Texto por Jorge Wagner
Fotos por Eduardo Magalhães
Assistir ao capixaba Silva ainda nas apresentações de “Claridão”, seu disco de estreia, era uma experiência curiosa: no palco, as faixas de seu trabalho – acima da média quando comparado aos lançamentos de outros artistas de sua geração – eram reproduzidas com tal perfeição, com tal exatidão que, após alguns minutos, você se perguntava se estava mesmo em um show ou apenas ouvindo uma mera reprodução mecânica. A ausência de uma banda (Silva era acompanhado apenas pelo baterista Hugo Coutinho) somada ao excesso de recato e a pouca experiência do músico com os palcos e o público vinham a colaborar com a impressão.
Para os shows de “Vista pro Mar”, segundo disco lançado em março, Silva quis mais. Trouxe para o palco Giuliano de Landa (baixo e synth) e Rodolfo Simor (guitarra e synth), além de um ocasional trio de metais, dando mais vida e corpo às suas músicas. No entanto, a julgar pela terceira apresentação do novo disco, realizada no último sábado no tradicional Circo Voador, ainda há pontos a se acertar.
Com um repertório de vinte músicas – oito retiradas de seu disco de estreia, todas as onze de “Vista Pro Mar” e mais uma releitura pra “Mais Feliz”, de Cazuza, lançada no tributo “Agenor”, organizado pelo DJ Zé Pedro –, sua apresentação é extensa além do que deveria, oscilando entre momentos excelentes e outros extremamente frios e cansativos. Se algumas de suas músicas estão bem melhores ao vivo – com destaque pra “Moletom”, “Disco Novo”, “Imergir” e a sequência final com “A Visita”, “Claridão”, “12 de Maio” e “Janeiro” –, outras, como “Ainda” e “Maré”, parecem simplesmente não funcionar, puxando pra baixo a média de um show que, em outras circunstâncias, deixaria poucas margens para qualquer crítica.
Um pouco mais de carisma e confiança, sem dúvida, faria bem ao jovem músico. Mas isso é coisa que só mesmo o tempo e a estrada podem trazer. Os maiores deslizes de Silva, porém, podem ser resolvidos com poucos ajustes, como um repertório melhor estruturado e o senso de que uma apresentação não precisa, necessariamente, contar com 80% de tudo o que já se gravou – mesmo que não se tenha gravado tanta coisa assim.
Com meia dúzia de músicas a menos, talvez com uma versão a mais (músicos: em doses homeopáticas, quando devidamente selecionadas e trabalhadas, as versões são suas amigas; não tenham medo do cover; tenham medo de um trabalho autoral fraco), o capixaba poderia ter feito um show de média 9 no último fim de semana. Não o fez por uma única razão: pecou pelo excesso.
Artista em construção, Silva já demonstrou que é capaz de boas coisas. Se não demorar a entender que, de vez em quando, menos pode ser mais, vai melhorar consideravelmente suas passagens pelo palco ainda durante as apresentações de “Vista Pro Mar”. Do contrário, quem sabe nos shows do próximo disco, com uma banda maior, com novos convidados, com um pouco mais de carisma, confiança e experiência.
– Jorge Wagner (siga @jotablio) é jornalista e colabora com o Scream & Yell desde 2006
O show é horrível, tudo disparado ou playback. A bateria é playback, a guitarra não tem som e a massa sonora que se ouve é toda disparada da mesa, um fiasco ao vivo. Os “outros da sua geração” fazem shows, e discos, muito melhores
É, o show da xuxa não me convenceu também não
em relação aos shows, não tenho dúvidas, hugo. discos, não necessariamente. Claridão é melhor que a estreia de muitos contemporâneos. e o mesmo vale pro Vista pro Mar e o desafio do segundo disco.
O problema é que tudo que o Silva faz já tem gringo fazendo melhor há uns bons anos, disco e show, aí o que restaria seriam as letras em português, mas é sempre aquela lenga lenga pra meninas de 15 anos. Sobre resenhar o show dizendo o que ele deveria ter ou não ter, ser ou não ser, fazer ou não fazer, isso é ridículo.
Yago, dei minhas opiniões sobre o show e você deu a sua sobre minha resenha. se dar opiniões é ridículo, estamos quites. =)