por Marcos Xi
Neste instante, a cena carioca está passando por uma grande e importante mudança. Algumas bandas mais antigas vão anunciar – ou já estão anunciando – fim e integrantes estão saindo das que sobraram. Isso acontece ao mesmo tempo em que a fortificação de bandas novas e o relacionamento entre elas e casas de shows se multiplica, traçando o reinício do círculo que define a safra musical de um Estado.
Após um breve período de descrédito com a cena carioca por parte dos seus próprios membros, novos nomes começam a se juntar com velhos personagens da cultura da noite para jam sessions, saídas para beber e até apresentarem-se juntos. A crítica, principalmente a independente, aos poucos começa a olhar com mais carinho para as novidades, facilitando a divulgação de shows e bandas, diminuindo o boom que as baladas de DJs trouxeram na noite carioca, principalmente do meio ao fim da última década.
Com a ascensão do trabalho de Cícero e a posição privilegiada que Dorgas, Mahmundi e Tereza vêm tomando, os novos representantes da música do Rio de Janeiro estão pouco a pouco tomando formas, mas não definindo pontos fixos. O ano de 2012 é um ano de transição e é o momento mais interessante para início de novos projetos, até por causa da chegada da Copa do Mundo no Estado em 2014 – o que exigirá muito da noite na cidade e do profissionalismo de músicos, casas e produtores.
Sem citar nomes (o que não impede a especulação nos comentários), nos próximos meses (talvez dias), uma das grandes bandas da cena carioca irá acabar, outra começará a se desmantelar, e várias encerraram atividades nos últimos dois anos, enquanto alguns integrantes dessas bandas começarão a se cruzar para começar suas próprias novas bandas. Por exemplo, Lucas Castello-Branco, que acabou de encerrar os afazeres da R.Sigma, começará a produzir seu trabalho solo próprio, enquanto Gabriel Ventura, do Tipo Uísque, também deve começar a trabalhar suas próprias músicas com outros membros da cena, além de tocar no Posada e o Clã da Pá Virada.
Este reaquecimento da cena se deve também a movimentações de casas de shows (principalmente o reposicionamento cultural do Circo Voador, da Casa da Matriz e a criação do Cedo e Sentado do Studio RJ) e da organização que a produtora Ponte Plural vem trazendo para a cena, sem esquecer-se de outros meios alternativos de apresentação, como os circuitos da Barra da Tijuca e festas como a College, na Lapa, e a Roqueadores, em Realengo. Claro que alguns já existem há anos, mas funcionavam como pontos isolados dentro da cena e com o tempo acabaram se mudando para locais maiores ou se reestruturando por causa exatamente do aumento da procura.
A cena eletrônica também ganhou força com a importação do The Twelves e agora tem representantes de peso como Leo Justi e o Strauzs, com uma casa de evento bem ao estilo, a Comuna, em Botafogo. Outros nomes deverão ainda chegar aos ouvidos maiores, como Isadora, Sararás Livres, Driving Music, além da turma da Zona Oeste carioca que começa a despontar seu trabalho de maneira mais concisa e cuidadosa.
O mais importante, a saber, é que este ano é o momento mais que perfeito para o início de novas empreitadas e o remodelamento da cena musical da cidade, visando sempre o futuro e a qualidade de trabalho. Porém, a meta não é ser o próximo Moptop, Los Hermanos ou Planet Hemp e não é isso que a geração quer propor e sim muito além.
Não são só os jornalistas e produtores cariocas que tem que ficar de olho no que está acontecendo na cidade, mas sim qualquer amante de música e novidades, pois neste instante pode estar nascendo a sua próxima banda favorita, num canto da cidade do mesmo tamanho ou menor que a Audio Rebel, mas com a mesma qualidade dos artistas que lotam a Fundição Progresso. Fique atento.
