por Marcos Paulino
O paulistano Andre Matos reuniu histórias, em seus 27 anos de carreira, que fazem qualquer moleque fã de rock babar. Com formação musical erudita, já cantou em bandas como Angra, Shaman, Viper, Virgo e Symfonia. Fez muito sucesso no exterior, principalmente na Europa e no Japão. Ficou amigo de grandes ídolos do heavy metal. E faltou muito pouco para se tornar vocalista do Iron Maiden.
Na verdade, Andre ficou entre os três finalistas de uma seleção que a banda realizou, nos anos 90, para substituir Bruce Dickinson. Anos depois, o próprio escolhido para a vaga, Blaze Bayley, lhe diria que ele, o brasileiro, seria a melhor opção.
É do alto de tanta experiência que Andre lança agora “The Turn of the Lights”, terceiro disco de sua carreira solo, iniciada em 2006, no qual se mantém fiel a seu estilo, que se convencionou chamar de metal melódico. Confira entrevista a seguir.
Depois de quase 20 anos fazendo parte de algumas bandas de sucesso internacional, você optou por tocar uma carreira solo. Por quê?
Cansei de formar e desmanchar bandas (risos). É sempre complicado lidar com várias cabeças ao mesmo tempo. Não que na carreira solo a parte musical não seja feita da mesma maneira. Na verdade, é. Temos um modo bem democrático de trabalhar na banda que me acompanha, todo mundo pode compor, opinar, fazer arranjos e tudo mais. E todo mundo recebe igual. O que muda é que as funções passam a ser mais definidas. Tem um cara que dá nome à banda e que passa a ter a responsabilidade de dar a palavra final em tudo. Isso evita a briga de egos que sempre existe. Mas estou sempre aberto a opiniões e a gente discute tudo a fundo antes de tomar alguma decisão.
Sua formação erudita sempre esteve presente nos seus trabalhos. Esse é um estilo, rotulado como metal melódico, que há algum tempo esteve em alta, com bandas como Evanescence e Nightwish. Você ainda acredita nele?
Comecei essa história com o Viper em 1989, quando gravamos “Theatre of Fate”. Eu já frequentava a faculdade de música e estava interessado em fazer arranjos clássicos. Era um disco que já tinha um piano acústico e um quarteto de cordas tocando junto. Mas, antes disso, Rainbow, Deep Purple e Led Zeppelin já exploravam essas sonoridades sinfônicas. O guitarrista sueco Yngwie Malmsteen aprimorou esse estilo. Nós lançamos esse veio de misturar não só música sinfônica, mas também música brasileira. É uma questão de assinatura própria e da qual nunca vou abrir mão. Tenho certa frustação de não ter me tornado um músico erudito. Mas, se fosse por esse lado, eu seria medíocre em comparação com minha carreira no rock. Acabei optando pelo que me dá mais liberdade de criação.
Em todos esses anos de carreira, você passou por situações que todo moleque que forma uma banda de rock sonha em passar. Que lições você traz dessa bagagem?
De fato, já passei por situações que todo moleque sonha em passar. E também por aquelas que todo moleque sonha em não passar (risos). Não é só mar de flores. Mas, entre as coisas inesquecíveis, está o fato de ter conhecido todos os meus grandes ídolos de perto. Saí de um Brasil pós-ditadura militar, um país isolado, onde a gente precisava batalhar pra ouvir algum tipo de música diferente, e de repente eu estava dividindo o palco com meus ídolos e os chamando de amigos. Levar minha música pro mundo inteiro foi um sonho realizado. Não me interessa a fama, mas sim ser reconhecido pelo meu trabalho e saber que ele fez alguma diferença na vida das pessoas, por menor número que elas sejam.
Imagino que uma das passagens mais marcantes de sua carreira foi quando você foi cotado para ser o vocalista do Iron Maiden? O que ficou para você desse episódio?
É um episódio muito falado, mas que pra mim não importa muito. Quando o Bruce Dickinson saiu do Iron Maiden, eles começaram a procurar substitutos em vários países. No Brasil, chegaram a mim, eu era muito jovem, tinha 21, 22 anos. Só de ter que mandar meu material eu já tremi. Psicologicamente, eu não estaria preparado, mas logicamente se me chamassem seria uma proposta irrecusável. Acho que não ir foi pro meu bem, pude me desenvolver muito mais como músico. Mais tarde, acabei até ficando amigo do pessoal do Iron e do próprio Bruce.
Como foi a turnê em que você reencontrou o Viper?
Celebramos os 25 anos do lançamento do primeiro disco da banda. Foi muito bacana. A turnê durou julho inteiro e teve tanta demanda que acabamos esticando. Foi tudo registrado em DVD, que deve ser lançado mais pra frente. Mas não será levado mais adiante do que isso.
Como será a turnê de lançamento do novo disco?
Vou passar por onde der. Estamos muito a fim de levar o show pra estrada, porque o ao vivo hoje é o grande veículo de divulgação. Quero ir pro máximo possível de lugares, tanto no Brasil quanto fora.
– Marcos Paulino é jornalista e editor do caderno Plug, do jornal Gazeta de Limeira
Pra mim, esse maluco sempre vai ser a eterna musa nissei sansei… Essa porra de metal melódico é igual aquelas mulheres lindíssimas mas sem sal e carisma nenhum – tá tudo no lugar certo, afinadinho e técnicamente perfeito, mas na hora do vamos vê, é sem graça e sem sal… puta som chato… 99% das bandas com os mesmos timbres e maneirismos…
Paulo, vc não deixa de ter uma certa razão, mas preciso confessar que tem coisas de metal melódico que gosto. Blind Guardian, o disco Rebirth do Angra (primeiro sem o André Mattos), o primeiro disco do Shaman, e o Dragonforce, que tem até música num dos jogos da série Guitar Hero), são exemplos de coisas que ouço e gosto.
De toda forma o André Mattos é um cara que merece respeito. Eu nem curto toda discografia dele, mas esse tempo todo na estrada o fez um dos principais nomes por difundir o gênero por aqui.
Agora, não esqueçam do Massacration, e entrevistem o Detonator!
Claro que merece respeito, o comentário é mais um bricadeira mesmo. Mas, falando sério, metal melódico, via de regra, é algo bem obsoleto…
Não existe música “obsoleta”, o que existe é música boa ou ruim…
Porque todo vocalista de metal melódico tem essa pose de mala sem alça?
juro que tento ver pontos positivos nesse tipo de música hoje em dia, mas, via de regra, tirando o virtuosismo, não consigo. em 90% dos casos, me parece apenas música para adolescente virgem e espinhento que passa as madrugadas jogando D&D.