'At War With The Mystics', do Flaming Lips
por
Marcelo Costa
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22/05/2006
"De tudo que circula aqui e ali nesse enorme amontoado de
terra e água vagando na via-láctea, quatro bandas merecem a
caracterização de "geniais", das que estão em atividade. Usando
o passado como trampolim para o futuro, Radiohead, Flaming Lips,
Mercury Rev e Wilco são o que de melhor o rock anda produzindo
em um período de franca decadência artística." Marcelo
Costa, Janeiro de 2003
Mais de mil dias se passaram desde que escrevi a observação
do parágrafo de abertura, e muita coisa mudou desde então.
A primeira, e bastante significante, é de que aquele período
de franca decadência artística era apenas uma entressafra, e
que simbolizados pelo nascente Novo Rock, a música pop mundial
tendia a autocópia. O Novo Rock envelheceu (piada besta, mas
necessária), e bandas que eram apenas promessas lançaram discos
beirando à perfeição (notadamente, Franz Ferdinand e Black Rebel
Motorcycle Club). Mas o que aconteceu com o quarteto visionário
do parágrafo de abertura? Muita coisa.
O Radiohead voltou à mídia com um álbum que misturava o lado
guitarreiro de sua estréia com Pablo Honey aos climas
etéreos pós Ok Computer. Sintomaticamente, Hail To
The Thief era o Radiohead voltando ao tempo presente. Do
outro lado, o Wilco tornava-se mais alternativo (e menos country)
ao abandonar o passado de vez e rechear de riffs guitarreiros
canções inacabadas. O resultado foi o bom, porém difícil, A
Ghost Is Born, que só encontrou tradução no ótimo disco
ao vivo Kicking Television. E o Mercury Rev, após o ultra-produzido
All Is Dream, voltava a centrar foco em canções, no também
ótimo The Secret Migration. Enquanto isso, o Flaming
Lips passeava pelo mundo com seu circo animado chegando até
ao Brasil.
O trio Wayne Coyne, Steve Drozd e Michael Ivins havia parido,
em 2002, o sensacional Yoshimi Battles The Pink Robots,
que recebeu da excelente revista britânica Uncut, o título
de melhor disco dos cinco anos de vida da publicação.
Mais: o álbum ganhou cinco estrelas e meia de cotação, sendo
que a nota máxima é cinco. Yoshimi Battles The Pink Robots
levava o Flaming Lips para um passeio pelo mundo maluco do vocalista
Wayne Coyne, que discorria sobre robôs que quase podiam amar,
e debatia lógica, futuro, amor e ódio, tudo isso embalado no
que se convencionou chamar de rock espacial, algo que Syd Barret
estaria fazendo nos anos 2000 se tivesse nascido em 1985. Ou
então, pop excêntrico, uma corruptela particular deste que vos
escreve para definir músicas que são difíceis demais para a
massa de hoje em dia, mas que não seriam para o público de 1966/1967
(vide o sucesso de Sgt. Peppers e Pet Sounds).
Algumas dúvidas até aqui: 01) O que uma banda faz após uma obra-prima?
02) O futuro é futuro até quando, já que não dá para ficar usando
o passado como trampolim eternamente. Ou dá? 03) A grande massa
não está pronta para bandas de pop excêntrico? 04) A Britney
parece tãoooo excêntrica (brincadeirinha, bricadeirinha). Uma
coisa de cada vez. Há vida após uma obra-prima, e At War
With The Mystics, décimo segundo álbum do Flaming Lips (e
terceiro da fase mais viajandona do trio), que acaba de ganhar
edição nacional, comprova isso. O futuro continua
lá, no futuro, mas a relação com o presente se faz necessária:
At War With The Mystics é o disco mais político dos Lips,
influenciado por tudo que anda acontecendo de estranho nessa
bolotinha azul chamada Terra. É também o álbum de maior êxito
comercial do grupo de Oklahoma, já que Transmissions From
the Satellite Heart (1995) - dos hits Turn It On
e She Don't Use Jelly - não entrou nem no Top 100 da
Billboard, e Yoshimi bateu no número 50 vendendo 508
mil cópias. At War With The Mystics estreou na 11ª posição
do Top 200 da Billboard, um marco em se tratando de um álbum
tão esquisito, esquizofrênico e genial quanto poderia ser um
disco do Flaming Lips.
