Entrevista: Bruno Medina

por Marcos Paulino
colaborou Marcelo Costa
fotos: Marcos Hermes

No dia 20 de abril, Marcelo Camelo (voz, guitarra e baixo), Rodrigo Amarante (voz, guitarra e baixo), Rodrigo Barba (bateria) e Bruno Medina (teclado) reúnem mais uma vez o Los Hermanos, desta vez para uma turnê por 11 capitais brasileiras, que vai comemorar os primeiros 15 anos de vida da banda carioca.

Curitiba foi a última cidade a entrar na turnê. Eles agora fazem parte da escalação do festival Lupaluna, que acontece na capital paranaense no dia 18 de maio. Belo Horizonte e Salvador ganharam datas extras, já que a expectativa do público dessas cidades demonstrava que apenas um dia seria insuficiente para que todos que gostariam pudessem assistir. O mesmo acontece com o Rio de Janeiro.

A banda volta à Fundição Progresso, onde fez shows importantes como a temporada de despedida em 2007 e a gravação do clip de “O Vencedor”, alguns anos antes. A venda de ingressos começa no dia 16 de janeiro (infos aqui), exceto em Curitiba, onde deverá demorar mais um pouco. A abertura de todos os shows ficará a cargo do DJ Maurício Valladares, que vai fazer uma seleção de músicas antes e depois das apresentações.

O músico Bruno Medina, que desde 2006 assina a coluna Instante Posterior no site G1 (http://g1.globo.com/platb/instanteposterior), espaço que teve um embrião em seis textos no Scream & Yell publicados na primeira metade da década passada (leia aqui), conversou com o PLUG, parceiro do Scream & Yell, sobre o novo reencontro do Los Hermanos e também sobre a repercussão de sua coluna sobre Michel Teló.

O que o público pode esperar de mais esta reunião do Los Hermanos?
Estamos muito animados e ansiosos! Acho que essa vai ser uma grande oportunidade de reencontrar nosso público, uma vez que as cidades escolhidas são as que fizemos possivelmente os melhores shows de nossa carreira.

Como foram escolhidas as cidades que receberão os shows da turnê?
A partir de conversas que tivemos e por sugestão de nossa produção. Basicamente, são capitais, ou se-ja, cidades que costumam atrair públicos do interior do Estado. Essa medida é importante, visto que não faremos muitos shows e os locais escolhidos precisam necessariamente ser representativos.

Quais músicas você mais gostar de tocar ao vivo, que você sente um prazer em voltar a tocar?
Acho que isso sempre varia um pouco, a depender da época e do local em que estamos. Em Recife, por exemplo, um dos pontos altos de nossas apresentações sempre é “Pierrot”, porque fazemos uma introdução com “Vassourinha”. Depois de um tempo rodando pelo país, cada lugar em que voltamos tem uma história particular com a banda, e é isso que aumenta o potencial dessa turnê dos 15 anos ser uma celebração muito peculiar para nós e para nossos fãs.

Com essas apresentações apenas esporádicas, a banda corre o risco de não ter uma renovação de seus fãs?
Não sei se concordo com isso. Acho que a renovação de público está ocorrendo, independentemente da atuação da banda. Tenho percebido muitos comentários na web de pessoas que nunca nos assistiram ao vivo. São fãs de 16, 18 anos, que eram bebês quando a banda começou.

Como vocês definem o set list de cada show?
Acho que, como a maioria das bandas, 15 minutos antes do show, hahahaha… Pelo menos no Los Hermanos é um pouco difícil se organizar para planejar o roteiro antes, portanto é sempre em cima da hora mesmo. De certo modo é legal, porque nos permite captar a energia do lugar e dar espaço para sentir o que nós mesmos queremos tocar. Por outro lado, muitas vezes a gente erra feio, criando, por exemplo, uma sequência que não funciona muito bem ao vivo. Mas isso também faz parte…

Há alguma chance do Los Hermanos se reunir em definitivo?
No momento não existem conversas nesse sentido. Temos tentado dar um passo de cada vez e es-tamos felizes por poder viabilizar esses shows, que serão incríveis. Por enquanto, nosso foco tem sido esse.

Vocês pensam em lançar um novo disco?
Não, a banda não tem essa intenção por enquanto.

O que você achou da repercussão de sua Carta aberta a Michel Teló?
Apesar desses quase 5 anos de experiência adquirida no G1, admito que fiquei surpreso com a quantidade de comentários e o tamanho da polêmica. Na minha visão a brincadeira estava implícita, visto que em alguma medida eu me compadecia com o Teló, sobretudo em relação à superexposição da música, que leva algumas pessoas a odiá-lo sem que ele tenha qualquer culpa disso. Quando eu desejei que ele ficasse o ano todo na Europa, estava subentendido que era uma forma de evitar que a música dele continuasse martelando na minha cabeça, o que de certo modo até confirma a força da canção. Enfim, algumas pessoas entenderam, outras muitas não, no entanto o blog acabou virando um fórum para a discussão sobre qual papel as músicas com dancinha têm na identidade cultural brasileira. Assim sendo, quem odeia o cara enxergou na minha carta uma espécie de manifesto, exagerando o tom da “crítica” e distorcendo seu significado. Já quem ama o cara se fechou para os argumentos e passou a me ver tão somente como inimigo de tudo que ele representa, o que também não faz sentido. A conclusão que tirei desse episódio foi que a internet virou a porta de banheiro do mundo, portanto quem quiser se expressar através dela, tem que aprender a aceitar isso e saber relativizar.