– Marcos Xi (@marcosxi) é editor do Rock in Press
Leia também:
– Uma hora e meia de papo com Fábio Andrade, do Driving Music, por Bruno Capelas (aqui)
– “Temos excelentes bandas no Rio”, avisa o Tipo Uísque, por Renata Arruda (aqui)
– Phillip Long, um dos destaques da nova cena folk nacional, por Renata Arruda (aqui)
– ” No Rio, existe uma cultura de entretenimento”, diz Qinho, por Marcos Paulino (aqui)
– “O Rio tem uma segregação forte”, diz Letícia, do Letuce, por Bruno Capelas (aqui)
– “O Rio é totalmente diferente de São Paulo”, diz Cícero, por Jorge Wagner (aqui)
boaaaaaaaaaa
acho que ainda é cedo pra falarmos de “cena” outra vez, mas é um começo. essa reorganização, essas jams entre a “turma do r. sigma” e o pessoal do Cícero, o disco solo do Bruno Schulz… isso tudo vai ser legal. o problema do Rio está mesmo na pose de barão do público, nessa coisa de que quem mora na Tijuca não vai ao Studio, quem mora em Ipanema não vai à Barra e quem está pela Lapa prefere ficar bebendo na rua do que entrar em uma casa para ver alguém tocar. e como se muda isso?
O que poderia ser considerado “cena” no Rio de Janeiro, aconteceu nos anos 90.
Jorge, acho que dá para chamar de cena sim. Tem todos os elementos necessários, mas ainda há de melhorar e amadurecer para ficar realmente com CARA de cena, que é isso que falta. Quanto ao público, acredito que tem sido lentamente gradativa a criação de público novo e que isso não tem acompanhado o crescimento das bandas, mas ainda sim há um crescimento. O Cícero tem tido uma política de sempre chamar todos os membros importantes da cena carioca para criar uma união, absorvendo o público um do outro, fazendo dele, no momento, um dos líderes e mostrando para o próprio público dele que há outras coisas legais aqui no Rio. Esta já é uma excelente iniciativa, vale frisar.
Qual a banda que vai acabar,hehe?Tem dica.
Tem: tem dois guitarras na banda
O bairrismo é realmente uma coisa irritante no rio que atrapalha a integração e o potencial de público não só na música, mas em toda a cena cultural. Como carioca há muito exilada fico impressionada toda vez q vou à cidade e vejo meus amigos ainda presos à “distância”. Se o show é em ipanema, o cara que mora na tijuca acha q não deve ir. Se for na Tijuca, o cara da zona sul se recusa a atravessar o rebouças. Daí, gera essa coisa fragmentada em nichos que nunca atinge o potencial de público. Ou só atinge quando vira sucesso de alguma novela, argh! Em SP nunca senti isso. O pessoal se movimenta bem mais, apesar do trânsito caótico.
O que ferra com a “cena” no Rio de Janeiro é essa mentalidade hipster besta. Dos quatro videos que foram postados aqui, na minha opinião, só o do Cícero se salva, e por pouco! Os outros são terríveis, chatos, músicas sofríveis. As bandas citadas no post são muito chatinhas. Eu gosto de rock, mas rock mesmo, clássico, cru, tipo de Led Zepellin, de Stones, de AC/DC, de Nirvana, Foo Fighters, Black Keys. E tem muita banda boa fazendo esse tipo de som aqui no Rio, só que elas não são lembradas nem pela grande mídia e nem pela mídia alternativa, hipster e egoísta, que deseja sempre achar a mais nova bandinha cool do momento.
Se o emo detonou a cena rock de sampa (Fresno, Cine, NX Zero), o hipster está ferrando com a cena rock do Rio, com esse bando de bandinha chata e ruim!
No dia em que essa galerinha hipster parar de achar que o Rio é NY ou Londres (andar de cachecol no verão carioca é dose!) e começar a realmente dar valor às bandas de rock dessa cidade, talvez o Rio volte a ter uma cena de fato e volte a figurar no cenário rock em âmbito nacional. Agora enquanto essa “mídia” hipster continuar usando as mídias sociais, blogs e afins para divulgar esse monte de bandinha chata, vai tudo continuar a mesma bosta.
Aiaiai, então. O bairrismo é uma coisa BEM relativa nesse papo. Porque, por exemplo, 2/3 das casas de show mais movimentadas do Rio de Janeiro ficam na Zona Sul/Lapa, assim como o público que as frequenta. Eu, morador da Zona Oeste, SEMPRE vou e encontro vários grupos da minha área e da Zona Norte nos shows, chegando sempre a ver grupos voltando juntos. Acho que o bairrismo vem da cabeça de quem mora nos próprios bairros nobres cariocas, que não precisam se deslocar tanto para ver um evento e por isso não vão à outros bairros. Acho que o maior problema no Rio de Janeiro é a formação de público e como fazer disso uma realidade constante.
