Progressivos, Reacionários e Conservadores
Sob O CEL #12
por Carlos Eduardo Lima
Você, leitor, salvo exceção, aprendeu a detestar o rock progressivo desde bem cedo. Seu conhecimento do assunto deve variar por faixa etária, indo do desconhecimento absoluto do termo, passando por uma má vontade justificada apenas pelo que ouviu falar a respeito, chegando a um ódio atávico, alimentado por informações passadas aqui e ali, por gente que cresceu na década de 1970 com nojinho do estilo ou, pior, por implicância com o irmão mais velho, que não deixava mais ninguém ouvir discos em casa. Mesmo assim, acho pouco provável que haja alguém, que realmente goste de música, incapaz de gostar de algo feito por Pink Floyd, Genesis ou Yes. Talvez só pelas justificativas anteriores, ou seja, por desconhecimento ou implicância. Essas linhas vão defender o estilo e indicar algumas coisas que você vai gostar de ouvir, seja para amar ou para poder falar mal com o mínimo de conhecimento de causa.
Há alguns mitos engraçados sobre o progressivo. O mais hilário é atribuir ao estilo características como “ultrapassado”. A idéia dos arquitetos não intencionais do prog era justamente dar ao rock um revestimento cultural e artístico, que o fizesse ser mais respeitado pelos ouvintes “mais adultos”. Talvez tenha dado certo, mas não imaginaram que isso tornaria o rock mais careta e menos instigante. E como dariam esse banho de cultura em algo tão americano e perigoso? Concedendo doses generosas de Europa, via música erudita e valorização de toda uma tradição de corais de igreja, instrumentos de orquestra e figuras da literatura fantástica, medieval e/ou de ficção científica. Nada errado em ser careta – algo que a gente só vê mais tarde na vida – até porque o progressivo caiu no gosto de muita gente, espalhando-se logo pela Europa, chegando a lugares ainda estranhos, como França, Holanda, Itália e Alemanha.
Essa nova visão cruzou o Atlântico e chegou aos Estados Unidos (e à América Latina) como algo absolutamente novo e capaz de gerar impacto cultural relevante. Foi assim com bandas ianques como Boston e Styx e brasileiras, como Mutantes, que mudaram suas direções musicais completamente a partir do estouro mundial e comercial do progressivo, lá por 1972/73. Mais engraçado é perceber que a tão incensada música psicodélica, feita por gente como o Pink Floyd inicial ou mesmo bandas como Doors ou Mothers Of Ivention, pra não falar nos próprios Beatles, traz o DNA do progressivo. Dessas experiências, caracterizadas pela expansão de limites estéticos e mesmo de duração das composições, fez-se o campo fértil para pensar em misturar orquestra e literatura. Por que o rock não poderia ser um pouco erudito, oras?
Muita coisa boa foi feita no progressivo. Desde o primeiro disco que se enxergava dessa forma, “Days Of Future Passed”, do Moody Blues (1967), passando por divisores de água como “Third”, do Soft Machine (1970) e “In The Court Of Crimson King”, do King Crimson (1969) para chegar em obras consolidadas como “Close To The Edge” (Yes, 1972) e “Selling England By The Pound” (Genesis, 1973), há uma produção riquíssima, levada a cabo por pequenos enfants terribles, que aprendiam tudo sobre seus instrumentos antes dos 15 anos de idade. Os sujeitos que formaram o Genesis ainda não tinham 18 anos quando se encontraram no colégio. O progressivo era, portanto, uma tendência mundial. Enquanto os maiores expoentes do gênero realmente atingiam um ponto em que conseguiam aliar qualidade e êxito comercial, o mundo mudava. Os desbundes dos anos 60 ficavam para trás, à medida que a década de 1970 avançava, trazendo a quase certeza de uma guerra nuclear, a derrota americana (e do Ocidente) na Guerra do Vietnã, o alastramento dos problemas sociais, fazendo-os chegar às portas da própria Europa, o arroxo de salários e o choque entre as conquistas do chamado Estado de Bem Estar Social e a realidade da crise do petróleo.
