Ao vivo: Travestido de Multi-Homem, Gabriel Thomaz mostra hits e versões de Erasmo e Júpiter Maçã em show n’A Obra, em BH

texto por Rodrigo James
fotos de Alexandre Biciati

A relação de Gabriel Thomaz com a casa A Obra é longa e bastante íntima. Seja com sua banda, o Autoramas, ou em qualquer trabalho solo que ele tenha ou venha a criar, a sensação de estar em casa em um dos locais mais icônicos do underground brasileiro é evidente. Tanto é que Gabriel normalmente faz um pacote show + discotecagem quando está de passagem pela cidade, prolongando ao máximo sua estadia no local.

Fundada em 1997, A Obra Bar Dançante é uma instituição do rock em Belo Horizonte, daqueles que merecem constar como ponto turístico e visita obrigatória para visitantes na cidade (consulte a agenda). Pelo palco da casa, localizado no subsolo, tal qual um porão, de um imóvel no bairro da Savassi, já passaram mais de 10 mil bandas – algumas delas comandadas por Gabriel Thomaz.

Por isso, não havia lugar melhor para ele lançar seu disco “Multi-Homem” na capital mineira. Acompanhado apenas do baterista Fernando Fonseca (como adiantou em conversa aqui no Scream & Yell), Gabriel fez o que sabe fazer de melhor: rrrrrrock. Mas não somente. Em “Multi-Homem”, existem outros elementos no som que ampliam o espectro de seu trabalho: o frevo, os sons paraenses e a estética carnavalesca se fazem presentes numa simbiose que só os bons conseguem fazer e que casa perfeitamente com sua veia rock.

O destaque de “Multi-Homem” e deste show é, sem dúvidas, o divertido hit “Peru Pará”, que mostra a capacidade ímpar de Gabriel Thomaz em conseguir criar hits improváveis a partir de temas aparentemente impossíveis. Não custa lembrar que este é o homem que um dia compôs “1, 2, 3, 4”. O desafio é ouvir “Peru Pará” duas vezes (número de vezes que ele tocou a canção no show) e não sair cantando. A isso se dá o nome de hit.

Mas o show não parou por aí. Gabriel misturou boas canções do disco, como “Carambola” (que na versão em estúdio tem a participação especial da cantora Márcia Freire) com hits do Autoramas (“Carinha Triste” e “Fale Mal de Mim” – esta atendendo a um pedido especial do público), do Little Quail and the Mad Birds (“Aquela”) e algumas covers mais do que especiais, como “Minha Fama de Mau”, do grande Erasmo Carlos e “Ela Sabe o Que Faz”, de Júpiter Maçã.

Num mundo ideal, Gabriel Thomaz e os hits de todas as suas bandas e projetos, estariam sendo executados para multidões. Como não estamos em um mundo ideal, sua música acaba restrita para alguns poucos como os que compareceram n’A Obra. Para os outros muitos que não foram, só posso lançar o desafio: ouvir “Peru Pará”, ”Carinha Triste”, “1234” e tantos outros hits feitos por ele e não sair cantando.

– Rpdrigo James  e  Alexandre Biciati são responsáveis pela Phono, site focado em tudo de bom que acontece musicalmente nas Geraes. Conheça: https://www.phono.com.br/

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