por Marcelo Costa
Atualizado a partir do texto original publicado no Scream & Yell em 19/08/2003
Qual o sentido em falar de música que vale a pena hoje em dia? Em sua coluna semanal no jornal carioca O Dia, Frei Betto escreveu que vivemos um período em que “não nos exige dignificar a função que ocupamos; ao contrário, somos considerados pela grife que portamos. Saem os ideais, entra o mercado”. E a música, cada vez mais, parece tomada por profissionais. O artista, aquele personagem que vive e respira música, parece fadado à extinção. Já foi diferente.
Estamos em 1977 e o punk rock planeja, sem planejamento organizado, devolver o rock ao povo. É tudo instinto. Na América, a fúria é levada a cabo pelos Ramones. Mas a cidade que ferve no mundo pop é Londres com duas bandas na infantaria punk contra os heróis humanos que posam de deuses do Olimpo pop. Nada mais seria a mesma coisa após Sex Pistols e The Clash. Porém, balizado por estas duas bandas, o punk rock teve, emblematicamente, duas faces. Enquanto o Sex Pistols representava o lado niilista do movimento, algo datado para acabar e resumido no chegar, colocar fogo e ir embora, o The Clash partiu em frente seguindo uma linha evolutiva em sua carreira, e que encontra poucos paralelos na história do pop.
Isso fica ainda mais óbvio com o lançamento, em 2013, do box “Sound System”, com 11 CDs (os cinco discos oficiais – excluindo “Cut The Crap”, de 1985, ainda ignorado por Mick Jones – mais três CDs com raridades) e um DVD, que traz imagens de shows de 1977, trechos de entrevistas que a banda concedeu a Tony Parsons, e outras pepitas de ouro. Lançado dia 09 de setembro no Reino Unido, o box colocou o Clash novamente nas paradas, com a coletânea dupla recém-lançada “The Clash Hits Back” e o box “Sound System” entre os 40 mais vendidos no Reino Unido durante a semana. Londres ferve novamente.
O The Clash foi a melhor banda de rock do mundo de 1977 a 1982. E, hoje, frequenta o seleto grupo de melhores bandas de todos os tempos. Porque? Abaixo, um resumo.
The Clash – 1977
A banda se formou no dia 01 de abril de 1976, um dia após assistirem a um show dos Sex Pistols. Dois pé-rapados moradores do subúrbio londrino, Mick Jones (guitarra) e Paul Simonon (baixo), tocavam em uma banda chamada London SS e viram no politizado Joe Strummer, filho de um diplomata inglês e guitarrista da banda 101ers, a peça chave para o novo projeto: The Clash. Na bateria, Terry Chimes. Com esta formação a banda seguiu tocando por todo 1976 e começo de 1977. Em fevereiro, o grande anúncio: com um adiantamento de 100 mil libras (uma pequena fortuna para a época), a banda assinava com a major CBS. O dinheiro foi usado na compra de instrumentos. O primeiro álbum saiu cerca de um mês e meio depois trazendo uma mudança: Terry Chimes, que tocou no disco, abandonou a banda sendo substituído por Topper Headon. Recusando os produtores que a gravadora encaminhava, a banda optou por elevar ao cargo Micky Foote, mero operador de mesa do grupo em shows, que nunca tinha produzido nada na vida. O resultado é um álbum musicalmente deficiente. As guitarras ‘vazam’ de um canal para o outro, os vocais surgem embolados e a péssima mixagem torna o produto ainda mais sofrível. Na capa, apenas o trio Jones, Strummer e Simonon. Porém, nem mesmo se um produtor quisesse ele conseguiria estragar um conjunto de canções tão brilhante quanto à do álbum de estreia do Clash. A tosqueira funciona a favor e tudo