por Renata Arruda
O Sobre a Máquina – ou SAM – é um trio carioca formado por Cadu Tenório, idealizador do projeto, Emygdio Costa e Ricardo Gamero. Trata-se de uma banda instrumental, com fortes influências de industrial, metal e ambience, mas o caráter é essencialmente experimental. Como influências, os rapazes citam bandas como Nine Inch Nails e outras menos conhecidas do grande público, como Einstürzende Neubauten, Swans, Jesu, entre outras. Segundo Ricardo G., o “maior mérito do Sobre a Máquina é que – apesar de tocarmos algo que é muito estranho aos ouvidos, de estilos que são muito marginais – conseguimos quebrar a barreira dos nichos e despertar o interesse de pessoas que nem sequer se interessavam por música instrumental”.
A banda, com pouco mais de um ano de formação, já conta com dois álbuns na bagagem, “Decompor” (2010) e “Areia” (2011), ambos lançados pelo selo virtual Sinewave, tendo o primeiro conseguido a façanha de figurar entre os melhores álbuns do ano de 2010 no blog português Ponto Alternativo e ter sido publicado no maior site de música experimental da Inglaterra, o SirensSounds, o que trouxe enorme visibilidade para a banda, que passou a figurar em outros sites e blogs tanto nacionais como estrangeiros (como Argentina, China e Polônia), “sempre ressaltando o ineditismo do que fazíamos, principalmente se tratando de uma banda da América do Sul, uma banda basileira”, conta Emygdio Costa. Cadu T. aproveita a brecha para ressaltar a importância do apoio da Sinewave, e declarar admirar o Elson Barbosa, um dos criadores do selo “e o trabalho que tem feito desde o início.”
A formação do SAM surgiu de maneira natural e não-premeditada, quase por acaso. “Minha antiga banda tinha acabado e eu só tinha aqueles esboços de músicas pesadas, tristes e estranhas, que eram meu desabafo, não era uma fase muito boa pra mim. A questão é que inesperadamente o Emygdio ouviu a demo de Expediente Contínuo e gostou muito. Ficou todo empolgado. O Gameiro eu já tinha convidado pra gravar umas guitarras pra mim e ver no que dava. Quando nos juntamos pela primeira vez pra gravar expediente contínuo, o SAM estava formado”, declara Cadu.
Após a boa repercussão do primeiro CD, a banda enfrentou o conflito de se superar e manter o mesmo nível com o lançamento seguinte. Quando começaram o processo de composição de “Areia”, o trio começou a testar caminhos diferentes, com “os teclados mais viajados e as batidas de trip-hop” e contaram até com a participação do sax tenor do russo Alexander Zhemchuzhnikov, do Biu, e também artista solo – mas sem perder a essência do som inicial, resultando assim em um álbum em que, nas palavras de Cadu, “acabamos filtrando como um todo nossas intenções e influências. E ‘mudanças’ acabam acontecendo. Mas acho que conseguimos criar alguma identidade nas nossas músicas até agora, dá pra ouvir os dois discos e saber que é a mesma banda”.
O maior desafio para os músicos é traduzir todo o experimentalismo da banda nos palcos. No último show, o SAM fez uma passagem de som que durou três horas e “ainda assim não ficou 100%”, constata Ricardo Gameiro. E ele continua: “o grande desafio foi justamente tentar reproduzir uma música que tem 30, 40 faixas de instrumentos gravados com três pessoas”. Para Emygdio, outro problema é que pelo som da banda não atingir às massas, eles acabam por tocar em lugares sem estrutura necessária.
Mesmo assim, a energia nos shows é grande e o público apreciador de sons como os do SAM entende se tratar de um show contemplativo. No show de lançamento do CD “Areia” – que teve a presença do saxofonista Emerson Costa no lugar de Alexander Zhemchuzhnikov, a banda conta que o público ficou realmente impressionado e que foi grande o contingente de pessoas que foram cumprimentá-los após a apresentação. A banda agora se prepara para lançar o clipe do single “Barca”. E os CDs podem ser baixados gratuitamente diretamente do site da Sinewave (http://sinewave.com.br/). Baixe e boa viagem!
– Renata Arruda (@renata_arruda) é jornalista e colaboradora na empresa Teia Livre e na Revista Cultural Novitas
Leia também:
– Elson Barbosa fala sobre o selo Sinewave e o Herod Layne, por Ramon Vitral (aqui)
– Baixe gratuitamente o álbum “Areia”, do Sobre a Máquina, no selo Sinewave (aqui)
Que bacana ter sido publicado! Os caras são bons e merecem!
vi um trechinho de um show deles na loja da Lomo. me pareceu um pouco repetitivo, mas vale pela curiosidade.
é bacana que tenha gente produzindo coisas diferentes.