No entanto, o sucesso sempre traz a dúvida: o Flaming
Lips amaciou seu som para as massas? A resposta é não. At
War With The Mystics amplia o território espacial aberto
pelos geniais Soft Bulletin (1999) e Yoshimi (2002),
e os arranjos malucos continuam a comandar a banda, porém, o
space rock do trio ganha tons politizados. Em entrevistas, Coyne
garante que irá jogar confete em seu público sempre, no entanto,
viver sobre o comando de George W. Bush não é de animar um cidadão
norte-americano, nem dos outros países do globo terrestre. Para
o vocalista, não dá para fazer uma canção bonitinha, orquestrada
e tal, tendo à frente do governo de seu país (a principal força
do mundo capitalista) um fulano tão execrável. É o mundo externo
influenciando de forma decisiva a arte em seu momento máximo:
o da criação. Esse sentimento, exorcizado na turnê passada com
uma cover de War Pigs do Black Sabbath, permeia At
War With The Mystics, e faz desde álbum dos Lips o disco
mais "tempo presente" da banda em anos e anos.
A carta de intenções já havia sido lançada de forma romantizada
no single Do You Realize?, do álbum Yoshimi, e
ganha uma pseudo-seqüência temática com Yeah Yeah Yeah Song,
que abre At War With The Mystics questionando: "Se
você pudesse fazer com que todos fossem pobres só para você
ser rico, você faria? Yeah Yeah Yeah. Se você soubesse todas
as respostas e pudesse entrega-las às massas, você faria? Yeah
Yeah Yeah. Você é louco? É muito perigoso fazer o que se quer,
porque não nos conhecemos e não sabemos o que faríamos".
Batida de bateria acelerada e vocais sobrepostos marcam a canção,
que caí sobre Free Radicals, a próxima, cujo riff de
guitarra e uma bateria mínima introduzem a canção enquanto Coyne
aponta o dedo na cara e manda seu recado: "Você acha que
é um radical, mas você não é tão radical. Na verdade você é
um fanático". A canção cresce e os backings passeiam nas
saídas de som.
The Sound of Failure/It's Dark… Is It Always This Dark?
tem a morte como tema, e cita Britney Spears e Gwen Steffani
na letra. Para o personagem (e para o próprio Wayne Coyne),
as musas teen nunca vão poder acalmar uma alma atormentada com
a morte, nem transformando seus hits em versões musak, aquelas
famosas canções de elevador comandadas por teclados. Aqui, o
arranjo é de um lirismo enorme e os dedilhados se destacam.
A grandiosidade ainda passeia por My Cosmic Autumn Rebellion
(com boas guitarras na parte final) e Vein of Stars (que
abre com violão e vai crescendo), mas fora a leveza de Mr.
Ambulance Driver (uma das grandes canções do álbum), o final
do disco é guitarreiro e funk, começando com as ótimas It
Overtakes Me/The Stars Are so Big and I Am so Small... Do I
Stand a Chance?
e seguindo com Haven't Got a Clue e The W.A.N.D. (The
Will Always Negates Defeat), sendo que esta última
volta a questionar o poder e o ato de conseguir respostas através
do uso de armas.
Entre o lado suntuoso dos teclados espaciais e a opção guitarreira
(que retorna à banda, ausente desde o ótimo Clouds Taste
Mettalic de 1995), At War With The Mystics torna-se
um álbum totalmente relacionado com o tempo claustrofóbico em
que vivemos. Wayne Coyne dá um basta nas historinhas japonesas
e tenta provar que até um maluco drogado viajandão percebe o
quão George W. Bush é prejudicial para a humanidade. Isso é
sério. Porém, ao contrário de outros, Coyne (assessorado com
maestria por Steve Drozd e Michael Ivins) não deixa a parte
melódica de lado, e o resultado é um álbum musicalmente inteligente
e textualmente importante. É, ainda, pop excêntrico, pois por
mais que a bela estréia na Billboard mostre que o mundo está
começando a aceitar os Lips após 23 anos, At War With The
Mystics é, ainda, um álbum difícil para a empregada que
fica escutando no radinho de pilha o programa de seu locutor
de voz aveludada. E provavelmente não têm idéia da periculosidade
de um homem como George W. Bush. Você tem, caro leitor?