soa energeticamente juvenil, altamente bruto, como nos primórdios do rock. “The Clash” bateu no Top 20 britânico estourando em vendas. A CBS norte-americana, por sua vez, se recusou a lançar tamanho bagulho no mercado dos EUA. O resultado foram 100 mil cópias importadas da Inglaterra rendendo ao disco o prêmio de álbum não lançado nos EUA mais vendido em terras norte-americanas em todos os tempos. Dois anos depois, porém, a CBS norte-americana aceitou lança-lo, mas impôs condições. Foram retiradas quatro faixas da edição inglesa (“Deny”, “Protex Blue”, “Cheat”, e “48 Hours”) e colocadas outras cinco melhores produzidas e que haviam saído apenas em single na Inglaterra (“Complete Control”, “White Man in Hammersmith Palais”, “Clash City Rockers”, “I Fought the Law” e “Jail Guitar Doors”). A primeira edição brasileira em vinil replicava a versão inglesa. Já a versão nacional lançada em CD no começo dos anos 90, e que está atualmente em mercado, é idêntica à norte-americana. Da abertura, com “Clash City Rockers”, até a última faixa, “Garageland”, são 43m e 20s incendiários/revolucionários. Talvez a faixa 12, “Hate and War”, funcione como explicação para a fúria do álbum, que tem em sua contracapa uma foto flagra de uma “White Riot” entre a polícia e jovens de um bairro negro de Londres. A veia politizada de Strummer pode ser avalizada em um detalhe: Mick Jones escreveu “I’m So Bored With You” e Strummer a transformou em “I’m So Bored With The USA”. Das 15 canções, duas covers: a empolgante “I Fought The Law”, de Sonny Curtis, e o reggae “Police And Thieves”, de Lee Perry, abrindo caminho para as posteriores experiências que o grupo faria com a música negra, fruto da vivência da banda nos subúrbios londrinos, cheio de gente sem grana e imigrantes de ex-colônias britânicas como a Jamaica. Se fosse possível resumir “The Clash” em apenas uma música seria “London’s Burning”.
Sucessos: “White Riot” – “Clash City Rockers” – “London’s Burning” – “I Fought the Law”
Melhor Música: “Clash City Rockers”
Preferida: “I’m So Bored with the U.S.A.”
Nota – 9,5
12ª Posição na Inglaterra; Não lançado nos EUA em 1977 – 126ª em 1979
Give ‘em Enough Rope – 1978
Unanimidade na Inglaterra, faltava ao Clash conquistar os EUA. Para isso, o quarteto cedeu à pressão da gravadora e aceitou o produtor indicado por ela, não só pela ânsia da CBS, mas porque eles mesmos queriam saber que diabos acontecia no mercado norte-americano. Sandy Pearlman, produtor e empresário do Blue Oyster Cult, assumiu a produção do disco com o dever de tornar o som da banda mais palatável. Pearlman vinha de três trabalhos com os proto-punks do The Dictators, o que o credenciava como nome perfeito por conhecer os dois lados da moeda. O resultado foi “Give ‘em Enough Rope”, um disco pungente, mais cerebral que emocional, mas totalmente The Clash. Abre com um trio de clássicos punks, “Safe European Home” – “English Civil War” – “Tommy Gun”, mas perde um pouco da força na segunda metade do álbum, embora “Stay Free” esteja ali para honrar o segundo lado do vinil. “Give ‘em Enough Rope” bateu no segundo posto da parada britânica, mas nem entrou no TOP 100 norte-americano. Se não serviu para colocar o The Clash nas rádios, abriu caminho para uma tour pelos States carinhosamente chamada Pearl Harbour Clash 79. Se fosse possível resumir “Give ‘em Enough Rope” em uma imagem, ela seria o rosto de Joe Strummer encarando a câmera no clip antológico de “Tommy Gun”.