Confira as datas dos shows

20/04 – Recife, Festival Abril Pro Rock (Chevrolet Hall)
21/04 – Fortaleza, Barraca Biruta
27/04 – Manaus, Pavilhão do Studio 5
28/04 – Belém, Cidade Folia
05/05 – Brasília, Ginásio Nilson Nelson
06/05 – Salvador, Concha Acústica do TCA
07/05 – Salvador, Concha Acústica do TCA
11/05 – São Paulo, Espaço das Américas
12/05 – Porto Alegre, Pepsi on Stage
18/05 – Curitiba, Festival Lupaluna (BioParque)
19/05 – Belo Horizonte, Chevrolet Hall
20/05 – Belo Horizonte, Chevrolet Hall
25/05 – Rio de Janeiro, Fundição Progresso
26/05 – Rio de Janeiro, Fundição Progresso

Leia também
– “Bloco do Eu Sozinho”, um álbum estranho e genial, por Marcelo Costa (aqui)
– “Bloco do Eu Sozinho”: faixa a faixa por Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante (aqui)
– “Ventura”: a consistência e maturidade do Los Hermanos, por Jonas Lopes (aqui)
– “Los Hermanos 4” é um disco sem paralelos na música brasileira, por CEL (aqui)
– “Fizemos Bloco do Eu Sozinho à revelia”, entrevista a Martin Fernandez (aqui)
– Los Hermanos – Uma constatação e uma idéia absurda, por Juliano Costa (aqui)
– Show: “Seita” Los Hermanos segue firme em SP  (2005), por Juliano Costa (aqui)
– Show: A antepenúltima ceia do Los Hermanos (2007), por Marco Antonio Bart (aqui)
– “Bloco do Eu Sozinho” e “Ventura”, os dois melhores discos dos anos 00 (aqui)

13 thoughts on “Entrevista: Bruno Medina

  1. Vou comparecer ao show de BH, só espero que a banda se prepare para os shows e não repitam as péssimas de performances nos shows do Radiohead e no SWU e que o Marcelo Camelo cuide da voz.

  2. Quanta porcaria internacional a gente ja recebeu em forma de musica ou literatura??? Entao, assim como os livros de Paulo Coelho, Michel Telo nos serve de vinganca: porcaria para cima dos gringos!!! O texto do Medina foi altamente sarcastico, mas pouca gente entendeu. Tambem o que esperar dos fas de Michel Telo???

    Alexandre

  3. Simpatizo com os Los Hermanos…A música deles é meio morna…Mas a legião de seguidores que conseguiram e a liberdade artistica de fazer música do jeito que querem merece respeito…Eles merecem muitos adjetivos…Menos o de banda de rock…E não sei se isso é defeito ou qualidade nos dias de hoje.

  4. É uma boa notícia que o Los Hermanos volte a excursionar. Desde já, porque bastava um álbum como “Bloco Do Eu Sozinho” para os imortalizar no cenário musical brasileiro. A entrevista revela alguns aspetos interessantes: “Pierrot” é obrigatória no Recife e muitas canções são interpretadas consoante exista uma história particular com cada cidade. Outro fato curioso é a legião de fãs de 16 e 18 anos que nem sequer eram nascidos quando o Los Hermanos atuava, o que só prova a influência de uma banda cujas linhas elegantes marcaram o Brasil, mas também muitos dos novos atos musicais portugueses contemporâneos.

  5. Esse Bruno é um fofo e essa banda é maravilhosa.

    Deveria ser pecado eles pararem de se apresentar partindo do ponto de vista que o show de Fortaleza (que eu fui) foi maravilhoso e tenho ctz que o Recife não foi menos do que isso. Uma banda que após 5 anos sem fazer shows juntos reúne em uma só noite cerca de 15mil pessoas não pode ser chamada de lixo, pelo menos não fazendo jus ao significado da palavra. O show foi lindo, eles erraram algumas besteirinhas em algumas músicas mas isso é aceitável, afinal, como já disse, faz 5 anos que a banda parou de se apresentar, por mais que já tenha feito algumas poucas apresentações depois disso. Não gosto de pensar que existe a possibilidade de eu não ir a outro show deles. Mas posso dizer que o primeiro que fui foi PERFEITO.
    Eles são ótimos juntos, não parece que a banda acabou qnd a gnt vê eles no palco, interagem com os fãs e se mostram completamente felizes em estar ali. Mais felizes ficam os fãs de ter a possibilidade de fazer parte de momentos como esses. Quero de novo e se eu puder viajo mais uma vez pra ver esses fofos, como fui de São Luís pra Fortaleza.

    Espero que a turnê seja tudo o que eles esperam dela, e tbm para os fãs… como foi pra mim. Espero tbm que não seja a última =) Eles são maravilhosos e se quiserem voltar, já podem! hehehehe

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