por Pedro Salgado, especial de Lisboa
A edição deste ano do Rock In Rio Lisboa (que começa no próximo fim de semana, 25 e 26 de maio, e segue pelo fim de semana seguinte: 01, 02 e 03 de junho) apresenta a particularidade de unir nomes portugueses com brasileiros. Várias parcerias, entre músicos dos dois países, celebram a efeméride com shows conjuntos da cantautora Mafalda Veiga e Marcelo Janeci, o encontro de David Fonseca com Mallu Magalhães, dos quase irmãos Xutos e Pontapés com o Titãs ou a combinação do pop etéreo do Amor Electro com Paulinho Moska, entre outros.
Uma dessas associações merece especial destaque por juntar os magos do hip hop e soul português Orelha Negra com a lenda soul brasileira Hyldon e o produtor e músico Kassin. O show de 1 de Junho, no palco Sunset, no Parque da Bela Vista, em Lisboa, congregando talentos multigeracionais, acontece uma semana depois da banda lisboeta editar um novo álbum homónimo, em que à velha costela negra do grupo acrescem incursões psicodélicas e os teclados analógicos repescam o hip hop dos anos 90.
O espetáculo possibilitará uma interação do conjunto, com músicos que pertencem ao seu imaginário, aliado ao gosto pelos novos desafios. Além dos grupos citados, o Rock in Rio Lisboa ainda terá Bruce Springsteen, Metallica (tocando o “Black Album” na integra), Smashing Pumpkins, Stevie Wonder e Lenny Kravitz, entre muitos outros nomes (veja aqui). De Lisboa para o Brasil, o baterista do Orelha Negra, Fred Ferreira, conversou com o Scream & Yell sobre a participação da banda no festival. Confira:
Como surgiu a possibilidade de tocar no Rock In Rio 2012?
Pouco antes da edição lisboeta de 2010 do Rock In Rio, falámos com o Zé Ricardo (organizador dos concertos do Palco Sunset), dizendo que queriamos tocar. Infelizmente não se concretizou. No princípio deste ano, porém, voltamos a falar sobre isso e ele manifestou interesse na participação do Orelha Negra. Tive a ideia de convidar o Hyldon (um dos meus ídolos musicais) e além de ser fã do Kassin, ele também já era meu amigo há alguns anos. O Zé Ricardo gostou do conceito e avançámos para um show em conjunto.
Hyldon e Kassin são as parcerias que sempre quiseram concretizar?
Não são as parcerias que sempre quisemos concretizar, mas sentimos que são as associações que se enquadram melhor neste espetáculo. Eles são dois músicos por quem temos uma grande estima e dos quais apreciamos muito os trabalhos. Existem muitos artistas com quem gostaríamos de tocar, mas admiramo-los profundamente. Sem dúvida que Hyldon e Kassin estão no topo dos músicos com quem pretendíamos tocar. Apesar de pertencerem a gerações diferentes, cada um deles teve um papel importante na música brasileira e influenciou bastante o Orelha Negra.
O que poderemos esperar deste show?
É a primeira vez que teremos um cantor atuando conosco num palco. Embora ainda não saibamos muito bem como vai funcionar, agendámos uma semana de ensaio em Lisboa, com Hyldon e Kassin. Durante esse período faremos ensaios e gravações, até para recordar o momento, que esperamos não seja o último. Estamos um pouco ansiosos, mas acreditamos que vai dar tudo certo, porque eles são multi-instrumentistas e têm capacidade de se inserir em vários estilos musicais. E nós também. Julgo que o resultado será interessante.
O repertório que irão interpretar será apenas do Orelha Negra e dos músicos brasileiros convidados?
Sim! O repertório vai ser formado por músicas nossas e algumas canções do Kassin e do Hyldon. Dificilmente interpretaremos outros temas, mas existem possibilidades de tocarmos algo do Tim Maia, do álbum “Velhos Camaradas”, que é um dos discos da minha vida, embora nada esteja decidido nesse sentido.
Alguma coisa do novo disco tem chance de entrar no show?
Vamos tocar algumas músicas sim, até porque o show do RIR acontece uma semana depois do álbum ser editado. Provavelmente serão dois temas: “Luta” (baseada num sample brasileiro bem como outra faixa a decidir em breve, que poderá ser “Throwback” (o novo compacto do Orelha Negra).
De uma forma gerala, como você avalia as parcerias que se formaram, entre músicos portugueses e brasileiros na presente edição do Rock In Rio?
Não é a primeira vez que as parcerias luso-brasileiras se têm concretizado no Palco Sunset. O Zé Ricardo tem usado bem esse espaço. Como 2012 é ano de Portugal no Brasil existe uma maior visibilidade. Tenho curiosidade em ver Mallu Magalhães com David Fonseca, será estimulante. Xutos & Pontapés com Titãs vi no RIR 2011, no Rio de Janeiro. Mafalda Veiga com Marcelo Janeci promete, porque tenho acompanhado o trabalho dele e o disco é muito bom. Moska e Amor Electro vai ser agradável também. Acho que acontecerá uma boa fusão de artistas novos, e menos novos, de Portugal e Brasil. O princípio da troca de comunicação musical e pessoal é muito salutar.
– Pedro Salgado (siga @woorman) é jornalista, reside em Lisboa e colabora com o Scream & Yell contando novidades da música de Portugal. Veja outras entrevistas de Pedro Salgado aqui
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