por Marcelo Costa
Paris, 1913. O compositor russo Igor Stravinsky está na cidade para apresentar sua obra mais recente, “A Sagração da Primavera”, no Teatro Champs-Elysées. A dissonância rítmica da peça musical e da coreografia choca o público francês, que se divide entre aplaudir e se revoltar contra o grupo russo. A polícia é chamada ao teatro para acalmar os ânimos, mas ao menos uma pessoa na platéia está impressionada com a música: Gabrielle Chanell.
Chanell e Stravinsky não se encontram nesta noite, apenas sete anos depois, em 1920, quando o músico foge da Revolução Russa e se exila em Paris. Já com bastante fama e dinheiro, e de luto pela morte do amante, Coco convida a família Stravinsky para viver em sua casa nos arredores de Paris. Igor aceita o convite e leva sua mulher, Katia, e seus quatro filhos para a casa de campo de Coco. Logo na chegada, Katia estranha o ambiente: “Nunca vi isso: todas as janelas estão pintadas de preto!”.
Baseado em um romance de Chris Greenhalgh, “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, de Jan Kounen, é extremamente sexual e deliciosamente escandaloso. O retrato destes dois personagens marcantes do século 20 corrobora a fama tempestuosa de ambos. Em certo momento, Coco provoca o músico: “Sou tão poderosa quando você, Igor. E mais bem sucedida”. Ele devolve a provocação: “Você não é uma artista, Coco. Você é uma lojista”. O romance arde, mas é ela – mais esperta – quem dá às cartas.
Coco devora Igor de forma arrebatadora. O romance acontece debaixo do mesmo teto em que a família do músico vive, e sua esposa, doente, não suporta a vergonha e parte para a Espanha com os filhos. Ao mesmo tempo, Coco troca o preto do luto pelo branco da leveza e investe todos os seus desejos na formulação de um perfume que a represente. “Quero cheirar como uma mulher e não como uma flor”, explica. Assim nasce o Chanel nº5.
Ao contrário do acomodado “Coco Antes de Chanell” (2009), que retrata os primeiros anos da futura estilista francesa com leveza e omissão de dados polêmicos, “Coco Chanel & Igor Stravinsky” exibe uma mulher forte, independente, fria, até cruel em certos momentos. E extremamente sexy. A escolha da modelo/atriz Anna Mouglalis não poderia ter sido mais acertada. Basta ela dar três passos para o espectador se ajeitar na cadeira do cinema impressionado com o ar poderoso e sensual da personagem.
Não existe prova de que o romance entre os dois tenha realmente acontecido. Na Paris da época, porém, boatos davam conta de que a estilista estava mais interessada no músico do que em sua música. Igor e família foram realmente viver sob o mesmo teto que Chanell, afamada colecionadora e manipuladora de homens. Para o escritor Chris Greenhalgh, esse encontro virou um livro. E agora um bom filme. Se Coco e Igor não viveram esse romance, o filme deixa apenas uma certeza: deveriam ter vivido.
gostei muito da abertura do filme, do design de produção, é bem dirigido, mas putz, achei o roteiro meio besta. achei o stravinsky um personagem xoxo, sem graça. muito diferente do que se espera, pelo menos pelo que já li sobre ele. mas vale a pena ver no cine. mas a anna mouglalis está foda. ela é muito boa. e o personagem dela é ótimo. seria melhor se o filme fosse chamado só chanel