por Marcos Paulino
É possível resgatar o espírito que reinava no Brasil dos anos 80, quando as bandas de rock nacionais viveram seu ápice? E reencontrar o entusiasmo adolescente de fazer música quando se é quarentão? Esses foram os objetivos que se propuseram os brasilienses do Capital Inicial enquanto forjavam o mais novo disco do quarteto.
A prova dos nove já está nas lojas: “Saturno”, 13º álbum de estúdio em quase três décadas de carreira, e só quem ouvir o álbum poderá dizer se o intento foi alcançado. Mas um mérito não se pode negar a Dinho Ouro Preto (vocal), Flávio Lemos (baixo), Fê Lemos (bateria) e Yves Passarell (guitarra): eles tentam.
“Saturno” traz novamente David Corcos na produção (ele já havia assinado o trabalho anterior da banda, “Das Kapital”, em 2010) e é repleto de citações. “O Lado Escuro da Lua” – primeiro single, cujo clipe foi gravado no Deserto de Atacama, no Chile – remete a Pink Floyd enquanto “Apocalipse Agora” descende de Francis Ford Coppola.
“Saturno” traz pancadas que remontam à época pós-Aborto Elétrico, lendário embrião do Capital, e também abre espaço para as baladas tão características da banda. Só inéditas, numa fase em que vários outros dinossauros repassam os hits em shows e discos comemorativos aos 30 anos daquele auge do rock brasileiro.
Longevo, e ainda produtivo, o Capital mantém seu estilo, mas não se acomoda. E assim procura garimpar fãs além dos tiozões que se recordam com tanta saudade dos 80’s. O guitarrista Yves Passarell conversou com o PLUG, parceiro do Scream & Yell, e conta um pouco sobre o novo disco e a nova fase do Capital Inicial.
O Capital Inicial lançou a boa média de 16 discos em 29 anos de carreira, levando-se em conta que houve alguns hiatos nessa história. Como foi a concepção deste novo rebento?
Fizemos quase dois anos de turnê do último disco, o “Das Kapital”. Durante esse período, a gente já vinha preparando o “Saturno”. Todo o processo de gravar as músicas, escolher as que entrariam no CD e ensaiar já durava um ano. Como não paramos a turnê pra gravar, tivemos que conciliar as duas coisas. Já vínhamos tocando algumas músicas do “Saturno” nos shows, mas a turnê dele vai começar mesmo em março.
Das bandas que participaram daquele boom do rock nacional nos anos 80, só o Capital continua lançando material novo com regularidade. A banda ainda tem pique e criatividade pra isso?
Tem sim. Não vamos ficar olhando pra trás sempre. Vimos várias bandas comemorando 30 anos, mas acho que é preciso lançar coisas novas. Renovar o repertório é fazer pessoas novas irem ao show. Mesmo sem ser todo ano, como era nos anos 80, lançar um disco novo oxigena a banda e o público.
O “Saturno” traz músicas que lembram as fases mais nervosas do Capital e também faixas que remontam aos períodos mais pop. Isso foi planejado?
A concepção foi de tentar capturar o espírito do Capital lá do começo, logo depois do fim do Aborto Elétrico. Mesmo nas baladas, as letras são mais intensas, não são de fácil digestão. Acho um disco pesado, que transborda um pouco mais que o “Das Kapital”. Sempre mesclamos sombra e luz, mas acho este mais denso. É um trabalho diferente, mas seguindo nosso estilo.
As bandas de rock das novas gerações têm variado pouco os temas das letras. Neste disco, o Dinho, que é o principal letrista do Capital, foi procurar referências em filmes e livros. É uma preocupação da banda buscar um diferencial em relação ao que se ouve hoje?
Isso rola. Não é saudosismo, até porque tem bandas dos anos 90, como o Rappa, que a gente ama. Não precisa falar só de política e de temas sociais. É possível fazer letra sobre o cotidiano e ser bacana. Isso é uma preocupação. Mas não é só agora. Nos anos 80, nos 90, também tinham bandas com mais substância e outras com menos.
Seu irmão, Pit Passarell, que era seu parceiro no Viper, assina duas músicas com o Dinho. Como vem sendo o trabalho dele junto ao Capital?
Ele não participa do dia a dia do Capital, mas de vez em quando manda umas músicas. Aí o Dinho dá uma mudada em algumas coisas e a gente grava. Faz uns dois anos que eles têm essa parceria.
