“Ali no pé do balcão da cafeteria eu tentava dar mais sabor àquela minha alegria. Eu parecia uma bêbada olhando o ventilador psicodélico de teto enquanto aqueles sambas rolavam, me fazendo ter a sensação de que anjos cantavam ao pé do meu ouvido.”
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“O avião pousou na cidade de São Paulo às onze horas da manhã do dia 31 de março de 2005. Desci com a sensação de o mundo ter girado duas vezes mais rápido e só eu ter ficado parada no mesmo lugar.”
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“Bem, certa vez houve um homem nesta terra. Ele dizia que certos episódios de nossas vidas poderiam causar marcas tão intensas, que as mais profundas camadas de nossos corações seriam…”
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O que não sei é se aquele cara me ouviu ou se eu o ouvi. Não sei se me moldei através do que ele sentia ou se, de repente, eu não estava mais sozinha no mundo.
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Jorge caminha pela calçada sem enxergar, ouvir ou suspeitar da existência dos outros pedestres, dos carros que parecem guiados por uma força superior, das paredes carcomidas do viaduto…
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“Dia ruim, mais uma editora acabara de recusar um livro meu. Estava pensando seriamente em algum trabalho pra pagar meu aluguel, aquelas crônicas para jornais alternativos não estavam funcionando mais”
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“Ele era estupidamente tímido, um verdadeiro contraponto aos seus ousados planos de vida. Acabara de entrar para a fase adulta com intenção de se formar em Medicina e especializar-se em Oftalmologia. Nem ele sabia o motivo…”
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