por Marcelo Costa
Quarenta anos atrás, enquanto os Beach Boys conquistavam os orientais do outro lado do mundo, Brian Wilson unia-se ao letrista Tony Asher e, dentro de um estúdio, construía “Pet Sounds”, um dos dois discos mais importantes da música pop em todos os tempos (escolha um dos Beatles para ficar ao lado dele e encerramos o assunto). Na época, 1966, Brian Wilson tinha 24 anos, estava se afundando nas drogas e se apaixonando perdidamente pelos Beatles. “Pet Sounds” foi o ápice de sua carreira e, algo raro na música pop, ganhou um box anos atrás que desbravava as suas sessões de gravação em três CDs repletos de momentos geniais. Chega a ser normal então que o álbum seja homenageado com um tributo.
“Do It Again: A Tribute to Pet Sounds”, lançado nos EUA no começo de novembro, reúne 14 artistas, e é muito mais reverencial do que inovador. Seria praticamente impossível que algum novo arranjo conseguisse superar as operetas pops que Brian Wilson arquitetou para o disco em 1966, e ouvir “Do It Again: A Tribute to Pet Sounds” com essa expectativa seria uma grande bobagem. Mesmo sem poder ser comparado com seu conteúdo original, este tributo permite saborear novas (e belas) texturas para aquelas canções que os adoradores dos Beach Boys, de Brian Wilson e de “Pet Sounds” já conhecem de ouvidos fechados até debaixo da àgua.
Entre os grandes momentos do álbum estão os Oldham Brothers (Will Oldham e Bonnie Prince Billy) em uma versão acústica e de bonita melodia vocal para “Wouldn’t It Be Nice”; o cantor Dayna Kurtz que interpreta “Sloop John B.” em uma versão que começa crua ao violão, e incorpora bateria, piano, slide guitar e harmônica. Novos indies (Architecture In Helsinki em uma interessante versão da faixa título) e velhos indies (Wedding Present com uma versão densa para “Caroline No”) marcam presença em um álbum que é bastante audível quando opta pela simplicidade (“Here, Today”, com Jody Wildgoose; “I Know There’s An Answer” com Mazarin), mas causa estranhamento nas versões de Vic Chesnutt (“You Still Believe In Me”), Mica P. Nilson (“I’m Waiting For The Day”) e Daniel Johnston (“God Only Knows”).
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne
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O original Pet Sounds ainda me deixa encafifado por horas após uma audição, simplesmente porque eu não consigo ouvir a maravilhosa viagem do Brian Wilson que todos dizem ouvir, por causa disso eu insisto, e para ajudar eu adoro outras composições como Good Vibrations e outras que, aos meus ouvidos, soam bem mais interessantes que o Pet Sounds. Deixo claro que eu não acho o álbum ruim, mas ainda não consegui encontrar o brilho que o Paul McCartney encontrou como tantos outros… quem sabe ouvindo as versões, elas não as composições se abram para os meus ouvidos e meus neurônios liguem os ticos-com-os-tecos…
tremenda picaretagem isso, marcelo! quem precisa da ingenuidade de pet sounds em plenos 2000?
Ao mesmo tempo que fico com o pé atrás, fico curioso com tributos. Ainda mais em relação a uma obra do calibre de Pet Sounds. Realmente o clima do álbum é impossível de ser reproduzido.
Nesse caso acho a iniciativa do tributo, apesar de ousada, um pouco suicida. Talvez seja mais interessante loucuras como o Radiodread do Easy Star All-Stars, que me surpreendeu quando ouvi.
Mas mesmo assim estou curioso, principalmente com uma das minhas músicas preferidas, Don´t Talk (Put Your head On My Shoulders). O que será que fizeram com aqueles vocais fantásticos?
qual é a data de lançamento desse disco?
Para o cara ai de baixo, Pet Sounds é um disco atemporal meu caro, e assim sendo, o tempo simplesmente não existe pra ele.
Bem, primeiro minhas desculpas, pois só agora, lendo em casa com mais calma, vi a data do lançamento do disco no texto do post. Agora, vamos falar sobre esse disquinho bonitinho que acabo de ouvir aqui (ave soulseek!). /// Tudo bem, ninguém é maluco de querer se igualar ao Pet Sounds em um tributo, ou mesmo soar algo maravilhoso. Mas ao menos não precisavam ser descuidados e levianos em algumas faixas… Vamos, primeiro, tirar desse balaio as frutas ainda brilhosas e com gosto – e que não devem deixar de ser degustadas -, como “Don’t Talk”, com Centro-Matic; “Sloop John B”, com Dayana Kurtz; “I Know there’s a Answer”, com Mazarin; “Here Today”, com Jody Wildgoose e outras que, ouvidas com atenção, até impressionam pela coragem sem perder a ternura, como “I Just Wasn’t Made For These Times”, com Patrick Wolf. É, até que se ouvirmos com carinho e complacência, a maioria vai muito bem, e as instrumentais não comprometem. Mas o que é que tem de bacana abrir o disco com um violão batendo na trave em “Wouldn’t it be nice”? Não, isso não poderia ser legal! Ok, eu sei que depois a música fica bacaninha… Mas o robô rouco cantando “You Still Beleave in Me”… tudo bem, esse é preconceito meu mesmo. Mas… o que é aquela vovó sem dentadura cantando “God Only Knows”??? Deus, se é só você mesmo quem sabe, me responda, por favor!!!! 🙂 Mas no geral, o disco é bom sim. Numa avaliação de primeira e rápida audição, digo que vale a pena… baixar no soulseek… hehehehe. Mas se pegarmos outros lançamentos do tipo, como Revolver Reloaded (Beatles), pela Mojo; Highway 61 Revisited (Bob Dylan), pela Uncut e o Timeless (Hank Wilhams), não sei por onde 🙂 , esse album deixa bastante a desejar…
Ô Zé! eu perguntei a data de lançamento desse tributo, que depois vi que foi agora em novembro, bem recente mesmo…. préstenção rapá!
Salve Beach Boys!!!! =)
Ô Fabio! Ouve um mal entendido meu chapa,eu estava respondendo pro cara de nick “talking radiohead” seu post nem estava “no ar” quando postei o meu.
Sacou?
Abraços
Fala Mac! Me permita um comentário atrasado só pra explicar uma parada. Eu adorei a versão pra Wouldnt It Be Nice com o violão cara, tá muito bonita sim, uma bela homenagem. Portanto, nada contra o violão… O que eu quis dizer com “começar com um violão batendo na trave” foi que, nitidamente, nos acordes iniciais, o cara faz o acorde em cima do traste do violão (daí a expressão trave, vc deve conhecer), provocando um erro no dedilhado, fazendo com que algumas notas saíssem truncadas. É bem provável que tenha sido proposital, mas me pareceu desleixado e ficou feinho pacas… mas isso acontece só na introdução, depois eles levam redondinho mesmo… Valeu mesmo pela dica, já passei pra outros amigos que também se amarraram! 🙂 /// E sim, também adoro tributos! Já escutou o Blues on Blonde on Blonde? O que é aquilo cara??? Se não conhece (difícil isso, né? hehehe) não perca tempo! um abraço!
Valeu Zé! É, entendi agora… hehehehe, é que eu estava bem abaixo de você e tinha feito a pergunta sobre a data do disco (tributo), uma coincidência du c*, diga-se! 🙂 Sim, e sua resposta foi muito bem dada ao cara lá de baixo! tu mandou muito bem… 🙂 abçs.