por Marcelo Costa
“Multishow ao Vivo”, Os Paralamas do Sucesso (EMI)
Terceiro ao vivo do Paralamas em sete anos (antecedido pelo duplo “Uns Dias Ao Vivo”, de 2004, e pelo comemorativo “Paralamas e Titãs Juntos e Ao Vivo”, 2008), “Multishow” flagra uma banda em marcha lenta tentando – em vão – criar novos arranjos para velhos (e bons) hits, mas o resultado não convence. Versões pálidas de “Uns Dias”, “A Novidade” e, principalmente, “Caleisdóscopio” – que apanha de nocaute da versão contida em “Vamo Batê Lata”, de 1995, nos primeiros milésimos de segundo do primeiro round – percorrem o disco. A bonita “Tendo a Lua”, com presença equivocada de Pitty (num dueto que não funciona) e mesmo números vibrantes como “O Beco” e “Pólvora” em quase nada lembram as versões incendiárias de outrora. Das novas, nem a belíssima “Mormaço” (uma das grandes músicas do último disco), com presença de Zé Ramalho (assim como no disco), consegue transpor a emoção da versão em estúdio. Fica a impressão de que o show mais fraco dos Paralamas nos anos 90 é melhor que este “Multishow Ao Vivo”.
Preço em média: R$ 25 o CD / R$ 35 o DVD (com 11 músicas a mais e extras)
Nota: 4
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“Rachando o Concreto – Ao vivo em Brasilia”, Plebe Rude (Coqueiro Verde)
Gravado em 2009, só agora o registro que comemora 25 anos de Plebe Rude chega às lojas. A formação atual é a mesma que gravou o instável “R ao Contrário”, em 2006 (os plebeus originais Philippe Seabra e Andre X mais o Inocentes Clemente e Txotxa, ex-Maskavo Roots), e o quarteto mantém o pique em versões poderosas e fidelíssimas de “Brasília”, “Censura”, “Minha Renda”, “Bravo Mundo Novo”, “Seu Jogo” (mais pesada sem os metais da versão original) e “Até Quando Esperar” – com Clemente seguindo a melodia vocal clássica de Ameba. As covers já costumeiras do Cólera (“Medo”) e da Escola de Escândalo (“Luzes”) marcam presença e há até uma citação perfeita de “Pátria Amada”, o hino dos Inocentes, dentro de “Proteção”, que começa lenta e depois explode em barulho. As guitarras soam potentes, cortantes, venenosas, mas o grande momento da Plebe ainda é a belíssima (e lenta) “A Ida”. Ela sozinha compensa as cinco faixas medianas dos anos 2000, que deixaram no banco ao menos 15 canções antigas melhores.
Preço em média: R$ 15 o CD / R$ 20 o DVD (com 3 músicas a mais, documentário e clipes)
Nota: 6
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“Ao Vivo”, Edgard Scandurra (TV Cultura)
Para festejar 20 anos de “Amigos Invisíveis”, sua estreia solo, Scandurra preparou um show especial. Registrado em 2009 no Teatro da Fecap, em São Paulo, “Ao Vivo” reúne as melhores coisas do disco homenageado além de algumas pérolas do Ira!. “Minha Mente Ainda é a Mesma” mantém o frescor da versão original. O mesmo pode ser dito das emocionais “Amor em B.D.”, “Culto de Amor” (dueto com Barbara Eugênia), “Bem-Vindo Daniel” (o filho, recém-nascido na época, agora toca baixo com o pai) e “Abraços e Brigas” (com Zélia Duncan). Fernanda Takai comparece cantando a fofa “Tolices” (já regravada pelo Pato Fu) enquanto Jorge Du Peixe marca presença em “Você Não Sabe Quem Eu Sou” e Guilherme Arantes, com “Meu Mundo e Nada Mais” a tiracolo, crava um dos grandes momentos da noite. Ainda há Who (“Our Love Was”) e números da fase eletrônica (“Eu Estava Lá”), mas vale espiar o DVD, com três grandes canções do Ira! que não entraram no CD: “O Dia, A Semana e o Mês”, “Não Matarás” e “Poder, Sorriso e Fama”.
Preço em média: R$ 20 o CD / R$ 35 o DVD (com cinco músicas a mais e extras)
Nota: 7
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– Entrevista com Edgard Scandurra (2007), por Marcos Paulino (aqui)
Desses três só o Scandurra está vivo artisticamente.
Junto com o Arnaldo Antunes ele tem sabido circular com desenvoltura, e assim se renovar, pelas novas gerações.
O Paralamas, além dos inúmeros hits e alguns belos discos, tem o mérito de ter mantido a dignidade. Não abriu as pernas como os Titãs.
Já a Plebe está com a data de validade vencida há tempos. Só foi legal nos anos 80.
Esses dias peguei esse show do Paralamas rolando no Multishow e não consegui assistir nem duas músicas!
Muito ruim! Talvez 4 seja muito!
manteve a dignidade distribuindo guitarras e vinhos por aí?
João, essa geração 80 foi movida a jabá. O hábito faz o monge. rsrsrsrs
Falo em dignidade no campo musical. Os Paralamas nunca abriram as pernas para o mercado como os Titãs, fato.
Nos anos 80, quando a moda era ser inglês e ritmos brasileiros eram brega no meio pop/rock tupiniquim, eles vieram com o ótimo e brasileirissimo “Selvagem?”
Por mais que o Lobão – sou fã do cara, mas é aquela coisa. Quem muito fala acaba falando merda – tente diminuir os caras, eles têm talento e mérito.