidamente o ataque do grupo, prejudicou o quesito improvisação – com muita garra e ânimo.
Segurando as baquetas provisoriamente, o capixaba Bruno Castro (Pessoal da Nasa / Rajar) – que teve apenas uma semana para aprender todas as canções – cumpriu com louvor a função dando segurança para que Nevilton e Lobão exibissem ao vivo algumas festejadas canções do primeiro álbum, “De Verdade” (2001), e as 12 faixas de “Sacode”, álbum produzido por Carlos Eduardo Miranda, que conferiu peso, nitidez e punch às canções do grupo.
Ao vivo, canções fortes como “Crônica” e “Noite Alta” soam robustas, impecáveis, com os riffs fortes de guitarra cortando o ar, e conquistando o público. Martin Mendonça subiu ao palco para dividir riffs e vocais numa versão turbinada de “Vou Ver o Mar” enquanto “Porcelana”, talvez a melhor canção que Nevilton já escreveu (não à toa, uma sincera homenagem a seu avô), surgiu cristalina, empolgante, e deve (e vai) melhorar muito ainda ao vivo.
O pequeno público não decepcionou e sacudiu nas canções novas (a pegada funkeada de “Satisfação” caiu bem na noite gélida assim como a baladinha “Friozinho” serviu para os sortudos casais se aproximarem) e festejou “A Máscara”, “Tempos de Maracujá” e “O Morno”. O final, festeiro, trouxe “Bailinho Particular” (algo como Ramones encontra Luiz Gonzaga), fechando uma noite que demonstrou com nitidez o avanço musical de Nevilton.
Em um show que também deixou clara a preocupação da dupla de montar um espetáculo coeso (com direito a Tiago Lobão bancando – ainda que desajeitado – o mestre de cerimonias), Nevilton provou que consegue sair de situações adversas e empolgar. Fica a torcida para que a dupla consiga um grande novo baterista, pois “Sacode”, um dos grandes discos de 2013 (ouça aqui), precisa continuar ecoando pelas cidades do país. Encosta a mesa na parede, amigo. Nevilton quer espaço. E merece.
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne
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Nevilton representa! Vida longa a banda!
Muito bacana o Scream & yell sempre dando espaço para o Nevilton, ótima banda com dois bons álbuns já lançados , e que merece uma maior divulgação de seu som.