por Marcelo Costa
“I am Trying To Break Your Heart, Wilco”, Sam Jones, 2003
Junte os cacos: Jeff Tweedy havia montado com Jim O’Rourke o Loose Fur em maio de 2000 ao mesmo tempo em que abria a guarda para que Jay Bennet se tornasse um colaborador mais presente no Wilco. O momento que Sam Jones liga a câmera (janeiro de 2001) flagra o trecho final das sessões para gravar “Yankee Hotel Foxtrot”. O empresário Tony Margherita está animado e Jay Bennet feliz, mas as coisas desandam na mixagem, Jim O’Rourke é chamado, Jay Bennet demitido e o álbum desagrada totalmente a cúpula da gravadora Reprise Records, que demite a banda, mas permite que o grupo fique com o disco (pelo qual a gravadora pagou 200 mil dólares). A história segue (relembre aqui), e “I am Trying To Break Your Heart” é exemplar por retratar um dos momentos mais importantes da música nos últimos anos. “Yankee Hotel Foxtrot” demorou quase um ano para sair (entregue em junho, vazou em setembro de 2001, mas só chegou às lojas em março de 2002) e alcançou a marca de 600 mil cópias vendidas, mas esqueça os números e concentre-se na história de uma banda que não arredou um milímetro no desejo de manter sua arte intacta, e que no final foi premiada por isso. Não acontece sempre, mas eis uma bela inspiração (para a vida). E um ótimo documentário.
“Pearl Jam Twenty”, Cameron Crowe, 2011
Logo nos primeiros minutos do filme, o jornalista Cameron Crowe está filmando Jeff Ament e Stone Gossard. A cena se passa no final dos anos 80, são os primórdios da cena grunge, e o Mother Love Bone (que tem em sua formação Jeff e Stone) pode estourar a qualquer momento. Corta lá para o meio da fita, quando Kurt Cobain acusa os músicos do Pearl Jam de serem funcionários do rock, wannabes, aproveitadores. Difícil discordar de Kurt, mas isso não tira o brilho da bela carreira que o Pearl Jam construiu ao longo dos anos (e de álbuns emblemáticos como “Vs”, “Vitalogy” e “No Code” – zuzu bem, “Ten”). Boa parte do respeito que o grupo conseguiu através dos anos foi conquistado pelo carisma de Eddie Vedder, que posteriormente assumiu a posição de líder do grupo, transpirando sinceridade rock and roll. “Pearl Jam Twenty” funciona com um retrato interessante da banda, mas poderia ser muito melhor. Cameron Crowe alega ter selecionado o material de 1200 horas de arquivos, mas usou o mesmo cenário de um show na Itália (que já havia rendido um DVD) em cinco ou seis passagens além de repetir dezenas de fotogramas. Há histórias ótimas de uma grande banda no filme, o que vale conferir, mas, como documentarista, Cameron Crowe pode se aposentar. Já a banda tem muita lenha pra queimar (leia aqui).
“Foo Fighters: Back and Forth”, James Moll, 2011
James Moll segue a risca a cartilha do documentarista feliz: coloca os personagens em primeiro plano, ouve suas histórias e depois recorta momentos de época para ilustrar as falas. O filme começa onde realmente deveria começar: no Nirvana. Dave (e Pat Smear, que acompanhou o grupo na turnê “In Utero”) abre o coração ao falar de Kurt, e conta como decidiu se isolar após o suicídio do companheiro. “Nove meses depois decidi gravar algumas coisas que tinha guardado”, relembra o ex-baterista, agora frontman. Seguem-se uma sucessão de histórias interessantes sobre saídas (uma delas, a do primeiro baterista, motivada pelo fato de Dave refazer toda a bateria do segundo disco) e contratação de novos integrantes (acompanhando a discografia da banda) que mostram uma faceta de chefão de Dave pouco conhecida fora da banda. E ele termina o filme dizendo que o Foo Fighters é a junção dele com Nate Mendel (baixista), Taylor Hawkins (bateria), Chris Shiflett (guitarra) e Pat Smear (guitarra), mas ninguém ficará surpreso se um dos quatro deixar a banda nas próximas semanas. Em Wembley, tocando para 85 mil pessoas, o vocalista pergunta para o público: “Como essa banda cresceu tanto?” Nós também não sabemos (leia aqui), mas “Back and Forth” deixa a impressão de que ele(s) merece(m). Será?