Sucesso – “Safe European Home” – “English Civil War” – “Tommy Gun” – “Stay Free”
Melhor Música – “Safe European Home”
Preferida – “Safe European Home” – “Tommy Gun”
Nota – 8
2ª Posição na Inglaterra; 128ª nos EUA
London Calling – 1979
Qualquer coisa que seja dita sobre este disco é, acredite, pouco. Nenhum adjetivo, por mais elogioso que seja, consegue captar a aura de genialidade que paira sobre esta obra. Comecemos pela capa, cuja foto serve para validar aquela velha frase que diz que uma imagem vale mais do que mil palavras: quer saber o que é rock? Está imagem explica melhor que qualquer teorização. Nela, Paul Simonon destrói seu instrumento num show, em uma imagem flagrada pela fotógrafa Pennie Smith. A foto foi eleita pelos críticos da revista inglesa Q como a melhor foto da história do rock. Na capa, a foto está ilustrada com o nome do disco na mesma tipografia e cor do primeiro álbum (1956) do rei Elvis Presley. O encarte traz todas as letras (com exceção de “Train in Vain”) escritas a mão em fundo xerox, sugerindo um fanzine. E este invólucro serviu para abrigar um disco duplo, o primeiro disco duplo da história do punk. Mas a banda, sabendo que boa parte de seu público era composta de moleques de bairros menos abastados, periferias, sem um puto de grana nos bolsos, conseguiu o impossível: que a gravadora vendesse o disco duplo como simples. Dessa forma, “London Calling” disparou na parada norte-americana chegando até a 27ª posição (na Inglaterra, “London Calling” chegou ao nono lugar). A variedade de estilos é o que mais chama a atenção no álbum. Punk, reggae, rockabilly, bebop, ska, R&B, pop, lounge jazz, hard rock e baladas: isso tudo em 19 faixas emocionantes. Começa com a apocalíptica e hipnótica faixa título, que abre mão do usual verso/refrão/verso ao optar por uma melodia circular forte e impactante. Na seqüência, o rockabilly “Brand New Cadillac”, versão para uma canção dos anos 60, de Vincy Taylor. A próxima, “Jimmy Jazz”, é um bebop enquanto o reggae “Rudie Can’t Fail” elogia os jovens que batalharam por seus sonhos nos 60 lutando contra os velhos que os oprimiam. A empolgante “Spanish Bombs” fala sobre a guerra civil espanhola enquanto “The Right Profile” conta o desespero de ser gay na Hollywood dos anos 50 em clima jazz cabaré. A deliciosamente ácida “Lost in The Supermarket” tem uma bateria marcada à la house music (que nem existia em 1979) para falar, com fina ironia, sobre a alienação e solidão das grandes cidades. “Clampdown” é rock de arena, tanto na melodia quanto na letra. A letra pede para que os jovens não vendam seus sonhos para o mundo frio do capitalismo enquanto a música é cantada em forma de corrida militar em que os soldados (trabalhadores) se alternam em frases-respostas para o sargento (vocalista). “The Guns of Brixton”, única música de Paul Simonon no disco, é reggae pesado e denso. A roqueira “Death or Glory” é o tipo de música em que o título fala por si só, fazendo alusão aos músicos que diziam que iriam morrer antes de ficarem velhos. A sessentista “The Card Cheat” é Phil Spector entupido de dramaticidade enquanto “Lover’s Rock” é doce e pop. Para o final, o single não transcrito nem na capa, nem no encarte e muito menos no selo do vinil, uma canção que não iria entrar no disco porque soava tão pop que poderia assustar os punks. Acabou entrando no álbum de última hora, quando a arte do disco já estava toda pronta: “Train in Vain”, uma deliciosa balada bluezy que bateu o numero 23 da parada de singles norte-americana, feito surpreendente para uma canção de origem punk em 1979. Se fosse preciso escolher um só disco como a obra prima pop de todos os tempos, este seria o eleito.
