Resenhas por Adriano Mello Costa
“O Bestiário Particular de Parzifal”, de Hiro Kawarara (Sesi-SP)
“O Bestiário Particular de Parzifal”, de Hiro Kawarara, surgiu através de uma campanha de financiamento coletivo, mas depois ganhou o apoio da editora Sesi-SP e foi publicado no final de 2017 com 80 páginas. O autor, nascido em Mogi das Cruzes no estado de São Paulo em 1965, é ilustrador, diretor de arte e professor. Nesse trabalho, Hiro usa o mito de Parsifal – o “cavaleiro tolo” da Távola Redonda do Rei Arthur – para inspirar sua protagonista. Parzifal é uma garota que viveu com a mãe isolada e escondida em uma floresta para fugir de uma profecia. Para suprir a solidão, ela criou vários amigos imaginários e um universo próprio, contudo isso chega ao fim aos 24 anos com a mãe já falecida e a saída dela da floresta para a “vida real”. Sem traquejo social algum para sobreviver no mundo sofre bastante para se estabelecer. Anos depois, com uma filhinha bem doente, Parzifal retorna para a floresta atrás da ajuda mágica dos antigos amigos, o que não caminha muito bem. Passando por três períodos de tempo distintos e com arte fofinha e boas cores, a obra agrada sem maiores pretensões com uma história de fantasia, família, amizade, escolhas e o peso delas quando a vida bate fortemente.
Nota: 6 (site do autor: http://www.hiro.art.br)
“Thanos Retorna”, de Jeff Lemire, Mike Deodato Jr. e Frank Martin (Panini)
Thanos, Thanos, Thanos. Nunca o vilão criado por Jim Starlin nos anos 70 esteve tão presente na cultura pop como agora devido não somente ao novo filme dos Vingadores (“Guerra Infinita”, 2018), onde é o destaque, como também por ser peça atuante dentro dos quadrinhos da equipe nos últimos anos. Em janeiro de 2017, uma nova tríade criativa formada pelo excelente Jeff Lemire no roteiro, o brasileiro Mike Deodato Jr. na arte e Frank Martin nas cores assumiu o título do personagem. O resultado podemos ler agora em “Thanos Retorna”, volume encadernado de 140 páginas que reúne as edições de 1 a 6 lançadas nos EUA durante o primeiro semestre de 2017. Devido a acontecimentos não muito interessantes para si, o seu território está agora sob o comando de Corvus Glaive, um antigo subordinado e membro da Ordem Negra. Ao voltar para retomar o controle do Quadrante Negro, Thanos percebe que mesmo que esse controle volte até facilmente para si, as coisas não serão tão simples no futuro próximo. Um interessante grupo formado por familiares, inimigos e uma antiga paixão se forma para acabar de vez com a história do Titã Louco, que cada vez mais frágil e mortal se vê metido em algo que nunca esteve antes.
Nota: 7
“Potestade”, de Kaare Andrews e José Villarubia (Panini)
Virou moda nos últimos anos coleções de quadrinhos em capa dura que formam mosaicos, etc. e tal. Naquela que ostenta ser a “coleção definitiva” do Homem-Aranha, temos na edição 11 uma grande obra subestimada. Trata-se de “Potestade”, originalmente publicada em quatro edições e que aqui já tivera edição em 2007, antes dessa do início de 2018. É uma das histórias mais fortes que o aracnídeo já teve, ainda com humor, mas pesada e cheia de sombras, com claras referências a “O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller. O roteiro é de Kaare Andrews em arte conjunta com José Villarubia. Em um futuro alternativo, Peter Parker mora num minúsculo apartamento 30 anos após a aposentadoria. Mary Jane está morta, assim como todas as pessoas próximas e ele tenta se virar como pode, sendo que sua própria sobrevivência gerou o maior sofrimento. A cidade está livre de vilões graças a um governo fascista que com o apoio da mídia engana a população lhes prometendo segurança enquanto lhes corta a liberdade. Porém, quando um velho “amigo” aparece na porta de Parker as coisas começam a tomar outro rumo. Com 164 páginas, capa dura e arte quase toda horizontal permeando uma visão de cinema temos uma obra obrigatória para os fãs do amigão da vizinhança.
Nota: 9
– Adriano Mello Costa assina o blog de cultura Coisa Pop: http://coisapop.blogspot.com.br