Texto por Pedro Salgado, de Lisboa
Fotos por Michelle Sa
Fazendo jus à familiaridade da banda com a capital portuguesa, Lisboa assistiu à abertura da nova tour europeia do grupo mineiro Graveola e o Lixo Polifônico. A Musicbox não precisou estar cheia para que a festa alastrasse aos brasileiros, portugueses e alguns europeus que compareceram na famosa sala de shows lisboeta. O prato forte da atuação foi o álbum “Eu Preciso De Um Liquidificador” (constituindo metade das canções tocadas), complementado pela apresentação de alguns temas novos, que serão incluídos no vindouro “Vozes Invisíveis”, que deve chegar ao mercado no segundo semestre de 2013.
Contrariando a máxima de que “muitos cozinheiros podem estragar uma sopa”, o sexteto iniciou o espetáculo com uma sequência forte: “Blues Via Satélite”, “Desagrados e Flores” e “Farewell Love Song”. O sentido melódico, groove e um experimentalismo doseado, presente nas três faixas iniciais, prolongou-se ao longo do show e o coletivo superou a soma das suas partes. O Graveola vive um bom momento, fruto de muitos quilômetros de estrada, e a música flui numa cadência natural sem os tiques das estrelas do pop mais comercial.
O concerto de 19 de Julho serviu também para apresentar os dois novos integrantes ao público português: a delicada Luiza Brina (percussão, voz e instrumentos de corda) e o ágil Ygor Rajao (trompete e teclado). Durante a performance de “Catamarã” (do álbum “A Toada Vem É Pelo Vento”, de Luisa Brina e o Liquidificador), a banda mineira aproveitou para testar o sentido de humor da assistência com uma pequena coreografia. Já a nova e exuberante “Maquinário” mantém o pendor pop e tropicalista que tem caracterizado o percurso do conjunto de Luiz Gabriel Lopes e José Luis Braga.
Enquanto arremassavam t-shirts para o público e sucediam-se os agradecimentos “à força que Lisboa sempre deu ao Graveola”, bem como “às meninas que dançam”, a banda releu “Desmantelado”, com uma pegada samba mariachi, e sintetizou o espírito universalista do grupo no funk de “Babulina´s Trip”. A demonstração de mobilidade saudável do sexteto terminou com “Insensatez: A Mulher Que Fez” (do disco homônimo de estreia), com uma ligeira insinuação sexual, proporcionando o encontro entre as várias tribos que se deslocaram à Musicbox culminando numa grande noite de boa música.
– Pedro Salgado (siga @woorman) é jornalista, reside em Lisboa e colabora com o Scream & Yell contando novidades da música de Portugal. Veja outras entrevistas de Pedro Salgado aqui
Leia também:
– Entrevista (2010): Graveola e o Lixo Polifônico, por Igor Lage (aqui)
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