Sucesso – “London Calling” – “Spanish Bombs” – “Clampdown” – “Train in Vain (Stand by Me)”
Melhor Música – “London Calling”
Preferida – “Lost in the Supermarket” – “Wrong ‘Em Boyo”
Nota – 10
9ª Posição na Inglaterra, 27ª nos EUA
Sandinista! 1980
Exatamente um ano após ter parido um álbum duplo, o The Clash colocou nas lojas o triplo “Sandinista!”. A briga para o disco triplo chegar ao comprador com preço de simples foi dura, mas o Clash venceu a queda de braço contra a gravadora. O resultado, porém, foi insatisfatório. Gravado na Jamaica, “Sandinista!” radicaliza não só no número de canções (36), mas também na variação de estilos, por si só já bastante radical em “London Calling”. O dub, o reggae e o rap dominam o som do quarteto, que brilha em canções como “The Magnificent Seven”, “One More Time”, “The Call Up” e “Charlie Don’t Surf”. O punk rock ficou de lado, representado pela talvez melhor música do álbum, “Police On My Back” (cover de Eddie Grant) e pela rocker “Up in Heaven”. A banda também revisita os anos 50 em “The Sound of Sinners” e flerta com o jazz em “If Music Could Talk”. “Sandinista!” ainda tem a ótima “Somebody Got Murdered” e uma versão para “Career Opportunities”, do disco de estreia, cantada por um coro de crianças. Joe Strummer afirmou desde sempre que não mudaria nada em “Sandinista!”, mas é impossível não enxergar o disco como longo, desfocado e exagerado. Um dos motivos aparentes para a desigualdade do material talvez resulte do fato de Strummer e Jones não estarem mais se entendendo dentro da banda. Mesmo assim, talvez pelo fato de serem três discos pelo preço de um, “Sandinista!” chegou a 24ª posição nos Estados Unidos e se tornou o primeiro disco do Clash a vender mais na terra do Tio Sam do que na terra da Rainha.
Sucesso – “The Magnificent Seven” – “Hitsville U.K.”
Melhor Música – “The Magnificent Seven ”
Preferida – “Police on My Back”
Nota – 8
19ª Posição na Inglaterra; 24ª nos EUA
Combat Rock – 1982
Sai o punk, entra o funk. É mais que a simples mudança de uma letra. Em “Combat Rock”, o som da banda está mais centrado, mas o repertório finca base no funk, reggae e dub, mais do que em qualquer outro disco do The Clash, o que não desagradaria se o resultado fosse uniforme. “Combat Rock” acerta na levada rock à la Stones de “Should I Stay Or Should I Go?”, na excelente disco “Rock The Casbah” e na jamaicana “Strainght To Hell”. Mas o resultado como um todo é inconsistente, destacando cada vez mais o desentendimento de Strummer e Jones. Enquanto o primeiro queria levar a banda para o lado negro da música, o segundo queria ser um guitar hero. O choque das duas personalidades acabou, por fim, matando o The Clash. Primeiro com a demissão do batera Topper Headon por (ab)uso de heroína. Depois foi a vez de Mick Jones ser jogado do barco por Strummer e Simonon. Nada estranho que a banda tenha começado a se desentender no momento em que alcançava o olimpo pop que o punk tanto rechaçou. Nada mais irônico que, ao ser demitido, Headon tenha deixado o single mais vendido do Clash na história da banda (“Rock The Casbah”, escrita por Headon, chegou ao oitavo lugar da parada norte-americana). Nada estranho que a banda tenha excursionado em 1981 com o The Who, banda cuja letra de “My Generation” Strummer ironizara em “Death or Glory”, dois anos antes. Se me fosse concedido o momento para acabar com o The Clash, seria este aqui.
