Alta
Fidelidade
por
Alexandre Petillo
Se existe
um filme que pode ser intitulado "romance para homens", esse filme
é Alta Fidelidade (High Fidelity - 2000). O
livro já era um manual de conduta para os homens. Quando
foi lançado, a revista Details mandou esconder o livro
de namoradas e esposas. Está tudo lá: as inseguranças,
as encanações sobre sexo, o medo do compromisso, às
canalhices, traições e, enfim, paixões arrebatadoras.
Se existe alguém, homem, fã de música pop,
habitante de algum país civilizado, que não leu esse
livro, enterre sua cabeça num buraco.
Alta Fidelidade é de longe a obra literária
mais comentada de todos os tempo no mundo pop. No Brasil, não
foi diferente. Primeiro "Alta Fidelidade" inspirou a produção
de uma peça teatral (A Vida é Cheia de Som e Fúria),
que esgotou bilheterias em todas as cidades onde passou. Ingressos
para a temporada paulistana foram disputados na moeda. Depois virou
a cabeça de jovens escritores brasileiros. Agora, chega aos
cinemas do mundo todo, em sessões lotadas.
Como no livro, o filme entrega tudo que os homens fazem questão
de esconder, ou seja, o lado ridículo da natureza masculina.
O filme é de John Cusack. Ele é dono dos
direitos de filmagem, co-escreveu o roteiro, escolheu a trilha
e, claro, faz o papel principal. Ou melhor, incorpora Rob Fleming
como ninguém. Duas mudanças: Cusack transportou
a trama de Londres para Chicago e mudou o nome do personagem central
para Rob Gordon. Detalhes menores.
A história é aquela: Rob é dono de uma loja
de discos decadente em Chicago, e foi recentemente chutado pela
namorada, Laura (Iben Hjejle). Os personagens ficaram extremamente
parecidos. Barry (Jack Black) é o mesmo pentelho do livro
e Dick (Todd Louiso), traduzido para os dias de hoje, virou um
cara tímido e fã de Belle
& Sebastian. Como você sabe (você, que não
sabe, está com a cabeça no buraco), a mania de Rob,
Barry e Dick é fazer listas de 5 melhores. Exemplo: 5 melhores
primeiras músicas de lados A de um disco, 5 músicas
pra você ouvir quando ela te deixar, 5 melhores músicas
pra se ouvir num funeral, etc.
Cinco
cenas legais que você pode saber, sem entregar o filme:
1)
Bruce Springsteen aparece, fazendo ele mesmo, tocando guitarra
e dando conselhos preciosos para um Rob fora dos trilhos;
2) Na primeira vez que Rob encontra Laura, depois que ela o chutou,
ele pergunta se ela já tinha transado com o novo namorado.
Ela responde que não, porque não teve vontade. Ele
sai empolgado, ao som de We Are The Champions, do Queen.
Essa cena diz muito sobre a natureza masculina;
3) Rob colocando "Dry The Rain" do Beta Band pra tocar;
4) O novo namorado de Laura, Ian (Tim Robbins) aparece na Championship
Vinyl pra tirar satisfação;
5) Barry e sua banda, Macaco Acústico Metal, tocando Let‘s
Get It On, de Marvin Gaye.
Além de tudo, Stephen Frears (de Ligações
Perigosas) consegue imprimir uma câmera veloz e objetiva,
como a informação no mundo pop. Como uma pop-song
de 3 minutos. O DVD de Alta Fidelidade já chegou
ao Brasil e contém cenas que não entraram na versão
final do filme, como uma das essenciais do livro, que mostra Rob
indo para a casa de uma senhora ver os discos que ela queria vender
porque foi traída pelo marido. Mas ele acaba não
comprando nenhum para não sacanear o dono da coleção.
A trilha sonora também
é imperdível, um resgate de preciosidades.
Se
você é fã de música pop, é campeão
em relacionamentos furados e gosta de seriados americanos, esse
é o filme da sua vida. Altamente recomendado.
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