Letz, sua opinião é pessoal demais para entrar numa discussão. Mas te informo que o circuito de casas de show da Barra da Tijuca tem um grande espaço para bandas do estilo que você gosta, com frequência de shows inclusive em dias da semana.
Cara, o que é esse último vídeo aí? Desse Strausz… Putz, que coisa horrorosa. Se for uma piada, tanto a música, quanto o vídeo, perdoem minha ignorância. Mas explica porque a cena carioca não é levada a sério. Desses vídeos aí gostei do Cícero e do Driving Music, que nunca vai fazer sucesso, nem na cena carioca, e nem no Brasil, pois com letras em inglês, vão ficar restritos a meia dúzia. Aqui no Rio, nos anos 90, tinha o Beach Lizards, banda sensacional que nunca saiu do “underground do underground”. E a cena dessa década tinham outras coisas legais que só se lembra que acompanhou muito de perto. Dash, Second Come, Pelvs, acho que nenhuma delas existe mais. É complicado…
duas bandas citadas aqui, que são bandas que o Xi sempre comenta, nunca me soaram bem. uma delas, em particular, fui ouvir com grandes expectativas quando trabalhei na Melody Box, e o resultado foi frustrante. talvez fizesse algum sentido em 2004, quando a onda de uma boa turma local era soar Strokes, mas hoje… não faz sentido.
o Rio tem gente legal como o Pietros e o Letto que, cada um com seu gênero, tem potencial pra fazer bonito no restante do país. Pietros, por exemplo, é POP no melhor sentido da palavra, daqueles que com uma produção acertada, conseguiria agradar o garoto fã de guitarras e a garota que só fica em casa estudando, sem ser um produto de (micro) nicho. já o Letto poderia agradar viúvas de LH, universitários e congêneres sem ter que apelar para ~versão maracatu~ de Radiohead.
há algumas lacunas nesse meio, algo em falta para que essa “entressafra”, como o Mac definiu, amadureça. o bairrismo citado pela aiaiai é um ponto. o fim do coleguismo e o aumento de critérios, o fim do “passar de mão na cabeça”, como o Yuri comentou no twitter, é outro.
Três coisas: 1) quem falou que não existe cena no Rio está certíssimo. Cena, se alguém não sabe, são bandas amigas, que se frequentam, usam camisas uma da outra no palco e se agrupam em torno de algo. Não um bando de grupos cada um de um lugar que só se encontra de vez em quando 2) Boa parte das bandas citadas aqui não tem qualidade para formar cena alguma, muito menos para ser os próximos Moptop ou Planet Hemp; 3) O texto acima poderia ter sido escrito nos anos 90, 00 ou até 80 – só trocar os nomes das bandas e lugares citados.
Vale avisar que definir a cena pelos vídeos que vocês estão vendo (e que pelo visto ninguém conhecia nenhuma banda, mostrando mais um porque de a cena estar desestruturada assim) não mostra nada e LÓGICO que eu não citei todas as bandas no post, porque se não o texto ia ficar chato.
JW, o Letto é ótimo, mas uma vez eu, como representante carioca de um coletivo de blogs que quer mostrar a cena independente brasileira com uma mixtape por mês, escolhi o Letto e seu “Aeroporto de Pipas”. O cara mandou um email para a organização reclamando que estava sendo chamado de carioca (mesmo que tenha nascido aqui, mora aqui e faz as coisas e clipes aqui) e que gostaria de deixar bem claro que o coração dele é potiguar. Então, amigo, daí já tá para tirar muita coisa sobre ele.
Amaury, você está definitivamente parado no tempo e não acompanha a cena. O Second Come, inclusive, voltou e está fazendo alguns shows por aí e o pessoal da Pelvs continua trabalhando na cena. Sobre cantar em inglês, cara, esse é um pensamento bem antigo, hem? Mas só como exemplo, o Tipo Uísque, underground daqui, faz parte do casting da Som Livre e tocou no Lollapalooza mesmo cantando em inglês.
Lécio, concordo com tudo, menos com o item 3, pois é comprovado que existiu sim uma cena nos anos 90 e no início dos 00. E as bandas que eu citei não é que eu veja futuro em todas ou que até eu goste, mas sim, vejo que correm atrás e querem fazer as coisas acontecerem.