Sucesso – “Should I Stay Or Should I Go?” – “Rock The Casbah” – “Strainght To Hell”
Melhor Música – “Strainght To Hell”
Preferida – “Rock The Casbah”
Nota – 7
2ª Posição na Inglaterra; 7ª nos EUA
Cut The Crap – 1985
Três anos após “Combat Rock”, Strummer e Simonon recrutaram Nick Sheppard e Vince White para o novo Clash e lançaram este álbum, que é considerado o pior disco do grupo, não só pela ausência de Topper Headon e Mick Jones, mas pela estilização das músicas. Querendo fazer do álbum uma volta ao punk rock três acordes, Strummer não consegue fugir da autocópia. O resultado é constrangedor. Crítica e público odiaram o disco. O próprio Strummer diz que só foi ouvir a mixagem final com o álbum já nas lojas. Fim do Clash. Com o fim da banda, Joe Strummer se aventurou por trilhas sonoras (“Walker” 1987 e “Earthquake Weather” 1989) e só voltou a retomar uma nova banda no final dos 90, os Mescaleros, que ele havia formado para gravar a trilha de “Straight to Hell” em 1987 e aposentado em seguida. Mick Jones montou o Big Audio Dynamite (B.A.D.) e lançou quatro discos, chegando a tocar no Brasil nos anos 80. A banda acabou em 1989 e Jones a reativou como Big Audio Dynamite 2 em 1991, para lançar mais dois álbuns e só.
Sucesso – “This is England”
Melhor Música – “This is England”
Preferida – “This is England”
Nota – 3
16 ª Posição na Inglaterra; 88ª nos EUA
Super Black Market Clash – 1994
Em 1980 a banda havia lançado o EP “Black Market Clash”, com nove faixas. Aproveitando o espaço a mais que os CDs trouxeram, em 1994 o álbum foi relançado como “Super Black Market Clash” contendo mais 12 faixas e algumas diferenças no tracking list original do EP. Remixes, b-sides, versões alternativas e raridades fazem a festa nesta pequena preciosidade. Tudo que fez o The Clash ser o que é está aqui. Das faixas mais antigas e punks como “1977”, “City of Dead” e “Jail Guitar Doors” até versões remixes como “Robber Dub” (“Bank Robber”), “The Magnificent Dance” (“The Magnificent Seven”) e “Mustapha Dance” (“Rock The Casbah”). Se uma canção só vale um álbum, esta é “This is Radio Clash”.
Sucesso – “This is Radio Clash”
Melhor Música – “1977” – “This is Radio Clash”
Preferida – “1977” – “This is Radio Clash”
Nota – 9,5
From Here To Eternity – Live 1999
Histórico registro ao vivo da banda. Enquanto Joe Strummer arrumava as coisas em casa, topou com várias fitas velhas jogadas em caixas e fez uma seleção no material de melhor qualidade. Dessa forma, cobrindo um período de shows de 1978 a 1982, “From Here to Eternity” é uma aula de rock and roll. A qualidade é excelente. Guitarras se cruzam, assim como vocais e backing vocals, e tudo na maior zoeira, seguindo a cartilha do que melhor o rock produziu até hoje. O repertório é clássico. “Complete Control”, com variações no andamento, “London’s Burning”, zoeira total, “Clash City Rockers”, minha preferida, e “Carrer Opportunities”, “Capitol Radio”, “I Fought The Law”, a apocalíptica “London Calling” e versões apaixonadas para “Train in Vain”, “(White Man) In Hammersmith Palais” e, claro, “Should I Stay or Should I Go”. Tem mais: aquela raiz jamaicana que se agarra no ritmo de “Guns of Brixton”, “Armagideon Time” e na chapante “The Magnificent Seven”. No final, “Strainght to Hell”, hipnotizante. Excelente maneira de conferir a força da banda no palco. Em 2008 chegou às lojas “Live at Shea Stadium”, registro de um dos shows do Clash abrindo para o The Who em Nova York, 1982, com 15 canções do show, e a mesma empolgação de sempre. Merece audição também, mas o grande registro ao vivo do Clash, até por recortar canções de várias fases, é “From Here To Eternity”.