Essas e outras mazelas mundiais, refletidas na sociedade, começaram a cortar a árvore do progressivo, cada vez mais focado na habilidade de músicos que cultivavam egos tão grandes quanto os solos que exigiam dar por cada show. Até gente que não era exatamente progressiva – mas pegava emprestado alguns elementos aqui e ali, como o Led Zeppelin, por exemplo – sofreu com isso. Junto disso vieram os primeiros indícios de reação concreta ao progressivo e toda a aura elitizada que ele sugeria. Não me refiro ao “I Hate Pink Floyd” na camiseta do Sid Vicious, mas a própria perda de contato do progressivo com a realidade. Não se tratava mais de aculturar o rock, mas de um movimento sem eira nem beira, perdido em egolatrias.
Bandas mais urgentes, simples e diretas começaram a surgir, oferecendo às bandas progressivas duas opções: acabar ou se adaptar à nova realidade, o que significava olhar pra fora da Europa e ver a música do mundo, algo que Peter Gabriel, vocalista e mastermind do Genesis, fez ao deixar a banda em 1975, obrigando o quarteto restante, Phil Collins à frente, a mudar a sonoridade e torná-la cada vez mais pop e “comercial”. King Crimson se reinventaria; Emerson, Lake And Palmer encerraria atividades em 1978, após o péssimo “Love Beach”; o Yes se perderia em meio a problemas entre seus integrantes e se reinventaria mais tarde, só em 1984. Enfim, o progressivo inicial, deixaria de existir completamente. Sua marca estaria presente na mente de toda a geração que produziu música dos anos 70 até os 90, seja como modelo a ser e a não ser seguido. É um erro, no entanto, dizer que as obras feitas a partir da virada dos anos 70/80 não tenham valor.
Algumas bandas souberam se adaptar totalmente à nova realidade, como o próprio Yes, o Moody Blues, a Electric Light Orchestra, Genesis e Pink Floyd, que lançaram discos legais e embarcaram em turnês milionárias pelo mundo. Vamos então dar uma olhadinha nas dicas de coisas legais pra ouvir dentro do escaninho do prog rock. Garanto que você não vai se arrepender e olha que eu nem vou mencionar o disco do estilo que você provavelmente mais gosta, o “OK Computer”, do Radiohead. Afinal de contas, este não é um texto polêmico…
Pink Floyd – “Animals” (1976)
É o disco menos badalado do Floyd e talvez o que traga mais violência por parte de Roger Waters. Pra quem não sabe, o baixista e cérebro da banda nunca foi um cara light ou cordial. Em meio às porradas internas e o ódio de Waters em relação ao mundo, obras como “Dark Side Of The Moon” ou “Wish You Were Here” não pareciam se alimentar só disso. Em “Animals”, já pelo título, há a comparação da humanidade a meros animais. Recomenda-se que ele seja ouvido integralmente, naquele esquema tradicionalmente progressivo de faixas emendadas.
Genesis – “Seconds Out” (1977)
O Genesis é a grande banda progressiva. Os caras foram capazes de produzir discos essenciais para o estilo desde 1971 (ano de lançamento de “Nursery Crime”, sua primeira obra realmente importante), chegando até 1983 com um prestígio mais ou menos inabalado, mesmo com a saída de Peter Gabriel. Esse disco duplo ao vivo honra a tradição daqueles registros intermináveis, complexos, com participação da platéia, versões extendidas, tudo da turnê de “Wind And Wuthering”, lançado um ano antes, segundo trabalho da banda sem Gabriel. Phil Collins assumia os vocais sem problemas, intercalando as performances na bateria com Bill Bruford (ex-Yes) e Chester Thompson, que empreendiam duelos com Collins. As versões ao vivo para “I Know What I Like” e “Carpet Crawlers” são grandes momentos.
Moody Blues – “Days Of Future Passed” (1967)
O primeiro disco progressivo, o primeiro disco com uma orquestra inteira no estúdio, o pioneiro em canções compostas de maneira interligada, todas falando sobre o decorrer de um dia, do amanhecer à noite. Desse disco saiu um grande hit mundial, “Nights In White Satin”, uma majestosa balada sobre a noite que chega no mundo e o que ela traz.
King Crimson – “In The Wake Of Poseidon” (1969)
A obra atormentada de Robert Fripp, sujeito louco e genial, que mudou o direcionamento sonoro de toda banda psicodeliquinha que estava engatinhando na época. Ao ouvir os ataques de guitarra em coisas como “Epitaph” ou “20th Century Schizoyd Man” ou a leveza de bateria e flauta de “I Talk To The Wind”, resolveram rever conceitos e abraçar a causa. A capa com o monstruoso ser gritando é um emblema rocker tão poderoso quanto os Beatles atravessando Abbey Road.