Bom saber que o Second Come voltou. Mediante aos fatos apresentados, estou realmente por fora do que anda acontecendo. O TIpo Uisque toca no Lollapalooza, o que não garante que a banda vai vender, vai sair do “gueto” e atingir uma grande massa fora disso. É sim um pensamento antigo, mas ainda é o que acontece. Cansei de Ser Sexy, por exemplo, só estourou porque partiram pra fora do país, e cairam no gosto dos moderninhos, dos descoladinhos, viraram hype de revistas da “descolância musical”. O pessoal do Rock, por exemplo, odeia. E aqui no Brasil a banda nunca foi muito além de SP, e da MTV. Quando eu falo fazer sucesso, eu me refiro a sair do gueto underground.
Vou ser honesto, depois que vi um banda com o Violins não conseguir espaços maiores em mídias com mais visibilidade, eu deixei de acreditar na música no Brasil. O Tribunal Surdo é o melhor disco em muito tempo, muito tempo mesmo.
Falando em Moptop,como anda eles,hein?
Ensaiaram a volta. Só ensaiaram.
So passando pra três pequenos comentários:
Gostei do texto.
Mas é sobre a cena “municipal” e não “estadual”
E, pois é Amaury, quando o Violins vai tocar no Rio? Muita depressão isso.
Marcos Xi é claro que minha opinião é pessoal, assim como todo o texto do blog é uma opinião pessoal sua, inclusive a péssima escolha de vídeos.
Você mesmo reconheceu que ninguém conhecia nenhuma banda dos videos. Esse exemplo se encaixa perfeitamente no modelo de mídia hipster que está estragando com o rock no Rio de Janeiro. Ficam bajulando essas bandas fraquíssimas e chatas, que ninguém conhece, enquanto tem muita gente boa que não recebe uma linha sequer.
Você, “como representante carioca de um coletivo de blogs que quer mostrar a cena independente brasileira”, deveria escolher melhor os exemplos de artistas para ilustrar seus textos, ou mesmo abrir seus olhos para outras bandas, que não sejam essas bandinhas moderninhas chatíssimas, mas que caem no gosto dos descoladinhos.
Péssimo dizer que o Amaury está parado no tempo e não acompanha a “cena”. Que cena? Second Come está fazendo alguns shows por aí? Aonde? O pessoal da Pelvs continua trabalhando na cena? Mas a Pelvs não toca mais. E a Tipo Uísque, que canta em inglês (ooohh) e faz parte do casting da Som Livre, se bobear , deixa de existir antes mesmo de lançar um cd, a batera saiu, o guitarrista está em outro lance.
Para finalizar, Moptop nunca teve o alcance que o Planet Hemp teve. Nem se compara. Também pudera, cópia descarada dos strokes. Faltou originalidade no som dos caras, tanto que foram contratados por gravadora, tiveram cd lançado no mercado e sumiram. O batera faz mais sucesso como DJ do que como músico.
Lucas, você tem razão, ficou meio municipal sim. O pessoal da região Serrana e Baixada mereciam um post só para eles mesmos.
Letz. A primeira coisa que você deveria saber é: não fui eu quem escolheu os vídeos, e sim o Marcelo Costa, então, se for reclamar das escolhas, fale com ele.
“Você mesmo reconheceu que ninguém conhecia nenhuma banda dos videos. Esse exemplo se encaixa perfeitamente no modelo de mídia hipster que está estragando com o rock no Rio de Janeiro.” Essa frase não faz o menor sentido. Qual a lógica de uma coisa com a outra? Se você acha elas fraquíssimas e chatas, beleza. Eu discordo, acho que as boas tem seu espaço e as ruins não tem por motivos próprios ou mesmo por falta de saber se divulgar, se organizar e se amostrar. ‘ah, tio Xi, mas as casas de show e os blogs não abrem espaço pra gente’. Se você ver os ganhadores do prêmio Dynamite, verá que essa área não-indie que você tá matando é bem explorada tanto pelos sites ganhadores quanto pela própria Dynamite. Ou seja, nego está divulgando e cobrando do lugar errado, para o público errado. Site Indie fala de indie, rock fala de rock, rap de rap e por aí vai. É meio lógico isso, não?
E sobre as casas de shows, já disse que o circuito Barra da Tijuca é bem abrangente quanto a isso e pode-se também criar seus próprios eventos, próprios shows, sem precisar ficar dependente de produtores ou casas chamar para tocar. Em suma, se tem gente aí que você diz que não tem espaço é por incompetência própria.
