por Marcelo Costa
“13 Parcerias com Cazuza”, George Israel (Universal)
Após dois bons álbuns solos, George Israel tropeça e leva junto o parceiro Cazuza. O problema do álbum não é apenas sofrer comparação com as versões originais, todas melhores que essas regravações (inclusive as gravadas em discos solo de Israel), mas os arranjos infantis mataram a poesia das letras e as participações “especiais” (D2, Sandra de Sá, Ney Matogrosso e por ai vai) fizeram do álbum um daqueles discos homenagem que mais parecem kizumba do que trabalho autoral. “Você Vai Me Enganar Sempre 2” é a única inédita, e traz a voz de Cazuza retirada de um k7 causando certa emoção (mas, cuidado: é um reggae). “Inocência do Prazer” é mais viva e dolorida na versão de Dulce Quental. “Completamente Blue” idem, com Cazuza. “Mina” e “Nabucodonosor” são bobagens (a parceria que ficou de fora, “Andróide Sem Par”, uma bela sobra das sessões de “Só Se For a 2”, de Cazuza, lançada no póstumo “Por Ai”, é melhor que as duas juntas). E regravar “Brasil” e “Burguesia”, pode Arnaldo? Constrangedor. Cadê o Kid Abelha?
Nota: 3
Preço em média: R$ 24,90
Leia também:
– “Quatro Letras”, de George Israel, pop rock bem feito e bem tocado (aqui)
– “Distorções do Meu Jardim”, de George Israel, o melhor kid abelha solo (aqui)
– “Pega Vida”, do Kid Abelha, uma coleção de pop songs deliciosas (aqui)
“Das Kapital”, Capital Inicial (Sony Music)
A queda do palco sofrida por Dinho em outubro de 2009 quase colocou fim ao grupo, mas o vocalista se recuperou, a banda voltou ao estúdio e saiu de lá com seu 12º álbum. Não espere mudanças, no entanto. “Das Kapital” é aquilo que o Capital vem fazendo desde que Yves Passarell assumiu as palhetas no ótimo “Rosas e Vinho Tinto” (2002): um pop rock de guitarras nervosinhas, a voz de Dinho lá em cima na mixagem, e as boas letras de Alvin L. tentando situar a banda entre os coroas que compraram o disco proibido para menores de 18 anos em 1987, os jovens que descobriram a banda no “Acústico MTV” (2000) e a geração Fresno/NX Zero, que viu nos tiozinhos uma extensão de suas bandas amadas. “Ressurreição”, “Depois da Meia Noite” (duas canções de pegada Killers) e “Melhor” (puro Ramones) são canções grudentas de qualidade, mas o grande acerto é “Vamos Comemorar”, inspirada parceria de Dinho com Pit Passarell (por sua vez, “A Menina Que Não Tem Nada” é a bobagem do disco). Eles seguem firmes rumo aos 30 anos.
Nota: 7
Preço em média: R$ 19.90
Leia também:
– Discografia comentada do Capital Inicial, por Marcelo Costa (aqui)
– “Gigante” mostra que o Capital Inicial vive sua melhor fase (aqui)
– “Multishow ao Vivo” mostra que o Capital é a maior banda do país (aqui)
“Vivo na Cena”, Nasi (Coqueiro Verde)
Após quatro registros com os Irmãos do Blues e um ótimo disco solo (“Onde os Anjos Não Ousam Pisar”, 2006), e três anos depois do arranca-rabo violento que pós fim ao Ira!, Nasi lança uma carta de intenções gravada ao vivo em estúdio (em clima de rock sujo, blues e jazz). “Vivo na Cena” reúne um repertório interessantíssimo que junta canções inéditas (as boas “Ogun” e “Aqui Não é o Meu Lugar”), regravações do Ira! (“Milhas e Milhas”, quase igual, “Tarde Vazia”, com um jeitoso acento soul, e “Por Amor”, com Vanessa, do Ludov), clássicos (“Rockixe”, de Raul Seixas, com o exagerado Marcelo Nova, nada acrescenta, mas a brilhante versão New Orleans de “Bala com Bala”, de João Bosco e Aldir Blanc, é um achado), indie (duas do Eddie: “Eu Só Poderia Crer”, de Fred 04, e “Desequilíbrio”) além de “Garota de Guarulhos”, versão singela de Carlos Careqa para “Jersey Girl”, de Tom Waits. O DVD traz três canções a mais (e os extras, com recado para os emos). O Ira! está morto, mas Nasi está vivo… e rouco.
