por Herbert Moura
Acompanhando o pai nas performances familiares com voz e violão, LLARI canta desde pequena, participando de seu primeiro festival aos 11 anos de idade. Essa, por sinal, foi sua primeira vivência nos palcos, lhe rendendo o prêmio de melhor intérprete, com o 4º lugar na classificação geral, caminho que abriu as portas para um primeiro disco, assinado como Larissa Gleiss, que serviu para lhe introduzir no complicado mundo da indústria musical brasileira.
17 anos depois, mas sempre envolvida com a música, a artista alagoana retorna assinando Llari (em homenagem a Ella Fitzgerald) com um álbum homônimo repleto de nomes conhecidos da nova música popular brasileira: Donatinho, filho de João Donato, assina a produção de “LLARI”, um EP de cinco faixas que envolve Wado, Manoel Cordeiro, Natália Matos, Davi Moraes, Alvinho Cabral e Hélio Ramalho, do Cabo Verde, entre outros.
“Minhas influências são Djavan, Mayra Andrade, Luedji Luna, Gal Costa, Maria Bethânia e, sobretudo, os ritmos folclóricos da minha terra. De alguma forma, tudo isso está no meu álbum”, ela avisa. “LLARI”, o EP, reverencia a música negra e é guiado, do começo ao fim, por uma narrativa pop marcada pelo reggaeton, carimbó, samba, afropop, R&B e funaná. É um disco solar, dançante, que Llari comenta, faixa a faixa, abaixo.
FAIXA A FAIXA ASSINADO POR LLARI
01 – Tara (Pedro Soares/Junior Bragazion/LLari)
A canção que inicia o disco mergulha em referências sonoras das décadas de 80 e 90. Soul, R&B e lo-fi se encontram através de elementos como bateria eletrônica e sintetizadores. A poesia também está em destaque na minha relação com meu próprio corpo, fazendo com que a música alcance um nível metalinguístico. Tem tom sedutor, misterioso, poético e apaixonado.
02 – Calor (Natália Matos/Donatinho/Pedro Soares)
“Calor” é dança, movimento, suor e provocação. Esse som é divertido, inocente e swingado que nem o brasileiro. Quando canto, estou chamando quem ouve para brincar e se jogar na roda comigo. Traduzindo toda essa energia de festa e alegria, muito carimbó, afropop e a tradicional guitarrada paraense que, nesse som, é brilhantemente representada pelo multi-instrumentista – e um dos nomes mais influentes e celebrados da música popular – Manoel Cordeiro.
03 – É Assim (Helio Ramalho/Pedro Soares /Llari)
A canção composta em português por Pedro Soares e em crioulo (dialeto originário de Cabo Verde) por Hélio Ramalho, conecta Brasil e Cabo Verde com um belíssimo jogo de comparações que simbolizam as semelhanças existentes nos costumes, tradições e rituais dos dois lugares, como se, mesmo separados por um oceano, ainda assim mantivéssemos um elo nos conectando. A própria música, em suas misturas, acaba virando a personificação artística que comprova esse laço. Vale lembrar que as guitarras desta faixa foram gravadas pelo gênio Davi Moraes.
04. Tranquilo (Wado, Pedro Soares, Llari, Donatinho)
Essa canção reforça a rítmica apimentada advinda da mistura de afropop, reggaeton, coco de roda e toda essa fusão África/Brasil que permeia meu trabalho. A música tem uma linguagem descontraída, feliz, beats maduros e um refrão daqueles que gruda. Além do balanço que não deixa ninguém parado.
05. Esquina de Bamba (Alvinho Cabral/ Llari / Donatinho / Pedro Soares)
Faixa que desconstrói uma métrica de samba clássico, diluindo-a em beats maduros e timbres modernos. A sonoridade da canção nos faz lembrar da banda alagoana/carioca Fino Coletivo, grupo encabeçado por Alvinho e que teve a participação de Donatinho nas gravações do aclamado álbum “Copacabana”. Eu amo!