Faixa
a Faixa
'At War With The Mystics', comentado por Wayne Coyne
traduzido
por Mariângela Carvalho
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22/05/2006
The Yeah Yeah Yeah Song
"O Steven (Drozd) estava gravando numa cabine separada
com o computador e eu passei e ouvi uns vocais malucos combinados
nos yeah yeah yeah e fiquei pasmo. É uma dessas músicas que
apontam o dedo na cara da hipocrisia daqueles no poder, mas
também apontam o dedo para nós mesmos - o que VOCÊ faria? Poder
na mão de inexperientes (que é o que devemos ser) pode ser perigoso..."
Free Radicals
"Eu tive um sonho no qual o Devendra Banhart (cantor/compositor
esquisitão) implorava para que um homem-bomba (prestes a explodir
algo ou alguém) mudasse de idéia. E assim que ele muda o ponto
de vista deste fanático desmiolado/insensato, ele (Devendra)
imediatamente se compadece com a frustração (principalmente
focada em George W. Bush) que poderia fazer alguém querer uma
vingança tão exagerada... (Lembre-se que isso é apenas um sonho
- esses homens-bombas são claramente fanáticos religiosos que
sofreram lavagem cerebral e que ficam malucos por seus compromissos...
Eles estão além de qualquer alegação racional e não valem nem
um pouco de condescendência)."
The Sound of Failure
"Temos uns amigos cujo pai estava morrendo de câncer -
digo que "estava" porque isso (o câncer e a morte) causou agonia
por mais de um ano - e eles (nossos amigos), compreensivelmente,
foram se cansando de serem forçados a continuar confiantes.
E me lembro de uma vez ter ouvido um comentário sobre como era
chato, para eles, terem que ouvir este grande entusiasmo falso
(normalmente salientado pelas bandas pops super hype, tipo Black
Eyed Peas, Destiny's Child, Ashlee Simpson, Hillary Duff, etc.)
tocando muito alto em versões "muzak" (sucessos em versões instrumentais
como se fossem canções de elevador) em qualquer lugar que eles
queiram. Para eles, este tipo de ataque cheerleader só
funcionava caso você não tivesse nenhum stress psíquico. E surpreendentemente,
eles descobriram que aquilo poderia ajudá-los na tentativa de
compreender os medos e tristeza - em oposição a fingir que "está
tudo bem". E você vê, isso é verdade... finalmente sabemos que
não há problema em se ter uma cabeça problemática e que tudo
bem se falharmos... Então esta música (que foi escrita no carro
no caminho de Oklahoma até Nova York, enquanto eu dirigia e
Steven tocava um teclado de pilha junto com o computador) é
sobre uma garota que perde sua melhor amiga, e pra qualquer
lugar que ela vá (assim como os amigos que mencionei) precisa
agüentar o otimismo vazio daqueles que não têm experiência.
Ela quer saber, desde quando perdeu sua amiga, o que é o desespero,
o que é a esperança e o fracasso... E o que é aquilo que está
escondido???
Na música, a frase "So go tell Britney and go tell Gwen"
é, obviamente, uma referência aos meus amigos e àquele incidente
das versões muzak... quer dizer, "Yeah, go tell Britney Spears
and Gwen Stefani that their energy and their Prom Queen smiles
only go to prove that they don't emphatize with my sadness"
("Então vá dizer à Britney Spears e à Gwen Stefani que seus
sorrisos de Rainha do Baile não compreendem minha tristeza").
Acredito que, nesta música, Britney e Gwen podem ser consideradas
as amigas mais imaturas daquela menina aflita. Mas ela não quer
ser contra as duas, apenas não quer fingir que entende o que
na verdade ela não entende - o que é a morte, o desespero...
o que é o medo existencial. Ela não sabe, mas está começando
a descobrir."
It's Dark… Is It Always This Dark?
"Um tipo estranho de continuação da música anterior. A
voz e a trilha "blippy" (algo com muitos barulhinhos ao mesmo
tempo) é, na verdade, a minha voz num efeito de computador chamado
Squirrel Parade. Muito legal… De qualquer forma, parece que
estou dizendo "It's Dark", mas eu não digo "It's Dark". Não
me lembro exatamente o que era - sou somente eu falando antes
da música, mas passa a impressão de que uma menininha está descobrindo
um caminho através do mistério... não?"
