por Marcelo Costa
“As 15 Super Quentes”, Lafayette e os Tremendões (Arterial Music)
Você pode até não saber, mas já deve ter cantado e dançado muitas canções conduzidas pelo orgão mágico do senhor Lafayette Coelho, 66 anos. Um dos nomes menos conhecidos da lendária Turma do Matoso, no Rio de Janeiro (que, dentre outros, incluía Wilson Simonal, Jorge Ben, Tim Maia, Erasmo e Roberto Carlos), Lafayette é responsável pelo som de órgão que marcou a Jovem Guarda. Ele costuma dizer que se alguma canção dessa época tem órgão, é ele quem toca. Exemplo clássico: “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”. Em 2004, Lafayette conheceu Gabriel, do Autoramas, e a grande amizade se transformou nesse projeto que recupera canções daquele período em versões poderosas que ganham corpo tocadas por uma super-banda independente formada por Érika Martins (ex-Penelope), Renato Martins (Canastra), Melvin (Carbona), Nervoso (Nervoso & os Calmantes) e Marcelo Callado (Do Amor e Banda Cê, de Caetano Veloso), além do próprio Gabriel. O grupo já tinha lançado um compacto em vinil, e agora chega com um CD que, com título apropriado, destaca um repertório cheio de hits (de ontem, hoje e sempre) como “É Papo Firme”, “Você Não Serve Pra Mim” e “Só Vou Gostar De Quem Gosta de Mim”. Faça uma festa e deixe o disquinho tocar do começo ao fim. Sorriso garantido no rosto de todos. Não há dinheiro no mundo que pague.
Preço: R$ 23 (http://www.myspace.com/lafayetteeostremendoes)
Nota: 8
“Cristalina”, Lulina (YB)
Antes de estrear oficialmente com esse disco, a pernambucana Luciana Lins havia lançado nove álbuns caseiros, desses feitos no quarto, com a voz gravada no microfone do computador, a companhia de um violão e muita inspiração. O processo rendeu trabalhos como “Cochilândia” (2002), “Translúcida” (2006) e o duplo “Aceitação do 14 / Aos 28 Anos Dei Reset na Minha Vida” (2008) (que você pode baixar em http://tramavirtual.uol.com.br/lulina), e as 18 canções escolhidas para “Cristalina” funcionam como um “Best Of” destes oito anos de carreira caseira, agora regravada e remasterizada em um estúdio bacana. Lulina promove um choque do apelo delicado e, por vezes, infantil de sua voz pequena (e da Lulilândia) com letras que discorrem sobre orgasmos múltiplos, baseados na balada, bolhas na pleura e uma bebida chamada sangue de E.T.. Em “Meu Príncipe” (a tal que fala de orgasmos), ela vai para o botequim, enquanto ele fica na cozinha – pensando em discutir a relação. “Balada do Paulista”, com seu refrão grudento (“Puta meu, tipo nossa cara”), é um retrato hilário de São Paulo. “Bichinho do Sono” (regravada por Bruno Morais) e “A Margarida” são outros dois momentos brilhantes de um álbum que, na verdade, é um interessante universo particular. Vale o passeio.
Preço: R$ 15 (http://lulilandia.wordpress.com/)
Nota: 8
Download: Baixe no Outros Críticos
“Uhuuu!”, Cidadão Instigado (Independente)
“Abram as portas das suas casas, deixem os ladrões entrarem, eles vão tentar levar tudo o que puderem”, instiga Fernando Catatau, cabeça pensante do Cidadão Instigado, em “O Nada”, faixa que abre de forma envolvente e filosófica o terceiro álbum de um dos grupos independentes brasileiros mais celebrados da década. Uhuuu! parte da musicalidade do festejado Método Túfo de Experiências (2005) em direção a uma sonoridade mais direta e orgânica sem deixar de lado as principais características do grupo, um caldeirão fervilhante movido a rock psicodélico e música brega, como se Odair José integrasse por um fim de semana o Pink Floyd, reducionismo que se esforça, mas ainda não consegue definir a beleza de “Como as Luzes”, com tecladão espacial e letra comovente, da orgia instrumental da extensa “Escolher Pra Que?” (de quase sete minutos de duração), com solos de guitarra e timbragem retrô, do mix funk arrasador de “Doido”, com batidas e teclados que lembram algo de Franz Ferdinand e trazem ao cabo Arnaldo Antunes declamando maluquices, da explosão espacial “A Radiação Na Terra” (Caetano fase Araçá Azul movido a guitarradas) e da conclusão poética “Deus é Uma Viagem”. Entre a revolta solitária e a tristeza semi-hippie, o Cidadão Instigado crava outro álbum fenomenal.
Preço: R$ 15 (http://www.myspace.com/cidadaoinstigado)
Nota: 9
Download: Baixe no Outros Críticos
O teclado da música “O cabeção” parece com alguma música de algum jogo do Sonic, acho que o primeiro do Mega Drive.
Cara, baixei o disco da Lulina – que já tinha ouvido falar a um tempo mas não tinha corrido atrás – e achei bem ruinzinho, hein. Vozinha fraquinha, letras tipo “sou nonsense pra caramba e como um montão de cogumelo no café da manhã”. Mas vou tentar ouvir de novo, outra hora, e ver se bate a chapação….
Paulo, eu achei sensacional o disco da Lulina, não vi nada de nonsense. Ela é apenas uma garota que faz um som honesto em letras que transbordam criatividade, sem afetações.
