Texto por Bruno Lisboa
Fotos por Luciana Mahé
O britânico Jake Bugg é um autêntico ponto fora da curva artística. Autêntico a sua maneira, Bugg iniciou sua carreira de forma prematura, aos 17 anos, e de lá para cá tem surpreendido o universo da música pop com uma sonoridade nada convencional para os padrões atuais apoiando-se em uma predileção pelo folk rock e o britpop, gêneros que hoje não fazem parte da playlist dos mais jovens.
Com carreira iniciada em 2012, Jake Edwin Kennedy (seu nome de batismo) conquistou logo de cara a crítica e o público que, inclusive, o devotou como num verdadeiro revival da beatlemania: “Jake Bugg” (2012), seu álbum de estreia, alcançou a marca de 740 mil cópias só no Reino Unido. Após a festa inicial, a calmaria: com o passar dos anos, o status de pop star e de promessa foram decaindo vertiginosamente. As vendagens dos dois posteriores não alcançaram os números estratosféricos da estreia e mesmo a critica passou a pegar em seu pé.
Porém, estes fatores não impediram que Jake Bugg seguisse suas próprias convicções e interesses como comprovam os discos subsequentes, “Shangri La”, de 2013, e “On my One”, 2016. No segundo álbum ele buscou manter a essência do seu primeiro disco; já em “On my One”, Jake Bugg não abandonou a estética folk, mas experimentou adicionar elementos eletrônicos e até mesmo rap a sua sonoridade.
Foi esse Jake Bugg que baixou no Brasil pela terceira vez neste mês de março, e que debutou em palcos mineiros, no Music Hall, em Belo Horizonte, na noite de sábado, 11 de março. Em visível crescimento, o músico que antes mal conseguia encarar o público já demonstra maturidade ao adotar uma postura mais presente em cena, buscando se comunicar e sorrir aos presentes que quase lotaram os 1300 lugares da casa.
Escudado por uma exímia banda de apoio, que permitiu ao cantor maior desenvoltura, Jake Bugg por vezes abandonou o andamento dos arranjos tradicionais, uma visível passo à frente de canções que crescem na estrada. O setlist, por sua vez, seguiu o formato básico da turnê “On My One”, que também passou por São Paulo e Rio. O início é predominantemente acústico e solitário onde Jake apresenta quatro canções, incluindo o hit “Country Song” e a rara “Simple as This”, ambas do debute.
Já com a banda completa em cena, o set ganha em energia. Os singles “Two Fingers”, “Me and You” e um bloco de canções aceleradas formado pela nova “Put On The Fire”, “Kingpin”, “There’s a Beast and We All Feed It”, “Taste It” e “Slumville Sunrise”, que surgiram na reta final, foram responsáveis pelo ápice desta apresentação, que teve o setlist divido nos três discos de forma equilibrada.
O público, essencialmente jovem, cantou (e gritou as letras) durante quase toda a apresentação em uníssono comprovando a força e o apelo pop de suas canções. Em tempos as massas idolatram artistas descartáveis, como o compatriota Ed Sheeran, Justin Biebere muitos outros (a lista é longa), Jake Bugg é um verdadeiro exemplo que é possível buscar a integridade, sem se render as traquinagens que o mercado fonográfico impõem a seco.
21 canções depois, Jake Bugg e banda deixaram o palco ovacionados, mostrando que o músico britânico já tem um público fiel na capital mineira. Felizmente.
Set List
1) On My One [Acústico]
2) The Love We’re Hoping For [Acústico]
3) Country Song [Acústico]
4) Simple As This [Acústico]
5) Two Fingers
6) Bitter Salt
7) Seen It All
8) Love Hope And Misery
9) Me And You
10) Messed Up Kids
11) Never Wanna Dance
12) Trouble Town
13) Put Out The Fire
14) Kingpin
15) There’s a Beast And We All Feed It
16) Taste It
17) Slumville Sunrise
18) Simple Pleasures
19) Gimme The Love
20) Broken
21) Lightning Bolt
– Bruno Lisboa (@brunorplisboa) é redator/colunista do Pigner e do O Poder do Resumão. Os vídeos são de Gustavo Pezzini, que ainda filmou ‘Kingpin’, ‘Love, Hope and Misery’ e ‘Simple Pleasures’. Assista no canal dele no Youtube: https://www.youtube.com/user/TajoPezzini