My Cosmic Autumn Rebellion
"Nós ficamos utilizando os elementos melódicos desta música
(que não era uma música até então), como introdução para nossos
shows ao vivo, enquanto eu rolava em cima do público na, agora
famosa, "Space Bubble". A força da estrutura e dos arranjos
no refrão me inspiraram e eu despedacei este manifesto de provocação
e otimismo. Esta é a minha resposta aos sabe-tudo solucionadores-de-problemas,
que enxergam a vida levando apenas à morte, e vêem a natureza
como uma piadista cruel feita para derrotar o espírito humano.
E a verdade (que apóio como se estivesse no topo de uma montanha
sagrada disparando raios lazer de minhas mãos - graças à orquestração
épica de Steven) é que nenhuma circunstância pode nos derrotar
ao menos que deixemos... Persistência, na cara do fracasso, é
uma manifestação da mente..."
Vein of Stars
"Peguei um violão que o Steven tinha deixado com um acorde
estranho (F 6/9) e, sem pensar, dedilhei algumas vezes e logo
cantei (inesperadamente) a primeira frase no gravador, "Who
knows, maybe there isn't a vein of stars calling out my name".
Minha intenção era cantar algo cósmico, sobre como os seres
humanos (assim como a ciência revela mais e mais sobre a natureza
do tempo e espaço) foram abandonados pelas estrelas... Mas eu
acredito que, assim que finalizarmos (a música e a produção),
vai parecer exatamente o contrário... Que, apesar da ciência,
nós estamos ligados às estrelas... Porque adoramos olhar para
elas e esperamos que elas adorem olhar para nós."
The Wizard Turns On
"Um tipo de "space jam" onde na primeira execução o Michael
(Ivins) tocava um CD com a gravação da bateria, o Steve tocava
um teclado Rhodes e eu tocava um baixo elétrico. (David) Fridmann
(produtor do Flaming Lips - e também do Mercury Rev)
tocou a coisa toda numa série de ecos espaciais, flangers, filtros
e distorções... A mistura inteira foi feita num programa chamado
Metaphysical Function... Legal, né?"
It Overtakes Me
"Às vezes faço um pequeno truque de compositor: faz de
conta que estou escrevendo uma canção para outra pessoa, e para
esta faixa pensei na Gwen Stefani... Pensei nela cantando e
imaginei que tipo de produção aquilo teria. Primeiro dei um
nome à música, que seria da Ms. Stefani: "I Like to Masturbate
and Think of Outer Space"… e ainda acho que se ela cantasse
esta música seria um ótimo título. Mas pense em mim, um cara
de 45 anos com uma barba grisalha, hmm, se masturbando... é...
bem... (me incomoda só de digitar isso)... desagradável... De
qualquer maneira, a música acaba sendo mais sobre meus acessos
de pânico quando acidentalmente "vejo que a 'Realidade Cósmica'"
está... estamos (a Terra) perigosamente flutuando por aí, num
mar grande e inacabável de infinidade negra (o espaço cósmico)
e isso, quando é analisado, é um chute na cabeça. Sim, eu me
sinto horrivelmente insignificante... De qualquer forma, aquilo
que a gente consegue, acredito, ainda se parece com uma mistura
de Hollaback Girl e 1969, dos Stooges... Tome
algumas drogas e ouça bem alto..."
The Stars Are so Big and I Am so Small... Do I Stand a Chance?
"Esta parte captura, eu acho, a vulnerabilidade e reverência
deste mesmo cenário (a Realidade Cósmica) com uma nuvem de vozes
angelicais.. E no lugar do pânico, ela é solene e reconfortante."
Mr. Ambulance Driver
"Esta música inteira, tom e estrutura de acorde, foram
construídos a partir de um sample de sirene de ambulância. Na
primeira vez que fizemos isso conseguimos um tom sinistro de
morte... Mas descobrimos, ouvindo repetidamente, que a sirene,
de algum modo, desaparecia subliminarmente e, para nossa surpresa,
revelou um pouco de Eddie Rabbitt (cantor/campositor pop/country
dos anos 70) num rinque de patinação. Balada easy listening
de acidente de carro com jovens."
