1000 toques por Marcelo Costa
“Lifes Rich Pageant – Deluxe”, R.E.M. (IRS/Capitol)
O reempacotamento do catálogo do R.E.M. chega ao quarto disco da banda. Na época (1986), após dois álbuns sublimes (mas de produção simples) e um terceiro disco confuso, o R.E.M. ainda buscava personalidade em estúdio (algo que eles só resolveriam em “Document”, 1987, com Scott Litt). Don Gehman (quarto produtor em quatro discos) consegue deixar o som encorpado, mas apaga a espontaneidade que havia destacado o grupo. Ainda assim, “Swan Swan H”, “Cuyahoga”, “Begin the Begin” e “Fall On Me” reluzem a ouro. Esta reedição segue o padrão do pacote “Fables of Reconstrucion” com pôster, postcards e um CD bônus com as – 19 faixas – demos gravadas em Athens (as reedições de “Murmur” e “Reckoning” trazem discos ao vivo) destacando “Fall On Me” ainda sem a letra terminada, mas com toda linha melódica finalizada (incluindo o backing de Mike Mills), números que seriam reaproveitados posteriormente (“Bad Bay”, “All The Right Friends” e “King of Birds” – aqui chamada de “The March Song”) e muitos rascunhos interessantes.
Preço em média: R$ 50 (importado)
Nota: 7
Leia também:
– “Reconstrucion of Fables”, o álbum mais fraco da primeira fase do R.E.M. (aqui)
-“Live at The Olympia”, R.E.M – Não show, nem ensaio, mas uma aula (aqui)
– R.E.M. ao vivo em São Paulo: sobre sono e sonhos, por Marcelo Costa (aqui)
“Us and Us Only – Deluxe”, Charlatans (Universal)
Em 1999, após cinco álbuns e vários singles indies que brilharam nas paradas britânicas, o Charlatans assinava com uma grande gravadora e a ideia na época era de que o grupo deixaria a 2ª divisão do britpop rumo ao estrelado. Não foi isso que aconteceu, e talvez a “culpa” seja da própria banda: em sua estreia em uma major, o quinteto de Manchester deixa um pouco de lado a “british invasion” para namorar a América. “Us and Us Only” não repetiu o êxito comercial de “Tellin’ Stories” (1997), mas foi mais elogiado, e essa reedição dupla (com 18 faixas extras entre b-sides, remixes e registros ao vivo) referenda o culto. O vocalista Tim Burgess declara sua paixão por Dylan no delicioso country “Impossible” (que ressurge numa versão na Radio 1) e no contagiante b-side “Your Precious Love” enquanto “Forever”, o psicodélico primeiro single, surge em versão de 7 minutos ao vivo no Reading e a matadora “A House is Not a Home” em registro ao vivo no Jools Holland. Um grande disco a ser (re)descoberto.
Preço em média: R$ 60 (importado)
Nota: 8
Leia também:
– Charlatans ao vivo no Abril Pro Rock São Paulo 2002, por Márcio Custódio (aqui)
– Charlatans ao vivo no Primavera Sound 2010, em Barcelona, por Marcelo Costa (aqui)
“The Suburbs – Scenes”, Arcade Fire (Merge)
Vencedor do Grammy 2010 na categoria Álbum do Ano (número 1 na lista da Q, e número 2 nas listas da Billboard, NME e Stereogum além de Álbum do Ano na votação Scream & Yell – com o dobro de votos do segundo colocado – veja aqui) “The Suburbs” retorna ao mercado nesta reedição de luxo que inclui duas músicas novas na versão física (as boazinhas “Culture War” e “Speaking in Tongues”, com participação de David Byrne, mas inferiores às outras canções do disco) um remix de Damian Taylor para “Ready to Start” e uma ótima versão demo de “Spraw I” na versão online (o pacote traz um código para que o comprador faça o download das duas canções extras no site oficial) além de uma nova versão de “Wasted Hours”, com quase um minuto a mais de tempo, e um ótimo crescendo roqueiro no final. O destaque do pacote é o curta de 30 minutos “Scenes From The Suburbs”, inspirado nas letras do disco (principalmente em “Suburban War”), dirigido por Spike Jonze e escrito pelo diretor na compania dos irmãos Butler.
