por Bruno Lisboa
Com carreira iniciada em 2013, Anitta ganhou projeção graças ao hit “Show das Poderosas” (“Misto de palavra de ordem e futrica feminina de salão de beleza embalada em um arranjo potente”, segundo resenha de Bruno Capelas no Scream & Yell na época), presente no seu primeiro disco, e desde então não parou mais. Disco a disco, a cantora soube ir além das amarras do funk carioca, criou sua própria sonoridade, firmou parcerias sólidas com artistas das mais variadas vertentes e, como resultado destas apostas, acabou alcançado marcas expressivas em vendagens e na conquista de um grande público devoto.
Criada em 2015, a mini turnê “Show das Poderosinhas” é realizada anualmente em outubro (atrelada ao dia das crianças, festejado nacionalmente em 12 de outubro) e tem como principal objetivo oferecer a oportunidade para que pais e filhos possam desfrutar juntos de uma apresentação da cantora carioca. E mais uma vez os belo-horizontinos tiveram a oportunidade de conferir esse show especial.
Com o KM de Vantagens Hall belo-horizontino tomado, a apresentação teve como prólogo a animação Clube Anittinha durante 10 minutos, série que traz a cantora como protagonista em versão infantil e atualmente disponível no Youtube e em canais da TV a Cabo (assista a um episódio no final do texto). Com visual acachapante, a apresentação tem como pano de fundo um grande telão que reproduz animações, carregadas em cores que fazem alusão a pop art de Andy Warhol. E este padrão também se faz presente no figuro, criado em especial para esta turnê.
Escudada por uma senhora banda de apoio e um corpo de bailarinos, composto por homens e mulheres, ambos atuam de forma colaborativa na construção do espetáculo, cumprindo papel de protagonismo em vários momentos. Por mais que Anitta ainda não tenha um disco a ganhar o status de “clássico” (“Bang”, de 2015, bate na trave), ela é especialista na criação de singles e parceiras de sucesso. E são eles que conduzem set.
Seguindo o formato que tem adotado em apresentações anteriores, a apresentação começa de forma enérgica com “Bang”. “Loka” (parceria com Simone e Simaria), “Blá Blá Blá”, “Romance com Safadeza” (dela com Wesley Safadão), “Fica Tudo Bem” (parceria com Silva) e “Você Partiu Meu Coração” (Nego do Borel/Wesley Safadão) mantiveram o clima de festa.
Se em suas redes sociais Anitta tem adotado tom político (como no vídeo postado em sua conta oficial do Instagram sobre a hastag #eleNão, contrária ao presidenciável Jair Bolsonaro) na apresentação realizada no dia 12 passado ela não se manifestou publicamente sobre isso. Mas isso não impediu que a performance não tivesse o tom de crítica explicitada com mensagens no telão direcionada aos detratores do funk carioca (“Funk é cultura”), aos tempos de ódio predominante (“Mais amor, por favor) e a gordofobia (duas de suas dançarinas são plus size).
Ao final da apresentação, Anitta dirigiu-se ao público infantil falando sobre a importância do estudo e do respeito aos pais. Sem mais delongas, enfileirou uma sequência matadora com hits “Sua Cara”, “Vai Malandra” e a releitura de ”Shows das Poderosas” (com direito a citação de “Your Latest Trick” do Dire Straits) que colocaram números finais a apresentação. Por mais que no cenário musical brasileiro Anitta tenha fortes concorrentes (Ludmilla e Karol Conká são bons exemplos), a cantora reina soberana graças à tamanha qualidade alcançada em seus trabalhos, e a coroa de rainha do pop brasileiro é atribuída a ela de forma merecida. BH pode comprovar mais uma vez.
– Bruno Lisboa (@brunorplisboa) é redator/colunista do Pigner e do O Poder do Resumão. Escreve no Scream & Yell desde 2014. Foto: Anitta Online / Reprodução