por Marcelo Costa
Cervejaria experimental badalada fundada em Placentia, na Califórnia, em 2008, a The Bruery lançou nada menos que cinco versões da linha Terreux, sendo essa Hottenroth uma Berliner Weisse que, tal qual a receita berlinense, recebe adição de lactobacilos e, neste caso, “uma pitada de Brettanomyces”, diz o site oficial (que ainda recomenda suco de framboesa para amaciar – como fazem os berlinenses). De coloração amarela levemente turva com creme branco que sobe rapidamente e desaparece em segundos, a Hottenroth exibe um aroma suave de trigo com leve presença cítrica (limão). Há, ainda, percepção de sal e acidez. Na boca, a textura é seca e levemente frisante. O primeiro toque traz doçura de trigo e limão seguidos de uma forte pancada de acidez e salgado. O amargor não existe (são só 2 IBUs), mas muita gente poderá confundir. Dai pra frente, uma cerveja refrescante e provocante que finaliza salgada e adstringente. No retrogosto, adstringência, salgado e um leve cítrico. Boa!
Para beber ouvindo Vampire Weekend, a The Bruery Or Xata 2016 é uma Blond Ale que se inspira na famosa bebida catalã Horchata, e, por isso, recebe adição de arroz, canela e baunilha fresca. De coloração âmbar clara alaranjada com creme bege bem claro de boa formação e permanência, a The Bruery Or Xata apresenta um aroma com bastante percepção de canela em primeiro plano seguida de doçura de caramelo e um delicioso toque de baunilha. Na boca, textura sedosa. O primeiro toque exibe canela seguida de deliciosa baunilha e doçura. O amargor é baixíssimo, mas o álcool aquece a garganta mesmo estando muito bem inserido no conjunto, caprichado, que finaliza de maneira longa, com canela se arrastando até o retrogosto, e juntando-se a baunilha e leve calor alcoólico. Delicia!
Para fechar o trio da The Bruery, Mischief, uma Belgian Strong Golden Ale de respeito produzida pela primeira vez em 2009, com 8.5% de álcool e 35 de IBU. De coloração amarela turva com traços dourados e creme branco de boa formação e longa retenção (com direito a rendas belgas ao redor da taça), a The Bruery Mischief exibe um aroma levemente lupulado sugerindo cítrico (limão), floral e herbal (capim limão) seguido de suave doçura maltada e, claro, rebeldia de levedura traduzida em feno, curral e palha. Na boca, textura áspera e seca, mas menos rebelde do que se espera (há um pouco de percepção dos 8.5% de álcool). O primeiro toque traz cítrico e floral mais sugestão de acidez, feno e curral. O amargor é baixo e picante abrindo as portas para um conjunto saboroso, com leve doçura arisca marcando o trecho final, que remete a própolis. No retrogosto, feno, cítrico, mel e própolis. Muito, muito boa.
Balanço
Abrindo um trio da The Bruery com uma provocante Berliner Weisse, a Hottenroth, que bate forte na pegada de sal e acidez, e coloca sorrisos no rosto de quem curte o estilo. Quem já experimentou Horchata, a bebida espanhola, e curtiu, vai adorar essa versão alcoólica da The Bruery, Or Xata, safrada 2016. Adorei! Para fechar o trio, uma cerveja ainda melhor, Mischief, uma Belgian Golden Strong Ale lupulada e arisca, como uma Saison mais turbinada e melada. Excelente e bastante complexa.
The Bruery Terreux Hottenroth
– Estilo: Berliner Weisse
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 3.8%
– Nota: 3.31/5
The Bruery Or Xata 2016
– Estilo: Blond Ale
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 7.2%
– Nota: 3.51/5
The Bruery Mischief
– Estilo: Belgian Strong Golden Ale
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 8.5%
– Nota: 3.81/5
Leia também
– Top 1001 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Leia sobre outras cervejas (aqui)