'Mais Estranho Que a Ficção'
por
Renato Beolchi
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18/01/2007
Basicamente, o que separa um filme bom de um ruim é a série de motivos que determinam o grau de obrigatoriedade da película. Existem muitos filmes bons no cinema, mas poucos valem o adesivo "obrigatório". Mais Estranho Que A Ficção é uma dessas fitas que contam com uma gama quase interminável de motivos pra você sair de casa e ir vê-lo.
Ao adentrar a sala de cinema, você irá se deparar com a história de Harold Crick (Will Ferrell de Melinda, Melinda), um fiscal da Receita Federal, protagonista de uma vida muito, muito chata. A rotina maçante de Crick é quebrada quando ele começa ouvir uma voz feminina. Essa é Karen Eiffel, uma escritora britânica que está há dez anos emperrada num romance.
Logo, a narração esquizofrênica de Eiffel que ecoa na vida de Crick anuncia que o fiscal do Leão vai morrer, e vai ser muito em breve. Esse é o alarme para que ele assuma as rédeas de sua vida e tente conter o ímpeto assassino da autora. Partindo dessa premissa simples, Mais Estranho Que A Ficção encontra a metalinguagem e se transforma em obrigatório.
Esta é apenas a sexta aventura do alemão Marc Forster na direção, mas para quem tem no currículo A Última Ceia e Em Busca da Terra do Nunca, um grande filme não chega a ser uma surpresa. A novidade é que esta é a estréia de Forster no meta cinema tão explorado por Spike Jonze nos últimos anos (Quero Ser John Malkovich, Adaptação). Um verdadeiro campo minado para qualquer diretor mais afobado. Porém, Forster soube ser contido na dose de loucura. E reside neste detalhe boa parte de seu acerto.
Seu filme consegue pisar nesse terreno perigoso sem perder a linearidade do roteiro, e pode ser classificado como uma comédia romântica psicológica. E isso é apenas uma pequena fração dos motivos que valem o ingresso. Outros, bem mais ligeiros, mas não menos importantes, são:
a) Will Ferrell (que é bem mais divertido em filmes "sérios" que
em comédias de escracho).
b) Queen Latifah (que, apesar da boa atuação, é mais divertida em
comédias de escracho)
c) A trilha sonora (de Vangelis a The Jam, passando por Spoon e
com direito a música incidental do Clash).
d) Uma bela história de amor escondida num roteiro bem mais sério
do que parece
e) Maggie Gyllenhaal (como uma padeira anarquista)
f) Os efeitos gráficos que explicam a rotina quase doentia de Harold
g) O relógio de pulso de Harold.
h) Uma Fender Stratocaster verde.
Se tudo isso ainda não o convenceu, caro leitor, a última cartada deste texto surge com a dupla Dustin Hoffman e Emma Thompson, em atuações (obviamente) espetaculares. Por isso, separe duas horas da sua semana e vá assistir Mais Estranho Que A Ficção. Mas, de preferência, vá acompanhado(a).
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Site Oficial do filme
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do Nunca", por Marcelo Costa
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