Preço em média: R$ 50 (importado)
Nota: 8
Leia também:
– Arcade Fire em Chicago: uma apresentação irrepreensível, por Marcelo Costa (aqui)
– “The Suburbs” é filho de Houston, mas poderia ser de Londres ou São Paulo (aqui)
– Arcade Fire ao vivo no Festival de Benicassim 2011, Espanha, por Marcelo Costa (aqui)
– “Neon Bible”, o fim do mundo como nós o conhecemos, por Marcelo Costa (aqui)
– “Funeral” fala sobre a vida de todos nós, todos nós, por Marcelo Costa (aqui)
Eu achei “Speaking in Tongues”, do Arcade Fire com David Byrne, melhor do que a maioria das músicas do Suburbs.
Animal essa embalagem do Rem! E esse do Charlatans é bonzão, mas o Tellin Stories é o preferido aqui.
apesar do dólar em baixa, os preços ainda são altos, porque afinal quem é fã não vai querer só um álbum deluxe do rem, vai querer todos… e não só do rem, tem dezenas de bandas por aí. o negócio é aguardar um pouco que logo aparece algum no second spin, hehe.
Então, esses valores que coloquei são todos calculados com base em uma possível taxação, algo que raramente acontece quando o valor é baixo. Então, por exemplo, o R.E.M. na Amazon EUA incluindo frete chegou para mim por R$ 40 e o Charlatans, na Amazon UK, por R$ 35. Sou fã da Second Spin, mas há muita coisa que vale comparar pois o novo na Amazon pode sair bem mais barato que o usado lá.
Quando o Charlatans começa a ganhar edição especial de seus discos é um sinal de que a atualizadade está uma lástima. E viva o REM e esses relançamentos caprichados!
Mac, fugindo ou pouco do tópico, mas dentro do seu comentário aí em cima: como funciona esse esquema de comprar na Amazon, essa coisa de taxação? Achei interessante esses valores citados… Nunca comprei nada no site…
A rigor, qualquer produto comprado fora do Brasil (com algumas exceções – das quais CDs e DVDs não fazem parte) deve ser taxado em 60%. Ou seja: se você compra um CD de 10 dólares, ele custará 16 dólares. No entanto, há milhões de pessoas comprando e cartas/pacotes chegam todos os dias, de forma que a Receita Federal não tem como acompanhar tudo que chega.
Assim, numa regra não escrita, eles se concentram nos pacotes de maiores valores. Ou seja, se você comprar algo de 20, 30 dólares, sua chance de ser taxado é menor do que se comprar um box de 100 dólares (cuja chance de taxação é de quase 80%). Eu já tive box que não foi taxado (o do “Ten”, do Pearl Jam, que paguei 89 dolares, passou direto), mas nunca é bom contar com isso.
O que acontece se é taxado: você recebe uma carta em casa avisando que sua encomenda está na correio, e que você precisa pagar o valor de 60% para resgata-la. Mas até uns 30 dólares é difícil taxar. Eu mesmo prefiro quebrar uma compra de 60 dólares em duas para evitar isso. O lance é que qualquer compra pode ser taxada. Então sempre coloco os valores dos CDs importandos aqui já imaginando os 60% (vai que a pessoa é taxada e reclama que eu falei um valor menor 🙂 – porém se você comprar dois CDs a chance de taxar é muito pequena.
Melhor disco do REM para mim, me arrependo até hoje de ter vendido o meu vinyl.
“Us and Us Only” considero o melhor álbum deles. Infelizmente é bastante subestimado, assim como a própria banda.