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne
a historia da demissao do primeiro batera do ff eh mt boa, e tira um poko a imagem d cara legal do dave
Esse doc do Wilco é ótimo, mas já n tem uns 10 anos?
Foo Fighters, a maior fraude do rock. Essa banda ser considerada a melhor da atualidade só mostra o qto a coisa vai mal.
Estou escrevendo só para concordar com Daniel Perugini: já ouvi todos os albuns, já ouvi o The Best, mas não consigo ver um pingo de arte ou verdade ou nada que me faça querer ouvir de novo uma música do Foo Fighters. Aliás, nada do que fazem desperta em mim uma reação qualquer que a música poderia despertar. Sequer sou capaz de odiá-los, mas que não desce, não desce. Não resta um refrão, uma melodia, um solo, um verso, um trecho para assovio, nada. Nem vou entrar no território do Nirvana porque aí já são outros 500, não gosto de lutar contra unanimidades, mas já dizia Nelson Rod…
Concordo, Daniel. Foo Fighters é muito “rock burocrático”.
Acho o Wilco gourmet demais pra mim. Alta culinária que eu não consigo apreciar. Juro que já tentei, mas o máximo que consegui curtir deles foi o “Sky Blue Sky”. Esse “Yankee Hotel Foxtrot” aí… Não consigo. Enfim… Prefiro o feijão com arroz e bife do Pearl Jam e o fast-food do Foo Fighters.
Quanto aos documentários ( assisti os do Foo Fighters e do Pearl Jam, claro, rsrsrsrs ) achei bem legais. Só gostaria de saber o motivo REAL da saída do Abbruzzese do PJ. Eles só enrolaram… E o cara foi o melhor baterista que tiveram.
Também nunca consegui encarar o Foo Fighters com seriedade artística. Por mais bem feito que seja, é pasteurizado demais (e não faz a menor questão de esconder isso). Pearl Jam é bem mais interessante nesse sentido, tentando fugir minimamente das convenções na música e até na posição política (o litígio com a Ticketmaster, por exemplo).
E Wilco é uma banda que sempre me intrigou, mas nunca conseguiu me conquistar plenamente. Talvez eu deva dar outra chance.
O Foo Fighters nunca me causou emoção, para mim o que são graças a personalidade carismática do Dave do por seu som, tem como não gosta do cara?! Pearl Jam é bom, eles venceram a mídia, podem fazem shows tocando b-sides se quiserem e sempre vão ter apoio dos fãs e continuaram fazendo bons discos, já o Wilco é classudo, pensado nos mínimos detalhes, bem executado, sempre profundo e melhorando ainda mais a cada disco!
Apesar de ter adorado o livro do PJ20, realmente o filme parece meio “requentado”; houve uma certa preguiça do Cameron em vasculhar coisas inéditas do PJ; e como devoradora da história da banda posso afirmar que não falta material ( para uma leiga como eu, imagina para um profis. ); o Marcus Machado perguntou e vou me atrever a responder: o D.A. saiu da batera do PJ pois era o oposto do E.V.( a “alma”, a cola da banda ), e a história hoje de quase 25 anos do grupo mostra que a decisão de tirá-lo foi a correta, apesar do cara ser muito bom ; eles sucumbiriam ao sucesso se seguissem o desejo do DA; o Wilco me agrada muito (mas não me conquistou até agora )e o FF é muito “papo” para pouco som!! Mas o D.G. pode ter uma bela carreira como documentarista-rs
Abbruzzese era bom, mas lembremos que No Code e Yield foram cozidos no kit do Jack Irons.