Second Come fez shows nem tem dois meses, comemorando o lançamento de uma coletânea capitaneada pelo Lê Almeida e em casas separadas, acho que teve um no Saloon, não tenho certeza. Mas como você participa da cena, sabe as coisas que acontece, já deve saber. Pessoal da Pelvs está trabalhando atrás dos shows e não mais na frente do palco. Ou seja, não deixam de participar e ajudar os outros (coisa que VOCÊ, Letz, deveria fazer). E sobre a Tipo Uísque, o guitarrista não está em outro lance, está em três: Tipo Uísque, Carlos Posada e o Clã e um projeto solo que ele pensa em começar. A Larissa saiu do TU e já entrou um rapaz novo, que tocou com a banda na abertura do show do The Radio Dept. (sim, eles abriram pros suecos) e vão tocar HOJE no Jockey Club. E isso para uma banda que, segundo você, vai acabar.
Seu último parágrafo está corretíssimo e mais uma vez sem nenhum sentido. Quem disse que existiu intenção de comparar um com o outro? Deixa eles, fizeram a parte e pronto, passaram a bola que agora é de quem pegar.
Letz, antes de reclamar igual um maluco e chorar espaço, FAÇA ALGUMA COISA.
Amaury, essa “injustiça” de mídias com mais visibilidade é um fato. pegou o Violins com o GI e o Tribunal, Pullovers, Poléxia…
voltando ao Rio, o próprio Cícero, quando era da Alice, gravou o melhor disco do pseudo movimento indie da primeira década (Ruído, 2007), e nada aconteceu porque, na época, o que tínhamos de canal de divulgação tentava convencer o grande público que legal mesmo era chupinhar Strokes.
Vamos lá sujar as mãos 😀
Sobre a escolha dos vídeos, que foi simples e editorial: são quatro artistas que são citados no texto e diferentes um do outro para mostrar a alcance disso que o autor do texto chama de cena. Não é uma busca por qualidade muito menos para convencer alguém de que isso ou aquilo é bom, mas sim por mostrar que o Rio vem fazendo coisas bem distintas, goste ou não qualquer pessoa. Se é bom ou não, é outra coisa. Se é rock ou não, foda-se. O fato é: existe. Tá ai para as pessoas ouvirem, baixarem, comprarem e irem aos shows. Também questiono se essa turma de artistas pode ser chamada de cena, e a opção por publicar o texto foi exatamente gerar discussão sobre o assunto, ver o que cada um acha. E a discussão está bem interessante.
Mas é aquela coisa, ninguém se importava com a cena underground de Seattle, até o Nevermind explodir tudo e mudar o jogo, transformando o underground em mainstream. Será que é possível um novo Nevermind (Mesmo que não seja exatamente um disco de Rock)? Nessa era de populismo extremo, ainda há espaço pro novo, pro instigante? Falo isso em termos de grande público, de invasão de uma grande mídia, como o Nevermind fez. Eu não acredito. Vc vê discos como o Grandes Infiéis, e o Tribunal Surdo, que mereciam atenção, que possuiam força, e não colocaram o Violins em qualquer lugar fora do chamado undeground. Outros como Superguidis, e o Terminal Guadalupe também não despontaram para o gosto popular. Todos com bons discos, que mereciam, mas ficaram no “gueto”. O Superguidis acabou. O Terminal e o Violins, terminaram, voltaram, e daqui a pouco acabam de novo. Pode até ser que exista uma cena, um movimento, mas vai continuar sendo pra aqueles “500 guerreiros” que acompanham, e que buscam informações. Definitivamente boa música não é mais algo popular, infelizmente. Tomara que alguém um dia cale a minha boca, e mude esse cenário…
hahhahah sobrou até pro MAC. Gostei de virar discussão, vou mandar mais textos! O Violins e o Ruído são, definitivamente, uma puta injustiça!
Eu me mudei esse ano pra Niterói, vindo de Goiânia(terra do Violins) e, por isso, não conheço por dentro a cena carioca, mas lembro de várias bandas muito boas do Rio de Janeiro que foram tocar nos festivais de Goiânia, tipo o Super hi-fi, o Billy Goat, o Iguanas e o Cooper Cobras, além de outras, tipo Glass and Glue, Zumbi do Mato, Gangrena Gasosa, Carbona, Maldita, Pelvs, Beach Combers e tal. Além de bandas mais famosas como o Matanza, o Los Hermanos, o Autoramas, o B Negão, ou seja, bandas boas do RJ que chamam a atenção no Brasil existem… o que tem de ser pensado é como as bandas do podem se fortalecer dentro do estado.
