Aliança FARO: Panorama CUBA (Destaques de JULHO de 2022)

JULHO 2022

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Clique no país acima para conhecer seus destaques de julho! E ouça nossa playlist.

CUBA
pela Equipe do site Magazine AM:PM

Cuba está presa em um mar de problemas cada vez maiores. A crise de eletricidade é insustentável, e todas as províncias do país, exceto Havana, sofrem apagões de quase 12 horas por dia como resultado do mau funcionamento das usinas termelétricas e da escassez de combustível, com a crise econômica, o embargo contra Cuba e a má gestão governamental como pano de fundo. Para tentar equilibrar essa situação, decidiram que a capital também começaria a ser afetada com o que chamaram de planejamento de apagão “solidário” (com o restante das províncias). Enquanto isso, dengue, covid-19 ou “a gripe que te derruba” convivem conosco durante este verão infernal, ativando mais um reforço de vacinas para a população e nos obrigando mais uma vez a usar máscaras em locais fechados ou lotados; tudo isso enquanto os preços continuam a disparar, o transporte público quase não existe e a falta de bens de primeira necessidade… estão esgotados.

Como se não bastasse, este mês perdemos César ‘Pupy’ Pedroso, fundador e diretor do grupo de música de baile cubana Pupy y los que Son Son. Não há solução à vista, mas é preciso seguir em frente, como fazem os músicos que não param de lançar música. Anote estas recomendações e descubra como é Cuba hoje:

DESTAQUE DO MÊS
CHUCHO VALDÉS E PAQUITO D’RIVERA – “I MISSED YOU TOO”: Chucho Valdés lançou um novo álbum com Paquito D’Rivera, uma dupla “brutal” que está de alguma forma unida pela música há mais de 60 anos. “I Missed You Too” (2022) é o reencontro discográfico que os dois músicos se deviam há muito tempo, já que ao longo de suas vidas tocaram muito juntos, embora tenham passado muito tempo sem fazê-lo.

O álbum tem sete canções emblemáticas, algumas compostas por Chucho (compositor, pianista) e outras por Paquito (compositor, clarinetista e saxofonista) ao longo de suas carreiras – no caso de “El Majá de Vento”, por ambos. “I Missed You Too” ainda inclui versões de “Pac-Man”, canção de Hilario Durán e de “El Día Que Me Quieras”, de Carlos Gardel.

Trata-se de um álbum feito com bom gosto, em formato de sexteto de jazz, e no qual encontramos todas aquelas melodias e ritmos harmônicos que se sintetizam no jazz latino e na música cubana: afro, son, canção e jazz aliam-se de forma magistral. Um álbum para lembrar o passado musical de Cuba e o futuro que está por vir. Dafnis Prieto (bateria), Diego Urcola (trompete), José A. Gola (contrabaixo) e Roberto Vizcaíno Jr. (percussão) colaboraram na gravação.


OUTROS DESTAQUES:
RXNDE AKOSTA— “PERRO NEGRO”: Se você quer conhecer o trabalho deste rapper cubano, esta é a música certa com a simbiose perfeita de letra sincera, melodia e acompanhamento de jazz, desenvolvido através dos timbres do sax tenor, piano e samples eletrônicos. “AKG tipo tranquilo, mais pessoa do que rapper”, ele canta várias vezes para nos dizer quem é e de onde vem. Termina com um fragmento do tema “Los Sitios Enteros”, de NG La Band, nada mais a dizer. Tudo está muito claro aqui.


RUIDO BLNCO — “CANCIONES PARA SOMBRAS”: Esta banda cubana de indie rock lançou em julho seu primeiro álbum completo com 10 músicas, após antecipar diversas canções nas plataformas aquecendo o lançamento. Muitos demônios e fadas caminham ao lado das músicas deste álbum. “Sombras”, “La Resistencia” e “Arrararse La Cancion” gritam verdades. Se você quiser se aproximar um pouco mais da banda, ouça o disco e leia esta entrevista que publicamos há alguns meses.


AL2 EL ALDEANO Y RAYMOND DANIEL — “NÓMADAS”: Que classe de álbum fez AL2, rapper cubano que vive nos Estados Unidos, junto com Raymond Daniel, músico, produtor e guitarrista cubano também morando em Miami. “Nómadas” é um fonograma de 14 músicas entre baladas, boleros, funky, afro, sons eletrônicos, reggaeton misturado com timba e son, hip hop bom em todos os sentidos. Mensagens de paz, amor, honestidade, muita identidade cubana. “Libertad”, “Quédate” e “Diario” são algumas das músicas que nos envolvem com seu fluxo violento.


DIEGO HEDEZ Y MARCOS MORALES — “THE HAPPY END”: Poucas pessoas tocam free jazz em Cuba, e esses dois meninos da nova geração de jazzistas da ilha são uma das poucas exceções. “The Happy End” é um projeto que foi idealizado há alguns anos e hoje resulta em um EP com cinco músicas totalmente improvisadas. Foi gravado em uma sessão ao vivo na PM Records e ali, no calor da gravação, nasceram canções originais com o estilo marcante dos dois músicos. Há muito virtuosismo e pensamento organizado aqui, uma combinação que dificilmente falha.


MAIS CULTURA
Nos primeiros dias de agosto rolou o festival de hip-hop Rima Amor y Poesía, que contou com a equipe da Magazine AM:PM falando sobre nossas publicações relacionadas com o mundo do hip-hop e do rap, e sobre os processos socioculturais que desenvolvem esses estilos dentro da cena musical urbana cubana. Por outro lado, após dois anos de hiato devido à pandemia, a 16ª edição do Festival de Cine FIC de Gibara aconteceu de 2 a 6 de agosto na província de Holguín. O concurso contou com a participação de mais de 15 países e uma programação variada. Musicalmente, eles tiveram o luxo de ter Alexander Abreu e Havana D’ Primera no evento de encerramento.

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