Vocês têm conseguido atrair os fãs mais jovens para os shows?
Tem que ter pique. É por isso que estamos sempre lançando algo novo. A gente vê nos shows, ali na frente, que 70% de quem vai ao nosso show é a molecada. Mas tem gente de todas as idades.
Já deve ter pai levando filho pros shows.
Com certeza! Tem muito! Tem até avô levando neto! (risos)
*******
Marcos Paulino é jornalista e editor do caderno Plug, do jornal Gazeta de Limeira
Leia também:
– Entrevista 2010: Fê Lemos fala sobre “Das Kapital”, por Marcos Paulino (aqui)
– “Das Kapital” consagra um pop rock de guitarras nervosinhas, por Mac (aqui)
– Entrevista 2008: Fê Lemos fala do MTV Aborto Elétrico, por Marcos Paulino (aqui)
– Discografia comentada do Capital Inicial, por Marcelo Costa (aqui)
– “Gigante” mostra que o Capital Inicial vive sua melhor fase (aqui)
– “Multishow ao Vivo” mostra que o Capital é a maior banda do país (aqui)
Capital inicvial sempre foi uma bandinha de segundo escalao.Foi preciso a morte de outras bandas para que ganhassem algum destaque.Agora querem posar de bandeira de uma geraçao,mas, o que era ruim em 1982 continua ruim em 2012.E o mundo não
acaba!!!
Putz….banda de 2º escalão. Ué qual é o primeiro??????? Na verdade é o seguinte, você não curte e ponto final. Está fazendo prevalecer seu direito de cidadão. Agora afirmar a ruindade do Capital Inicial de antes e de hoje é simplesmente atestar sua falta de conhecimento do cenário do rock brasileiro que houve na década de 80. Pode ser que naquela época você não era nem nascido. Tá explicado.
O Capital Inicial é uma boa banda. Acho que tem ótimas músicas misturadas a coisas horríveis (Principalmente na primeira fase). Eles estão sobrevivendo no tenebroso cenário nacional com alguma dignidade, o que já faz a banda ser merecedora de nota. Alvin L. é ótimo compositor e a ajuda do Pit Passarell sempre rende coisas legais também. Enfim, mesmo não sendo o “útlimo biscoito do pacote”, eles terão seu lugar garantido na história do rock feito no Brasil, embora isso nem seja lá grande coisa.
Eu acompanhei o rock da década de 80 e realmente o Capital era do segundo escalão.
Para começar não tinha um grande letrista na banda, problema que com as colaborações do Alvin L, deu uma melhorada. É uma boa banda, nada mais do que isso e para mim não tem nenhum clássico em sua discografia.
Que capa de disco é essa? Sério, que coisa horrível.
O Dinho com essas pernas inexplicavelmente abertas (e pior é que na foto de divulgação lá está ele do mesmo jeito, ridículo), o guitarrista bocó da direita numa pose lamentável, as caras de “somos maus” que não colam…
E mais: “O Lado Escuro da Lua” – primeiro single, cujo clipe foi gravado no Deserto de Atacama, no Chile – remete a Pink Floyd enquanto “Apocalipse Agora” descende de Francis Ford Coppola.
Nem um pouco óbvias essas citações, hein?? Dinho deve estar se achando O roqueiro-cabeça com referências tão impressionantes.
Medo desse disco.
Eu, sinceramente, não sei quem é mais ridículo: fâ do capital inicial ou do charlie brown junior?
Respondendo ao Celso: Não é uma questão de gosto. O Anderson se refere ao que é óbvio no trabalho da banda. Assim que bandas muito melhores, mas muito melhores MESMO, como Legião Urbana, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii saíram de cena, tudo o que restou foi o Capital. Sinceramente, acho que quem “não conhece de rock dos anos 80” ( coloco isso entre aspas porque acho afirmações assim prepotentes demais ) é você.
Capital Inicial é um negócio feito para tirar dinheiro dos trouxas. Esse Dinho pousando de pré-adolescente revoltado “vamos invadir Brsília cara” é simplesmente asqueroso.
Nunca fui fã dessa banda, mas admito que gosto de umas músicas da fase inicial. Agora essa “O Lado Escuro da Lua”, que escolheram como faixa de trabalho é pavorosa.