Nota: 7
Preço em média: R$ 16,90 (CD) e R$ 24,90 (DVD)
Sobre o disco do Capital Inicial, acho que falta uma música de apelo pop mais certeiro, “Depois da Meia Noite” é a que mais se aproxima disso, mas nada que possa ter o peso de “A Sua Maneira” (cover, mas ta valendo), “Mais” e “Não Olhe Pra trás”, por exemplo. O disco de inéditas anterior, “Eu Nunca Disse Adeus” (2007), tinha a mesma característica desse novo: várias canções pop grudentas, mas nenhuma que possa pesar no repertório da banda.
Fiz um faixa a faixa do Das Kapital no meu blog, aqui: http://ailhadosmendigos.blogspot.com/2010/06/faixa-faixa-das-kapital-capital-inicial.html
Abs
Que capa mais Backstreet Boys essa do Capital Inicial… O Dinho bateu a cabeça mas não acordou: continua achando que é um adolescente moderninho.
Essa capa do Capital Inicial é horrorosa!. E a banda também.
A capa do Capital ficou ótima, na minha humilde opinião.
E o Dinho, apesar dos altos e baixos da banda, para mim continua sendo um dos melhores vocais do rock nacional. No entanto, a banda poderia misturar as músicas grudentas com outras com melhor harmonia, investir em algumas novidades sonoras. Capacidade eles tem.
Ahahahaha
O comentário do Felipe é ótimo.
Outro dia tava vendo uma entrevista com o Dinho e ele reclamava que só aqui no Brasil as pessoas não podiam envelhecer tocando rock sem ser tachado de ridículo.
É claro que pode!
O problema é que tipo de rock/pop fazer.
O Nasi, por exemplo, tem a idade dele, mas está longe de pagar esse mico que ele paga.
Realmente: esta capa do Capital é algo…
Pior é que a intenção é a ironia, a sagacidade.
Dinho é frustrado e deslumbrado o bastante para isso.
Se orgulha de ser melhor do que os emos. A merda é que é.
Mais merda ainda é admitir que o Capital tem grandes músicas e ele é realmente um dos melhores vocalistas de rock que já tivemos por aqui.
Quanto ao Nasi, sempre o considerei um péssimo, terrível vocalista.
Nunca entendi por que o Edgard não cantava, mas hoje entendo.
O Nasi é legal pra caramba. Um coroa divertido, que gosta de rock de verdade.
Isso que o José falou é verdade. Tem jeito de envelhecer no rock de forma honrada. E o Dinho passa longe disso. Há algum tempo atrás vi uma apresentação do Capital num programa, acho que era da Xuxa (mais um sinal da decadência da banda) e o Dinho parecia uma paródia de si mesmo. Foi tipo “não acredito q ele tá fazendo isso”: um jeito de falar tosco, andando pelo palco com um andar todo manjado, se achando o gostosão, mascando chiclete. O pior é que ele nem era assim antes. E esse guitarrista que eles arrumaram é outro poser. E ainda usa aquele chapéu. Tem muito mais cara de “banda do Bon Jovi”. O único porém do Nasi é dividir programas com o goleiro Ronaldo. Não lembro de como ele era no Corinthians, Mac, mas no Cruzeiro ele foi bizonhamente frangueiro.
O Ronaldo fez uma carreira boa no Corinthians. Mico mesmo foi o disco de rock dele, Ronaldo e os Impedidos. hehe
O problema não é envelhecer. O problema é ser irrelevante. É um prazer ver um filho completar 30 anos. Não deve ser tão recompensador vê-lo em uma situação na qual você não pode intervir. Dinho Ouro Preto está nessa. Envelheceu. É irrelevante. E o crack da péssima composição (troféu Alvin L) destruiu tudo.
(Aproveitando: certa vez, acabei reunindo alguns fiascos do boleiros na música e Ronaldo e os Impedidos não ficou de fora: http://euaqui.gazetaonline.com.br/index.php?id=/blogs/materia.php&cd_blog=36&y=2010&m=06)