Haven't Got a Clue
"Um amigo nosso, Greg Kursten (ele tocou com a gente na
turnê do Beck e foi apelidado por Steven de "Firefingers" por
seu jeito sublime de tocar teclado), é um músico perfeito e
tem um ótimo ouvido para sons e estrutura pops... Ele já compôs
canções para artistas desde Enrique Iglesias à Karen O (do Yeah
Yeah Yeahs). Ele, por minha insistência, mandou esta faixa ainda
não finalizada pra que nós a estruturássemos. Foi muito divertido
e novamente (assim como no truque da Gwen Stefani) permitiu
que criássemos uma outra identidade. A música é sobre um tipo
de pessoa que todo mundo conhece e agüenta (não vamos mencionar
nomes). Eles culpam a todos, menos a si mesmos, por todos seus
problemas e eles parecem tê-los em quantidade infinita. Se eles
sofrem, você sofre mais... Você sabe de quem estou falando."
The W.A.N.D. (The Will Always Negates Defeat)
"Estava tocando guitarra, Michael tocava baixo fuzzwah
e Steven estava na bateria e nos deparamos com este riff de
rock progressivo, batida meio funk. Parecia Black Sabbath misturado
com Sly and the Family Stone ou Stevie Wonder, o que nos deu
uma outra direção muito boa. A idéia de uma varinha de condão
e poderes mágicos surgiu enquanto eu via um mendigo, na cidade
de Oklahoma. Acho que ele era vietnamita e tinha uma barba e
bigode parecidos com os de um feiticeiro, e ele carregava um
longo pedaço de pau que usava como se fosse uma bengala-arma.
E um dia vi que ele lutava com um inimigo "imaginário" e a bengala
se transformou (na melhor maneira que posso dizer) numa espécie
de varinha de condão que o deixou invisível para que se protegesse.
Quer dizer... parece que aquilo deu a ele uma confiança que
o ajudou a vencer suas alucinações. De primeira pensei: "que
triste, ele acha que sua velha bengala o está salvando", e quanto
mais eu pensava sobre aquilo, mais eu o invejava. Para aquelas
manifestações do mal dentro de sua cabeça, ele inventou uma
varinha de feitiço que conseguisse lidar com sua revolução psicótica...
Yes!!
Então nos aprofundamos numa mentalidade radical de protesto...
Cantamos "We got the power now, motherfuckers, that's where
it belongs". Acho que isso é cosmicamente controlado, não
apenas controlado. Na música, nós nos revoltamos com a ganância
e com as pessoas más e corruptas que estão no controle para
nos escravizar... mas nossa parte é apenas lutar de volta -
não temos outra solução."
Pompeii Am Götterdämmerung
"A melodia entusiasmante de Godhead (do Hino Nacional Alemão)
contando uma vaga história sobre um jovem casal planejando suicídio.
Eles moram num lugar onde tem vulcões em erupção, eles vão pegar
o trem para subir uma montanha e pular dentro da lava que flui
como um sacrifício simbólico de seu amor restrito. A qualidade
triunfante do arranjo sugere que, antes que eles se destruam,
percebam que para tomar tal decisão, de se matar, é uma questão
interna de motivação que chega à ação exterior. E, se eles podem
fazer algo tão extremista quanto se matar, por que eles não
tentam mudar as circunstâncias que os deixam limitados? Ação
é tudo que temos... Vale mencionar que esta foi a primeira vez
que Steve fez o vocal principal numa música do Flaming Lips..."
Goin' On
"A essência da melodia no refrão tem uma resolução melancólica
evocando, abstratamente, partes da Nona Sinfonia de Mahler...
Nós fomos, subconscientemente acho, levados "à resposta"...
talvez por isso as pessoas sintam este impulso de rezar ou cantar
ou criar. A gente quer muito esta coisa chamada "término", mas
acho que "término" seja, talvez, uma ilusão. Esta música dá
uma boa olhada nas resoluções e nos poderes secretos da cura
por se perder no tempo e espaço... Assim como o sofrimento que,
de alguma forma, é liberado por uma simples... aceitação."
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