15 anos atrás, Danilo Corci e Ricardo Giassetti decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, lançando mais de 130 volumes de livros inspirados em discos.
O Scream & Yell tem a honra de republicar os livros da Mojo buscando manter o acervo da editora online (enquanto também estivermos online). Toda segunda, um livro da Mojo novo sobre um disco! O 45° volume da série (conheça os anteriores estão aqui) é dedicado ao segundo álbum dos canadenses do Arcade Fire, “Neon Bible”, que surge aqui relido por Bruno Reis.
Lançado em 2007, o Arcade Fire pincela um quadro que deve ser observado como se estivéssemos olhando fixamente as imagens de um livro 3D daqueles “Olho Mágico”. Porque atrás da tinta negra há um mundo dominado pela televisão; um mundo em que religião mais culpa que acalenta; um mundo em que assassinos seriais (loucos e governantes) seguem matando; um mundo em que falsos pastores vendem bíblias de neon e prometem a vida eterna em troca de seu dinheiro; um mundo prestes a acabar numa terceira guerra mundial (resenha completa da época). Faça o dowload desse Mojobook em PDF ou leia online aqui.
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Os trovões que espocavam furiosos no céu chuvoso eram a única forma de iluminar a cama, iluminar o sono que não vinha, os pensamentos que aportavam cada vez mais potentes. A vida seguia um curso tão inesperado que, pela primeira vez em semanas, ele finalmente conseguia pensar à frente. Sua cabeça, fazia tempo, não raciocinava sobre o que viria, apenas processava o presente e, principalmente, o passado.
Resolveu parar de pensar enquanto não era tarde demais. Pensar pode machucar mais do que se imagina. Precisava continuar seu curso determinado pelo destino. Adentraria o mundo ardiloso da aventura criada para esquecer os últimos acontecimentos. “Navegar é preciso”, dizia o poeta. Resolveu acreditar na frase famosa e embarcar no Réginne, barco que roubou de um amigo, apoiado na percepção de que poucas coisas tinham precisão na sua realidade atual. “Agora, ao menos alguma coisa será precisa por aqui”.