Yes – “Close To The Edge” (1972)
São apenas três músicas, sendo que os quase 9 minutos de “Siberian Khatru” indicam a menor delas. A alquimia entre o virtuosismo de Chris Squire (baixo), Rick Wakeman (teclados), Alan White (bateria) e Steve Howe (guitarras) a as letras esotéricas e o vocal de Jon Anderson fizeram do Yes a banda mais influente do progressivo. Ecos de sua sonoridade podem ser ouvidas em tudo o que se fez no estilo em terras nacionais, de Terço a 14 Bis, passando por Mutantes e Milton Nascimento. Em Close To The Edge há o equilíbrio de forças, algo que já havia sido insinuado pelo disco anterior, Fragile. “And You And I”, com seus dez minutos, é a grande estrela por aqui.
Emerson, Lake And Palmer – “Brain Salad Surgery” (1973)
A banda que mais valorizou o virtuosismo em todo o progressivo. Carl Palmer, Keith Emerson e Greg Lake, cada um ao seu jeito, fazia o que queria ao vivo, de peripécias sinfônicas a baladas derramadas, tudo com talento e vigor. A visão da capa já aponta para as fábulas de ficção científica distópicas, como “1984” ou “Admirável Mundo Novo”, algo que também pode ser encarado como o futuro chegando. A balada “Still…You Turn Me On” foi sucesso nas paradas.
Alan Parsons Project – “I Robot” (1977)
Parsons era o sujeito que estava na mesa do estúdio de Abbey Road quando o Pink Floyd gravou “Dark Side Of The Moon” em 1973. Produtor, engenheiro de som, “não-músico”, ele resolveu dar asas a sua imaginação a partir de 1976, com “Tales Of Mystery and Imagination: Edgar Allan Poe”, que foi recebido com obra de arte pelos nerds e geeks da época. A idéia era usar vários músicos e vocalistas para executar as composições de Parsons, sob seus auspícios musicais. “I Robot” foi seu segundo disco, inspirado no livro homônimo de Isaak Asimov.
Rush – “2112” (1976)
O trio canadense foi uma dessas bandas que se banharam nas águas mitológicas e eruditas do progressivo quando ele chegou à América. Inicialmente um grupo de hard rock nos moldes de Led Zeppelin e Deep Purple, o Rush foi incorporando tinturas prog aqui e ali. O lançamento desse seu quarto disco trazia uma banda totalmente diferente, dando vazão à verve sci-fi do baterista virtuoso Neil Peart e falando sobre contos de conquista e opressão em uma sociedade futurista. O chamado lado A do disco era uma única suite, com grandes alterações de andamento e melodia, enquanto que cinco canções menores ocupavam o lado B, com destaque para “Passage To Bangkok”. A partir daí o Rush nunca mais seria o mesmo e arregimentaria uma legião de fãs.
Renaissance – “Ashes Are Burning” (1973)
O grande diferencial do Renaissance era a voz celestial de Anne Haslam, musa do progressivo que tem admiradores até hoje. Após o sucesso do disco anterior, “Prologue’, lançado um ano antes, “Ashes Are Burning” chegava baseado na faixa-título e seus mais de dez minutos de duração. No Brasil este disco produziu um insuspeito hit single, a balada “Let It Grow”, que embalou muitos romances pós-hippies por aí.
Supertramp – “Even In The Quietest Moments” (1977)
O Supertramp não era exatamente uma banda progressiva, mas fez uso de todo o approach do estilo em sua receita musical, um pop refinadíssimo, decorado com solos de sopros – a cargo do multipumonar John Heliwell – e teclados, manuseados por Rick Davies e Roger Rodgson, ambos compositores, vocalistas e antagonistas, visto que sempre andaram às turras. Este disco é o trabalho mais progressivo do Supertramp, sobretudo pela presença da belíssima “Fools Overture”, com mais de dez minutos, na verdade um libelo pacifista anti-Segunda Guerra Mundial, cheia de sons de discursos de Churchill, sirenes, corais e sinos, tudo levado a cabo pela parafernália jurássica dos anos 70.
