Texto por Homero Pivotto Jr.
Fotos por Pâmela Veríssimo
Party time! O bordão conhecido entre fãs do Turbonegro foi expressão recorrente durante o fim de semana em que a banda norueguesa tocou pela primeira vez no Brasil. E resume bem o clima do show, que rolou no domingo, 15 de setembro, no Carioca Club. A apresentação foi uma verdadeira festa entre denim demons.
O público, infelizmente, ficou aquém do que o grupo que trabalha na divulgação do álbum “RockNRoll Machine” (2018) merecia — cerca de 500 pessoas, conforme a organização. Ainda assim o sexteto fez jus ao título do trabalho mais recente e mostrou-se uma máquina roqueira do momento que entrou no palco até o fim do espetáculo.
Antes da atração principal, a Corozones Muertos preparou corações para o que estava por vir. Mostrando um punk rock que flerta com hard rock, o conjunto argentino-brasileiro fez um set curto e eficiente enquanto a plateia ia se acomodando. Além das composições próprias, o repertório teve também uma releitura pra “I Fought the Law”, de Sonny Curtis, popularizada na versão do The Clash.
O Turbonegro deu as caras por volta das 20h30min. Nitidamente contentes de estarem tocando pela primeira vez para os brasileiros, o conjunto desfilou clássicos de toda a discografia. Tony Silvester provou ser um excelente frontman e um substituto à altura do cargo ocupado por Hank Von Helvete, hoje em carreira solo, até 2010. A postura debochada e a voz rouca se encaixam bem na proposta do Turbão.
O baixista Happy Tom (único membro constante desde o início das atividades) honrou o codinome e, além de mandar brasa nos graves com precisão, tocou com cara de satisfeito quase todo o tempo. Tommy Manboy foi certeiro nas batidas.
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Euroboy e Rune Rebellion revelaram entrosamento para disparar riffs nas guitarras que fazem o esqueleto chacoalhar quase que involuntariamente. O tecladista Crown Prince Haakon-Marius, que ganhou espaço para explorar a criatividade no disco mais recente do Turbonegro, também teve destaque ao vivo. Com o som do instrumento audível e ‘na cara’, pôde apresentar com clareza composições de referências oitentistas.
O início deu-se com Euroboy no centro das atenções tocando os acordes iniciais de “The Age of Pamparius”. O repertório seguiu por um passeio entre temas conhecidos e músicas do trampo lançado em 2018. Entre as antigas, a banda executou “The Age of Pamparius”, “Get it On”, “Sell Your Body (To The Night)”, “Denim Demom”, “City of Satan”, “Back to Dungaree High” e “I Got Erection” com trechos de “I Was Made for Loving You”, do Kiss, e de “You Gotta Fight For Your Right”, do Beastie Boys.
Da safra mais nova, tivemos “Hot for Nietzsche”, “Fist City”, “Special Education”, “Hurry Up and Die”, “RockNRoll Machine” e “Part II: Well Hello”. Destaque para o telão de led ao fundo do palco, que mostrava animações interessantes que interagiam com as músicas.
O encerramento foi com estilo. Pra fechar o baile com vibe festeira, enquanto a banda saudava o público e tirava foto no palco após ter tocado, “The Best”, da Tina Turner, ecoava dos falantes. A julgar por alguns vídeos ao vivo do Turbonegro, a prática não é inédita – a banda usa a composição da cantora para se despedir com frequência. Mas soa divertida. Como todo o show. Demorou 30 anos para os caras baixarem aqui, e eles honraram a história da banda.
– Homero Pivotto Jr. é jornalista e responsável pelo videocast O Ben Para Todo Mal.