Sucesso – Quase todas as músicas
Melhor Música – Quase todas as músicas
Preferida – “Clash City Rockers”
Nota – 10
Coletâneas
Três coletâneas oficiais reúnem material importante do The Clash. Lançada em 1988, “The Story of The Clash Vol 1” compila 28 músicas em dois álbuns, centrando foco nos singles e no filé dos discos, reunindo o material clássico do quarteto. Canções como “Bank Robber”, “This is Radio Clash”, “Armagideon Time” e “Capitol Radio” são inéditas na discografia oficial da banda. Em 1991 saiu “The Singles”, coletânea simples com 18 músicas que servem como bom resumo da carreira do grupo para um neófito, mas não traz nenhuma curiosidade para o fã completista. Como homenagem ao mito Joe Strummer, morto em dezembro de 2002, foi lançada em 2003 a excelente “The Essential”, a mais completa coletânea da banda. São 40 músicas em dois CDs, em uma seleção bem cuidada e nada óbvia. Aliada aos maiores sucessos do grupo, a seleção resgata também canções do álbum “Super Black Market Clash”, raridades como “Cheat” – que saiu apenas na versão inglesa do primeiro álbum – e até “This is England” do “Cut The Crap”. Em 2013 foi a vez de chegar ás lojas “The Clash Hits Back” e o tracking list de 32 canções segue o set list da banda durante a The Casbah Club UK Tour, de 1982 (24 canções que eles tocavam em show mais oito faixas emblemáticas da carreira da banda).
O item coletâneas ainda engloba “Clash on Broadway”, box especial com três CDs e 63 músicas, que parece ter sido feito na correria. Primeiro sintoma: o livreto que acompanha a caixa é ridículo, com poucas informações de relevância. Segundo: a seleção deixou de fora muito do material clássico composto pela banda. Mesmo assim, “Clash on Broadway” tem seu atrativo no material raro: versões demo de “Janie Jones” e “Career Opportunities”, ao vivo de “English Civil War”, “I Fought The Law” e “Lightning Strikes (Not Once, But Twice)” e canções até então inéditas como “Every Little Bit Hurts”, “Midnight To Stevens” e “One Emotion”. Mesmo assim, muito pouco para o investimento (e para o The Clash). Já o box “Sound System”, lançado em setembro de 2013, reúne os cinco discos oficiais da formação clássica banda e mais três CDs com raridades, que, esparsadamente, contém cerca de 80% das 21 faixas do excelente “Super Black Market Clash” tanto como b-sides que apareceram apenas no essencial box “The Singles”. De raridades, o box compila 12 faixas nunca lançadas, entre elas dois outtakes do álbum “Combat Rock” (“The Beautiful People Are Ugly Too” e “Idle In Kangaroo Court”), versões estendidas de “Ghetto Defendant” e “Sean Flynn” e praticamente oito faixas que reúnem material da primeira sessão de gravação da banda, em 1976, e de um show no The Lyceum,, em Londres, em dezembro de 1978.
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne
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Teve uma história engraçada na época de Sandinista
Contrariados pelas críticas ao disco, eles declararam: “dizem que o álbum triplo custa o preço de um porque é uma merda. Nosso próximo lançamento vai ser um EP ao preço de álbum duplo”
Faz MUITA falta no combalido rock uma banda dessa envergadura – tanto em termos de moral, quanto de talento.
Trazendo para o, mais combalido ainda, rock brazuca.
É triste ver Tico Santa Cruz e Dinho Ouro preto bradando mesmices, da forma mais boboca possível, contra os políticos.
PS: Sábado passado, passeando em uma livraria, comprei o primeirão da banda.
Versão inglesa.
Como diria Caetano: Beleza pura.
O meu preferido sempre vai ser o Sandinista
Gostei muito das renhenhas, também estou pensando em fazer uma para o meu blog.
Sou um grande fã do The Clash, toco guitarra e tenho o Mick Jones como uma das minhas principais influências, queria muito formar uma banda nesses moldes, politizada. O cenário que vivemos hoje em dia é caótico: corrupção, violência, preconceito, ignorância.. Tem muita coisa para ser falada, muita música para ser escrita.. Uma pena o rock hoje ter perdido essa coragem, principalmente aqui no Brasil..