Bacamarte – “Depois do Fim” (1983)
Quase um mito, o Bacamarte talvez tenha sido a banda progressiva brasileira com maior capacidade de oferecer algo novo. Formado no Rio por colegas de colégio, tendo no guitarrista e compositor Mario Neto a sua figura central, a banda gravou as canções de “Depois do Fim” no final da década de 1970, mas não tinha como lançar, sendo rejeitado por gravadoras ante o suposto baixo potencial comercial. Com a entrada no ar da Rádio Fluminense FM, em março de 1982, a banda teve suas fitas tocadas e uma legião de fãs se estabeleceu, indo além do território nacional. O disco foi lançado de forma independente e tornou-se objeto de colecionador. Os vocais de Jane Duboc, as guitarras de Neto, os sopros de Marcus Moura eram os elementos centrais da sonoridade do Bacamarte. Em 2009 a Som Livre reeditou “Depois do Fim” em CD, com remasterização a cargo da própria banda. Conta a lenda que o Genesis, em excursão pelo Brasil em 1977 e em vias de perder o guitarrista Steve Hackett, viu a performance do Bacamarte na televisão, tendo feito a proposta para Mario Neto substituir Hackett. Os pais do jovem guitarrista – ainda menor de 18 anos na época – não permitiram que ele se integrasse à banda inglesa.
CEL é Carlos Eduardo Lima (siga @celeolimite), historiador, jornalista e fã de música. Conhece Marcelo Costa por carta desde o fim dos anos 90, quando o Scream & Yell era um fanzine escrito por ele e amigos, lá em sua natal Taubaté. Já escreveu no S&Y por um bom tempo, em idas e vindas. Hoje tem certeza de que o mundo como o conhecíamos acabou lá por volta de 1994/95 mas não está conformado com isso.
LEIA OUTRAS COLUNAS DE CARLOS EDUARDO LIMA NO SCREAM & YELL
Leia também:
– Na máquina do tempo com o Rush, por Thiago Pereira e Terence Machado (aqui)
– NEU!, Kak, Julian’s Treatment e mais no Rock Raro, por Wagner Xavier (aqui)
Os progressivos merecem a maioria das acusações contra eles, pois o estilo em certo período dos anos 70 se tornou um elefante branco, com bandas gigantescas e ocas, como muitas que você citou acima. No entanto, odeio esses criticos que leram na cartilha do rock´n´roll que “O punk veio para salvar a gente da empáfia do progressivo” e repetem isso há mais de 30 anos, ignorando o trabalho de alguns ótimos discos da era progressiva e achando o máximo qualquer um que não consiga afinar uma guitarra ou formar uma frase.
Pra dizer a verdade o grande problema do rock progressivo se chama: Phil Collins. Se Phil Collins não tivesse surgido de uma banda progressiva, o gênero não seria tão odiado.
Guilherme, você está errado, o Genesis gravou ótimos discos com o Phil Collins nos vocais. Como o A Trick Of The Tail e Wind & Wuthering.
eu estou nas exceções, muito provavelmente pq nasci em 63 e sou da geração q ouviu e adorou o progressivo…adorou não. ADORA!
Não tenho preconceito com música, acho que o progressivo foi bom no seu tempo, assim como o punk também e não vejo porque as pessoas devem detestar todo o estilo apenas porque algumas bandas exageraram.
Sou testemunha do show do YES no primeiro rock in rio (foi o último show do festival) e, garanto, ninguém ali detestou nada. Ficamos mais de 3 horas ouvindo, ouvindo e ouvindo e não queríamos q aquilo acabasse nunca mais.
O texto é muito claro e os links com dicas de músicas impagável. Valeu! Chance para o pessoal que “detesta” se livrar desse ódio q não leva a nada. kkkkkkkkkkkkkkk
Phil Collins culpado? De que? Há grandes discos do Genesis com ele à frente da banda, como A Trick Of The Tale e Wind And Wuthering. Além desses, há grandes momentos em todos os discos da banda após a saída do Peter Gabriel.
Texto bacana, mas acho que as dicas de discos foram infelizes (principalmente para quem tem preconceito e/ou não curte o estilo)…O que é o Animals do Floyd comparado ao Dark Side Of The Moon? O Brain Salad Surgery do EL&P é inaudível pra quem não suporta longas composições e virtuosismo exarcerbado…eu odiava o estilo até ouvir o auto-intitulado disco de estréia da banda, uma obra-prima, ali sim eles conseguem ser eruditos sem soarem chatos.