Ela realmente não tem um vozeirão como outras cantoras da atualidade, mas a delicadeza de sua voz é o que torna as músicas mais envolventes.
Se você ouvir mais, talvez mude essa impressão equivocada e consiga se integrar ao universo Lulínico.
Mas comigo também não bateu logo de primeira, tive de ouvir algumas vezes e, passando a estranheza inicial, logo me tornei fã dela.
Pra mim, esse disco so tem tres musicas boas, e as tres voce citou: Paulista, Principe e Bichinho. O disco eh muito longo.
Tadeu, se pra você o trabalho dela não tem nada de nonsense, então você não entendeu nada hehehe.
Até porque adjetivar algo como nonsense, por si só, não quer dizer nada de ruim. Os Mutantes faziam paradas que muitas vezes tendiam para o nonsense e o humor maluco e escrachado, assim como Tom zé, Raul Seixas, Jupter Maçã… enfim, uma lista infinita, alguns acertando mais outros acertando menos. Mas música, como quase tudo na vida, é algo bem subjetivo, e dizer quem faz bem o que é sempre difícil e gera discussão. Então, não vem com esse papo de “impressão equivocada” e se vc ouvir mais vai se integrar blah blah blah. Se tu não viu nada de nonsense ali, então tu deve ter ouvido outro disco… Simplesmente ouvi e não me interessei em adentrar o “universo lulínico”, não bateu. Quem sabe outra hora.
Algumas pessoas nascem para cantar, outras para escrever, outras para compor, outras para cantar e escrever, e, algumas, até para cantar, escrever e compor.
Por outro lado, algumas nascem para vender hot-dog na rua. Esse parece ser o caso dessa tal Lulina. É o que eu acho.
Quanto ao Cidadão Instigado, juro que gostaria de gostar. Mas por algum motivo qualquer, não consigo.
e aquelas pessoas que nem hot dog na rua conseguem vender, ficam falando mal dos outros, como esse fabrizzio. sempre existe um.
eu sou suspeita para falar de lulina pois conhecia antes do disco sair. senti falta de miojo no disco, mas as musicas que entraram ficaram melhores. adoro argumentos. e as fotos do show ficaram otimas, mac. queria ter ido.
j.
Pois é Paulo, como você mesmo disse, gosto musical é algo muito subjetivo…
Isso não quer dizer que a artista seja ruim, basta você ver quantas resenhas elogiosas foram publicadas sobre o disco Cristalina, em jornais, sites e outros veículos especializados em música.
Em nenhuma dessas publicações foi citado o termo “Nonsense”, por isso acredito que a sua opinião seja equivocada, pois já ouvi inúmeras vezes o disco e não consegui identificar nada soasse “Sem sentido”, apenas um humor inteligente, irreverência e até uma pitada de poesia.
Como você mesmo disse que iria tentar ouvir de novo, entendi que só tinha escutado o disco uma vez, e tem muita coisa que não bate de primeira, eu mesmo nunca confio na minha primeira audição.
Cidadão Instigado é foda!
O disco é nota 10.
Um disco com Autoramas e Érika Martins não pode ser bom.
E essa tal de Lulina é fraca que dói.
Érica Martins, Lulina e Fernanda Takai deviam viajar pra Plutão.
Não gostei da Lulina não. Bem mais ou menos. Agora quanto ao Cidadão, discaço mesmo (O Lafayette ainda não ouvi).
O disco do cidadão é bom, embora eu prefira ao vivo. Tem muitos momentos que entram apenas na categoria ”música interessante de ouvir”. Mas tem altos momentos de música simplesmente foda, como ”Homem velho”. Já Lulina é aquela coisa de brincadeira, que só paulista consegue gostar de verdade.
Pô, Marcelo…
Decepção total, hein?
Lafayette… é do final do ano passado. Lá se vão quase 3 meses.
(O ótimo) Cristalina, então, puts, é do meio do ano passado.
E o do Cidão Instigado/ Foi mais comentado já, durante quase todo o ano passado, que… sei lá. Lost? (risos)
Que beleza de novidades, hein?
2010 não teve nenhum lançamento?
Nada?
Eis a vantagem de ter o próprio site, Léo: a gente fala do que a gente quer, na hora que a gente tiver vontade. Se falar de novidades garantisse alguma coisa, a NME seria a melhor publicação do mundo. Será que ela é? 🙂
Abraços
Mac
gosto muito de algumas coisas do indie nacional como o curumin e o cerebro eletronico. porém eu ouvi o método túfo de experiencias do cidadão instigado e o que eu posso dizer é que o disco não é tudo isso e algumas musicas do album chegam a ser fracas mesmo. pode enganar aos “criticos indies” mas a minha pessoa não. esse disco não é melhor do que coisas do pop nacional como nando reis ou tribalistas. eu fico pensando o que se passa na cabeça de alguns criticos brasileiros para eleger o metudo tufo como disco do ano. pois até o pista livre do cachorro grande é melhor do que o album do cidadão instigado. e a verdade é que quanto mais escuto a banda do fernando catatau mais eu tenho vontade de ouvir a nação zumbi e o finado chico science.
ainda não escutei o album Uhuuu! mas o que eu sei é que o Método Túfo de Experiências é um disco fraco…e que não merecia todo esse elogio da critica…
aquela mistura de música brega com pink floyd é interessante e às vezes divertido…mas nunca chega a ser plenamente realizada enquanto canção…no geral as melodias são enfadonhas, e os arranjos auto-conscientes demais…é uma banda intelectualóide…nação zumbi era outra coisa, aquilo era uma putaria mesmo