Um festival na cidade do Rio de Janeiro é muito importante, com bandas de todo o país e, claro, com bandas Fluminenses, pro público se inteirar e se interessar pelo que está acontecendo de novidade na cidade.
Unir essa cena da capital com cidades metropolitanas e do interior também seria muito interessante, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Niterói, Campos são cidades grandes e com poder de consumo se uma banda conseguir fazer uma rota de shows dentro do estado ela vai conseguir se manter mais facilmente(como acontece em SP e RS).
Sobre essa questão de bairrismo eu não posso opinar muito, porém acho que ela pode estar um pouco ligada a dificuldade de locomoção, não acham? Quem mora na Barra tem certa dificuldade de chegar em algumas regiões da cidade, por exemplo… por isso acho que o Centro e a Lapa tem de ser bastante procurados, pois pessoas de todas as zonas da cidade e da região metropolitana tem acesso relativamente fácil.
Enfim, fortalecendo a cena internamente, teremos mais condições de que ela seja algo perene e que não aconteça de tempos em tempos.
Tamo ae pra cuspir no patrimônio 🙂
“Enfim, fortalecendo a cena internamente, teremos mais condições de que ela seja algo perene e que não aconteça de tempos em tempos.” Onde eu assino?
Mas só te ratificando, Lucas, esses festivais e integração com outras regiões já acontecem atraves da Ponte Plural (que tem esse nome exatamente por serem de Niterói e trabalharem no Rio de Janeiro). Eles tem o Festival Grito Rock, Fora do Eixo e outros eventos. Ainda há uma boa dúvida de festivais na Baixada e Zona Norte carioca.
Bairrismo, na minha opinião, não existe aqui no Rio. O que existe é preguiça de sair da sua área porque sabe que não demorará muito aquela banda virá tocar numa casa de show dali.
Na verdade este lance de cena ou bandas é igual em qualquer lugar, Porto Alegre está assim também, grandes bandas, tocando em outros estados, investindo o dinheiro do bolso pra poder fazer isto porque o público não vai nos shows, isto em qualquer lugar. E principalmente porque o povo, principalmente os “indies” por exemplo acham melhor falar mal, criticar algo do que participar, fazer algo, apoiar, dá pra ver inclusive nos comentários aqui, pouca gente acrescentou mas, a maioria falou mal, disse que o cara estava equivocado.
E é por isto que as bandas boas, os shows são cada vez mais raros. Semana passada A Place to Bury Strangers fez um show incrivel mas, a casa nao estava lotada, tinha pouco publico.
Ainda me lembro daquele texto sobre a Loomer, o pessoal ao invés de tentar escutar a banda, q disponibiliza gratuitamente seus discos, ficou se apegando no fato que o Dinosaur Jr não é shoegaze, ora bolas.
Amigos, apenas hoje vi este post incrível e espero que retomem a discussão! (:
Não adianta apontar para um problema só, como o bairrismo ou formação de publico. É a unificação de todos, concordando ou não, que cuidam para que viabilize a tal cena carioca. Tomo como exemplo um comentário que teço há anos: atrás do Norte Shopping há um encontro todo final de semana (se não, todo dia) de uns 100 jovens (15-20 anos) “roqueiros” (soad, nirvana, iron maiden) apenas para papear, beber e, provavelmente, se pegar. Eles iriam a shows, se convidados? Eles sairiam da região se curtissem o som? E o fato de serem menores? Eu entendo que isso aconteça em todos os bairros e com todos os gêneros. Imagino que há publico e imagino que há características diferentes para eles. Há anos venho discutindo isso com amigos de bandas e vejo que há um desestímulo geral. Muita energia já foi gasta em tentativas fracassadas. A cultura das casas que fornecem apenas shows “pay to play” é devastadora com as bandas e nem todos podem investir para sempre, até um Lúcio Ribeiro da vida começar a fomentar um publico exterior e então o publico próximo dar valor. Aliás, senti falta de falarem do Supercordas (começaram no RJ), Letuce e Qinho, grandes exemplos que estão dando certo.