Alan Parsons é chato pra dedéu, ninguém gosta disso, ficou eternamente conhecido como o “ex-engenheiro de som do Floyd q lançou uns discos”.
progressivo é masturbação! e sem o gozo no fim!!
e quem usava a camiseta “i hate pink floyd” era o mestre joãozinho podre, não o vicious.
cabe um dia alguém escrever sobre o progressivo feito por bandas que não ostentam o rótulo e queridas por um público que ou tem total desconhecimento ou diz não gostar do gênero, com links de Radiohead, Explosions in The Sky, Minus The Bear…
Alvaro, quis alternar discos manjados com discos meio deixados pra lá. O Animals é um senhor disco, talvez não tão badalado como o Dark Side, mas com uma história e uma preparação para o fim da banda desde 1976.
O Brain Salad Surgery é o progressivo em sua faceta mais simostral e exagerada. É um belo disco, talvez só superado pelo primeiro do ELP, que quase entrou na lista em seu lugar. Eu concordo contigo nesse ponto. E o Alan Parsons Project foi muito legal até o Eye In The Sky, era um progressivo quase pop, com qualidade e conceitos de ficção científica.
JW, a lista de bandas queiridinhas que empresta conceitos do progressivo é enorme. Não se esqueça de incluir aí o Cérebro Eletrônico e o Hurtmold.
Excelente texto, apesar de que, muito provavelmente, a maioria dos leitores do S&Y jamais se interessou pelo estilo. Parabéns pela matéria!
Seria interessante ter citado a confusão criada entre os termos rock progressivo e o chamado krautrock. Em meados da década de 70, qualquer banda meio experimental vinda da Alemanha acabou sendo rotulada como krautrock, enquanto na minha opinião muitas dessas bandas são apenas progressivas.
Robert Fripp é um Gênio!
Conheço pouco e ouvi muito pouco de progressivo. Mas “In the court of…” do CK é altamente recomendável. Esqueçam o termo, despluguem-se de preconceitos, e ouçam o som. Não precisa tentar ver a cor. Basta ouvir.
Só sei que o CEL foi a melhor contratação ou re-contratação do ScreamYell !
tem um carinha aí dizendo que progressivo é masturbação…hum…desde quando masturbação é ruim? Sem ela, nunca natalie portman, scarlet johansson e outras…falando sério…nunca entendi muito bem essa má vontade contra rock progressivo. lembro, no início dos anos 80, no que chamávamos de bailes de rock, a primeira parte da festa era de metal e hard anos 60 e 70. Aí, lá no meio da coisa, todo mundo cansadão e meio bêbado, rolava uns progressivos bacanas pra relaxar. e no final da festa, Ramones e companhia para que todos fossem felizes pra casa. Ou seja, como dizia a mestra Ana Maria Bahiana, quem decretou que no meu aparelho de som Jimi Hendrix não possa andar lado a lado com Cartola? O problema é que alguns jornalistas criam estigmas e um monte de boi zebu fica seguindo a manada sem nem saber direito pra que lado o galo tá cantando. E concordo com outro carinha aí…a lista dos discos é que poderia ser mais caprichada. Yes Album, por exemplo ou Turn of century são os ideais a quem quer conhecer a banda…e o Hemispheres, do Rush, idem
Opa, valeu aí, xará!
Ismael, vamos fazer mais uma lista então! Dou força e fé. O 2112 derrotou o Hemispheres no último instante. O Yes Album ficou em terceiro, atrás do Close To The Edge e do Fragile. Enfim, o progressivo é um estilo riquíssimo e com várias facetas. A lista não pretendeu ser um Best Of Prog, apenas algumas visões diferentes e multifacetadas da coisa, entendeu? Sou favorável a mais listas e textos sobre.
Achei genial a matéria, parabéns CEL, faço ressalva apenas em relação a lista, que poderia fazer justiça a outras grandes bandas, como O Terço e o disco homônimo de 73, mais alguma coisa do Pink Floyd pontuando um pouco mais a carreira da banda e Jethro Tull porque não, eles tem sua importância no meio progressivo e Aqualung é legal, vamos reconhecer.
