Entrevista: Aline Muniz

por Marcos Paulino

Aos 32 anos, Aline Muniz está lançando seu terceiro disco, “Outra”, disposta a dar uma guinada em sua carreira. Pra quem cresceu ouvindo gente como Elis Regina e Chico Buarque, era natural que seguisse na estrada da MPB. E assim foi até este álbum, quando chamou Dudu Marote, que tem no currículo trabalhos com Skank, Jota Quest e Pato Fu, para cuidar da produção.

Se no álbum de estreia, “Da Pá Virada” (2008), havia uma canção de Carlos Lyra e Dolores Duran (“O Negócio é Amar”), e o segundo disco, “Onde Tudo Faz Sentido” (2011), exibia músicas de Guilherme Arantes (“Deixa Chover”) e Herbert Vianna (“Mensagem de Amor”), o resultado agora é uma boa miscelânea pop, também inspirada por Nova York, onde Aline, filha da atriz Angelina Muniz, mora parte do ano.

Aliás, seguir o caminho da mãe no teatro foi uma opção durante um período de sua vida. Mas, afinal, falou mais alto sua paixão pela música, que estuda desde os 12 anos e na qual estreou profissionalmente aos 15. Nesta entrevista ao PLUG, parceiro do Scream & Yell, Aline fala mais sobre o novo disco (“Ele tem uma roupagem mais pop do que os anteriores”), Nova York (“É onde sempre busco inspiração”), a mãe atriz e vida saudável. Confira!

Em “Outra”, você optou por fazer um álbum, em boa parte, de pop dançante, distanciando-se um tanto da MPB. Você mesma se surpreendeu com o resultado?
Bastante. Me surpreendi positivamente. Adorei esse ambiente mais descontraído e a energia de cantar músicas mais dançantes. Nem todo o disco é assim, ele tem uma roupagem mais pop do que os anteriores. Realmente, foi necessário experimentar bastante e cantar de uma forma diferente. Até os tons das músicas mudaram bastante.

Morar um período em Nova York tem a ver com essa guinada?
Nova York é onde eu sempre busco inspiração. Estou sempre indo e voltando, então, essa inspiração já vem de muito tempo. Sempre que estou lá, procuro sair e conhecer novos artistas da cena musical. Isso me inspira muito.

Aos 32 anos, em seu terceiro disco, você se sentiu mais segura para experimentar novos caminhos?
Talvez sim. Não sei se tem a ver com a idade, mas com certeza tem a ver com a estrada. Ter uma bagagem pra saber onde eu ainda quero testar coisas novas foi um caminho.

Você acredita que um disco mais pop pode abrir novos horizontes, no sentido de popularizar mais seu trabalho?
Pode ser que esse disco atinja mais jovens e com um perfil diferente do que vem acontecendo. Mais atual. Mas o fato das letras serem mais simples, os refrãos mais marcantes, pode, sim, trazer mais popularização. E eu vejo isso muito positivamente.

Colocar uma música em inglês no álbum, a faixa “Love is Pure”, é sinal de você pensa numa carreira internacional?
Quem não pensa? Adoraria que isso acontecesse. Mas agora meu foco está mesmo em divulgar meu trabalho aqui no Brasil. Não quero ficar atirando pra todos os lados e sei o quão trabalhoso é divulgar um disco. Por isso, quando essa divulgação for feita fora do país, terá que ser com muito carinho e dedicação.

Você se profissionalizou na música aos 15 anos, mas só lançou o disco de estreia 10 anos depois? Como foi esse período?
Fiz parte de muitas bandas. Pop, rock, samba, tudo isso me deu perspectivas diferentes e conteúdo pra saber o que seria meu primeiro disco solo. Esse tempo é necessário pra se conhecer e descobrir, e a cada dia eu ainda descubro, a minha personalidade musical.

Ser filha de uma atriz famosa ajuda, atrapalha ou nem uma coisa nem outra?
Não sei. Mas eu sou muito fã da minha mãe como pessoa, então, por mim, ela poderia fazer qualquer outra coisa que eu ainda buscaria inspirações nela. Ser atriz é bem diferente de ser cantora. É um mercado totalmente diferente. Ela me ajuda muito artisticamente, mas quando se fala do show business, buscamos juntas as melhores saídas.

Falando nisso, você teve uma incursão pelo teatro, mas acabou se dedicando à música. Ser atriz é uma ideia que definitivamente saiu dos seus planos?
Pela referência que eu tenho da minha mãe, acredito que trabalhar com dramaturgia requer muuuita dedicação, tempo, estudo e muita vontade. Neste momento, quero me dedicar ao meu trabalho musical. Quem sabe, um dia, interpretar possa ser uma opção. Não está descartada essa hipótese. Mas sei que terá que ser pra valer. É preciso se jogar de cabeça.

Em seu blog, você fala muito sobre vida saudável. É só um hobby, ou algo que pensa em explorar mais profissionalmente?
É só o meu estilo de vida. Um assunto pelo qual me interesso bastante. Cuidar do corpo e da mente faz bem pra qualquer pessoa.

Marcos Paulino é editor do caderno Plug (www.mundoplug.com), da Gazeta de Limeira.

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One thought on “Entrevista: Aline Muniz

  1. “Nova York… aonde sempre busco inspiração…”

    Essa MPB de condomínio é de uma pretensão, por isso essa geração de cantores aguados…

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