Vergonha alheia (a mesma daquele último cd solo de Dinho)…
Mas quem se importa?Nem eles se importam também! hahahaha
$$$$$$$$
Na questão do Paulo acredito que o “ser fã” tem um forte componente de ridiculo – independente de qual banda seja 🙂
Não deixa de ser verdade… só que do capital inicial e do charlie brown é só um pouco pior ;). Mas é por ae: quando me perguntam sobre banda, cantor, filme, livro preferido etc, sempre fico naquela: na enxurrada de coisas que curto, não tem esse de “melhor”, preferido, imbatível…. Sou “fã” de um monte de coisas e pessoas (como boa parte de quem lê esse site, acho, inclusive tu), mas não sou público da xuxa pra dá histeria: pisou na bola, pau no seu c#. E, no fundo no fundo, O SENHOR É O MEU RIFLE.
essa música é o clichê do clichê, “copo meio cheio, copo meio vazio”? o bom é no vídeo o dinho (como sempre) querendo ser garotão, o passarel adorando cantar a música com ele e o resto da banda cagando pra ela
a entrevista e os comentários são hilários… e, concordo com Broderick, vegronha alheia igual ao solo de Dinho
So de o Celso nao reconhecer que o capital sempre foi uma bandinha coadjuvante no rock nacional, ja da pra perceber como ele conhece o rock brazuca. Nos anos 80 eu achava capital inicial uma merda, hoje, tenho ceteza disso.
A pose deles ta parecendo a do Massacration do extindo Hermes e Renato.
Só de ver que o Capital provoca tanta discussão dá uma amostra de que os caras não são tão irrelevantes assim. E pelo menos eles se dão ao trabalho de gravar discos novos, enquanto as outras bandas dos 80 partem em turnês caça-níqueis sem nada de novo pra mostrar…
Agora, que dá uma vergonha alheia essa letra de “Lado Escuro da Rua”, isso dá…
A turma é boa praça, o cara é legal e eu torci pela saúde dele… Mas, pessoal (Capital), essas letras de vocês são intoleráveis! Vão rodar pelo Brasil e lançar um disco quando tiverem mesmo algo que seja digno de gravar.
Eu quase “vomitei” pelos ouvidos. Esse nível de canção é INTRAGÁVEL…
Apocalipse Agora: que ideia ruim de aproveitamento do clássico filme de guerra…
Letra fraca, péssima mixagem… E não é só isso, não: as outras faixas não escapam da balbúrdia sonora. Que produção de M.!
Daqui a alguns anos vão ter que lançar outro acústico pra conseguir retornar das cinzas. Sinceramente….
Única coisa boa que o Capital fez em toda sua existência: “Música Urbana”…até estranho uma banda tão chata ter feito uma música tão legal, é puro Smiths/Cure e com uma letra bem sacada…e o Dinho pode dividir a coroa de cara mais insuportável do rock nacional com o Tico Santa Cruz do Detonautos…
Álvaro, salvo engano, essa letra é do renato russo.A musica eu nao sei.
E música urbana nem é bem exatamente do capital… sobra do aborto eletrico… coisa do russo.
Com certeza o mundo não precisa de mais 60 minutos de Dinho Ouro Preto cantando qualquer baboseira. Desperdício de energia elétrica, no mínimo.
Capital Inicial é uma das melhores bandas cover de Capital Inicial.
Capital Inicial é uma coisa pra pré adolescente, mesmo. Quase boys band… mas eles não têm nenhuma ambição… caso contrário já teriam mostrado algum serviço… na verdade, na verdade… eles combinam e seguem a linha das bandinhas dos anos 80… tirando o Lobao, que esse é um artista do kralho, e Titãs e alguns poucos outros. Agora, legião, paralamas, lulú… tudo isso é bosta…
ACHo que, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O capital tem boas músicas perdidas em alguns bons discos. o primeiro disco é bom, sim, não é um disco ruim nem de longe. Independencia é mezzo, depois eles fizeram uns dois ou tres horrorosos. acharam o caminho novamente no eletricidade, que é um disco bem legal. quando voltaram, tiveram o mérito de pelo menos rejuvenescer público e não ficar na onda da nostalgia. Claro que nunca foi banda de primeiro escalão, mas a série B do campeonato brasileiro às vezes é mais interessante do que a primeira divisão. Lembro da raça com que eles encararam a turnê de abertura do Sting em 87. Tocaram debaixo de chuva e depois o pessoal boçal do Sting veio cumprimentar. De qualquer forma, é uma banda com história pra contar.