Sobre a discussão em relação a relevância ou não do estilo para a história do rock, todas as variações tem sua importância, o progressivo tem apelo, ao menos pra na qualidade técnica, seja de seus músicos ou sua produção.
Como disse o Luciano lá em cima, não dá pra achar legal uns caras que tocam o instrumento de qualquer maneira. Uma pena não existirem bandas novas e boas que arrisquem produzir um ‘Prog de raiz”
Ótimo texto! Mais uma vez o CEL pegou um tema subestimado (vide artigo sobre “Titanomaquia”) e mostrou convincentemente por que ele deve ser mais valorizado. Das bandas citadas eu gosto muito de King Crimson e Pink Floyd, mas confesso que preciso ouvir mais Yes e Genesis e, quanto às demais, baixar os discos e conhecê-las!
Certa vez o Simon Reynolds disse algo muito verdadeiro: o punk pode ser visto como um movimento tradicionalista (ou mesmo “reacionário”!), no sentido de que combateu a tendência de “art rock” iniciada pelo progressivo, a qual foi retomada no post-punk, “ainda que moldado por algumas novas proibições/inibições sônicas. Antes de 1977, figuras como Brian Eno e Robert Wyatt colaboravam com tipos progressivos como Robert Fripp e Phil Collins. Depois do punk, alguns daqueles art rockers dos anos 70 se encaixaram nas novas regras do que era considerado bacana (Eno produzindo Devo, No Wave e Talking Heads; Wyatt (…) gravando pela Rough Trade).” (Beijar o Céu, pp. 188-189)
P.S.: Sim, concordo, “OK Computer” é progressivo! =D
Toda vez que eu penso no prog, eu lembro daquela coisa da “visão dos vencidos que nunca fica na história” – o punk chega e demole tudo aquilo, e cria uma outra história que todo mundo vai entender e seguir em frente.
Quem pegou referências de prog e criou coisas novas (talvez o melhor exemplo seja o Radiohead) meio que deixa isso de lado (Cobain, Frank Black e Stipe são tão importantes quanto Roger Waters pros primeiros discos da banda do Thom Yorke) ou dilui com outras ideias (Flaming Lips? Sigur Ròs?)
Como todo estilo, o Progressivo ao longo do tempo passou a ser tb uma vítima do exagero daqueles q foram chegando depois (foi assim com a British Invasion, até com o Grunge). Então falar mal, generalizar, é coisa pra quem não sabe bem do q tá falando, não conhece direito nem tem parâmetros pra julgar. É só ver o fenômeno q era o Yes, as turnês gigantescas do ELP, então aquele pessoal todo q ia ver estava errado? Tinham mal gosto? Acho q não. Como condenar o rock progressivo qdo dele sairam coisas como Close to The Edge ou Red, do King Crimson? Sem contar os discos do Jethro Tull. Como foi com a MPB e o Rock Anos 80, o Rock Progressivo caducou qdo ficou adulto demais, desconectando-se gradualmente das gerações seguintes, oq é um processo natural. Mas isso não invalida bons trabalhos q foram feitos e q ficaram marcados na história do rock como alguns dos momentos mais criativos q se viu.
bacana o artigo, mas passou muito longe do krautrock, a viagem do bowie pra gravar o disco na alemanha, bandas como gong, eloy, krokodil, amon dühl e varios outros fritos que culminaram em sei la, kraftwerk e adjacencias. E o José Cid de Portugal? e a Premiatta Forneria Marconi? Belo artigo, mas acabou preso um pouco nos cliches que jogou pedra na primeira estrofe.
Amigos, obrigado pelos elogios e toques. O texto não teve a intenção de sair do “mais ou menos óbvio” mas já há algumas considerações interessantes sobre o estilo que eu não me lembro de ler em outros textos sobre o assunto. Quanto às bandas alemãs e italianas, concordo que têm papel muito importante – mais as alemãs – e pretendo fazer uma segunda parte desse texto com outra lista. O legal é ver as pessoas pedindo por mais. Valeu!
Acho que o krautrock foi um gênero à parte – um gênero influenciado pelo prog. “Tago Mago” do Can é uma obra divina.
*em tempo: eu juro que nunca consegui “enxergar” referência alguma de rock progressivo no som do Radiohead. E olha que sou fã tanto da banda quanto de prog. Paranoid Android talvez seja o que mais se aproxima, mas ainda fica bem distante. O experimentalismo “radioheadiano” sempre foi mais ligado à música eletronica. Já ouvi gente afirmar categoricamente que Ok Computer é um disco de rock progressivo…de duas uma: ou nao conhece nada de prog, ou nao conhece nada de radiohead.
Chará, muito bom texto. Aprendo bastante com seus textos e com os comentários aqui. Já estou ouvindo tudo isso aí que você postou. Parabens! Aqui você se lembra do que falei pra você sobre a Paula Fernandes e o Sagrado Coração da Terra, do Marcus Viana? Pois olhe isso aqui: http://arrastachinela.com.br/blogler.php?id=289
Bandas como Gentle Giant e as representativas do Kautrock ficaram de fora. Realmente, este bom artigo merece uma segunda parte. Uma boa reflexão a se desenvolver é comentar sobre o Post Rock, gênero que pode ser considerado uma herança dos progressivos. Godspeed You! Black Emperor, para mim, até provarem o contrário, é irremediavelmente Prog. Abraço.
tem um doc da bbc4 sobre krautrock, em 6 partes. vale a pena pra entender a cronologia pra quem se preocupa em saber quem veio antes ou depois e se alguem influenciou alguma outra coisa alem da grande midia. – http://www.youtube.com/watch?v=3B89-69icyc
Há um monte de referências progressivas muito bem disfarçadas no OK Computer, sim. Principalmente no conceito do disco e na sonoridade, que vai fundo no krautrock. A segunda parte já está sendo pensada e vai aprofundar mais o assunto. Obrigado a todos.
Eduardo, dei uma olhada no link, legal!
Belo texto. Confesso que nunca foi exatamente meu estilo favorito mas não acho que tenha sido por preconceito. Aos 20 procura-se por algo que dialogue com o coração e fui encontrar isso no tal de rock alternativo lá nos idos dos anos 1990. Claro que na minha garipagem do rock’n’roll a linhagem Velvet/Stooges teve preferência. A alguns anos entendi que precisava ir atrás, assim como de kraurock, etc. Afinal para alguém que morreria abraçado ao Daydream Nation seria, no mínimo, incoerente não fazê-lo.
“Odiei Ok Computer porque ele tem muito rock progressivo.” Palavras do Sr. Robert Smith.
Carlos, parabens pelo texto, deu para entender perfeitamente a sua mensagem. O tema é abrangente e serve de base para introduzir a quem não conhece o suficiente deste periodo da musica.
é o rock que se ouvia muito no começco dos anos 1970, simples assim, depois outras coisas apareceram, algo natural em qualquer atividade. Dentre maravilhosos grupos e cenas diferentes você citou obras de valor e com muita propriedade. Faz parte da história, o bacana mesmo é ouvir muito disto mesmo hoje e curtir grandes obras clássicas.. Trata-se de algo muito especial, musica de qualidade com todas as letras, apenas isto. O restante é limitação e desconhecimento,
CEL, gostei bastante do texto, detesto o famoso ‘hypado’ que ‘odeia o Progressivo’ e ‘ama o White Stripes’ mas nunca ouviu porra nenhuma.
Mas tem uma coisa cara, ninguém nunca cita e eu fico puto com isso rs
O Procol Harum na verdade é o primeiro, ‘digamos’, prog de verdade.
O Moody Blues foi corajoso em seu Days Of Future Passed e o King Crimson realmente deu cara a coisa toda, porém, quem estava ali no meio era o Procol Harum em seu Shine ON Brightly de 1968 e sua ‘In Held ‘Twas In I’ a primeira do gênero.
Se você ouvir com atenção, vai ver que o Crimson bebeu metade do que sabia e que fez em ’21st Century Schizoid Man’ em ‘In Held ‘Twas In I’ 🙂
O Procol estava a frente de seu tempo, assim como estava com ‘Whiter Shade Of Pale’, lançada em 67 antes do Sgt Pepper’s dos Beatles 🙂
Infelizmente a banda não foi forte o bastante para criar O disco clássico 🙂
Parte 1 – http://www.youtube.com/watch?v=iDSFQzyfcHU
Parte 2 – http://www.youtube.com/watch?v=r8VH0xUiQ6o&feature=related